História Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo ventotto; meu idiota

Liam prendeu todo o ar em seus pulmões a medida que sua cabeça dava um giro e que seu corpo se acostumava com a nova sensação.

Os braços de Harry contornavam seu pescoço com força, quase o tirando o ar. Mas o mafioso não se importou no momento que os soluços do mais novo foram abafados na curva do seu pescoço. Liam retribuiu ao abraço, apertando-o pela cintura e acariciando as costas do mesmo. Aquele homem não soube onde encontrou forças para retribuir ao outro com tamanha intensidade, não sabia da onde havia tirado palavras para soar tão calmo ao ouvido do mais novo... Liam nem se quer sabia qual era o tempo em que viviam.

Os homens em volta perceberam que o intruso não era uma ameaça quando Liam ao invés de empurra-lo o abraçou. Suas armas foram abaixadas e todos voltaram ao seus postos, dando privacidade para os dois.

— Ei, tudo bem... – o castanho sussurrou em meio a outras palavras e soluços, seus dedos adentraram a cabeleira desgrenhada do mais novo e confortou-o em seus braços – vamos entrar, está tarde e acredito que você precisa descansar... vamos, está tudo bem.

Harry ergueu seus olhos pela primeira vez até ver Liam. O britânico queria dizer que nada estava bem, queria dizer que os últimos dois meses haviam sido horríveis e queria contar que todo aquele tormento o deixou desacordado... sem esperanças.

Mas tudo ficou preso no fundo de sua garganta, porque de alguma forma, nas íris castanho chocolate encontrou o que faltava para preencher o seu peito de esperança novamente. Então Harry sorriu para Liam e abraçou-o mais uma vez, engolindo o seu choro e afastando aquelas sensações ruins.

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Liam acompanhou Harry até o hall da sala de estar, o britânico encarou cada canto do cômodo, procurando algo ou alguém.

Harry suspirou fundo meio trêmulo, seus dedos esfregavam os olhos que ainda insistiam em marejar e fungava baixinho, assistindo Liam ir até a cozinha em passos rápidos, reparando na calça do homem caída na cintura e a regata toda amarrotada. Liam tinha mais tatuagens nos braços, ambos quase cheios de desenhos que pareciam não ter começo e muito menos um fim... mas somente uma havia prendido sua atenção.

— Você tatuou o nome do Zayn – Harry arregalou os olhos quando encontrou a letra Z aparecendo por debaixo da regata. Liam olhou para Harry e depois abaixou os olhos até seu peito esquerdo, seus dedos grossos e trêmulos puxaram a gola da regata para baixo, dando uma visão melhor ao britânico da tatuagem completa.

O nome de Zayn estava desenhado em letra cursiva, uma coroa repousava sobre a letra Z e descendo mais um pouco, o nome de Enzo também havia sido tatuado e em torno dos nomes, haviam desenhos diversos que cobriam o peito inteiro de Liam. Coisa típica de um mafioso.

— Estupidez, não é? – Liam maneou a cabeça, mostrando as ruguinhas abaixo dos olhos quando sorriu – Zayn teve a ideia das tatuagens, estávamos bêbados, comemorando uma vitória... Ivan, um amigo nosso, conhecia um tatuador de confiança e bem... não preciso contar o resto.

— Isso é lindo – Harry disse para Liam que prendeu o lábio inferior entre os dentes. O britânico presenciou um raro momento de Liam com as bochechas coradas.

O mafioso pegou uma jarra com água gelada, serviu em um copo e entregou para o mais novo.

— Bem... depende muito do ponto de vista – o mafioso pousou sua mão no ombro do amigo e virou a cabeça na direção das escadas quando passos rápidos chocavam-se no piso do andar de cima – amor, se dependêssemos de você estaríamos todos mortos.

O castanho brincou com o namorado que pulava dois degraus por vez até estar em pé no meio do cômodo. Os olhos do moreno repousaram em Liam que para ele parecia bem, não estava suando, com nenhuma peça de roupa faltando ou com um hematoma no meio da cara. Então olhou para Harry, teve um leve choque inicial por vislumbrar tal visão... Zayn esfregou os olhos, achando que estava sonhando quando Liam tomou o copo da mão do britânico e se retirou para dá-los mais privacidade.

Styles não conseguiu esconder o sorriso e muito menos tentou impedir as lágrimas que rolaram como bolas de neve sobre suas bochechas rosadas. Ouviu com atenção Zayn rir nasalmente, maneando a cabeça ao mesmo tempo que arrastava os pés no chão e ia até seu encontro.

