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História Paradise - Capítulo 12


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos leitores, todos que favoritam e comentam!!! (づ ̄ 3 ̄)づヾ(^▽^*)))
Para mais informações ou se quiserem bater um papo com as autoras,
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Capítulo 12 - Capítulo 12


Yoongi gemeu quando abriu os olhos, mas não havia nenhuma claridade a sua volta, somente um corpo quente contra si. Ele ficou confuso por vários segundos, apertando de leve o ombro da pessoa grudada nele.

Hm? — A voz que ele não reconheceu de imediato murmurou. — Oh, Yoongi!

— Sim, sou eu.

Houve uma outra movimentação, alguém apressadamente fazendo algo que Yoongi não reconheceu pelos sons, até uma luz ser acesa, não… Um lampião. Não estava na sua casa, estava na ilha das sereias.

— Como você se sente? — A voz era de Jungkook e ele focou o olhar no rapaz, dando um fraco sorriso. — Hyung… Você está tão pálido!

E então, uma mão tocou na testa de Yoongi e ele viu com quem estava abraçado: com Namjoon.

— Ai, ele está com febre — disse Namjoon, afastando-se um pouco do pescador. — Provavelmente ficou doente com o choque térmico.

Yoongi sentiu a garganta doer, mas ainda assim engoliu fundo, da melhor maneira que conseguiu, logo deixando sua cabeça voltar a abaixar e encostar em algo macio que nem sabia o que era.

— Eu sabia — disse Yoongi.

— Oi? Sabia o que? — Namjoon perguntou.

— Sabia que iríamos dormir juntos uma hora ou outra.

Namjoon grunhiu, sentindo o rosto esquentar, mas quando pensou no que responder ao outro, percebeu que Yoongi estava adormecido outra vez, com a cabeça por cima do seu braço. Ele então somente suspirou fundo.

— Kookie… pega minhas roupas ali? Ele já está aquecido, agora é outro tratamento…

O rapaz concordou, buscando as roupas separadas. Eram as mesmas que tinham chegado ali, por mais que estivessem com vontade de trocar, não tinha como, não realmente, então seguiam daquela maneira.

Jungkook não olhou enquanto Namjoon se vestia, somente focando no rosto de Yoongi. Ele estava se sentindo culpado naquele momento por ter brigado com o pescador, talvez a situação fosse diferente agora.

— Ele vai ficar bem — disse Namjoon, vendo o rapaz cheio de preocupação perto do outro. — Eu… vou falar com o comandante, já volto, okay?

O mais novo somente concordou com a cabeça e Namjoon somente saiu de uma vez, vendo as duas sereias já conhecidas por ele do lado de fora, parecendo conversar.

— Oi… — Namjoon nunca sabia como falar com elas, mas nenhum dos dois pareceu irritado com a interrupção, somente preocupados. — Ele acordou, mas voltou a desmaiar. Está muito fraco e com febre… Eu queria saber se poderia pegar um pouco de água no lago para poder fazer umas compressas para diminuir a febre.

— Claro — Seokjin foi o primeiro a responder. — Eu vou buscar.

— Eu posso ir — Namjoon disse.

— Não — a sereia respondeu de imediato. — Eu vou.

Namjoon concordou por fim, mas suspirou pesado assim que o outro se afastou. Eles nunca confiarão na gente, pensou.

— Ele está fazendo isso para te proteger, para proteger a todos vocês — disse Hoseok.

O mais alto fitou a sereia de escamas douradas, com confusão no rosto.

— Seokjin está preocupado em sempre os acompanhar para os locais para que nenhuma sereia faça mal a vocês.

O biólogo focou no rosto de Hoseok, como se procurasse algum tom de piada, mas não existia. A sereia estava sendo verdadeira naquele momento.

— Eu não tinha pensado por esse lado… — murmurou.

— Mas é. Eu o conheço toda a vida, por mais que Jin faça cara de mau e te chame de humano idiota, ele se preocupa.

Namjoon pensou naquilo por um momento, mas não pode responder, pois Seokjin apareceu com um balde de cerâmica cheio de água.

