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História Paradise - Capítulo 65


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos leitores, todos que favoritam e comentam!!! (*^-^*)ˋ( ° ▽、° )
Para mais informações ou se quiserem bater um papo com as autoras,
nos sigam no Twitter: @giseledute | @isidoroka ;)

Capítulo 65 - Capítulo 65


A sereia estava machucada e mal conseguiu fugir quando os soldados do Tritão a perseguiram por vários metros, mas acabou encontrando um local para se esconder e por lá ficou durante horas, até estar tudo seguro.

Quando saiu, foi para o outro esconderijo, aquele que somente suas amigas sabiam onde ficava. Era uma caverna subterrânea, só sereias podiam permanecer ali.

— Você escapou…

A voz da outra sereia fez Hyunah se alegrar, a animação logo tomando conta das suas células.

— Sim! Eu fui a única — murmurou a sereia, um tanto triste. — Onde você estava afinal?

— Estava resolvendo uns problemas, fechando umas pontas soltas…

— Conseguiu? — Hyunah questionou, jogando o cabelo para trás e o deixando fora da bolha de oxigênio; gostava quando ele ficava molhado e para todos os cantos dentro da água.

— Não. Aquele Jungkook idiota foi posto novamente como soldado e evitou que o humano fosse morto.

— Que merda. — Hyunah suspirou. — O que faremos agora, Solar?

A sereia deu um suspiro.

— Agora é o plano B. O seu humano lá… Quando você poderá se encontrar com ele?

— Daqui uns dias…

— Então, é deixar que os humanos invadam, tomem o poder para então pegarmos o poder deles.

A outra sereia concordou.

— Tem certeza que isso dará certo?

— Tenho, o plano já está todo armado. — Yongsun sorriu de lado. — Agora é arranjar mais sereias para tentar matar todo mundo em volta do Tritão. em algum momento, ele vai enlouquecer.

Hyunah concordou.

— Acho que deveríamos matar sereias inocentes também. Ele parece se afetar bastante com isso.

Yongsun levantou uma sobrancelha.

— Como quem?

— Crianças? Seria uma boa…

— Não, meu filho está na escola, nada de mexer com as crianças de lá.

A outra sereia estalou a língua.

— Meu filho também está lá, é só evitarmos eles.

— Eu já disse que não, Hyunah.

Hyunah revirou os olhos.

— Então, vamos matar sereias comuns. Aqueles garotos que o Tritão gosta, aqueles cinco… E também outros que estiverem na rua… Vai ser divertido.

Yongsun sacudiu os ombros.

— Okay, vai ser divertido — concordou a sereia. — Vamos nos divertir antes de arrasar com tudo.

Hyunah sorriu, remexendo sua cauda de forma divertida. Aquele reino finalmente saberia o que era uma revolução.

 

***

 

Jimin acordou cedo para fazer comida. Ele iria fazer o máximo que podia para seus amigos pelo menos ficarem felizes pela barriga. Sabia que não era o mesmo de ter as pessoas que amavam ao seu lado, porém era o que podia fazer no momento.

Ele estava aproveitando que não estava tão desanimado naquele dia para colocar a mão na massa, literalmente. Como Jungkook ainda dormia, foi o momento de adiantar bastante as coisas.

A água já estava quente quando abriu a torneira, o que não acontecia tão rápido no chalé, o que era engraçado. A água proveniente do vulcão abaixo deles era mais quente do que um fogão a lenha. Dessa maneira, a sereia logo colocou o açúcar da cana misturando com os morangos para fazer a saborosa geleia que Taehyung amava.

Quando a geleia estava meio encaminhada, Jimin resolveu começar a torta de maçã, fazendo a massa rapidamente e já deixando o forno de pedra esquentar com o vapor de água. Ainda se lembrava quando Jungkook tinha o beijado pela primeira vez após voltar como humano e pediu várias explicações de como tudo funcionava. Seu marido era fofo.

— Amor, você acordou cedo…

O mais baixo sorriu, principalmente ao sentir os braços de Jungkook fortemente o abraçando por trás, beijando sua bochecha com carinho.

— Vou fazer comida para nos despedirmos dos meninos.

Jungkook sorriu, virando o corpo de Jimin e levantando o queixo da sereia para o beijar, foi simples e rápido, mas o coração de ambos ficou acelerado.

— Você fica muito sensual fazendo comida assim…

Jimin levantou uma sobrancelha.

— Não temos tempo para isso… — murmurou Jimin, com um sorrisinho. — Eu ainda quero fazer legumes no forno… Eu amo aquela receita que você ensinou.

