História Para todos os garotos que já odiei - Capítulo Cinco.

Deveria ser um dia de acordar com bom humor, porque ora…Era sexta-feira.

Porém os problemas que rodeavam Selena e a tiraram o sono da noite anterior, não deixaram com que seu raro bom humor aparecesse.

Ela estava muito ferrada e muito triste também.

A morena levantou preguiçosamente da sua cama de tamanho significante, após quase derrubar seu celular ao desligar o despertador apressada.

Ela já implorava por férias e sonos longos em sua mente.

Seu quarto estava um breu por conta das janelas e cortinas fechadas, portanto ela saiu tropeçando em alguns sapatos e objetos espalhados pelo chão. 

A morena sussurrou para si mesma pelo menos uns cinco palavrões, antes de ir para o banheiro fazer suas higienes matinais. Mas antes disso, ela checou o celular pela milésima vez, ansiando por algum sinal de Charlotte, e ao ver que a mesma continuava sem lhe dar atenção ou a mínima chance de explicação, Sel suspirou pesadamente – completamente frustrada.

Gomez poupou-se de qualquer atraso naquele dia, e quando saiu de seus devaneios insignificantes viu que ela e a irmã já estavam no ônibus a caminho da Cornerstone.

Quando ambas chegaram na escola, Selena observou todo o gramado e entrada do colégio, procurando por sua melhor amiga.

Seu coração palpitou forte de ansiedade quando ela finalmente viu a figura conhecida não muito longe de si, de ímpeto a morena seguiu apressada em direção à Lottie, todavia a loira estava com suas outras amigas – as líderes de torcidas – e quando as dançarinas viram Sel indo até sua direção, cochicharam algo à loira e não deu nem um minuto até Charlotte virar seu olhar castanho até a morena, para logo em seguida fugir de si com suas amigas.

Gomez bufou totalmente aborrecida ao ver as garotas andarem apressadas ao lado oposto – para bem longe de si.

Chateada e confusa demais para assistir a primeira aula, que para piorar seu dia era aula de geografia política, Selena resolveu matar aquela aula. Determinada a ficar na biblioteca lendo qualquer coisa sobre astronomia, a morena seguiu direto para o prédio menos frequentado daquele imenso colégio.

Para sua sorte, Liam Payne não estaria ali naquele período. Na verdade, o moreno simpático – até demais – trabalhava na biblioteca depois das aulas, o qual eram no mesmo horário que as suas. E foi só por esse motivo que Selena caminhou até dentro da biblioteca tranquilamente.

Quando adentrou o cômodo enorme e tão aconchegante para si, foi inevitável não fechar seus olhos ao apreciar o cheiro bom e o silêncio emanente presente no lugar.

Mas sua breve calmaria foi interrompida rapidamente.

– Matando aula de matemática, ou você só veio me explicar isso? – a voz, o jeito formal e o perfume de Payne seriam reconhecidos em qualquer lugar por si.

Assim que abriu os olhos assustada, Gomez encarou Liam a uma distância curta de seu corpo quente, em seguida a morena notou que a bendita carta que ela havia escrito para ele – há um tempo significante – estava sendo indicada por suas mãos fortes. Como a entrega da carta já era algo de se esperar, a morena não ficou muito surpresa.

O rapaz estava sentando de modo notavelmente confortável em um dos sofás presentes na biblioteca.

Payne não mudara exatamente muita coisa desde que Selena o viu brevemente, antes de estarem em férias. No entanto, uma coisa era notável. Afinal, desde quando ele deixara sua barba tão atrativa crescer? E por que o rapaz tinha de ser tão atraente sem ela e ainda mais com ela?

– Por que eu mataria a aula de matemática? – perguntou indignada, ignorando totalmente todo o drama relacionado à carta.

– Porque matemática é a matéria mais chata. – disse convicto com seu habitual jeito formal de falar e agir.

Se o moreno realmente a conhecesse de verdade, saberia que ela nunca mataria aulas de matemática.