— Acha que isso é suficiente?

O humano somente concordou, pegando o balde de uma vez. Ele precisaria rasgar um dos cobertores que tinham ganho, era um material bruto eu que arranhava em contato com a pele, alguma fibra vegetal que não sabia ao certo o que era, porém não reclamaria dos instrumentos que tinha para ajudar naquela situação.

— Eu vou lá ficar com eles — Hoseok afirmou, com um fraco sorriso. — Você pode descansar um pouco, Jin.

— Tudo bem… Vou encostar aqui e dormir um pouquinho.

— Se você quiser ir para a sua casa, está tudo bem. Eu posso segurar as pontas, não acho que alguém vá fazer mais alguma coisa hoje.

— Eu ainda vou ficar um tempo aqui — disse Seokjin.

Hoseok percebeu que não tinham mais como discutir e somente concordou com a cabeça entrando no celeiro.

O lampião fazia pouca luz, mas ele não tinha problemas em enxergar no escuro e logo viu os humanos amontoados em um canto, todos cuidando do enfermo.

— O que posso fazer para ajudar? — Hoseok logo perguntou, sentando-se ao lado deles.

— Não precisa — disse Namjoon, com um fraco sorriso em resposta. — Temos tudo sob controle.

A sereia não se deu por satisfeita com a resposta.

— E desde quando vocês não se cuidam? Me digam o que tenho que fazer e eu faço enquanto vocês vão ao banheiro e tomam banho.

Jungkook foi o primeiro a rir.

— Está nos chamando de sujos, Hoseok?

— É isso mesmo, peixinho.

O mais novo riu novamente e Namjoon disfarçou divertimento, mas também contente por saber que pelo menos duas sereias — talvez três se contasse Jooheon —, eram confiáveis e amigáveis com eles. De certo modo era um alívio poder dormir à noite sabendo que estava sendo cuidado.

— Vou primeiro — disse Jungkook, pegando suas coisas rapidamente. — Eu volto logo.

Namjoon então explicou para a sereia como deveria fazer enquanto estivesse no banho: Hoseok teria que observar se o pano estava molhado e quando estivesse secando, deveria molhá-lo outra vez, pois isso ajudaria a diminuir a temperatura corporal Yoongi.

— Mas… antes ele não estava com a temperatura baixa demais?

O humano concordou com a cabeça.

— Sim, mas agora ele está com febre, que é o aumento de temperatura. Então, temos que diminuir até Yoongi estar normal outra vez.

A sereia concordou, mas com um olhar triste.

— Tudo bem? — Namjoon perguntou, preocupado.

— Como estaria? — Hoseok rebateu a pergunta. — Olha ele… Min Yoongi não fez nada e uma sereia tentou o matar! Isso é tão errado. Eu ainda estou com o celular que ele me deu e a força dele está acabando, mas eu queria mostrar algo para Min Yoongi — esclareceu a sereia. — Você acha que eu vou conseguir mostrar?

O biólogo percebeu que aquela era a forma de Hoseok perguntar se Yoongi se recuperaria do que tinha acontecido. A sereia era muito boa e Namjoon não pode deixar de pensar como era bom perceber que de certa maneira, Jungkook não era o único ser no mundo com uma personalidade bonita como aquela.

— Eu… acho que sim. Se conseguirmos diminuir a febre dele, tudo ficará bem.

Hoseok deu um sorriso.

— Vou cuidar bem dele para que Min Yoongi se recupere logo.

Namjoon não disse nada, mas ele sabia que a sereia faria o que estava prometendo. Yoongi teria um ótimo cuidador no momento que mais precisava. Isso era uma boa coisa, o biólogo concluiu.

 

***

 

Era tarde quando Namjoon pode tomar banho. Ele se sentia tão cansado, mas teve que garantir que Yoongi estava bem antes de ir se limpar. Mas, agora que a água do chuveiro manual caía pelo o seu corpo, sentia-se renovado. Aos poucos ia se acostumando com a falta de energia elétrica e forma com que as sereias implementavam as coisas. Chuveiros eram manuais, contudo funcionavam muito bem com a água vinda de um dos lagos, nas plantações, a água também ia pelos canos, puxada de uma barreira que tinham feito com pedras e a comida era feita por vapor, usando óleos vegetais como combustível, o mesmo ocorria com o lampião que usavam para a noite. Definitivamente, se não fosse o medo constante de morrer dormindo por algum ataque, ele conseguia se ver morando por muito tempo em ali.