— É o prato favorito de Namjoon-hyung.

— Eu sei! — Jimin riu. — Eu vou fazer o purê de inhame também, tomara que fique bom como Yoongi gosta…

O mais novo não pode deixar de sorrir.

— Você vai sentir falta deles.

— Vou morrer de saudades — afirmou o professor, com um suspiro. — Mas é o melhor, tanto para os dois, quanto para a gente. Os ataques estão cada vez mais ousados, algum desses pode acabar os matando… Pelo menos, com eles longe, Hobi e Jin vão saber que estão seguros.

O soldado concordou com a cabeça.

— Hobi chegou a falar com você sobre Tae?

— Eu nem vi Hobi esses dias… — Jimin comentou, rapidamente misturando a geleia para não grudar na panela de cerâmica. — O que ele disse?

— Que não importa o que o povo queira, ele vai o tirar de lá e a senhora Haneul também — explicou Jungkook. — Ele vai falar que aquela caverna é insalubre e que está adoecendo os dois. Mas ele ainda não tem certeza se vai colocar eles em uma casa ou se vai deixá-los o castelo.

Jimin suspirou pesado.

— Portanto que eles saiam de lá… Eu já ‘tô morrendo de saudades de Tae…

— Vamos vê-lo hoje — garantiu o soldado, abraçando outra vez o marido por trás. — Amor, como você está?

O professor deu um suspiro, parando de mexer a geleia e apontando o pote para Jungkook; o mais novo se moveu para pegar e ajudar o marido.

— Hoje estou melhor porque vou vê-lo — explicou Jimin. — Eu também queria me desculpar, sabe? Você também estava com o coração partido e eu não ajudei em nada.

— Amor! — Jungkook quase deixou o pote cair no chão de tão frustrado com a fala do marido. — Nunca diga isso!

—  Mas…

— Não! — disparou Jungkook. — Eu não te culpo de nada… E eu sei que você não está totalmente bem… Então, quero que me conte as coisas.

Jimin somente concordo, sem saber ao certo o que falar.

— Eu vou contar… — murmurou sem muita certeza.

— Okay — afirmou Jungkook. — Algo que queira falar agora?

— Não… Hoje é o dia de sermos fortes por nossos amigos, pois eles vão precisar de apoio quando Yoongi e Namjoon partirem.

Jungkook concordou.

— Então, vamos fazer o melhor para eles — murmurou o rapaz.

— Vamos fazer que o dia seja inesquecível.

Os dois sorriam um para o outro. Era um dia triste, porém levariam um pouco de alegria no final de tudo.

 

***

 

Yoongi acordou pela segunda vez com Taehyung. Ele piscou confuso e suspirou pesado ao perceber o que aconteceria naquele dia.

— Tem alguém que acordou animadinho — brincou Taehyung.

Min arregalou os olhos e logo se afastou do outro, mas ao olhar para baixo, notou que não tinha nenhuma ereção.

— Seu bobo! — reclamou Yoongi, ouvindo logo a risada do outro. — Isso não se faz!

— Fofo — disse a sereia, movendo-se até puxar o humano outra vez contra si. — Nós sereias não temos isso de ereção matinal, né? Então, quando o Peixinho ainda era humano, ele acordou assim e eu não entendi nada. Achei que ele estava acordado e querendo copular. Foi um pouco confuso quando Jungkook ficou todo envergonhado.

Yoongi sorriu,

— Eu consigo imaginar ele morrendo de vergonha.

— Meu maridinho é super fofo — garantiu o oráculo.

O dois ficaram em silêncio por um momento.

— Você está com medo, Yoongi?

O humano estalou a língua, sem saber a resposta correta para a pergunta.

— Não de voltar, mas medo do que pode acontecer com vocês. Não teremos notícias alguma, na verdade, nem saberemos quem são... Isso é triste, sabe? Muito triste.

Taehyung brincou com o cabelo do amigo, tentando lhe levar algum conforto.

— Vamos ficar bem, Hoseok é um ótimo Tritão.

— Hm... Você viu alguma coisa?

— Não exatamente... Mas eu te vi triste e solitário no futuro — explicou o oráculo.

O humano riu sem humor.

— Então, é só mais dia normal meu.

A sereia nada disse, somente afagou de leve o cabelo do amigo. Ele queria que tudo fosse diferente e não precisassem ter aquela conversa, não naquele momento, pois deixava a tudo mais triste.

