História Paraíso Imperfeito - Lado Ruim

"Run and hide, it's gonna be bad tonight (Corra e se esconda, esta noite vai ser ruim)
Cause here comes your devil side (Porque lá vem seu lado ruim)
It's gonna ruin me (E ele vai me destruir)
It's almost like slow motion suicide (É quase como suicídio em câmera lenta)
Watching your devil side get between you and me" (Assistindo seu lado ruim ficar entre você e eu)

Hinata olhou chocada para o noivo. Sua fúria era visível, podia ver uma grande onda de chacra envolvendo o corpo de Naruto como uma aura vermelha de poder, mas tão pouco sentiu medo. 
Era noite, ela havia decidido dar uma pausa em seus afazeres e tomar um ar, caminhar pelo clã e quem sabe fazer uma visita ao pai de quem não tinha noticias há algum tempo. Hiashi mantinha-se "preso" em uma casa nos domínios do clã, entretanto era cuidado por um membro da bouke, e tinha um segurança para acompanhá-lo sempre que necessitasse sair. Ele não tinha mais acesso a casa e o dojo principal, ele era um membro da bouke agora, seu maior receio, e ainda que pudesse sair de seus aposentos para tomar um ar lá fora, ele recusava-se. Hinata preocupava-se ainda que tentasse não deixar transparecer.
O céu estava bonito, estrelado como ela gostava, havia chovido aquela tarde e o ar ainda tinha aquele cheiro de terra molhada. Distraída, ela brincava com o anel de safira em seu dedo enquanto pensava o quanto sua vida havia mudado há quase um ano atrás. Nem em suas esperanças mais profundas, ela um dia achou que seria a líder do clã e estivesse em paz com isso, confiante e leve, tão pouco realmente acreditou que estaria noiva de Naruto. Era como um sonho maravilhoso cujo seu único medo era acordar.
Assim, qual não foi sua surpresa ao ser pega de surpresa por uma presença desconhecida. 
— Quem está aí? Eu exijo que revele-se agora. - Ela disse alto em direção a uma frondosa ameixeira que crescia ali desde antes de seu nascimento. Ela podia usar o Byakugan, mas no momento realmente achou apenas perda de energia. O caule da ameixeira escondia apenas parcialmente a figura em meio as sombras. Por um instante achou que fosse Naruto e um sorriso débil quase surgiu em seus lábios. Mas tão rápida essa possibilidade apareceu, foi descartada quando o estranho saiu das sombras e revelou-se exatamente isso, um estranho. - Quem é você? - Tensa repentinamente, ela repensou o Byakugan, mas o rapaz adiantou-se nervosamente.
— Por favor, eu não sou uma ameaça. 
— Diga-me quem é você e como entrou nos domínios do Clã sem permissão, ou eu chamarei os guardas. - Seu tom era sério, mas tentou permanecer impassível, pelo menos por enquanto.
— Eu sou apenas um Jounnin, e entrei por uma brecha nos fundos do clã. - ele disse desviando o olhar e coçando a nuca como tentando demonstrar seu nervosismo. - Perdão, eu sei que foi estupidez.
— Foi. Por isso deixarei que vá embora sem maiores consequências.
— Perdão novamente, mas eu não posso.
Agora Hinata estava curiosa. Não havia ninguém ao redor aquele horário, mas os guardas sem duvidas estariam ali em pouco tempo acaso houvesse a minima oscilação de chacra. O Jounnin desconhecido devia ter a mesma idade que ela, ou talvez mais velho, era alto e tinha os cabelos castanhos aloirados cortados bem curto, ele tinha olhos verdes e pele bronzeada, uma pequena barba crescia em seu queixo. Bonito sem dúvidas, e o modo como ele coçava a nuca deixando em evidencia seus músculos, o sorriso misterioso lhe dizia que ele sabia bem disso ainda que tentasse fingir uma timidez desviando os olhos e falando baixo.
— Por que não? E saiba que sua resposta provavelmente o levará até a prisão.
— Você é realmente incrível. Ninguém realmente pode comparar-se a você.
— O que? - A pergunta chocada saiu com uma risada inesperada. - Diga de uma vez o que quer.
— Você. - aproveitando-se do choque dela, ele deu um passo em sua direção - Eu precisava falar com a srta ao menos uma vez. 
— Ok. Eu vou chamar os guardas.
