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História Paradise - Capítulo 77


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos leitores, todos que favoritam e comentam!!! (๑•̀ㅂ•́)و✧ ο(=•ω<=)ρ⌒☆

Aviso de gatilho: tortura; tentativa estupro ( ambos no passado / não gráfico)

Capítulo 77 - Capítulo 77


Namjoon tinha criado uma rotina forçada depois de todo aquele tempo. Ele acordava bem cedo com o barulho de algum funcionário abrindo a porta de ferro. Após o café-da-manhã sobrava tempo para escrever seus artigos e o restante da dissertação, coisa que ele fazia a mão; alguém digitava em algum outro lugar e somente via o formato final quando já tinha sido publicado.

— Espero que alguém esteja lendo minhas mensagens…

Depois de escrever por mais ou menos uma hora, era o momento de seguir para a área das sereias, sendo que durante todo aquele tempo, somente tinha uma no local. No geral, era uma boa coisa, porém para a sereia não era, pois durante todo aquele tempo tinha sido a única a ser cutucada, perturbada e maltratada.

Após passar pelas diversas portas, Namjoon se viu sozinho no local em que tanque ficava, coisa que não acontecia com frequência, pois Minho sempre estava por perto para observá-lo. Mas, ao olhar o recado preso na porta, entendeu o que estava ocorrendo de verdade.

 

Hoje é o dia de limpar o tanque.

Namjoon-ah, tire a peixinha dele com cuidado.

Cuidado que ela gosta de usar as unhas ;)

Minho.

 

Namjoon grunhiu. Minho mais uma vez estava brincando com ele, mas pelo menos não teria que ficar analisando partes de escamas ou de pele, sabendo que tudo saíra da sereia de forma dolorosa. Preferia ser atacado por ela do que a ver sendo machucada repetida vezes.

O biólogo então foi até o computador, apertando o botão de som para poder falar com a sereia:

— Vou limpar o seu tanque hoje. Não irei te fazer mal, okay?

A sereia nem se mexeu.

Ele respirou fundo e então começou a fazer todos os preparativos. Segundo os protocolos deveria tirar a sereia de dentro do vidro, colocar as algemas nela e a amarrar na cadeira enquanto limpava todo o local, que teria a sua água retirada e o vidro desinfetado. Kim teve certeza que sozinho era trabalho de toda um dia.

Ele preparou a escada, colocando-a no local onde o aquário seria aberto e sentiu um pouco de medo. Ela poderia muito bem o matar naquele processo e sinceramente, nem iria a culpar se algo desse errado.

Enquanto subia a escada, não pode deixar de repensar os fatos novamente na sua mente. Não sabia o nome dela, pois em todo aquele tempo em nenhum momento a sereia proferira nenhuma palavra, porém a cada dia que passava, tinha mais certeza de que ela era a irmã de Hoseok há muito sumida, afinal não era possível para ele duas pessoas se parecerem tanto sem terem uma relação sanguínea.

Quando chegou ao topo do aquário, Namjoon colocou a senha e viu a abertura sendo destrancada. Ele deixou que o sistema deixasse tudo exposto, vendo pela primeira vez a sereia de cima.

— Ei… Você pode vir até a superfície?

Kim não pode deixar de pensar como faziam para a retirar dali, provavelmente envolvia mais tortura.

— Eu sei que você não confia em mim, mas não vou te machucar. Eu prometo.

Namjoon observou por alguns segundos a sereia nem se mexer e ficou tenso de seguranças entrarem ali a qualquer momento e a obrigarem a sair de alguma maneira horrível. Porém, antes que pedisse de novo a sereia foi até a superfície, olhando-o com seriedade.

— Não irei te machucar — garantiu Namjoon mais uma vez, estendendo a mão até a água. — Vamos, me dê a mão.