 — Eu vou sentir muito a sua falta, Yoongi. Você se tornou um grande amigo, um que eu nem sabia que precisava — disse a sereia, apertando o humano ainda mais em um abraço. — Queria ter alguma visão que deixasse tudo mais fácil, que desse uma resposta e vocês pudessem ficar, mas eu forcei e nada saiu. Peço perdão.

Yoongi sentiu o coração se apertar e então virou no abraço, ficando de frente para a sereia.

— Não peça desculpas, Tae. Eu te amo muito, meu amigo e eu não te culpo de nada, okay? Muito obrigado por estar ao meu lado nos momentos mais difíceis. — Yoongi sorriu. — Se eu puder pedir algo, peço que você fique bem e feliz. E também que logo, logo seus maridos possam ficar perto de você.

O oráculo sorriu, retirando uma mecha de cabelo de Yoongi do seu rosto.

— Você vai ser feliz.

— Vou tentar.

— Não, eu estou falando: você vai ser feliz — disse a sereia. — Ninguém que é tão bom como você não pode ser feliz. Então, mesmo que eu não tenha visto nada realmente, eu sei que você será feliz.

Yoongi não pode fazer nada além de sorrir.

Os dois ficaram abraçados uns minutos a mais até que o humano foi usar o banheiro e fazer sua higiene matinal. Quando saiu, Taehyung foi fazer o mesmo, o que deixou Min sozinho com sua avó, que sempre era a primeira a acordar da caverna.

— Vovó…

— Eu não gosto de despedidas — Haneul disparou, comendo um bolinho. — Então, eu não quero me despedir.

 O humano estalou a língua.

— Tudo bem... — murmurou Yoongi, com um suspiro pesado. — Eu sei que nos conhecemos tem poucos dias e a senhora deve ter tanto mais para me ensinar, porém somente em saber que ainda me resta algum parente vivo, eu fico feliz. Vou sentir saudades e se um dia eu puder voltar, espero poder estar na presença da senhora.

— Não me deseje uma vida tão longa, querido. Sua velha vó já suportou o bastante, não? — A senhora mencionou, sorrindo afetuosa, enquanto acariciava o braço do rapaz. — Quando você voltar, eu já terei partido, meu menino.

Yoongi arregalou os olhos.

— Não fale isso, vovó!

— É a verdade. — Ela sorriu, largando o que fazia e fitando o neto com carinho. — Mas, você será o herói da ilha, meu bebê. É tudo o que eu mais tenho orgulho.

Min negou com a cabeça. Como assim aquela seria última vez que a veria? Era injusto!

— P-por que a senhora não vem comigo? A gente dá um jeito… Eu não sei… Eu posso te mostrar onde o vovô me criou e podemos pescar juntos… — Yoongi fungou. — Ou e-então fique com Hobi… E-ele vai cuidar da senhora por mim… Por favor? E-eu… só quero te ver de novo.

 — Se a senhora quiser ir… A responsabilidade de oráculo já não é mais sua — Taehyung proferiu sério. Ele ouvira parte da conversa ao sair do banheiro e não pode resistir em se meter. — Eu corri demais do meu destino e causei muito problemas. A senhora não precisa pagar pelos meus erros, vó.

 — Eu não sou sua avó.

 — Não custava tentar, né? — A sereia mais nova fez beicinho, satisfeito ao notar os lábios da senhora se curvarem em um sorriso involuntário.

Yoongi fitou a avó com esperança, mas a senhora negou com a cabeça.

— Eu tenho companhia agora — garantiu Haneul, sorrindo para Taehyung. — E eu tenho que ensinar muita coisa para ele. Coisas que eu aprendi sozinhas e que facilitarão a vida dele.

— Mas…

— Não, Yoongi. — Ela estalou a língua. — Se o menino sair daqui, eu vou junto. Mas se não… só saiba que eu fiquei muito feliz em te conhecer e que eu não poderia estar mais orgulhosa por tudo o que você se tornou.

Min quis discutir, mas ele percebeu no olhar dela que não teria volta. Yoongi então suspirou pesado e a abraçou com carinho, entristecido por ter vivido somente dois dias ao lado da avó.

— Ah, minha criança… Se alguém te oferecer bebida em um bar, não aceita.

Yoongi não entendeu, mas concordou com um aceno de cabeça. Provavelmente não se lembraria daquele conselho, mas tentaria se esforçar.

— Vó… E-eu e Namjoon continuaremos juntos, certo? Eu não quero ficar sozinho de novo…

Ela suspirou pesado.

— Talvez você o devesse acompanhar ao apartamento dele quando chegarem no continente.

Ih, meu irmão será corno — disparou Taehyung, implicante.