Apesar do choque inicial, Hinata não estava sentindo-se ameaçada realmente. Ser uma kunoichi em uma posição de liderança atraia alguns malucos e desde o seu sequestro, ela tentava ficar mais atenta e principalmente não deixava de treinar, mas aquele rapaz tentando ser sedutor com folhas secas no cabelo e roupa realmente não era uma ameaça. Mais tarde, ela se arrependeria do seu erro.
— Espere - Ele foi ousado e conseguiu alcança-la segurando em seu braço. Tão próximo que ela pode sentir o cheiro doce de flores ainda que ao contrário do que estava acostumada e amava, era enjoativo. - Não posso deixar que faça isso.
Mal ele havia falado isso, foi atacado por um jukken em sua cintura que imediatamente o atordoou, para em seguida ser derrubado por uma rasteira.
— Nunca mais pense que pode mandar em mim, ou se quer tocar-me.
— Eu apenas pensei...
— Eu não sei o que pensou, mas está errado. Agora retire-se do clã Hyuuga ou eu serei obrigada a acertá-lo novamente e dessa vez não serei tão cuidadosa. - Ela era fria e inexpressiva, mas o rapaz realmente a chateou e agora podia ver alguns guardas aproximando-se ao longe. Ótimo, logo o consselho teria alguma ideia estupida de que ela precisa de uma escolta. 
— Kami, não precisa ser uma vadia arrogante. - ela o ouviu resmungar e agora realmente considerava deixá-lo impotente. - Achei que você ia facilitar as coisas, princesa. Eu posso não ser o grande Hokage, mas sem duvidas sou bem mais interessante. - ele deu um sorriso nojento e Hinata realmente estava pronto para respondê-lo a altura até sentir-se repentinamente tonta, o cheiro doce enjoativo tornando-se cada vez mais forte e fazendo suas pernas tremerem. - Bom, eu vejo que talvez esteja repensando. - Ele continuou arrogante e foi rápido em segurá-la quando a mesma quase caiu no chão. - Não se preocupe, Hinata-sama. É apenas o efeito do meu charme das flores. 
— O que você fez? - sua voz saiu como um sussuro, ela ainda podia sentir as coisas ao seu redor, contudo o cheiro cada vez mais forte parecia deixar seus sentidos confusos.
— Você vê, o que está sentindo é o cheiro do meu chacra que eu passei para você através de algumas folhas. Pode ser considerado um donjutso apesar de não ter grande durabilidade. - concluiu rapidamente vendo que os guardas aproximavam-se mais rápido agora - Não se preocupe, passará em alguns segundos. Eu não vou machucá-la, ainda que você realmente feriu meus sentimentos com toda essa sua frieza.
— O que você quer?
— Eu já disse. Eu quero a srta. - E dizendo isso, Hinata o viu dar um pequeno olhar sobre os ombros antes de simplesmente aproximar-se dela ainda mais e beijá-la.
O que aconteceu a seguir foi uma série de mais eventos surreais que novamente a faziam pensar que aquilo não passava de um sonho. Um pesadelo realmente.
O beijo surpresa e nojento felizmente foi interrompido rapidamente, e ela cambaleou ainda sentindo-se bastante fraca mesmo que como o jounnin havia dito, o efeito do donjutso começava a passar. Um dos guardas a apoiou, mas ela apenas teve a ciência de que aquela parte do clã já não era mais tão vazia. Em seguida, finalmente se deu conta de quem havia tirado o jounnin de perto de si. E o alivio logo tornou-se apreensão.
Naruto vestia o casaco laranja com chamas negras que havia feito para usar agora que era Hokage. Seus cabelos agora passavam as orelhas e estavam presos em um pequeno rabo de cavalo, mas agora balançavam revoltosos com o chacra que começava a estalar por seu corpo de forma perigosa. O outro louro havia perdido o sorriso agora que tinha o pescoço entre as mãos daquele homem furioso e visivelmente descontrolado.
— P-por f-favor. E-eu sinto m-muito.
— Não ainda. Mas vai sentir. - Naruto sorriu e ele parecia realmente diabólico - Eu não faço ideia do por que você achou que poderia tocar na minha mulher, mas eu vou garantir que não toque mais em nada a partir de hoje.
— Não! Não! Por favor! Tenha piedade!
Hinata percebeu, agora mais recomposta, que todos ao redor estavam amedrontados e sabia que a última coisa que ela e Naruto precisavam era isso.
— Naruto-kun! Solte-o! - ela pediu aproximando-se.
— Ele estava beijando você. - Ele disse pausadamente ainda olhando sua vitima, antes de voltar seu olhar para ela que reconheceu com apreensão o brilho vermelho que ela conhecia muito bem - Ou será que você o estava beijando também?