Ele recebeu o olhar cheio de seriedade da moça, porém para a sua surpresa, sentiu em seguida ela segurando em seus dedos. Namjoon engoliu a seco e com a ajuda o seu peso, puxou-a. Porém, logo percebeu que ela não precisava daquilo, afinal pousou com graciosidade na borda do tanque.

— Oh… Claro, claro… faz sentido as suas habilidades. — Namjoon sorriu sem graça. — Eu vou descer as escadas, aí você desce atrás de mim depois…

Namjoon não tinha ideia do que fazia, mas desceu as escadas o mais rápido que conseguiu. Quando chegou no chão, olhou para cima e notou que a sereia fazia o que ele tinha pedido, então desviou os olhos imediatamente; não queria que ela pensasse que estava a olhando de maneira errônea.

Em poucos segundos, Namjoon viu a sereia na sua frente. Ele sorriu, indicando a cadeira que para ela sentar.

Para a surpresa do biólogo, ela fez sem questionar, mas assim que se sentou, esticou as mãos para frente, bem unidas. Kim demorou alguns segundos para notar que a sereia estava esperando ser presa com as algemas e depois com as grossas cordas.

— Não precisa disso — Namjoon disse de imediato. — Fique aí que está tudo bem.

A sereia o fitou como se falasse uma outra língua.

— E se eu te machucar?

O choque da voz que ele imaginou escutar durante um mês o fez dar um passo para trás, surpreso. Ela fala, ele logo pensou bobamente. Claro que ela fala, idiota! Ele então percebeu que tinha que falar algo, que não queria parecer um louco parado no meio do laboratório, sem saber o que dizer somente porque escutara a voz da moça pela primeira vez.

Hm… É… hm… Acho que vou confiar em você.

Namjoon odiou a própria resposta e quis gritar, mas somente deu um dos seus sorrisos sem graça.

— Por quê? — ela perguntou em um tom baixo, apoiando as mãos nos joelhos com cuidado.

— Acho que aprendi a confiar em sereia depois de passar tanto tempo com elas — explicou Namjoon, pegando a lata grande de um líquido azul que parecia desinfetante. — Não faço ideia de como vou limpar todo o vidro sem morrer afogado.

Ela franziu a testa.

— Tem um botão aí que tira toda a água.

Ele arregalou os olhos e logo foi ao computador, apertando todos os comandos que pareceram pertinentes, até que escutou um som alto e percebeu a água sendo sugada por um ralo que se abrira no fundo do aquário.

—  Ah, obrigado por isso! — Namjoon riu, coçando a nuca.

A sereia ainda olhava para Namjoon com desconfiança.

— Você não vai mesmo me prender? E se eu fugir?

Namjoon mordeu o lábio inferior.

— Eu não te impediria. Na verdade, até torceria para você conseguir fugir de verdade daqui — afirmou o biólogo, suspirando fundo. — Não estou aqui porque quero. Também estou sequestrado.

— Está?

— Sim… O doente do Minho quer que eu descubra como ele pode ficar imortal.

A sereia suspirou pesado.

— É, eu já sei disso.

O biólogo engoliu a seco e somente voltou a fitar o aquário. Ele não imagina o que a moça tinha sofrido durante todo aquele tempo. Era tão errado e cruel tudo o que ela tinha passado que Namjoon nem conseguia colocar em palavras o que passava na sua mente e nem como dizer qualquer coisa que a deixasse se sentindo melhor. Não tinha palavras que resolvesse aquela situação.

— Como ele descobriu o nome do meu irmão?

Namjoon piscou confuso e fitou a moça, o som da água sendo sugada ainda alto em seus ouvidos.

— Desculpa, não entendi — respondeu com sinceridade.

— Como que… o Lee descobriu o nome de Hoseok?

Kim engoliu a seco.

— Ele não descobriu. E-eu… que sei o nome dele. 

— Como?!