Min ignorou a piada do mais novo.

— Okay… Acompanhá-lo até o apartamento. Acompanhá-lo até o apartamento… Não vou esquecer!

— Agora vão lá para cima, pois seus namorados e maridos já devem estar chegando para o almoço surpresa.

— Espera… o quê?! — Taehyung disparou.

Yoongi riu alto, percebendo como iria sentir falta de tudo aquilo, principalmente quando a sua avó lhe abraçou e sussurrou que ficaria tudo bem. Ele não disse nada além de um “Eu te amo”, mas torcia para que ela tivesse razão no final das contas.

 

***

 

Eles saíram cedo outra vez, o reino ainda dormia e Changkyun os acompanhou para o chalé. O local estava protegido e duvidavam que fossem atacar tão cedo, era óbvio que as sereias estavam desfalcadas e iriam esperar uns dias antes de atacar novamente. Então, era o tempo de se despedirem propriamente.

O chalé estava abafado e Yoongi saiu abrindo as janelas — o que consistia em afastar as cortinas —, e sem ninguém perceber, começou a se despedir da casa que tinha feito dele. Sentiria saudades de todos os momentos que vivera ali, de todas as vezes que estivera com Hoseok e os amigos, isso sem contar as vezes com Pena entrando pela janelas nas piores situações. Daria tudo para vivê-los de novo.

— Não senta aí que Hobi e eu transamos ontem e não trocamos os lençóis — disparou Yoongi quando Taehyung ia sentar na sua cama.

— Que nojo! Vocês não têm respeito?!

Yoongi revirou os olhos.

— Você faria o mesmo se fosse eu.

— Com Hobi? Nunca!

O humano mostrou o dedo médio para o oráculo, que riu. Taehyung então ao invés de sentar, foi ajudar o outro a fazer a mala.

— Ah, você vai levar as joias?! Hoseok ia amar que você ficasse com elas.

— Como posso levar?! Vou pensar que assaltei um banco.

— A gente dá um jeito de você conseguir esconder. São pequenas e bonitas…

Min suspirou.

— Acho melhor deixar com Hobi. Vai ser melhor assim.

Taehyung estalou a língua, mas concordou. Assim, somente ajudou o amigo a colocar as poucas roupas que tinha ali.

— E o vestido de casamento?

Yoongi então fitou o vestido azul, ele estava dobrado com cuidado na cômoda. O sorriso logo surgiu no rosto do humano e seu coração se apertou por um momento.

— E-eu provavelmente ia achar que peguei errado, sei lá… — disparou o humano, desviando os olhos. — É melhor deixar com Hobi.

 — Você tem que levar algo para se lembrar de nós!

 — E-eu não posso em lembrar, Tae. Não é seguro. — Yoongi suspirou pesado. — Eu queria poder levar tudo. Não… Queria poder ficar, mas talvez se eu lembrar isso me faça voltar. Ou pior! Eu sempre vivi com falta de grana, eu vou pegar essas coisas bonitas, vender e alguém pode rastrear até vocês! — disparou o humano. — As pérolas, por exemplo, devem ser especiais de alguma maneira, vão descobrir tudo! Eu não posso arriscar!

O humano pareceu nervoso e Taehyung logo o abraçou com força.

— Desculpa… Eu não pensei por esse lado.

— A-acho que estou nervoso… Estou deixando tudo que eu amo para trás. — Yoongi suspirou fundo. — Sinto-me um covarde por não ficar e lutar.

— Yoongi! — Taehyung se assustou com o pensamento do amigo, tanto que se moveu para o abraçar novamente. — Não pense nisso. Pense em como isso é corajoso! Você está desistindo de tudo o que mais ama por um reino que nem é seu. Yoongi, você é corajoso.

O humano sorriu e concordou de leve com a cabeça. Se Taehyung lhe dizia aquilo, iria concordar.

— Sentirei saudades de o ter como conselheiro e amigo — afirmou o humano.

— É só pensar assim: “O que Taehyung faria?” e fazer ao contrário.

Os dois riram da piada juntos e de alguma maneira, Yoongi se sentiu um pouco melhor. Sua vida não seria mais a mesma e provavelmente nunca pisaria naquela ilha uma vez mais, porém saber que tinha encontrado o amor da sua vida e amigos maravilhosos, era o suficiente, como uma outra vida reencarnada em que as coisas deram certo.

— Bom dia, bom dia…

A voz de Hoseok fez com que os dois se separarem de outro abraço, pois Hoseok se adiantou para o namorado, beijando seus lábios quase em desespero, sentia que precisava beijá-lo para sempre; o para sempre deles que agora eram somente horas.