O choque imediato logo tornou-se indignação.
— O que você está tentando insinuar?
— Eu resolvi fazer uma surpresa a minha querida noiva e a encontro escondida no chão nos braços desse maldito. - ele ironizou, apertando ainda mais a garganta do pobre imbecil.
— Eu não estava escondida. 
— Ele não estava lhe beijando? - a pergunta feita pausadamente o deixava ainda mais ameaçador. Ela não respondeu de imediato - RESPONDA HINATA!
— ESTAVA. - ela gritou, tentando conter a própria raiva diante daquela humilhação. Respirando fundo, ela tentou manter-se fria - Eu não sei quem é ele. Ele apenas apareceu aqui e me beijou surpresa.
— Mentira.
— Nani? - Agora foi a vez dela olhá-lo com fúria.
— MENTIRA! - ele gritou. A raiva causou um pequeno descontrole no chacra assustando a todos ao causar uma rachadura no muro atrás deles.

So tell me what I need to do (Então me diga o que eu preciso fazer)
To keep myself away from you (Para me afastar de você)
To keep myself from going down (Para me impedir de desmoronar)
All the way down with you (Todos os caminhos são ruins com você)

— Olhe o que está fazendo. Todos estão olhando. - ela disse irritada, baixo o suficiente para que apenas ele ouvisse - Largue este homem. Você é o Hokage agora. - Ela tentou e o viu rir com escarnio. 
Em um gesto surpreendente, Naruto jogou o jounnin contra o muro o fazendo desabar de vez, antes de aproximar-se dela em apenas um passo, deixando seus rostos próximos mas apenas para que ela pudesse ver a raiva nos olhos já vermelhos.
— Tentando salvar seu amante?
— Não me ofenda.
— Então não minta pra mim.
— Esse é um defeito seu, não meu. - ela murmurou e então se afastaria, exausta, mas teve seu braço novamente segurado sendo obrigada a voltar a olhar para os olhos do jiinhcuriki furioso. Mas ela não se intimidou. - Me solte agora. Está me machucando.
Como se houvesse tomado um choque, Naruto a soltou imediatamente e seu chacra foi sendo reprimido lentamente enquanto percebia que um grupo de membros do clã o olhava. Hinata tinha o olhar vazio, mesmo que ele puder o brilho marejado que ela tentava reprimir sem sucesso.
— Levem esse homem para o hospital. - Ela disse aos seus guardas com a voz controlada.
Os Hyuugas hesitaram por um segundo antes de obedecê-la, mas assim que juntaram o corpo do homem choroso que por algum milagre mantinha-se acordado, uma voz os surpreendeu.
— Eu peço que esperem por favor.
Naruto viu com desgosto Akihiko aproximar-se, mas ele não estava sozinho. Presa em seus braços estava ninguém menos que Torh, vestida com as vestes ambus, debatendo-se furiosa.
— O que ela faz aqui? - Hinata adiantou-se enquanto Akiiko aproximava-se.
— Eu a encontrei em cima dos muros, aparentemente espiando tudo. Também encontrei alguns guardas desacordados na area dos fundos.
— Eu não fazia nada demais!!!! Estava apenas zelando pela segurança do Hokage!
— Eu não preciso de sua proteção. - Naruto rosnou, mas Hinata ao seu lado pareceu se dar conta de algo, e com calma foi até o jounnin don ruan sob o olhar atento e raivoso do Hokage. - O que pensa que está fazendo? - Mas ela apenas o ignorou e parou em frente ao outro loiro que fora recostado ao que havia restado daquela parte do muro.
— Diga de uma vez quem mandou você me dopar e me beijar de surpresa.
— E-eu s-sinto m-muito. M-me desculpe. P-por f-favor. E-eu...
— Conte o que eu quero saber ou não poderei garantir sua segurança. - Hinata manteve-se fria diante do choroso Jounnin.
— Ela! - ele disse imediatamente apontando para a ruiva nos braços de Akihiko - Ela jurou que eu seria aceito na ANBU caso conseguisse seduzi-la. Ela disse que apenas tiraria fotos*. Eu juro! Ela disse que seria fácil, que eu nem precisaria usar meu donjutso - ele soluçou. Para Naruto era uma cena patética, mas sua raiva novamente aumentava enquanto olhava em direção a ruiva maldita ao lado - M-mas e-eu admito H-hokage, e-eu a dopei para conseguir o b-beijo. P-por favor tenha piedade da minha vida...