O biólogo estalou a língua e cruzou os braços. Sentia-se exposto antecipadamente pelo o que iria falar, tinha vezes que pensava tudo era um sonho, que não tinha estado em ilha alguma, que não encontrara lá o homem que amava, porém tudo se provava verdadeiro quando via a sereia no aquário novamente.

— Eu estive lá… no seu lar.

— Isso é mentira.

Ela não soou agressiva, mas também não parecia muito feliz com a fala do biólogo, Namjoon logo percebeu.

— Eu estive — Namjoon garantiu. — Foi sem querer. Eu ganhei esse livro velho falando sobre sereias e fiquei curioso, mas eu nunca imaginei que teriam sereias mesmo por lá. Mas, por curiosidade, Jungkook… hm… meu amigo e eu contratamos esse pescador que poderia nos levar de barco. — Kim sorriu, lembrando-se de Jungkook humano e como sentia falta daquele aspecto bem inocente do rapaz. — Quando estávamos perto, houve uma tempestade horrível e acordamos na ilha. Depois descobrimos que foi Jimin e Taehyung que arrastaram nosso barco porque eles viram Jungkook a bordo…

Namjoon parou de falar quando viu os olhos horrorizados da sereia. Ela parecia estar na frente de um fantasma.

— Jungkook, Jimin, Taehyung… esses nomes… — Ela engoliu a seco. — Não entendo…

Kim pigarreou.

— Seokjin. Hoseok.

A sereia se remexeu desconfortável na cadeira, olhando para a porta. Namjoon ficou na dúvida se ela planejava fugir ou somente não o queria fitar.

— A água foi expelida.

O biólogo percebeu que ela tinha razão e então apertou o mesmo botão de antes, fechando a abertura.

— Agora eu preciso limpar todo o vidro — Namjoon murmurou para si, pensando em como seria possível ele escorregar no desinfetante e morrer.

— É só jogar dentro do aquário e deixar, não precisa esfregar — disparou a sereia, estalando a língua.

— Nossa! Tem certeza?

— Estou presa nisso há dez anos. Eu já vi esse processo um milhão de vezes — ela respondeu em um tom irritado. — Onde está Donghun? Ele já faz isso há anos.

Namjoon sacudiu os ombros.

— Não sei quem é esse — afirmou o biólogo. — Vou lá jogar o líquido… ou tentar. Sei lá.

Ele então foi em direção a escada, mas ouviu uma reclamação da sereia. Quando a olhou, percebeu que a mesma apontava para um compartimento na parte de baixo do aquário. Indo averiguar, Namjoon percebeu que era para jogar o desinfetante ali e o deixar agir por uma hora, como dizia na embalagem.

Assim que conseguiu fazer tudo, ele voltou para perto da sereia, pegando uma outra cadeira e se sentando ao lado dela.

— Obrigado por me ajudar nas coisas do aquário.

— É melhor eu ajudar do que ter meus excrementos no meu corpo porque você não limpou direito.

O biólogo mordeu o lábio inferior com força.

— Desculpa… Eu falando bobagens e você… — Namjoon engoliu a seco. — Eu não consigo imaginar pelo o que você passou.

 — Bom. Ninguém merece entender pelas atrocidades que já me fizeram passar — a sereia proferiu, deslizando os dedos calmamente pelos fios com traços dourados, exatamente como os de Hoseok, trançando-os delicadamente por cima do ombro. — C-como ele está? — Dawon questionou baixinho, como se tivesse medo da pergunta.

— Quem?

— Você sabe quem.

— Então, você acredita em mim?

Dawon o fitou por um momento.

— Estou tentando.

Namjoon concordou com a cabeça, engolindo a seco. Ele então aproximou o rosto da sereia e falou em tom bem baixo:

— Ele é o Tritão agora.

A sereia fitou o humano como se não estivesse entendido a combinação de palavras:

— Quê?!

— Ele é Tritão agora — repetiu Namjoon. — Seria você, mas…

— Hyunwoo é o pai de Hoseok?! — A moça tentou não se exaltar, mas Namjoon via que era difícil para ela. Parecia a primeira vez em anos que ela podia demonstrar emoções diferentes de raiva ou medo.