— Senti saudades — murmurou Hoseok, deixando seus dedos afagarem a bochecha do namorado. — Muitas saudades…

— Eu também, meu amor… Eu também…

Taehyung sorriu fracamente para a cena antes de sair de fininho, não queria atrapalhar os apaixonados nas últimas horas que teriam juntos. O oráculo foi para o outro cômodo e encontrou Seokjin e Namjoon também se beijando com carinho e outra vez saiu, mas para a sua surpresa, ele encontrou Jungkook e em seguida Jimin prestes a entrarem no chalé, cheios de vasilhas nas mãos. O coração de Taehyung bateu tão fortemente que ele quis chorar.

— Epa, eu seguro isso.

A voz de Jackson e depois Changkyun se movendo para ajudar o outro soldado com as vasilhas não chegaram direito ao ouvido de Taehyung, pois ele somente correu para os homens que amava. Havia uma semana que não se viam e já parecia uma eternidade.

Jungkook foi quem segurou Taehyung pelos braços, rodopiando-o no ar antes de deixar que os lábios se encontrassem com os do marido, em um beijo forte, cheio de sabor e saudade. Jimin sorriu para a cena, o coração tão calmo que ele até acreditou, por um momento, que talvez tivesse morrido e estava em um plano perfeito, onde só existia amor.

Taehyung riu quando alcançou o chão novamente, seus lábios mal tendo tempo de descanso, pois Jimin se apoderou deles, procurando logo os fios de cabelo que não estavam mais lá, porém não se importou por muito tempo.

— Seu cabelo. —  A voz de Jimin era quase rouca, o forte beijo ainda o afetando de alguma maneira. — Eu gostava de puxar o seu cabelo.

Os mais novos riram.

— Eu pedi para Yoongi fazer o corte igual ao de Jin… Acho que assim ficou bom.

— Está sensual — garantiu Jungkook, estalando um beijo nos lábios de Taehyung. — Mal vejo a hora de somente eu ser aquele que terei o cabelo puxado.

— Olha ele, cheio de fantasias — brincou Taehyung, puxando Jimin e Jungkook pela mão. — É muito bom os ver.

Jimin deu uma risadinha.

— Melhor entrarmos, estamos burlando umas cinquenta leis agora.

— Assim que é bom — afirmou Jungkook, beliscando a bunda do mais baixo. — Talvez nos prendam junto de Tae, hein?

Os mais velhos riram.

— Imagina? Seria legal…

Eles foram conversando antes de entrarem no chalé, as mãos dadas com força, de alguma maneira com medo de serem separados se soltassem.

A cozinha já estava arrumada, os soldados colocaram as comidas, mas já estavam saindo para dar espaço para eles.

— Como tem sido seus dias com a senhora Haneul? — Jimin questionou em tom baixo.

— Ah… legais. Ela é legal comigo.

— Sério? — Jungkook questionou, surpreso. — Achei que ela era malvada.

Taehyung riu.

— Malvada não, só amargurada, mas estamos nos dando bem…

— Isso é bom, meu amor — afirmou Jimin, beijando os longos dedos de Taehyung. — Mas talvez você não precise ficar mais lá, Hoseok vai dar um jeito.

O oráculo sorriu, mas nada falou.

Em seguida, os outros casais entraram na cozinha, tão grudados e apaixonados quanto conseguiam ser.

— Oi, oi — Hoseok cumprimentou, indo até os mais novos e beijando cada um na testa com carinho. — Amo vocês, meus bebês.

Um coro de “Awnnn” encheu a cozinha e todos riram juntos.

Sem demora, eles começaram a comer, primeiro em silêncio, mas em poucos minutos estavam conversando.

— Nunca mais tome veneno por aí, mocinho! — reclamou Yoongi com Namjoon. — Entendeu?!

O outro humano mostrou o dedo médio para Yoongi, mas riu junto com ele.

— Eu também te amo, babaca — disparou o biólogo.

— Ué, quem aqui falou de amor? — Min rebateu. — Você sabe que eu te odeio.

— Claro, todos nós aqui sabemos.

Novamente, eles riram juntos e tudo pareceu certo, quase como o final perfeito.

— Gente, não sentem na cama de Yoongi e Hobi porque eles copularam e deixaram fluídos lá.

— Babaca, cala a boca — reclamou Yoongi, jogando uma uva em Taehyung.

— Espera, você viu isso?! — Jungkook questionou, os olhos arregalados.