Os amigos se encontraram no meio do caminho, se abraçaram, se tocaram e riam juntos. Coisas que não faziam a tanto tempo... coisas que nunca havia sido tão significativas. Zayn era obviamente mais baixo que Harry e para poder retribuir com tamanha intensidade aquele abraço o quanto Harry merecia, teve que ficar na ponta dos pés.

Liam viu a tudo aquilo em silêncio da outra ponta. Um sorriso bobo brincou no canto de seus lábios quando viu o namorado na ponta dos pés e seu coração acelerou a cada batida por presenciar aquele reencontro.

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Levou minutos, que pareceram horas, até Zayn e Liam convencerem Harry que o melhor a se fazer naquele momento era deitar a cabeça em um travesseiro e descansar. O casal de mafiosos acreditavam que tinham muito que ouvir, como também tinham muito pelo o que pensar... mas decidiram juntos que a melhor opção era esperar até o amanhecer, onde estariam dispostos a ouvir com mais atenção tudo o que Harry tinha aos dizer.

Zayn o obrigou a se banhar. Esperou no corredor com algumas trocas de roupas que pertenciam a Liam... Zayn ficou com ciúmes em ver mais alguém usando a roupa do namorado, mas Liam era o único naquela casa que chegava a ser quase do tamanho do britânico. Então Zayn só fez a engolir em seco, sorrir e colocar na cabeça que Harry era amigo... Harry É amigo!

Depois do banho e de ter convencido o amigo a tomar uma xícara de chá, Zayn o empurrou na cama e obrigou-o a descansar. O moreno sentia que estava cuidando de uma criança grande, birrenta e teimosa... Quando o britânico finalmente pegou no sono agarrado aos lençóis e a manga do moletom - que surpreendentemente ficou maiores em Harry do que o moreno poderia ter imaginado -, Zayn decidiu procurar pelo castanho que havia sumido sem ter dito nada.

A última vez que o viu estava conversando com alguns homens da guarda em frente a casa, depois ouviu os protestos de Josh por Liam ter o convencido a dormir no sofá e simplesmente, depois disso, Liam havia sumido do seu campo de visão e o moreno não havia se preocupado, até não o encontra-lo no quarto onde dividiam.

— Você tem que parar de sumir assim – Zayn resmungou alto quando reconheceu a silhueta do maior vinda do lado de fora. Liam estava sentado em um banco no quintal dos fundos, quieto, apreciando a paisagem que era lhe entregue àquela noite.

O castanho sorriu quando reconheceu a voz do companheiro e abaixou seu olhar, mexendo insistentemente na caixinha de cigarros em sua mão.

— Por quê? É divertido ver você tentando me encontrar – disse Liam, encarando o namorado sobre o ombro com um sorriso lascivo acompanhado em sua face. Seu olhar era intenso, cheio de segredos e de um fogo intimidante... Zayn suspirou e ignorou aquela formigação familiar abaixo do ventre.

O moreno maneou a cabeça e retribuiu o sorriso, dando os passos necessários até estar diante de Liam. Mas o moreno encarou a caixa nas mãos do maior e sentiu algo dentro de si afundar e afogar-se em um poço cheio de chateação.

Liam sabia quais eram as reações de Zayn em questão ao cigarro. Uma delas era o fato que Fabrizio torturou o próprio filho com um, ou talvez vários deles, lobo após aquilo Zayn não se sentia o suficiente e então passou a se matar pelos pulmões. Mas aquela era uma doença que o instigava lentamente e o moreno já havia feito um exame - que foi pedido com muito "carinho" por Liam -, para checar a saúde dos pulmões e eles estavam intactos, como se cigarro algum pudessem os matar.

E mesmo assim Zayn parou... parou desde o primeiro segundo que ambos começaram a namorar. Zayn havia contado a Liam que aquilo era um teste para si mesmo; Se consigo me livrar de um hábito maldito, posso muito bem me livrar de tudo o que me faz mal e permanecer com as coisas que me fazem bem.... e a única ironia, é que eu me livrei de tudo, menos de você.

Liam se recordava muito bem do que sentiu no mesmo instante que aquelas palavras foram sussurradas contra seus lábios em uma noite abafada e chuvosa. Lembrava-se do sorriso que formou em seus lábios e recordava-se de que todos os pelos do seu corpo eriçaram completamente.

Zayn odiava quando Liam fumava. O moreno dizia que o castanho se tornava outra pessoa depois de uma tragada. Alguém que ele não gostava muito, mas apenas aturava porque sabia que aquilo sumiria logo. O que deixava Liam confuso, sempre... Zayn iria ser eternamente uma caixinha de surpresas para ele.