A morena desviou suas orbes castanhas da carta tão familiar presente nas mãos do rapaz, e logo fez uma trilha lenta de sua cintura definida sobre a calça jeans, até seu rosto absurdamente atraente.

Selena apertava as unhas levemente sobre as palmas de suas mãos de modo a deixar claro seu nervosismo.

Ela só se perguntava o porquê de Liam ficar tão sexy daquela maneira. Isso era injusto com si e com as várias garotas inocentes – apaixonadas por um livro clichê ou pela própria personificação do clichê, e bem... tinha as duas coisas naquele mesmo lugar – que passavam por ali.

– Eu realmente me senti magoado pelas ofensas, mas o que realmente me surpreendeu foi os elogios. Eu não esperava uma declaração positiva de você. Estou muito surpreso. – o rapaz comentou direcionando um olhar sugestivo à Gomez, expressando sua curiosidade sobre a carta em sua mão.

– Faz um bom tempo que eu escrevi essa carta e ela nunca deveria ter sido entregue a você. – Selena esbravejou irritada.

– Não é isso que parece, afinal meu nome e endereço estão indicados aqui, olha. – Liam a respondeu irônico, indicando seu nome no envelope da carta, ao se aproximar de Gomez.

Selena se afastou de imediato do rapaz e bufou desejando acabar logo com aquilo.

– Liam, quero que saiba que eu não sinto mais nada do que está escrito aí. Na verdade, eu nem lembro o que eu escrevi nessa carta para você. – ela disse se arrastando até a saída da biblioteca. Iria se despedir dele e fugir sorrateiramente, porém foi interrompida.

– “Odeio o fato de que seus lábios macios e sua língua habilidosa simplesmente não saem da minha cabeça. Você absolutamente não merece todo esse espaço dentro da minha mente”. – Payne repetiu em voz alta um dos trechos lidos por si na carta e as bochechas de Gomez rapidamente coraram. – Parece um sentimento muito intenso para ser esquecido. – Liam confirmou retórico, cheio de si.

O rapaz estava no ápice de seu ego depois daquela declaração através de uma carta um tanto confusa, deve-se acrescentar.

– Só espero que você sinta apenas a parte fofa da carta, porque caramba! A parte do ódio também parece ser muito intensa. – Payne continuou, constrangendo ainda mais a morena a sua frente. – Sinto muito pelos sentimentos ruins que você teve ou ainda tem por minha pessoa, espero que desculpe algumas atitudes minhas. Acredito que eu mudei e bem… – Liam parou seu monólogo só para se aproximar ainda mais de Sel. 

Naquele momento a morena já nem sentia mais seus movimentos, estava muito envergonhada e desconcertada para pensar em algo.

– Se você ainda quiser, eu quero. – suas sobrancelhas se ergueram de forma explicitamente sugestivas para a morena.

Selena engasgou com a própria saliva de imediato, antes de cair na gargalhada.

Céus! Os garotos ainda conseguiam surpreendê-la.

Afinal, sabendo que garotos tinham algo no meio das pernas, ela não deveria esperar coisas muito inteligentes vinda deles.

Payne realmente era um conquistador barato. Depois de todas suas atitudes lamentáveis, ele ainda achava que tinha chances com ela. Alguém deveria avisá-lo, pois noção estava passando longe daquela cabecinha bonita.

– Liam, só esqueça essa carta. Ela nem deveria ter sido entregue a você. E já que te interessa tanto, devo deixar claro que só os sentimentos ruins permanecem. Espero não te ver muito frequentemente pelos corredores, tchau. – dizendo isso, Sel saiu rapidamente da biblioteca deixando o rapaz desnorteado e aborrecido. 

Talvez ele ainda iria atrás da morena, no entanto ele não faria isso naquele momento, pois seu ego estava um tanto afetado.

×××

A morena andava apressada pelo colégio, e nem sabia onde estava indo, tamanha era sua confusão. E bem, ela tinha vinte minutos até a aula de geografia acabar. Por fim, resolveu que iria ir até o pátio onde aconteciam os jogos de basquete, e por vezes era local de ensaio das líderes de torcida.