— Vi tudinho, amor — brincou Taehyung.

— Sério?! Eu também queria ver! — Jimin entrou na brincadeira. — Yoongi tem cara que tem uma bundinha empinadinha.

— Ei, parem de falar do meu namorado — reclamou Hoseok. — Mas é verdade, ele tem.

O rosto de Yoongi ganhou uma coloração avermelhada e os risos preencheram o ambiente.

— Então, Jin não é dominador com você?! — Jimin questionou, apontando para Namjoon. A conversa tinha ido parar em sexo e nenhum deles se lembrava mais como tal coisa tinha ocorrido. — Comigo eu fiquei com os braços amarrados um tempão!

— Cala a boca, Jimin — reclamou Seokjin. — Como se você não tivesse gostado.

— Eu gostei! — comentou Hoseok.

— Ele não consegue comigo — Namjoon murmurou, as bochechas coradinhas. — Ele acha que vai me machucar e… e… eu não gosto muito também. Não é para mim.

— Nem para mim — comentou Jungkook.

Taehyung fez uma expressão fofa.

— Dois bebês. — Ele esticou seu corpo na cadeira e estalou um beijo na bochecha de Jungkook. — Nossos bebês.

Seokjin estalou a língua.

— Acho que estamos enganados todo esse tempo: estamos em uma relação poliamorosa — comentou o comandante.

— Opa! Finalmente vou ver a bundinha de Yoongi — Jimin comentou, rindo.

— Que obsessão pela minha bunda! — disparou Yoongi. — Ela é flácida e sem graça! Quem faz agachamento aqui é Namjoon.

Jimin piscou e então fitou Namjoon, levantando uma sobrancelha.

— Então, eu tenho um outro objetivo de vida — murmurou Jimin, sorrindo sugestivamente para o biólogo.

— Tenta para você ver — ameaçou Seokjin, apostando uma faca sem serra para Jimin.

Novamente, as risadas tomaram conta do local.

O almoço foi divertido para todos, depois comeram sobremesa e descansaram um pouco para que não viajassem de barriga cheia. Porém, quando mais os minutos passavam, mais percebiam que estavam no momento de se despedir.

Uma hora depois, começaram a caminhar em direção ao local onde o barco estava, os soldados tinham avisado que já tinham o colocado próximo a água, somente preso com cordas para não partir sozinho com a força das ondas.

Quando chegaram no lugar, tudo pareceu real e os olhos de Hoseok foram os primeiros a se encher de lágrimas.

— Ei, ei… não chora — pediu Yoongi, com um sorriso. — Não chore meu amor. Hn… Joon, acho que é o momento de falarmos.

O biólogo concordou com a cabeça, aproximando-se do amigo e segurando em sua mão.

— Jin, Hobi… nós queremos falar com vocês que… — Namjoon parou de proferir as palavras e engoliu a seco. — Ah, diz você, Yoon…

Yoongi revirou os olhos, mas não estava realmente irritado com Namjoon, era uma brincadeira.

— Nós queremos falar que se… as coisas ficarem difíceis demais, solitárias demais ou que… vocês precisarem de um apoio, não nos importaremos que fiquem juntos. Tipo, junto mesmo.

Hoseok e Seokjin se encararam, sendo o Tritão o primeiro a sorrir, mesmo que com as lágrimas ainda nos olhos.

— N-nós íamos falar o mesmo — murmurou Hoseok.

— Tínhamos conversado sobre isso — comentou Seokjin, o sorriso triste na face. — Se vocês ficarem felizes juntos, também ficaremos.

Os quatro sorriram docemente. Era um acordo, mesmo que somente metade das partes envolvidas neles fossem se lembrar.

Não querendo se lembrar mais do assunto naquele momento, os humanos foram se despedir dos outros amigos.

Namjoon logo abraçou Jackson com força e em seguida, mesmo que ainda tivesse marcas nas suas costas, Changkyun, o soldado pareceu sem graça, mas conseguiu sorrir. Nesse meio tempo, Yoongi estava sendo apertado no meio de três sereias, escutando como era maravilhoso e como faria falta; não esperava por aquilo, tanto que as lágrimas começaram a tomar conta dos seus olhos.

Em seguida, Yoongi foi até os soldados e Namjoon foi aos amigos mais novos, recebendo o mesmo abraço apertado dos três, o que fez com que seu coração se apertasse e as lágrimas começarem para não pararem. Jungkook então foi quem abraçou o amigo com bastante força, lembrando-se de tudo o que tinham passado juntos.

