História Para Sempre Meu Amor - Família perfeita

Pov Duda

Eu estava ali. Foi tudo tão confuso, uma hora eu tava dançando e a outra eu não via mais nada. Mas eu estava ali. Agora numa maca, com uma doida, a minha doida, me olhando totalmente feliz porque eu estava bem, pelo menos viva, me alegrou um pouco, me fez esquecer os problemas. E posso parecer a pessoa mais negativa por dentro, mas a Lívia precisa de mim sem mimimi, então quando conversamos nunca menciono os problemas em casa. Em casa? Somos a família perfeita... Somos mesmo, acontece que essa mascara só funciona em frente à família, amigos e conhecidos, quando não estamos nessa bolha o meu pai espanca minha mãe, ela chega bêbada em casa na maioria dos dias, meu irmão mais velho ta nem ai pra família e volta para casa só a noite para dormir, e por último o meu baby de 2 anos só dorme, sorte dele... Bom, sair de casa e ter Murilo, Lucas e principalmente Lívia em minha vida me fizeram muito bem, eles hoje são a minha família, as pessoas que sempre virão em primeiro lugar. Tem gente que fala em família, e a única coisa que eu penso são eles, porque essas pessoas que moram debaixo do mesmo teto que eu não são a minha família, são estranhos que durante os dias passam a imagem de boa família aos outros.

Estou, desde que minha mãe ficou sabendo que tava grávida e que estava certa de que ia abortar, tomando remédios antidepressivos e aumentei a dose por conta própria essa semana, onde a única coisa que eu conseguia ver através do espelho era um corpo, sustentado por duas pernas, sem um propósito na vida... Com uma família que provavelmente não queria que eu estivesse viva, com um corpo que, pelo padrão da mídia, não é adequado, com algumas espinhas no rosto, e etc, enfim, ridícula, eu ainda não sei o que ainda faço aqui, dia após dia, vivendo nesse mundinho de merda e sorrindo falsamente à cada "nossa, sua família parece perfeita" ou com um "você tá bem?" e doer mentir ao fazer que sim com a cabeça. Mas estou bem, a única coisa que me mantem em pé hoje é saber que tem uma criança de 2 anos que precisa de mim, e uma melhor amiga doida que faria de tudo e mais um pouco para me ver sorrindo.

Aniversário dela, e a única coisa que eu pensava era na briga minha e do meu pai mais cedo, pelo motivo mais estúpido do mundo, deixar um pé de sapato sem querer no chão, e foi aí que eu surtei, e ele também. Subi em algum momento da briga para o meu quarto e foi ali que ingeri todos os medicamentos que eu consegui tarja preta de depressão... porque minha vida tem que estar assim?

Horas mais tarde eu encontrei um menino na festa, Deriky o nome dele, lembro dele ser moreno, olhos escuros, magro e de pele mais clara, mas não me lembro da sua fisionomia, era algo novo para mim, e só vai ser de fato se algum modo acabarmos nos esbarrando e ele pelo menos saber que eu existo.

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Com Duda internada, respirando apenas por causa dos aparelhos ligados em sua veia, fez Lívia pensar, pensar em o porque de ela ter levado a consumir tudo aquilo... a família era uma beleza mesmo, de amigo só tinha à eles, enfim, não teria motivo à mais, mas ela não deixa de ser melhor amiga, então tem que passar pelos momentos ruins também. As duas ficaram ali até adormecerem.

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Uma semana depois...

Pov Duda 

Uma semana se passou do aniversário da minha irmãzinha, tantas lembranças desse dia... Enfim, hoje acordei de bom humor, e deve ser porque meus pai estão fora faz uns 3 dias e praticamente a casa "é minha", então levantei, fui ao banheiro, me olhei, sorri para mim mesma no espelho e disse "você é linda", aquilo me fez tão bem.. desci as escadas, peguei uma fruta no fruteiro, peguei meu celular que estava carregando, fiz um rabo de cavalo alto e sai de casa. Não tinha rumo nenhum, então decidi ir no meu lugar favorito da cidade, a livraria cultura que fica no conjunto nacional. Sabe a sensação de entrar na livraria, pegar um livro, e sentar em um dos pufs para ler? Se a resposta for não, você não sabe o que está perdendo, é a melhor sensação do mundo.

Peguei um dos livros na estante, "Céu sem estrelas", e me joguei em um puf para ler, e me perdi no tempo, acabei o livro e nem percebi o tempo voar, terminei e assim que fechei o livro tinha uma pessoa me olhando... e como eu sabia que ela tava me olhando? Porque só tinha eu naquele lugar, todo mundo já tinha ido embora, e ele estava, em um puf, me olhando.

O encarei mais um pouco e depois falei.

D: desculpe ficar esse tempo todo aqui, que horas são?

Xx: 20h

D: ai meu Deus, aqui fecha às 18h, mil perdões moço, e.. Deriky?

De: nos conhecemos?

D: aniversário da Lívia e do Lucas

De: hum, eu não me lembro de você... aaah, você discursou para eles não foi? Eu sai depois dos discursos, não fiquei nem pro parabéns, minha mãe não ta muito bem esses dias

D: ue, mas depois do parabéns nós conversamos... não conversamos?

De: hum, não era eu

D: ue, ta então.. você tem alguma namorada?

De: hum, não namoramos namoramos, mas tem a Lorena, então sim

D: a mesma Lorena que destruiu a vida da minha melhor amiga por uma noite? A minha prima Lorena?

De: uma loirinha baixinha..

D: ah, essa mesma... antes que eu me estresse com isso, eu comi 2 horas do seu tempo no meu momento de lazer, consigo te recompensar com alguma coisa?

De: hum, um sorvete? Açaí... pode ser açaí?

D: com certeza pode ser açaí... sempre pode ser açaí

...

Pov Lívia

Ta tudo bem entre todos com todos, o Lucas falou comigo depois do dia do hospital e posso afirmar que estamos melhores do que nunca, eu amo o Lucas e essa é a maior certeza do mundo para mim.

Estou aqui no meu passeio da noite com o Harry (o cachorro), com meu fone de ouvido maravilhoso, ouvindo uma música maravilhosa e correndo na praça. Onde e como está Murilo? Bom, eu não faço ideia de onde ele esteja, mas estamos bem, naquele dia do hospital ele me provou de que era o "rei", o meu Rei, foi fofo... Lucas? Deve estar em algum canto me esperando, ele sempre me espera. A praça hoje está misteriosamente tranquila, faz muito tempo que não vejo ela vazia, não essa hora da noite, deve ser porque está em clima de chuva, não sei...

Ok, começou a chover, e eu estou aqui, correndo rápido ao som de alguma música romântica que esqueci o nome, e trombo com alguém

Liv: perdão... -eles trocam olhar

Os dois: você?