O maior sentiu o olhar de Zayn cair em seu rosto e depois, lentamente, indo até a caixa de cigarros em suas mãos. Aquele era um vicio, não tinha como Liam negar. Havia sido pego de jeito, mas sentir a aura que o cercava havia o feito abrir os olhos para uma simples, porém significativa, realidade...

Zayn havia mudado tudo por Liam.

Liam poderia se livrar de um vicio por Zayn.

E por mais que Liam não sentisse tudo o que o outro sentia, não era cego. Os olhos de Zayn o demonstrava tudo... era como se tivesse quebrado uma forte barreira que fez Liam invadir tudo em Zayn, desde o físico até o espirito.

E por mais que naquela caixa conte-se somente cigarros. Para eles havia um significado; como um bar, um brinde indesejado, como o banco de trás de um carro, treino de cheerleaders, como o beco de uma boate, uma fábrica abandonada de tecidos ou como um baile de máscaras. Tudo havia um significado... absolutamente tudo.

E pensando nisso Liam se livrou da caixa de cigarros, sem pensar duas vezes ou chegar a hesitar. Porque ali havia uma promessa silenciosa que foi marcada desde o início; ambos estavam dispostos a sacrificar tudo para estar um ao lado do outro. E naquele momento foi mais um passo dado. Foi mais uma declaração... foi mais um eu te amo escrito nas entrelinhas.

— Não vai fumar? – o moreno perguntou surpreso quando a caixa de cigarros voou para longe.

— Encontrei outro vício – respondeu Liam com um sorriso, o castanho puxou Zayn contra seu peito e selou os lábios do mesmo devagar – e acredito que esse vale mais a pena do que uma caixa de cigarros – o maior sussurrou contra a boca carnuda e avermelhada do moreno que sorriu. Suas testas ficaram juntas a medida que seus olhares se encontravam em uma forte conexão.

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O resto da madrugada foi tranquila para ambos. Zayn e Liam apenas deixaram suas dúvidas de lado e se deitaram juntos na cama em que dividiam, se abraçaram, trocaram um breve beijo e adormeceram juntos como todas as outras noites.

Um pouco antes das nove Liam e Zayn já estavam em pé por causa de Enzo, que havia acordado e não satisfeito acordou os outros dois para lhe fazer o café da manhã. O menino de quatro anos disparava perguntas e palavras para o pai e Zayn que tentavam ao máximo se concentrar em preparar o café e responder aos seus questionários e quando os homens pareciam perdidos, Enzo inclinava a cabeça para o lado e sorria de forma sapeca.

Harry apareceu em seguida e encontrou Enzo sentado sobre o balcão todo sujo de melado, cantarolando algo baixinho ao mesmo tempo que cutucava as panquecas feitas pelos mais velhos. Esses, estavam abraçados e encostados na pia, Zayn na frente tomando café preto e Liam com o queixo deitado sobre o ombro do moreno, as mãos estavam cruzadas em frente ao estômago de Zayn e ambos admiravam o pequeno menino e a sua bagunça matinal. Por um segundo Harry sentiu-se culpado por fazê-los sair daquele transe, o britânico sorria bobamente para os dois que não entendiam o porque daquilo estar acontecendo, quando na verdade, Harry estava se segurando para dizer que eles juntos formavam uma bela família.

— Como você está? – Liam puxou conversa com Harry sentado do outro lado do balcão, Styles tomava um chá recém-feito e assistia Enzo brincar com os talheres.

— Estou melhor agora, obrigado – Styles encarou o melhor amigo que sentava nos joelhos de Liam e sorria para a resposta que havia recebido – mas estarei mentindo se disser que não estou apreensivo e com... medo.

— Nós também estamos – sussurrou o moreno sem tirar os olhos do amigo – fiquei desesperado e tentamos encontrar uma forma de tirar vocês de lá, mas... infelizmente não poderíamos fazer nada até ter um número exato de aliados... Fabrizio estava mais forte do que nós. Liam estava se recuperando de uma cirurgia... – o moreno encarou os olhos do namorado que lhe entregou um sorriso e beijou seu ombro – achamos melhor ter começado com algo simples.

— Entendi o que vocês estavam fazendo, desde o primeiro momento que os vi nos noticiários – o britânico riu baixinho – a proposito, adorei a troca de sobrenomes. Combina mais com vocês...

— Agradecemos – Liam fez um gesto cordial com a cabeça.

— Achei perigoso vocês terem quebrado muitas regras e serem expostos para a impressa e os policias, mas também foi genial... Vocês chamaram atenção toda para vocês enquanto seus homens roubavam armas e recrutavam novos mafiosos... merda, eu nunca teria pensado nisso – Harry riu do próprio comentário e encarou os amigos que riram juntos apenas para descontrair – sei que vocês tem um bom plano para...