— De vocês dois. Ele é seu pai também.

Dawon fez uma expressão sofrida e Namjoon desviou os olhos. Ela tinha uma família e não podia estar com eles, ter o apoio deles e nem o carinho. Sabia um pouco como era sentir isso, mas não no nível da sereia.

— Então… nosso pai morreu?

— Assim… é uma história meio engraçada. — Namjoon esfregou a nuca. — Yoongi, Jungkook e eu chegamos na ilha, os três humanos e a senhora Haneul disse que nós éramos importantes para o futuro da ilha. Então, seu pai nos aceitou por um tempo, mas nem todos ficaram de acordo e tentaram o matar, além de fazer um motim no reino. Ele está vivo, com dificuldade de mobilidade na perna e por isso e também para acalmar os ânimos, anunciou o herdeiro e o novo Tritão.

A sereia nada falou, ainda remexendo no cabelo.

— Deixa-me adivinhar: Hoseok protegeu vocês.

Namjoon sorriu.

— Protegeu e nos amou. Quer dizer… amou a um de nós. Yoongi.

— Passou tanto tempo… E-eu nem sei direito a quanto tempo estou aqui… Quando cheguei Hoseok estava comemorando quinze anos. Q-quantos anos ele tem hoje?

— Vinte e cinco — disse Namjoon. — Igual a mim — completou.

— Vinte e cinco… — Dawon repetiu com tristeza e com pesar, Namjoon viu uma lágrima escorrendo pelo rosto da sereia e se tornando pérola antes de alcançar o colo dela. Ele se lembrou de Seokjin.

— Ele é um ótimo Tritão — Namjoon comentou. — Além de nos proteger, ele criou aulas para que sereias mesmo depois de já terem saído da escola, poderem estudar, diminuiu o tempo de trabalho… Ele conseguiu que a comunidade ficasse mais unida, pelo menos alguns… Hm… o pessoal que fez oposição ao seu pai, continuou com Hobi e é por isso que estou aqui.

A sereia olhou horrorizada para o humano.

— Eles te venderam?!

— Quê?! Não! — Namjoon disse apressado. — Sequestraram Yoongi e depois tentaram me afogar e me deram veneno. Eu ainda estava no hospital e tentaram cortar minha garganta… Então Hoseok achou melhor nos mandar embora…

Dawon mordeu o lábio inferior.

— No primeiro dia, você disse algo sobre Seokjin… Ele era um pouco mais novo que eu na época…

— Ele virou comandante do exército agora. — Namjoon sorriu fracamente. — Nós… estávamos juntos. Hm… sei que parece estranho, mas Yoon e eu iríamos ficar lá, a nossa vida já estava planejada, mas foi melhor assim… pelo menos para eles.

A sereia fitou o humano com o canto dos olhos. Ela ainda estava desconfiada, depois de dez anos não aprendera a confiar totalmente em alguém, mas Namjoon parecia verdadeiro de alguma maneira.

— Você disse algo sobre Jungkook? É o peixinho que eu conhecia ou é outro?

Namjoon sorriu.

— Ele desafiou seu pai quando descobriu que Tae era oráculo. Não deu certo e quando ele perdeu, foi condenado a virar humano e ser exilado da ilha. Quando eu o conheci, Kookie não sabia nada do seu passado, ele mal sabia alguma coisa sobre ele… Mas agora ele está bem, com os maridos dele.

— Aqueles três… Sempre foram como uma única alma habitando três corpos, mesmo quando criança. E eles estão casados… Uau, eu estou velha.

— Não está, eles que são apressados demais.

Dawon deu um sorriso e voltou a abaixar os olhos.

Namjoon ficou sem saber o que fazer, então olhou para o aquário, mas então sentiu a sereia se mexendo ao seu lado. Quando a olhou, ela afastava o cabelo do pescoço para lhe mostrar a pele.