Mas, tentando ser breve no banho, Namjoon se adiantou a passar o sabonete — feito de ervas misturadas com seiva de árvore —, e tentar de alguma maneira lavar o cabelo sem xampu. As sereias provavelmente tinham, mas ninguém tinha lhes dado algum, então estava esperando um pouco para pedir. Não queria abusar da generosidade dos que já tanto os ajudavam.

Depois de se sentir satisfeito com o cabelo, ele deixou a água escorrer outra vez, limpando todo o sabão. Sentia-se melhor naquele momento, renovado inclusive. Ainda de olhos fechados, o biólogo esticou a mão para pegar a toalha pendurada em um pedaço de madeira — essa ele tinha trazido na bolsa e dividia com Jungkook, Yoongi tinha uma dele —, quando seus dedos nada encontraram. Ele abriu os olhos alarmado e notou que suas coisas não estavam ali.

— Mas…

Antes de completar a frase, ele escutou risinhos e o som de passos se afastando.

Namjoon não queria acreditar. Sentia-se no ensino médio outra vez quando os outros garotos implicavam com ele por qualquer besteira. Respirando fundo, o biólogo tentou não se irritar ou desesperar. Ele era mais forte agora. Não seria uma brincadeira boba daquelas que iria desestabilizá-lo. Não agora quando precisava ser tão forte.

Mas, ao mesmo tempo, não queria sair dali nu e ir até o celeiro daquela maneira, provavelmente estariam olhando, iriam fazer piada e mesmo sendo um adulto agora, ainda morria de medo de algo assim acontecer.

— Pelo menos aqui não tem internet…

Porém, mesmo confiante que um vídeo seu não iria cair na rede, ele ainda não quis sair dali, correr nu por um lugar repleto de seres querendo o matar. Poderiam usar isso contra ele de alguma maneira, poderia até usar isso para os matarem. Não saberia exatamente o porquê, mas as palavras “depravados” e “crianças” passou pela sua cabeça.

O vento gelado bateu no seu corpo molhado e ele se encolheu. O dia estava quente, mas quando se está com problemas, qualquer coisa parece ser a pior do mundo e a mente de Namjoon já partiu para a ideia de que ficaria com febre e morreria naquela ilha. Por vezes tendia a ser exagerado.

— Humano, você está por aqui?

A voz de Seokjin veio de traz da divisória de palha que separava a parte do chuveiro. Namjoon agradeceu pela mínima privacidade naquele momento.

Hm… S-sim…

 — Por que demora tanto?

Namjoon pigarreou, sem coragem de falar a verdade.

— Aconteceu… um i-imprevisto…

A sereia bufou.

— Você se machucou de novo? Só você para... — A sereia falava, dando a volta na divisória de palha. Mas, para a sua surpresa, escutou o grito de Namjoon enquanto tentava se esconder por estar sem vestes. — O quê?! Por que berra feito uma baleia, humano idiota?! Hm… Você parece bem — disse, olhando o outro de cima a baixo. — O que aconteceu?

— M-minhas roupas… S-sumiram…

E então Seokjin pareceu perceber o porquê do outro ainda estar sem as roupas que tanto precisava.

— Você as esqueceu no celeiro?

— N-não… E-eu ouvi risinhos… — explicou Namjoon, tentando se encolher, sabendo que seu rosto estava vermelho naquele momento. — A-acho que era uma b-brincadeira…

 — Uma bri- — Seokjin então suspirou fundo e se virou pisando firme. — Soobin! — A sereia gritou e até mesmo Namjoon onde estava deu um pulo de medo. — Aqui. Agora! Todos vocês!

Namjoon negou com a cabeça, rapidamente.