— Nós ainda não temos um plano – Liam confessou desgostoso – não para atacar Fabrizio. Não para tirar os reféns salvos de lá... Não sabíamos direito como estavam as coisas lá dentro, Leo tentou se comunicar com a Camilla, mas os telefones estavam mudos... sinto tanto, mas infelizmente não temos um plano, não agora.

— Agora estou aqui para ajuda-los com isso – Harry os analisou com esperança – eu posso contar tudo e com detalhes o que está acontecendo lá dentro.

— Isso é ótimo – Zayn foi cortado por uma risadinha de Enzo e em seguida o barulho estridente de um talher caindo no chão. Liam achou melhor se levantar e ir limpar toda aquela sujeira, antes que aquela cozinha se transforma-se em uma zona de guerra – estou aliviado por saber que você está bem Hazz... – Zayn comentou com um bico nos lábios quando foi obrigado a se levantar do colo do mais velho, mas sorriu para Enzo que imitou o mesmo bico ao qual o moreno fazia – agora, por favor, nos explique e com detalhes o que está acontecendo lá dentro.

— Okay.

Harry encarou a xícara de chá com atenção por alguns segundos, revirando toda a sua memória dos acontecimentos desde o começo do mês retrasado, até o momento que conseguiu fugir e por pouco não levou um tiro na testa.

— Na manhã seguinte que vocês desapareceram, Fabrizio deu um jeito de espalhar pela cidade fotos dos dois juntos. No escritório dele haviam diversas delas, o que me fez pensar que ele estava os observando a muito tempo... Ian apareceu naquela casa diversas vezes junto a Andy, aquele cara dono das boates famosas e que sequestrou Enzo... Todos eles se trancavam dentro do escritório e ficavam por lá durante horas a fio. Às vezes ouvíamos gritos e outras risadas, mas nunca sabíamos o real motivo de todas elas... depois disso, Camilla se atreveu a se esconder dentro do escritório de Fabrizio, em uma das reuniões ela escutou que Ian estava irritado por Liam ainda estar cedendo tanto ao Zayn e ressaltou que todos eles deveriam agir juntos para separar vocês de uma forma ou de outra... o plano deles era causar um conflito entre os dois e, depois disso, quando Liam se visse de coração partido, Ian o encontraria e o consolaria se tornando um novo vício.

Liam engoliu a seco, seus dedos apertaram o pano úmido que limpava o rosto de Enzo sujo de melado e sua nuca queimava pelos olhares mortais que Zayn o direcionava. Era quase possível ouvir os pensamentos de Zayn àquela altura.

— Andy também disse que o plano de ter feito Liam confiar nele no início estava dando certo, até o momento do sequestro de Enzo onde tudo desmoronou. Camilla entendeu que eles vem vigiando vocês e planejando algo contra desde o começo e quando falo desde o começo, me refiro ao momento que Zayn abriu a boca em um bar e ameaçou matar Liam D'Angelo sem nunca tê-lo visto antes... naquela noite, um dos homens que estavam sentados naquela mesa contou tudo o que Zayn disse para Fabrizio que começou a armar um plano. Logo após, a notícia correu pela cidade inteira até cair aos ouvidos de Liam e, como Liam sempre foi teimoso, desvairado e retardado, aceitou a provocação de peito aberto.

Harry rolou os olhos, formando um bico e uma pose que reprovava as atitudes passadas de Liam. Esse só fez em rir baixinho e esconder o rosto do moreno que continuava o metralhar pelo olhar.

— Então eles apenas vieram fazendo o encontro de vocês acontecer. O objetivo era afetar Lorenzo por descobrir que o filho estava andando pela cidade com o inimigo, então enquanto vocês brigavam e mantinham-se separados, Fabrizio deu um jeito de aproxima-los e o sequestro de Enzo veio a calhar. Ambos estavam trabalhando juntos como uma equipe e isso foi o suficiente para colocar os planos de Fabrizio nos trilhos... a prisão de Liam naquele mesmo dia veio de brinde. O falecido Franco tinha um acordo com Fabrizio e bem, ambos conseguiram o que queriam tendo Liam preso, mas Fabrizio saiu ganhando de todas as formas. Tudo havia sido planejado, eles até mesmo contavam com alguém assistindo a prisão de Liam, que por sorte, Leo estava lá e correu até Zayn para pedir ajuda.

Harry tomou fôlego, levou a xícara de chá morno até os lábios e bebericou o liquido que deslizou suave por sua garganta.