— Ele já tentou de tudo. Tirou minha pele, minhas escamas, unhas, parte da orelha, já tentou… reproduzir…

— D-Dawon…

— Eu dei uma mordida que arrancou um pedaço da coxa dele, ele nunca mais tentou.

— Você é muito forte. Muito mesmo. E-eu te admiro muito — Namjoon proferiu, sentindo o nó se formar em sua garganta. — H-Hobi tem muito orgulho de você também, sabia? E-ele sempre conta histórias suas…

Ela sorriu.

— De verdade? Eu pensei que talvez… ele tivesse me esquecido.

— Nunca! — afirmou Namjoon, quase que em desespero. Ele queria poder colocar em palavras o quanto o Tritão sentia falta da irmã, mas não chegaria nem perto. — Hoseok nunca iria te esquecer.

— E-eu nunca pude dar o presente dele…

— Você vai dar o melhor presente a ele.

— O quê?

— Você mesma. Quando voltar para casa.

— Não seja bobo. Eu nunca sairei daqui viva. Já aceitei a ideia.

Namjoon negou com a cabeça.

— Pois a senhorita está enganada. Agora são dois de nós — afirmou o humano, apertando os próprios dedos por um momento. — Eu posso te ajudar a fugir daqui.

A sereia o fitou e riu sem humor.

— Não quero ser ingrata, mas você tropeça nos seus próprios pés a cada segundo. Tem um mês que te vejo bater na quina da mesma mesa.

O biólogo cruzou os braços.

— Ela que muda de lugar todas as vezes.

Dawon deu um sorriso.

— Está tudo bem eu morrer por aqui. É algo que eu realmente me acostumei depois de anos.

Namjoon não sabia o que fazer ou falar para a moça não pensar aquilo, porém ele entendia. Como será que ela se via fora dali após tanto tempo? Não fazia sentido de qualquer maneira na mente dela que algo assim ocorreria.

— Você quer saber mais de Hobi? — Namjoon perguntou em tom baixo.

— Sim, sim… Eu adoraria.

— Ele é muito apaixonante — afirmou Namjoon, com um sorriso. — Nós não podíamos viver debaixo da água por causa da pressão da água, então ele fez com que um antigo chalé do Tritão se tornasse nossa casa. E ele nos fez de amante dele, mesmo que fachada. Yoon e ele estavam namorando, mas eu não… Mas eu comecei a namorar Jin logo, então nós quatro vivemos juntos por meses. Foi a melhor experiência da minha vida.

A sereia o olhou.

— Você sente falta deles.

— Muita…

— E o seu outro amigo humano? Ele também foi preso aqui?

— Ah… — Namjoon mordeu o lábio inferior. — Nós tomamos o soro de esquecimento, mas eu fui logo pego após chegar aqui… Então, aquele nojento me fez enganar Yoongi, falar que eu não queria nada com ele… — O biólogo suspirou fundo. — Eu parti o coração de Yoon e eu nunca vou me perdoar por isso.

— Você fez para o proteger.

— Ainda assim…

Os dois então ficaram em silêncio. Estavam realmente sequestrados naquele lugar, mas a sereia em situação bem pior que Namjoon. Ele se sentiu mal por não poder fazer nada por ela, qualquer coisa que a ajudasse, que melhorasse a sua situação, porém no fundo Dawon tinha razão: era um desastrado que não ajudaria a ninguém.

— Eu tenho alguém — sussurrou a sereia.

Hm? — Namjoon a fitou, surpreso. — Alguém… de antes? Qual o nome? Talvez eu conheça…

Ela sacudiu a cabeça negativamente.

— Daqui… Donghun. — As bochechas da sereia coraram e Namjoon a fitou com surpresa. — Ele é irmão do… Minho.