— N-não, e-eu estou…

Mas não adiantou a fala de Namjoon, pois um grupo de cinco sereias apareceram no local, todas com rostos preocupados e com feições de adolescente. O biólogo quis chorar.

— Comandante…

— Cadê as coisas do humano?! — Seokjin disparou, irritado.

 — A-aqui… — A sereia menor esticou a bolsa de Namjoon na direção de Seokjin e as outras nem ao menos levantavam o olhar.

 — Peçam desculpas.

— Comandante… — Um dos rapazes tentou argumentar, mas desistiu ao encontrar o olhar severo de Seokjin. — D-desculpa.

E seguido ao primeiro pedido, outras quatro vozes ecoaram “desculpa”. Namjoon concordou de qualquer maneira, tentando se encolher até sumir.

— Agora esperem perto do lago que eu já vou falar com vocês, seus bagres!

Os adolescentes arfaram com o nome dado por Seokjin e logo saíram dali, sem nem olhar para Namjoon — coisa que ele ficava agradecido.

O comandante então olhou para o humano e esticou a bolsa.

— Pronto. Eu sinto muito por isso.

— T-tudo bem, e-eles são c-crianças…

— Por que você está gaguejando, humano? Está com frio?

Namjoon negou com a cabeça.

— É… p-porque você está aqui… m-me olhando.

— Oh… As roupas, certo. Humanos não gostam que os vejam assim. Sinto muito — Seokjin murmurou, virando de costas para Namjoon que aproveitou a deixa para se vestir de uma vez. — Eu vou conversar com as crianças. Eles não são malvados, só arteiros.

O biólogo concordou com a cabeça até perceber que o outro não o estava vendo.

— Tudo bem, eu já tive a idade deles.

— Você não parece do tipo que fazia isso.

— Eu não era. Era o que sofria — afirmou o mais alto. — Hmm… já estou vestido.

Seokjin se virou, concordando com a cabeça.

— Venha comigo, não vou te deixar sozinho…

— Obrigado… Hm… Não seja muito duro com os meninos — Namjoon pediu, quando começou a andar ao lado da sereia de volta ao celeiro. — Obviamente eles fizeram algo errado e precisam pensar sobre, mas… Não precisa ser malvado.

— Você acha que eu sou malvado, humano?

Namjoon piscou, sem saber ao certo o que falar de imediato. Mas, agora tinha que dizer algo para não ficar mal com o outro.

Hm… eu tenho um pouco de medo de você — confessou o biólogo.

A sereia parou de caminhar, fitando-o.

— Como você pode pensar uma coisa dessas?! Eu por acaso te fiz algum mal?!

— N-não… Não é isso, é q-que você é todo sério e e-

Mas então a fala de Namjoon morreu quando ele escutou a sereia rir. Foi um som tão diferente e ao mesmo tempo tão reconfortante aos seus ouvidos que ficou somente o encarando, sem saber como um ser poderia soar tão perfeito daquela maneira.

— Acorda — disparou Seokjin, com um tom divertido ao perceber o olhar encantado do humano. — E isso nem foi o meu canto, hn?

Outra vez, Namjoon estava sem palavras.

— Acho que o humano pescador tem razão… — disse o comandante, vendo Namjoon ficar confuso outra vez. — Você gosta do peixão aqui.

— V-você ouviu aquilo?! Esquece! Eu mesmo vou matar Min Yoongi! — Namjoon retrucou escondendo o rosto por entre as mãos. Céus, estava morrendo de vergonha!

— Eu realmente não gosto de humanos, Namjoon — Seokjin murmurou, as mãos juntas atrás das costas enquanto ele caminhava outra vez, mas seu tom de voz não carregava a mesma seriedade que fazia Namjoon se sentir intimidado todo o tempo. — Acho que vocês são desrespeitosos e cruéis e que é o melhor para o nosso povo que vocês não se envolvam conosco. Mas a minha opinião não deveria englobar toda uma espécie. Vocês três claramente tem seus defeitos, mas não são os monstros que contamos em nossas histórias de terror.