— Desde então vocês vem trabalhando juntos e Fabrizio quis colocar alguém que pudesse observar Zayn, então a nova namorada de Zayn, Jacqueline, serviu como uma luva quando apareceu  – o britânico mordeu o lábio inferior, sentiu uma leve tremedeira em suas mãos quando pensou nas palavras que viriam a surgir – ela...

— Ela o quê? – o moreno ralhou Harry que encolheu os ombros e encarou Liam que havia parado tudo o que estava fazendo para observa-lo.

— Jacqueline não fez o que fez por sua causa ou pelo dinheiro Zayn, até porque Fabrizio havia deixado bem claro que ela havia recusado muito no início...

— Seja breve Harry... – Liam rosnou para o britânico que inspirou fundo.

— Fabrizio ameaçou Jacqueline quando descobriu que ela estava esperando um filho dele.

Liam levou um susto quando Zayn deixou a xícara que segurava cair no chão, os estilhaços se espalharam no piso ao mesmo tempo que a cor da pele de Zayn começou a sumir... Liam tirou Enzo de cima do balcão, sussurrou algo para o menino que saiu correndo da cozinha e subiu as escadas. Liam se dirigiu até Zayn que perdeu as forças nas pernas e caiu no colo do mais velho que segurou-o pela cintura.

— Isso é mentira – Zayn murmurou para Liam, seus olhos estavam marejados. Sentia uma dor intensa dominar o seu corpo, o deixando sem fôlego.

O moreno não conseguia entender o porque aquilo importava tanto. Mas importava, cada célula do seu corpo estava agitada, seu coração batia tão forte que doía o seu peito.

Aquilo era traição. A pior delas... Jacqueline na época era namorada de Zayn. Jacqueline estava junto a Zayn. Jacqueline havia se deitado com um homem casado. O moreno sentia um gosto amargo descer por sua garganta, as mãos de Liam o seguravam com força e Zayn só procurava se acalmar... mas não conseguia! Seu coração estava agitado demais, sua pele formigava, sua cabeça parecia que iria explodir.

— Camilla ouviu com clareza tudo isso, ela ficou tão desnorteada quanto a você – Harry voltou a dizer e todos os pelos do seu corpo eriçaram quando Liam lançou-o um olhar obscuro – Jacqueline foi usada para vigiar o Zayn, ela não sabia de toda a história, apenas conhecia Liam D'Angelo por nome e nunca sequer poderia imaginar que o mafioso tão comentado nas cartas era o irmão que apareceu naquele jantar de noivado... mas logo ela foi descartada quando não se mostrou mais útil e por mais que Camilla odeie a Jacqueline, ela agradeceu que você tenha a colocado em um hospital, porque o que Fabrizio havia reservado para ela era muito pior.

O moreno deitou a cabeça no ombro de Liam que se segurou no balcão para que os dois corpos não fossem ao chão. Liam estava possesso, sentia aquele ódio de oito meses atrás domar o seu corpo com dupla força.

Fabrizio já havia aprontado demais, por tempo demais.

— Zayn, eu...

— Contínue – a voz de Zayn saiu abafada na pele de Liam que arrepiou-se instantaneamente – por favor Harry, nos conte tudo o que sabe e não poupe detalhes. Não se preocupe comigo.

— Mas...

— Continue – o moreno pediu e abraçou a cintura de Liam que continuou em silêncio. O mais velho olhou as irís verdes e lentamente moveu a cabeça, dando a liberdade para Harry prosseguir.

— Ham... – o garoto procurou a onda de raciocínio, coçando sua nuca nervosamente – depois que Jacqueline sumiu, Fabrizio chegou a procura-la, mas ele não a encontrou, então simplesmente optou em descarta-la e aceitar a história que haviam contado que ela estava morta... depois disso tudo ele voltou a focar em vocês dois e nessa época vocês já haviam se declarado um para o outro, Liam trabalhava escondido com algo e você Zayn, estava com medo de ter que lidar com a morte de Liam que você mesmo teria que causar... Então Fabrizio começou a testar os limites de vocês, tentou joga-los um contra o outro e então descobriram que vocês estavam juntos... E tudo que ele usava contra vocês, apenas os fortificavam – houve um momento de silêncio, apenas para os outros homens terem tempo de respirar – então Fabrizio foi atrás de Ian que tentou colocar Liam contra o Zayn, falho. Tentou fazer Andy subornar o Zayn a escolher o próprio pai ao invés de Liam, falho... tudo o que Fabrizio não contava era que Liam não estava disposto a desistir de você Zayn, como você não estava disposto a desistir do Liam.