Gomez tinha um livro para terminar de ler, naqueles vinte minutos ela poderia atualizar tal leitura, porém quando a garota chegou no pátio, ela soube que de maneira alguma conseguiria seguir com o plano desejado.

Para sua surpresa, todas as líderes de torcida – inclusive sua melhor amiga, ou devo dizer antiga melhor amiga? – estavam ensaiando ali. 

Com a visão das garotas a encarando, ela se questionou o porquê delas estarem ali naquele horário, pois estava havendo aulas. 

No entanto, Sel lembrou-se que Lottie havia lhe dito que por conta dos jogos estarem próximo, ela e suas amigas deveriam dobrar os ensaios.

Envergonhada por ter sido o centro das atenções no momento em que pôs os pés no pátio, Selena se afastou na intenção de sair do local, no entanto a mesma foi interrompida.

Era Ophelia que a chamava. A perfeita e maravilhosa Ophelia Wood.

Mas por que ela estava chamando Selena? Se a morena estivesse com uma memória boa, – e olha que ela tem uma memória ótima, e por isso coleciona decepções – ela tinha certeza de que a ruiva nunca havia falado consigo.

– Eu? – Gomez perguntou brincalhona enquanto olhava para trás de si e para os lados, fingindo procurar alguém.

– E tem mais alguma Selena por aqui? – Wood retrucou rude, constrangendo Sel e tirando o sorriso brincalhão da garota no mesmo instante.

Nesse momento, Gomez percebeu que as outras garotas se direcionavam até o vestuário, consequentemente deixando só Ophelia e ela no enorme pátio – agora vazio.

Ela sentiu-se completamente chateada ao perceber que Lottie novamente a ignorou.

– E o que você quer de mim? – Sel perguntou afobada voltando sua atenção à Ophelia, o recente mau humor estava presente em seu tom.

Ela queria sair dali o mais rápido possível, afinal o que aquela garota queria consigo, e por qual motivo a tratara de forma tão fria?

– Talvez eu queira uma explicação sobre isso. – a ruiva disse assim que tirou o papel que estava enfiado de qualquer maneira na cintura de sua saia.

Talvez aquele seja o motivo para tanta brutalidade e aborrecimento vindo da ruiva.

Selena bufou sinceramente cansada. Quando ela pensou que a entrega das cartas não poderia piorar, a ruiva lhe aparece com isso.

O fato é que Wood era a tão popular namorada de Louis Tomlinson e bem, a carta que a ruiva segurava em suas mãos delicadas, enquanto tinha uma expressão notavelmente irritada, fora direcionada ao seu namorado.

Gomez realmente não tinha muita noção do quanto aquelas cartas ferraram com ela.

A última coisa que a morena queria era problemas com outras garotas. Lottie que o diga.

– Na verdade, não. Eu não quero explicações de vadias más e explicitamente descontroladas. – Ophelia disse com toda a dureza que era capaz de ter em seu tom de voz.

Ela estava se referindo à grande contradição entre paixão e ódio presente na carta, Selena não poderia julgá-la. Todavia, vadia má?

Quanta agressividade por parte dela.

– Ophelia, eu realmen… – Gomez ignorou a brutalidade da ruiva e tentou explicar o que aconteceu, porém Wood estava decidida a não escutar suas explicações.

– Quero que você fique bem longe de Louis. Eu realmente não gosto de garotas como você, e adivinha? Ele também não. – a líder de torcida disse no tom mais cruel que conseguiu. Era notável o veneno escorrendo de seus lábios bonitos e delicados.

Antes que Gomez respondesse, a garota lhe deu as costas e andou rapidamente para longe de si.

Cansada de todos os problemas que as cartas estavam lhe trazendo, Gomez correu para fora do pátio – que parecia tão tóxico naquele momento. 

A morena respirou fundo encarando o céu limpo e azul acima de si, e então decidiu o que faria para solucionar todo aquele melodrama que de alguma forma, ela mesma havia começado.

Selena Gomez sumiria daquele colégio cheio de garotos insuportavelmente atraentes e de suas namoradas perfeitas barra histéricas.