Namjoon ficou sem palavras. Era um elogio vindo de Seokjin, mas carregava algo a mais, quase que uma mensagem por dentre linhas. O comandante não tinha dito com todas as letras, mas ele estava afirmando que confiava neles com aquela fala e por algum motivo, aquilo foi a melhor coisa que o biólogo poderia ter escutado.

— Comandante… obrigado por me defender e por nos ajudar — disse Namjoon, mesmo envergonhado não podia deixar de ser grato a sereia. — Já estaríamos mortos sem você.

— É o meu trabalho — afirmou Seokjin, parando em frente ao celeiro e indicando a porta com a cabeça para o outro. — Boa noite.

O biólogo fez uma reverência — algo que não fazia há dias para ninguém, pois não era do costume local tal gesto —, e seguiu para a porta, mas virando-se ao ouvir a voz do outro.

— Eu não serei mau com eles.

— Okay. Muito obrigado.

Quando Namjoon fechou a porta do celeiro, ele tinha um sorriso bobo no rosto sem nem perceber.

— Demorou, hyung

A voz de Jungkook fez Namjoon piscar e então ir para o lado do rapaz, que estava deitado na esteira de palha. Ele cumprimentou Hoseok, que estava ao lado de Yoongi, ainda cuidado dele.

— Aconteceu uns probleminhas — disse o mais alto. — Está tudo certo aí, Hoseok?

A sereia concordou com a cabeça.

— Vocês podem dormir, eu cuido dele.

— Yoongi-hyung está bem cuidado com Hobi — Jungkook murmurou sorridente. — Vamos dormir, Namjoon-hyung?

— V-vamos.

Namjoon então foi para a esteira ao lado de Jungkook, mas o rapaz o puxou para um abraço, escondendo seu rosto no ombro do biólogo.

— Sinto falta de quando era só nós dois — disse o rapaz.

— Eu também… Nada era tão confuso — Namjoon admitiu em um sussurro.

— Mas é bom também… Fizemos amigos. De forma esquisita, mas fizemos. Não estamos mais tão sozinhos, não é?

— E você descobriu um pouquinho sobre você…

— É… Mas vou esquecer de novo…

— Mas você ainda terá a mim, okay? Sempre.

Jungkook sorriu, esticando o pescoço até o seu nariz está no de Namjoon, coisa que o fez esfregar de leve.

— Você sempre me terá, hyung.

O biólogo sentiu seu peito esquentar, não acreditando como poderia ter tanto amor por aquele garoto. Ele chegara do nada, mas ainda daria a sua vida pela dele em um piscar de olhos.

— Vocês vão copular?

Namjoon precisou de muito autocontrole para não gritar, enquanto Jungkook ria bobamente do comentário da sereia.

— Não! Que ideia besta é essa, Hoseok?! — perguntou Jungkook.

— Oh… Desculpa… É que vocês pareciam estar se declarando.

— Não iríamos fazer isso na frente de vocês — Jungkook respondeu displicente.

A sereia sacudiu os ombros.

— Algumas sereias fazem. Não temos exatamente um código moral contra — afirmou Hoseok. — Durante a Festa da Colheita é o que se mais vê — comentou.

— Festa da Colheita? — Jungkook se virou na direção de Hoseok, puxando o braço de Namjoon para que este o abraçasse por trás. — O que é?

Namjoon também estava curioso agora. Sentia que não conhecia nada das sereias, não realmente. Elas eram agricultoras, tinha um Tritão, o rei, e um exército, passando disso, não sabia mais de nada.

— É uma festa que acontece todos os anos quando têm a renovação da colheita, que cai exatamente no período fértil feminino — explicou. — As sereias só tem uma vez ao ano para reprodução, então fazemos uma grande festa e… reproduzimos.

Jungkook franziu a testa.

— Como assim? Como isso acontece?

— Jungkook, eles fazem sexo — esclareceu Namjoon.

Hyung, eu sei disso! — falou o rapaz, frustrado. — Eu só não entendi bem como funciona!

Hoseok riu da face irritada de Jungkook. Era fofa.