Liam e Zayn suspiraram ao mesmo tempo e o castanho beijou as madeixas negras do namorado, tranquilizando-o mais um pouco, por mais que não estivesse calmo o suficiente... mas Zayn precisava de apoio e Liam era o único que o poderia dar aquilo.

— Então ele tentou e fez de tudo para separa-los e coloca-los um contra o outro, mas a cada tentativa ele falhava, porque vocês ficavam mais fortes e se aproximavam mais... Parecia que tudo o que ele fazia acendia mais e mais essa chama que vocês tem e conforme ela se espalhava, ambos notavam que nada poderia os separar.

Harry não conseguiu esconder o sorriso quando ouviu a risada vinda de Zayn... ele sempre tão negativo em questão a sentimentos, por mais que se mostrasse tão apaixonado e dependente de Liam D'Angelo... Payne, agora.

— Fabrizio não quer mais se vingar de Lorenzo... quer dizer, sim. Ainda o foco é Lorenzo... mas vocês se tornaram inimigos dele agora e ele está mais disposto do que nunca a derruba-los o quanto antes.

— Ele não vai conseguir – Liam se manteve firme e assistiu com atenção quando o moreno fungou baixinho e coçou os olhos.

— O Louis contou sobre nós para Lorenzo – Zayn disparou aquela notícia sem pensar nas consequências que ela traria – Louis contou tudo sobre nós.

— O quê? – Harry riu incrédulo – ele não faria isso. Liam é o melhor amigo dele. Fabrizio disse para Ian e Andy que ele havia enviado uma foto para Lorenzo, ele descobriu através disso e não porque o Louis...

— Isso pode ter acontecido, mas Louis contou ao meu pai onde nós estávamos... o que me faz acreditar que ele deve ter contado muito mais – disse Liam e Zayn se afastou do namorado, o castanho encarou com atenção o outro sentado do outro lado da bancada – ele contou aonde nós estávamos. Armaram um plano, nos flagraram na fronteira... Lorenzo quase nos matou quando dissermos que amávamos um ao outro e agora estamos aqui.

— Eu.... eu não entendo – Harry tinha o olhar perdido – como ele pode ter feito isso, justamente com o irmão dele? – Harry estava um caco, seu coração passou a doer constantemente.

— Ele não fez porque quis, ele fez porque foi obrigado – uma quarta voz se manifestou, essa estando cheia de emoções sôfregas e uma leve hesitação.

Leone estava apoiado no batente da entrada da cozinha, Josh logo atrás, o segundo garoto tinha as bochechas vermelhas e os olhos levemente esbugalhados.

— Louis estava desesperado quando o Liam sumiu, procurou por você em todos os lugares inimagináveis quando descobriu sobre e quando voltou para casa, papai o esperava – Leo tomou fôlego, por algum motivo desconhecido estava ofegante, parecia ter corrido quilômetros – papai recebeu uma ligação, antes disso já havia trancado Niall e Louis em casa, e depois que recebeu a notícia que Liam e Zayn estavam juntos, forçou Louis a contar toda a verdade.

— Leo – Liam foi calmo, mas o irmão mais novo não o deu ouvidos.

— Vocês não estavam lá, vocês não souberam a tortura que ele teve para ter que manter até o último segundo essa merda de segredo a salvo... papai havia se livrado do Niall e depois disso forçou Louis a contar tudo o que sabia... mas ele foi forte, até mesmo quando gritava e implorava para papai não o machucar – Leo respirou fundo antes de continuar – repararam que ele estava mancando quando ele foi atrás de vocês? Acredito que não, mas ele reparou que vocês não estavam bem...

— Mas mesmo assim fez o que fez – Zayn provocou e Leone teria voado no pescoço do moreno caso Liam e Josh não tivessem o segurado.

— Você não sabe de porra nenhuma – Leo gritou para o cunhado e Liam segurou-o com força, não permitindo que esse saísse do lugar – papai ameaçou matar a irmã de Louis que tem uma criança recém nascida. Ameaçou tirar toda a família dele... ele citou até mesmo o nome de Harry e ainda estou tentando entender como ele descobriu sobre os dois também. Ele tentou ser fiel a você Liam, mas ele não pode fazer muito quando a família dele entrou em jogo... Louis não quis que as coisas chegassem a esse ponto, mas ele não teve escolha... ele realmente não teve.

Harry já tinha os olhos marejados; ele não sabia se entrava em desespero ou não, ou se saía correndo para encontrar Louis.. ele foi torturado; isso estava matando Harry aos poucos. Zayn parecia estar possesso quando o britânico o encarou, os punhos estavam cerrados e a respiração ruidosa.

— Não diga mais nada – Liam pediu.

— Mas...