Hyung, você foi o melhor amigo que sempre precisei e sempre esteve lá por mim. Obrigado, por me trazer de volta para a minha família.

O biólogo não conseguiu responder, não quando começou a chorar de soluçar. Estava deixando para trás a família que tinha feito para si e tudo doía demais.

— O-obrigado…

Um simples agradecimento foi o que conseguiu proferir.

O humano então foi até o namorado. Eles já tinham dito tudo o que tinham que dizer no dia anterior, porém se abraçaram e beijaram sabendo que seria a última vez.

— Eu te amo para sempre — murmurou Seokjin, ainda contra os lábios do humano.

— Eu te amo para mais que o sempre — disse Namjoon. — Se existir a eternidade e por acaso eu for para lá, meu amor ainda permanecerá. Você me mostrou o que é viver e meu amor sempre será seu.

Seokjin engoliu a seco, segurando para não deixar lágrimas serem derrubadas.

— Se um dia o destino for bom e nos encontramos de novo, farei de você o meu marido — afirmou Seokjin, beijando com delicadeza os lábios do namorado. — É você quem eu amo, hoje, amanhã e para sempre.

Eram os votos deles e eram lindos, Namjoon não se aguentou e não conseguiu parar de chorar.

Ver Namjoon chorar, fez com que Hoseok não conseguisse mais se controlar, indo até Yoongi e o segurando com força, as palavras se embolando em sua língua.

— N-não v-vai, e-eu vou p-proteger… P-por f-favor…

— Amor… — Yoongi puxou o ar com força; ver Hoseok daquela maneira partia o seu coração. — Você s-sabe que não dá.

— D-dá s-sim, a g-gente r-resolve…

Min queria ficar, claro que queria, mas já tinham discutido tudo o que daria errado se ficassem. Então, ele tomou uma das decisões para difíceis da sua vida.

— O q-que você prefere, Seok? — perguntou Yoongi, vendo o Tritão o fitou sem entender. — Quer que eu peça para ir embora ou que você me mande embora?

Hoseok negou com a cabeça, sem entender ao certo.

— C-como assim?

— O que irá doer menos?

— O quê?! C-como assim?! Não vai doer menos! — disparou a sereia, frustrada.

Yoongi deu um fraco sorriso.

— É, mas eu vou me esquecer… Eu viverei com o vazio, mas você…. Você vai se lembrar. Então me diga, o que prefere? Prefere que eu te fale que quero ir embora ou que fui por que você pediu? — O humano segurou na mão do namorado, afagando com o polegar a palma do outro. —  Deixe-me ao menos fazer com que isso seja o menos doloroso possível para a sua memória.

Hoseok negou com a cabeça; aquilo não podia estar acontecendo! O homem que amava tinha que partir por causa do seu povo! Seu coração não podia aceitar aquilo, ele queria chorar e chorar até não ter mais líquidos em seu corpo. Mas, Yoongi estava lhe dando uma alternativa, estava lhe dando a chance de não sofrer com a sua partida e por mais que acreditasse que não daria certo, resolveu concordar com a cabeça após puxar o ar com força.

— Você… q-quis ir.

Yoongi concordou com a cabeça, fazendo um afago na bochecha de Hoseok

— Eu quero voltar, Seok. Não foi você quem me mandou embora… Fui eu quem parti, entendeu? — murmurou Yoongi, dando um beijo nos lábios do namorado. Foi rápido, mas com tanto sentimento que Hoseok arfou quando se separaram. — Seok, não é sua culpa, ‘tá bom? Eu amo você, mas eu preciso ir embora. Estou apavorado em ficar aqui e você me ama, portanto, nunca negou nenhum desejo meu.

Hoseok somente sentiu braços o segurando e soube que Jungkook estava o abraçando para mantê-lo no lugar. Yoongi então se virou e foi para perto de Seokjin, que tinha o soro do esquecimento nas mãos. Ele parou ao lado de Namjoon e sentiu os dedos do amigo nos seus; estavam ali um para o outro.

— Como vocês querem que isso ocorra? — o comandante questionou aos humanos.

— Eu sempre me perguntei o que tinha nesse soro — Namjoon perguntou do nada. Ele estava enrolando, não precisaram de muito para notarem tal coisa.

O mais velho deu um fraco sorriso.

— É extrato de Solanaceae…

— Ah, Escopolamina… Claro, realmente afeta a memória.

— E um pouco do canto de sereia — completou Seokjin, com um fraco sorriso. — Amor, nós precisamos fazer agora…

Namjoon concordou, apertando a mão com força a mão de Yoongi.