— Temos que reproduzir, peixinho — disse a sereia. — Se não, vamos desaparecer com o tempo. Assim, quando fazemos vinte e um anos, é a nossa vez de contribuir para a espécie. Eu não tinha uma namorada na época, então eles designaram uma sereia para mim. O mesmo aconteceu com Jin e outros… E nós vamos lá e reproduzimos. — Ele balançou os ombros. — Se der frutos, esperam-se os nove meses e a criança é entregue para ser cuidada na escola. Nós sabemos quem elas são, mas elas não sabem quem somos. E dessa maneira nasce a nova geração de sereias.

 — Isso não parece justo… — Jungkook murmurou se encolhendo. Ele experenciara em primeira mão o que era viver sem saber sobre seu passado.

— Você disse o mesmo antes… — Hoseok sorriu com a lembrança.

— E-eu participei? E-eu tenho um f-

— Não. Você foi exilado antes da colheita dos seus vinte e um anos, Kookie. — A sereia sorriu fracamente. — Não pense muito nisso. É uma tradição nossa desde que existimos, é para o bem de todos.

Namjoon não queria comentar. Não era a sua cultura, parecia errado falar sem conhecimento, mas ainda assim, não podia deixar de sentir o choque cultural naquele momento. Parecia uma ideia tão absurda. E então a imagem de Jooheon falando feliz sobre o filho dele se chamar “Namjoon”; a sereia não podia conviver com o próprio filho. Era cruel.

 — Você tem filhos, Hobi? — Jungkook perguntou, ainda processando toda aquela informação.

— Não — disse a sereia. — A copulação não gerou frutos. Provavelmente pelo fato de eu não a conhecer e ter ficado nervoso demais… Se é que vocês me entendem. Por fim, ficou assim mesmo, ela não queria estar ali e vice-versa. Mas nos registros, nós completamos o ato.

— Parece complicado…

— É um pouco, mas nossas tradições estão bastante enraizadas para serem trocadas agora, entende? E muitos casais se formam assim, não sei como, mas se apaixonam perdidamente e continuam dali, não precisam mais participar da festa, contudo continuam a gerar crianças.

— Sabendo que elas vão crescer sem pais? — Jungkook perguntou, chocado. — Então, eu não tenho pais, você… ninguém aqui? Morremos sem saber quem são nossa família?

Hoseok concordou com a cabeça.

— Sim, mas… nós criamos a nossa própria família depois. Nossos amigos e pessoas importantes para a gente, peixinho. Você era a minha família… Ainda é.

— Como você e eu, Kookie. Quando você foi parar em Jeju nós acabamos nos escolhendo como família. — Namjoon tentou apaziguar o coração do mais novo, ainda que achasse que ele tinha um ponto importante. Parecia uma tradição boba e ao mesmo tempo, cruel.

— E Min Yoongi? — a sereia questionou.

Hm… Nós não o conhecemos tanto assim…

— Ele é uma boa pessoa e parece ser sozinho… Vocês podiam tentar encaixá-lo nessa pequena família também — Hoseok disse.

Namjoon estalou a língua.

— Não gosto muito dele. Tem piada de duplo sentido para tudo.

— Pobrezinho, ele está doente — Hoseok murmurou, levando a mão ao pano e notando que ainda estava molhado. — Eu serei sua família, Min Yoongi, não se preocupe.

Jungkook sorriu e se virou para Namjoon, que fingia estar irritado, mas também tinha achado a cena adorável. O rapaz então abraçou o mais alto com força.

— Obrigado por ser minha família, hyung.

— Obrigado por ser a minha, Kookie.

Eles sentiam que poderia conversar a noite toda, mas não demorou muito para pegarem no sono, ainda abraçados um com o outro.

Hoseok sorriu para os humanos e então voltou a molhar o pano que estava na testa de Min Yoongi. Ele cuidaria deles a noite toda, pois era isso o que os integrantes de uma família faziam um pelos outras.


Notas Finais


Yeonjun, Soobin, Beomgyu, Taehyun e Hueningkai, TXT.

Gostaram do capítulo? Divulguem a fic!
E, por favor, deixem comentários com as suas opiniões; amamos lê-los.

Até amanhã ;*


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