Namjoon ficou com o corpo tenso no mesmo momento. Ele não queria ser malvado ou pensar o pior, mas sua mente praticamente gritou “Síndrome de Estocolmo” com todas as letras.

Hm… Ele cuida de você?

— Dong é mais novo, eu o conheci anos depois quando Lee autorizou que ele começasse a trabalhar aqui. De início pensei que somente seria mais alguém para me maltratar, mas… não era.

— Ele… te trata bem? — Namjoon se sentiu péssimo por perguntar, mas não queria imaginar que após anos ali, a moça tinha se apegado a alguém que não lhe fazia bem.

Ela concordou com a cabeça.

— Nunca aconteceu nada, a gente só é amigo.

O biólogo nada falou.

— Por isso eu perguntei sobre ele, geralmente é Donghun que cuida do aquário.

— Você sente falta dele?

Hm… um pouquinho. Eu acho.

Sem saber o que realmente falar, Namjoon se calou.

— Talvez ele venha mais tarde…

— Talvez…

Novamente, o silêncio tomou o local. Namjoon olhou para o aquário e pensou em como teria que a colocar de novo ali; isso o deixou perturbado por uns minutos.

Mas então, ambos escutaram sons vindo da porta e sem pensar, Namjoon ficou de pé, na frente da sereia. Não que ele pudesse a proteger de alguma maneira, mas não significava que não iria tentar.

— Dawon, desculpe o… Quem é você?!

O homem moreno e de olhar cortante fitou Namjoon com raiva.

— Eu que pergunto: quem é você?! — rebateu Namjoon, cruzando os braços na frente do corpo.

Namjoon então viu o homem fitar do aquário, para a cadeira que Dawon estava em seguida para Namjoon, aproximando-se dele a passos largos.

— O que você fez com ela?! — perguntou o homem irritado, segurando no jaleco de Namjoon e praticamente o levantando no lugar. — Meu irmão disse que não teriam mais experimentos! O que você fez com ela?!

— Donghun, calma! Calma! — A moça se apressou a ir até o homem, segurando em seus braços. — Ele não fez nada comigo! Na verdade, ele conhece meu irmão! Por favor, não o machuque!

Donghun soltou Namjoon de qualquer maneira e o biólogo tropeçou nos próprios pés, mal conseguindo se apoiar nos computadores.

— Ele não te fez mal?! — Donghun perguntou, olhos percorrendo o rosto de Dawon enquanto os dedos afagavam as bochechas da sereia. — Esse cara não encostou em você?

— Não, não… Ele é um doce — Dawon murmurou, sorrindo para Namjoon, mas o biólogo acabou não retribuindo o gesto. — Ele só estava limpando o aquário.

O homem pareceu se acalmar e sorriu para a sereia, que lhe sorriu de volta. Namjoon fitou a cena por alguns segundos e depois desviou o olhar, mas não conseguiu evitar que as palavras saíssem da sua boca:

— Dez anos e você não pode a tirar daqui. Parabéns para você.

— O que você disse?!

— Você ouviu! — Namjoon disparou, voltando a fitar o Lee mais novo. — Olha pelo tudo o que ela passou aqui e você não conseguiu uma vez distrair os seguranças e a colocar no mar? É sério isso?! Pare de a enganar, seu babaca! Você é tão nojento quanto o seu irmão!

Dawon arregalou os olhos.

— Namjoon, está tudo bem. E-eu…

— Nada está bem! Você não deveria estar aqui! — afirmou o biólogo, voltando a olhar o outro. — Tenha a decência de parar de mentir para ela pelo menos.

Donghun riu sem humor, aproximando-se de Namjoon.

— Quem você pensa que é para falar comigo assim?!

— Eu? Não sou ninguém! Mas pelo menos eu estou pensando em algo para tirá-la daqui! Já você só quer a enganar em um jogo doentio de conquista barata!

Lee socou Namjoon.

Namjoon sentiu a dor em seguida, seu nariz reclamando no mesmo momento em que seu rosto começou a pingar sangue.