— Como vocês querem? — Seokjin voltou a perguntar.

— Podemos escolher? — Yoongi estava surpreso. — Achei que a história seria inventada por vocês.

— Geralmente seria, mas vocês merecem um carinho a mais — brincou o comandante.

Min sorriu.

— E-eu não quero pensar que Jungkook morreu — disparou Namjoon, engolindo a seco. — Hm… Passaram-se meses que estamos aqui, eu com certeza já fui demitido, então q-que tal colocar na nossa mente que eu fui demitido desde antes e fui em busca da família de Kookie? — Kim olhou para Jungkook e sorriu antes de voltar a fitar o namorado. — E como Jungkook nunca teve celular ou gostava de tecnologia, e-eu nunca mais terei c-contado com ele.

Pensar aquilo deixou o biólogo triste.

— E eu fui junto porque eu tinha barco — disse Yoongi, mordendo o lábio inferior. — E… Joon e eu viramos amigos na viagem.

O biólogo fitou Yoongi com um olhar cheio de carinho.

— Que foi? — perguntou Min. — Você sabe que eu não vou conseguir sem você.

Namjoon sorriu docemente, abraçando o amigo rapidamente de lado. Foi um bom momento e mais um dos instantes que Seokjin quase jogou tudo para o alto e disse que aquilo era loucura, que os humanos podiam ficar, que dariam um jeito. Porém, não existia nenhuma forma de contornar aquilo.

Hm… acho que podemos fazer então — Seokjin murmurou, fitando os humanos com o olhar tão triste que Namjoon teve que desviar. — Vocês têm que tomar um gole cada e depois ouvirem com atenção a música que vou cantar… — O comandante se virou para Hoseok, que estava parado, sem chorar e nem nada, mas com uma expressão que partia o coração de qualquer um. — Hobi, Yoongi só pode ouvir a sua música.

O Tritão fitou o melhor amigo sem entender por uns segundos, até que se lembrou do casamento com Yoongi e como tinha feito o ritual para que somente a sua canção fosse escutada pelo humano. Parecia há tanto tempo, tão distante… Por que as coisas não tinham terminado bem para eles?

Sem sentir as próprias pernas, Hoseok se aproximou do comandante e só então fitou Yoongi uma vez mais. Estava deixando o homem que amava escapar pelos seus dedos para proteger o próprio reino, não poderia envelhecer com ele ou até construir uma família com ele. Era isso que significava viver? Porque agora parecia bastante sem sentido.

— Eu começo… — Namjoon disse, pegando o pote e tomando um gole de uma vez. — Wow.

A bebida desceu queimando e o biólogo sentiu a cabeça tonta no mesmo instante, era bastante forte, deveria ser por esse motivo que não se recordaria nada no futuro ou algo assim. Já estou confuso, pensou.

Yoongi fez o mesmo em seguida e logo voltou a fitar Hoseok, tentando de alguma maneira o manter sempre na sua cabeça.

— Jungkook encontrou sua família e vocês ajudaram depois que Namjoon foi demitido do seu emprego — Seokjin disse, puxando o ar com força para não demonstrar realmente toda a sua tristeza. Mas, precisava ser forte pelos outros. — Vocês viraram melhores amigos e vão manter essa amizade, pois é muito importante para os dois. Vocês são uma família agora.

 Houve um silêncio de alguns segundos, Seokjin pensando se deveria falar algo a mais, porém para a sua surpresa, foi a voz de Hoseok que foi escutada:

— Vocês dois são muito amados; não se esqueçam disso — afirmou o Tritão, fungando rapidamente. — Sejam felizes.

— Agora, entrem no barco e partam de volta para o lugar de onde vieram — o comandante disse por fim.

Hoseok buscou a mão de Seokjin com cuidado e o comandante sorriu fracamente antes de começar a cantar. O Tritão fez o mesmo na sequência e juntos os dois deixaram a melodia diferente de tudo que os humanos tinham ouvido preencherem seus ouvidos.

Foram alguns segundos antes de Yoongi e Namjoon se virarem, quase no automático, e seguiram para dentro do barco. Jungkook se adiantou para soltar as cordas e indicar que deveriam ir. Os humanos já não estavam com os olhares totalmente focados, mas ainda assim, Min seguiu para a cabine, ligou o motor e acelerou o barco.

E então, daquela maneira, Yoongi e Namjoon partiram de volta para Jeju, sem saber que estavam deixando Hoseok, Seokjin e toda uma vida que poderiam ter juntos para trás.


Notas Finais


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Até amanhã ;*


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