— Podem levá-lo. - Hinata disse finalmente para os guardas que levaram o homem choroso e apavorado com eles. Também a essa altura, dispersavam os curiosos deixando os quatro restantes a sós.
Akihiko finalmente largou a ruiva que soltou um rosnado irritado, mas logo calou-se ao ver os olhos de Naruto.
— O que queria com isso, Torh!? - ele bradou, e ela olhou para todos irritada.
— EU QUERIA MACHUCAR VOCÊ! TE HUMILHAR COMO VOCÊ ME HUMILHOU! - ela explodiu finalmente, lágrimas caindo descontroladamente com toda sua fúria - QUERIA QUE SE ARREPENDESSE COMO ME TRATOU. EU AMEI VOCÊ E VOCÊ ME DISPENSOU POR CAUSA DESSA...DESSA....
— Eu sugiro que pense bem antes de falar algo sobre a líder do clã Hyuuga. - Akihiko também era calmo, mas seu tom era duro e ele parecia pronto para sair em defesa de Hinata a qualquer instante. Aquilo apenas irritava ainda mais Naruto. A ruiva por sua vez soltou uma gargalhada descontrolada e ironica.
— SIM, SIM! EU TAMBÉM QUERIA MOSTRAR PRA TODOS QUE A GRANDE E PURA LÍDER DO CLÃ NÃO PASSA DE UMA VAGABUNDA QUE ERA AMANTE DO HOKAGE! - Nesse ponto, Akihiko fez mensão de calá-la, mas Hinata não autorizou. Ela surpreendeu com seu controle e rosto impassível, enquanto Torh parecia enlouquecida e tinha uma expressão de raiva e escarnio - Pois é princesinha, eu sei o seu segredinho! Eu sabia que Naruto tinha alguém e vi você se esgueirando para a casa dele de madrugada, mas eu não consegui descobrir quem era. Então naquela missão, ele finalmente confessou que vocês tinham um caso! - soltou outra gargalhada, e limpou as próprias lágrimas com força.
— Já chega, Torh! - Naruto rosnou
— Eu realmente nunca entendi como uma virgem puritana como você poderia ter conseguido que ele casasse com você. Mas então eu entendi. Você já era sua prostituta particular, agora apenas oficializou.
— AGORA VOCÊ PASSOU DOS LIMITES! - O Hokage puxou seu braço com força, furioso, determinado a fazê-la calar a boca.
— Será que ela sabe do que você e eu faziamos juntos? - A ruiva continuou a provocar - Não finja que não gostava Naruto. 
— Cala a boca.
— Eu sabia. - Hinata disse chamando a atenção de todos apenas para si, mas mantinha o olhar na ruiva. - Eu soube o que você era no momento em que nos conhecemos pela primeira vez e sei qual o seu assunto com ele quando foi até seu apartamento.
— Será que sabe também o que aconteceu nessa missão? - Torh provocou.
— Imaginei. - Rebateu sabendo que Naruto agora a olhava com apreensão, mas ela também não o encarou. Estava irritada, mas aquele momento tinha outra questão a tratar. Aquela mulher a subestimou e lhe mostraria seu lugar - E depois de toda essa cena e desse plano infantil, eu tive a certeza do que houve. E o que não houve.
— Não fique tão orgulhosa. Naruto gosto de jogos, e desafios, e assim que achar um maior e melhor que você, vai deixá-la sem nem pensar duas vezes.
— Você deve ter sido um passatempo interessante para ele por um tempo - O modo como falou lembrou a ruiva as mesmas palavras do Hokage para si na noite da missão o que a deixou ainda mais humilhada - Mas depois ele acabou enjoando e te jogando fora como um brinquedo velho. Eu entendo seu rancor, de verdade. No fundo, até acho bonito você lutando por ele, mesmo que seja dessa maneira tão baixa e infantil.
— Pois guarde essa sua humildade e altruísmo para si, líder do clã. Se eu fui um passatempo, você não passa de um degrau para ele se tornar Hokage e desafiar o seu pai. Naruto ODEIA seu pai.
— Naruto não precisaria de mim para nenhuma dessas duas coisas. - Ela rebateu calmamente.
— Já chega dessa conversa sem proposito. - Naruto disse irritado, e impaciente, sabendo que todo aquele plano da ruiva havia conseguido lhe trazer uma grande confusão.
— Não! - Hinata o interrompeu com firmeza - É bom termos essa conversa e esclarecermos de uma vez algumas coisas.