— Donghun!

O grito de Dawon não foi nada, pois sem pensar, Namjoon jogou a cabeça contra o peitoral do outro, derrubando-o no chão juntamente com uma as cadeiras. O biólogo nem imaginou o que estava fazendo, mas agora já estava no meio da confusão e somente lhe restou socar o rosto de Donghun.

— Parem com isso! — Dawon gritou, confusa com o que estava acontecendo no momento. — Parem agora!

Mas, nenhum dos dois pararam e mais socos ocorreram até que a sala foi invadida por fortes seguranças. Dawon acabou com o rosto em uma parede enquanto Namjoon tinha os braços com força atrás do seu corpo, de maneira que ele quase gritou com a dor, mas acabou não resistindo para não se machucar.

— Seu filho da puta, você quebrou o meu nariz! — Namjoon gritou, cuspindo sangue no chão, o mais próximo que conseguiu de Donghun. — Babaca!

Donghun passou os dedos na bochecha cortada por um dos socos do outro e grunhiu.

— Tirem esse cara daqui! — Lee disparou, fitando Namjoon com raiva. — Levem ele para enfermaria e depois para o quarto. E soltem ela!

Dawon foi solta, mas ainda estava assustada, com os olhos arregalados para tudo o que tinha ocorrido. Donghun a fitou para ter certeza que a moça estava bem e então fitou Namjoon:

— Você tem sorte que eu não sou o meu irmão.

Essa foi a última coisa que Namjoon ouviu antes de ser arrastado para fora do lugar. Ele seguiu por alguns corredores até ser praticamente jogado na enfermaria. Parece que atualmente eu só vivo em enfermarias…

Os minutos passaram e ele ouviu a enfermeira dizer que o nariz quebrado não precisaria de operação, era só tomar remédio que em algum tempo estaria tudo bem novamente.

Após tomar a medicação, Namjoon foi jogado no seu quarto, porém ele não ficou por muito tempo sozinho. Seu corpo já estava relaxando do analgésico quando ele ouviu barulhos na porta e em seguida Donghun entrou, a face ainda bastante irritada.

Os dois foram deixados pelo segurança à sós e então Namjoon se sentou, encarando o outro.

— Dawon quer saber se você está bem.

— Estou — Namjoon disse de imediato. — Finge que está gritando comigo.

O moreno franziu a testa.

— Oi?

— Tem câmeras no quarto, mas não tem áudio, eu já testei — disse Namjoon, ficando de pé e apontando o dedo indicador na direção do outro. — Finge que está gritando comigo.

Donghun fingiu, fazendo movimentos exagerados com os braços enquanto aparentava gritar.

— Por que disso?!

— Agora todos sabem que nos odiamos! — Namjoon deu passos para frente, fazendo um gesto que quase foi um tapa, mas Donghun segurou o seu braço. — Precisaremos de uma distração para Dawon fugir. Podemos agir juntos.

O homem fitou Namjoon surpreso.

— Meu irmão pode machucá-la…

— Vamos dar um jeito — garantiu Namjoon, puxando o braço com força e de forma exagerada. — Posso contar com você no plano?

Donghun pareceu surpreso, mas concordou de leve com a cabeça.

— Ótimo. Agora faz uma virada raivosa e bata a porta.

Lee não olhou para Namjoon e fez o que o outro disse: virou-se com raiva e bateu a porta atrás de si.

Namjoon deu um fraco sorriso, de costas para a câmera antes de seguir até a cama e voltar a se deitar.

O plano ainda estava no início da execução, mas ele já estava pronto na sua cabeça. Antes do final do ano pretendida que Dawon estivesse de novo com a família.

— Hoseok merece esse presente de Natal.

O biólogo deu outro sorriso disfarçado e então fechou os olhos. O analgésico era realmente forte. 


Notas Finais


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Até amanhã ;*


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