— Apenas não diga mais nada – o mafioso se retirou sem explicação. Liam apenas virou as costas e se foi, deixando para trás toda aquela história inacabada e todos os segredos que ainda tinham a ser revelados.

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Zayn encontrou Liam socando um saco de boxer na garagem. O castanho parecia ter uma fúria reprimida no peito que pedia por alguma forma de ser liberta e agredir ao saco era a única coisa que poderia tranquilizar a Liam naquele momento.

— Ei... – o moreno chamou pelo namorado que havia parado um tempo para respirar. Liam segurou o objeto grande e preto nas mãos e apoiou sua cabeça no mesmo – Liam...

— Harry contou como é a segurança dentro daquela casa? – Liam estava distante e o tom de sua voz denunciava isso a Zayn. O maior voltou a socar o saco, sem esperar por respostas ou uma lição de moral vinda do mais novo.

— Não me preocupei em saber disso agora – Zayn segurou o pulso do outro que já estava posicionado para um soco – você saiu tão atordoado, eu não queria deixa-lo sozinho.

— Eu quero ficar sozinho.

— Você não vai – disse Zayn, empurrando o saco que deslizou para o outro lado. Liam tomou fôlego e secou com o polegar a gota de suor na ponta do nariz – eu fiquei atordoado quando descobri que o filho que Jacqueline espera é do meu pai e você esteve lá... você me acalmou. Liam, não quero te deixar sozinho.

— Estou bem.

— Você não está – o moreno tentou se aproximar, mas o maior recuou um passo – não faz isso.

— Desculpa – o outro pediu meio desnorteado, um sorrisinho nervoso desenhou seu rosto – te contei que o Louis salvou a minha vida quando eu tinha quatorze anos?

Liam se manifestou e Zayn se aproximou o suficiente para poder conseguir a confiança dele de novo. O moreno negou com a cabeça e se dispôs a convence-lo a continuar.

— Depois que o meu irmão morreu eu fugi pro lugar onde costumávamos ir quando as coisas... você sabe... pioravam – o moreno ergueu o seu queixo e abraçou Liam pela cintura. Mesmo que Louis e tudo envolvido ao mesmo não o agradasse, Zayn sabia que para Liam era bom desabafar – eu estava andando na linha do trem, não o ouvi chegando e se ouvi simplesmente fingi que ele não estava se aproximando. Então escutei alguém me chamar e quando percebi já me encontrava deitado no chão com um garoto de cabelos longos em cima e mim... esse garoto me xingou de diversas formas até notar a minha cara de choro... ele tinha dezessete na época. Me levou pra casa, contou ao meu pai o que aconteceu e o vi novamente duas semanas depois. Ele estava saindo do treino de futebol e eu tinha acabado de sair de uma briga ridícula com um garoto duas vezes maior do que eu – Liam riu quando a lembrança o atingiu, preenchendo a sua memória de boas sensações – Louis apenas olhou para mim e disse; toda vez que encontro o encontro, você está em uma situação deplorável, se isso continuar acontecendo te levo de volta a aquela estação e te jogo na frente do trem – Zayn riu junto ao namorado, desenhando a pele do mais velho com a ponta de seus dedos – e outra vez ele me levou em casa, meu pai não estava, então ele passou a tarde comigo e isso se repetiu pelas semanas seguintes até o meu pai nos mandar para Nantes – o castanho formou um biquinho nos lábios – quando eu voltei meses mais tarde, Louis ainda estava lá e ficou por todos os anos e eu.... eu simplesmente o julguei sem dar a ele uma chance de se explicar...

— A situação em que estamos não nos dá a liberdade de pensar demais... isso não é sua culpa, até agora realmente tudo conspirava contra nós, não se culpe por duvidar... todos nós temos dúvidas – explicou Zayn, trazendo o namorado até seu peito, abraçando-o apertado e acariciando o cabelo do mesmo – vocês terão a chance de conversar... ficaram cara a cara e colocaram todas as cartas na mesa, mas até que isso não aconteça... não se culpe por ter tido medo.

Liam deu um selinho nos lábios macios de Zayn, apenas agradeceu com aquele gesto o que as palavras no momento não poderiam o expressar. Mas aquela aura tranquila não durou por muito tempo, e aquele dia parecia ter mais surpresas para aquele casal quando Max Payne apareceu todo afoito na porta da garagem.

Liam não teve muito ao que pensar e simplesmente apertou o pulso de Zayn que ainda rodeava a sua cintura... ele precisava de apoio, e Zayn era o seu apoio.

— Liam... – os olhos do homem de cabelos grisalhos se prenderam em Liam da mesma forma que os dedos grossos do mafioso, se prenderam na pele de Zayn.

