Courtney Evans
O dia amanheceu estranhamente acolhedor, o clima extremamente frio e as nuvens cinzentas no céu de alguma forma refletiam meu interior. Batuco minhas unhas no volante, o esmalte vermelho reluzindo perfeitamente em contraste com a cor da minha pele.
Presto atenção no carro a minha frente, fazendo uma curva fechada em uma rua estreita e acelerando em seguida. Brian lidera o caminho como um velho bêbado as três da manhã, dirigir realmente não é seu forte.
Quando vejo o carro parar em frente a concessionária eu paro lentamente logo atrás, destravando o cinco e respirando fundo antes de sair do carro.
Brian me espera e envolve minha cintura assim que me coloco ao seu lado, sorrio tranquilamente me aconchegando em seus braços.
-Tem certeza disso? Podemos apenas dar meia volta e fingir que isso nunca aconteceu.- Sussurra em meu ouvido.
-Tenho, e nada de arrependimentos. –Sussurro de volta o puxando para entrar.
Caminhamos juntos ate o balcão de atendimento, olho para os lados vendo a quantidade de carros de modelos e cores diferenciadas. Volto a olhar para frente e presto atenção enquanto Brian conversa com a atendente. A conversa é tranquila, Brian dá todos os detalhes do carro com precisão e eu permaneço ali parada piscando mecanicamente e concordando de vez em quando.
Depois, dois homens aparecem, eu lhes entrego as chaves e em seguida eles vão em direção ao meu carro. Vejo-os abrir todas as portas, porta-malas, capo e verificam até em baixo do carro, falam entre si enquanto avaliam, vez ou outra acenam e fazem anotações em um pequeno bloco de notas amarelo.
Longos minutos depois os homens voltam, entregam o bloco a mulher, explicam algumas coisa aos quais eu realmente não entendo nada e em fim se retiram. A mulher lê as anotações, faz mais algumas e só então nos olha, sorrindo.
-Bom, é um dos modelos mais novos, o carro está em bom estado e a pintura parece boa. –Ela fala batendo a ponta de sua caneta na mesa.
-Porém? –Brian pergunta enrugando o nariz em uma leve careta.
-Porém, temos algumas marcas de uso para destacar, os pneus estão bem gastos, a quilometragem já esta em um numero bem alto, sem falar dos bancos que estão realmente ruins, o couro está bastante marcado e cheio de arranhões. –Fala e é minha vez de fazer uma careta, ao lembrar de todas as vezes que vi Pandora escavacar os bancos com suas unhas.
-Certo, compreendemos que isso vai causar alguma baixa nos números, a pergunta é quanto? –Brian pergunta.
A mulher começa a explicar mais algumas coisa, apontando mais alguns defeitos do meu tão amado companheiro nos últimos três anos, um enrola, enrola sem fim. Quando ela finalmente para de falar e dá o valor, eu fecho meus olhos respirando fundo. Não era o que eu esperava mais ainda sim é um bom preço, eu imaginava que conseguiria me virar com isso, por um tempo.
Brian aperta meu braço e eu abro os olhos, piscando lentamente e acenando em concordância. Passamos mais algum tempo na burocracia sem fim, eu entregando todos os documentos do carro e assinando uma infinidade de papeis de transferência.
Quando tudo está concluído, já se passaram mais de duas horas e eu respiro aliviada quando caminhamos até o carro de Brian, com o dinheiro devidamente guardado em minha bolsa.
-Ainda não consigo acreditar que você fez mesmo isso, é tão louco e ao mesmo tempo tão, sei lá, estranho, eu não estou acostumado com esse seu lado, toda mulher decidida. –Brian fala me abraçando.
-Você não conhece nem metade do que eu sou Brian, com o tempo você se acostuma. –Falo piscando e em seguida rindo de minhas próprias palavras. –De alguma forma eu também me sinto meio patética.
-Você não é patética querida, são apenas pedras no caminho, todos nos temos que passar por elas, é essa coisa chamada de vida. –Fala entrando no carro.
-Pedras bem irritante, parece um daqueles memes, uma foto minha em Miami no ano passado e a frase “ O inicio de um sonho”, daí você pega uma de agora e coloca “ Deu tudo errado”. . –Falo rindo e me acomodando no banco do passageiro.
Quando estamos na estrada, o primeiro destino é ir ao banco, um pequeno déjà-vu passando bem a frente dos meus olhos. Chegando ao banco, rapidamente eu faço o deposito desse mês e do próximo, sorrindo tranquila quando vejo a transação concluída.
-Um problema a menos. –Falo para mim mesma.
Um mês depois
Esfrego minhas mãos no rosto exasperada.
-Isso não ta funcionando Alex. –Reclamo andando de um lado para outro no meio da cozinha.
-Claro que ta funcionando Darling, você é a única ficando louca, eu não vejo problema nenhum. –Responde dando de ombros.
-Pois eu vejo vários problemas Alex, primeiro que você e o Brian estão chegando sempre atrasados no trabalho para me deixar na faculdade, isso definitivamente é um problema já que não é nem na mesma direção, isso não é nem um pouco justo. –Falo levantando um dedo.
-Você não nos viu reclamando. -Alex resmunga.
-Segundo, quando vocês não conseguem me levar, eu tenho que pegar três malditos ônibus para chegar lá, e ainda andar um bocado, depois tenho que passar por tudo isso de novo para voltar, não tem roupa ou sapato que aguente esse tipo de aventura. – Levanto um segundo dedo.
-É, isso é um problema, essas bolhas nos seus pés não parecem nada bem. –Alex fala olhando para os mesmos.
-E sem contar, que o que eu venho gastando em transporte publico chega a ser um absurdo. –Resmungo. –Não se engane, eu sou extremamente grata por tudo que vocês tem feito por mim, mais não ta dando certo, de jeito nenhum.
-Bom, não posso discordar que as coisas estão meio loucas, mais qual a segunda opção Darling? Se é que você tem uma.
-Bom, a opção dois, é pegar uma parte do que me sobrou e investir em meu próprio apartamento, um que seja perto da faculdade e de preferência, barato, por que na situação que eu me encontro, esbanjar dinheiro não está nos meus planos, eu gastei uma fortuna na ultima vez que levei a Pandora ao veterinário... Não estou reclamando querida, pra você, tudo do bom e do melhor. –Falo beijando o Focinho de Pandora.. – O que você acha? –Pergunto me virando para Alex.
-Acho uma ideia péssimo Darling, mais não posso negar que seria um bom plano. – Fala com desgosto.
-O problema é, achar esse lugar perfeito. –Falo me servindo de mais uma xícara de chá.
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