— Oi tio – o castanho tentou soar convincente, mas havia falhado miseravelmente – me diga que você me trouxe boas notícias e não... – o homem perdeu as forças quando a figura de Ivan apareceu atrás de Maxine. O mafioso russo maneou a cabeça, demonstrando que aquela conversa não agradaria a ninguém.

— Preciso de um favor, filho – Maxine moveu suas mãos, os pés o guiando até Liam que para aquele homem era um filho – não sou um homem de pedir favores, você me conhece... mas a sua irmã...

— Ela não é a irmã dele – a voz de Zayn o cortou, era frio e aterrorizante. Mas Maxine Payne não pareceu se importar, apenas bufou pelo nariz e lançou um sorrisinho seco para o moreno.

— Jacqueline... preciso que vá falar com Jacqueline – o homem explicou.

— Por quê? – questionou Liam – depois de tudo o que ela fez, ainda acha que eu tenho estômago de olhar pra cara dela?

— Jacqueline tentou suicídio na semana passada... perdeu tanto sangue que por pouco não perdeu o próprio filho – o homem tinha seus olhos azuis banhado em um vermelho sofrido.

E o filho de Fabrizio; Zayn pensou e sentiu o gosto amargo retornar ao seu paladar.

— Jacqueline não permite que ninguém vá vê-la – Ivan se pronunciou com cautela, suas expressões eram suáveis. Liam se sentia uma criança e algo o dizia que o russo estava por dentro de todas as novidades que vieram átona naquele dia – somente Damien Payne, o irmão mais velho dela.

Liam ficou surpreso, sua garganta secou. O que ele poderia pensar? Era muita coisa. Sua cabeça estava rodando e acreditava que a bagunça mental em Zayn deveria estar em dobro... tudo estava interligado a eles, desde os pequenos detalhes até as grandes coisas e aquele casal se sentiam exaustos por não terem um dia de folga...

— Por que ela tentou suicídio? – questionou o castanho.

— O estado da esquizofrenia veio se alarmando com o passar dos dias, por não poder tomar as medicações por causa da gravidez, ela vê e escuta coisas e muitas dessas alucinações são Fabrizio tentando matá-la... ou matando a você – Max engoliu a seco, coçando a sobrancelha – os médicos que estão a observando me contaram. Minha esposa e eu tentamos vê-la, mas Jacqueline se desesperou, chorou, gritou, se machucou e foi sedada para não poder machucar nem a si mesmo e muito menos ao bebê.

Liam entrou em uma luta internada por alguns segundos, temia pela decisão que tomasse fosse errada e assim tudo acabaria indo para os ares de uma vez. Não queria ter que deixar Zayn, como não queria ter que ver Jacqueline nunca mais em sua vida... a opção mais plausível era mandar um bilhete para ela com um grande foda-se desenhado e um; morra em breve, como brinde.

Mas Liam se odiaria eternamente caso a mulher morresse... não pela morte dela e sim pelo sofrimento dos pais que passaram anos tentando adotar uma criança e no final escolheram Jacqueline, que no momento que enxergaram-na pela primeira vez nunca sequer imaginaram que ela traria tantos problemas. Liam viveu com Max e Heloise por anos, seus tios cuidaram de Leone mesmo depois que Liam foi embora e ficaram com Enzo por um tempo enquanto Liam tinha suas crises de rebeldia.

Liam detestava admitir... mas pela primeira vez deveria ir contra o seu instinto. Zayn entenderia, não gostaria e muito menos aprovaria, mas entenderia.

— O quero aqui as três da manhã. É melhor iniciarmos uma viagem na madrugada, é mais tranquilo e me dá mais tempo no que pensar – Liam disse e não olhou para Zayn temendo pelo o que encontraria nos olhos dele; chateação, irritação, aflição, ódio. Nenhum sentimento parecido faria com que Liam se sentisse melhor... na verdade, aquilo o mataria internamente – quero deixar claro que estou fazendo isso por você Max, estou fazendo isso por todos os anos que você me apoiou... até mesmo quando eu estava fora de mim – Max sorriu e acenou com os olhos repletos de lágrimas... estava agradecido e Liam passou a sentir aquele familiar peso no peito – espero que você não me odeie por isso.

Liam referiu-se a Zayn quando os demais resolveram deixa-los sozinhos. As orbes âmbar observaram com atenção toda feição inquieta de Liam e com uma risadinha cheia de sarcasmo, o moreno deu um soco leve no peito do namorado.

— Independente de qual seja as suas escolhas, por mais estúpidas que sejam, continuarei amando você, seu idiota... meu idiota.