— Eu não tenho nada para conversar com...
— Shiii Shii Shiiu - Hinata a silenciou com uma altivez que deixou a ANBU chocada - ANBU já está na hora de tomar o seu lugar. Eu também acho que não temos nada para conversar, de fato, você apenas ouvirá o que eu digo. Sabe por que? Por que você invadiu o meu clã sem permissão e sem qualquer protocolo. Por que você armou para prejudicar uma Líder de Clã e como tal, uma aliança interna da vila da folha. Você foi desrespeitosa e ainda não mostrou nenhum grau de arrependimento. - Quando Torh fez mensão de falar, a Hyuuga novamente a calou - Eu posso pedir que seja afastada, rebaixada e, até mesmo presa se contar como colocou a vida do Jounnin em risco com seu planinho. - os olhos da ANBU então se arregalaram - Como eu dizia, agora se mostra a hora perfeita de esclarecermos nossas diferenças. - murmurou com um sorriso arrogante bastante raro na líder do clã Hyuuga. Até mesmo Akihiko viu surpreso esse outro lado de Hinata.
— Você não me dá medo, Hyuuga.
— Sua batalha é perdida ANBU, e eu aconselho a partir de agora a seguir em frente e esquecer sua paixonite pelo heroi da vila da folha. Eu não sei o que achou que conseguiria com toda essa cena armada por você, mas a verdade Torh é que você nunca é uma ameaça para mim. Nunca foi e nunca será.
— Acha que por que é líder deste clã de bosta faz de você alguém superior. - Torh soluçou humilhada, e Hinata segurou seu rosto para que a olhá-se
— Meu clã ou minha posição não me fazem melhor do que ninguém. Ainda sim, eu não sou alguém que você queira ter como inimigo. Entenda de uma vez, ANBU, o jogo acabou e você nunca teve chance. - e dizendo isso apenas a soltou com brutalidade que fez a ursa virar o rosto. - Isso é tudo, você pode se retirar.
Mas a Anbu não aguentaria aquela humilhação calada, e fingindo que iria embora, ela surpreendeu os dois homens indo pelo caminho contrário e atacando a Hyuuga. Contudo assim que sua mão encostou em Hinata, ela foi tomada por uma paralisia automática causada por uma dor em seu abdomem que espalhou por todo o seu corpo como milhares de agulhas. Chocada, ela percebeu que a líder do clã tinha o Byakugan ativado, e ao olhar para baixo viu que a mesma tinha a mão reta como um punhal quase tocando seu abdomem quando a realização finalmente a abateu. A hyuuga havia prejudicado alguns pontos de chacra e orgãos vitais apenas com um jukken.
— Hinata! - Naruto viu chocado a ANBU cair de joelhos e a Hyuuga voltar a segurá-la pelo queixo, olhando-a com o Byakugan ativado e Torh pela primeira vez achou assustador o donjutso tão de perto e ameaçador.
— Se não quer saber seu lugar, eu mesmo a coloco lá. - A Hyuuga tinha raiva em seu tom e em seguida voltou-se a Akihiko - Leve-a.
Akihiko não hesitou, tão pouco pareceu chocado como Naruto, enquanto pegava a ruiva no colo. A mesma, ainda teve forças de estender o braço em direção ao Hokage.
— Veja sua real face. Ela é igual seu pai. 
— Eu acho melhor manter-se calada. - Akihiko murmurou já se afastando finalmente e deixando Naruto e Hinata a sós.
Com as palavras de Torh em sua mente, ele olhou para a noite que agora encarava o grande estrago que ele havia feito no muro. Arrependeu-se não pela primeira vez por ter deixado novamente seu ciumes dominá-lo e sabia que Hinata não o perdoaria tão fácil.
— Hinata. - Naruto disse baixo, aproximando-se com cuidado, mas ao não ter resposta apenas suspirou frustrado - Eu sinto muito. Estraguei tudo novamente. Apenas quando vi aquele bastardo tão próximo, eu simplesmente não consegui me controlar.
— Então é isso? - ela perguntou finalmente virando-se para olhá-lo, e o que Naruto viu o assustou. Frieza. 
— O que Torh disse...e-eu deveria ter te contado. Mas não houve nada entre nós, enquanto estavamos juntos. Eu nunca te trai, mas eu devia ter contado o que houve durante essa missão. Mas eu não queria que achasse...
Sua sentença foi cortada bruscamente, enquanto ele levou a mão ao rosto chocado sentindo a dor e vermelhidão resultado do tapa de Hinata.
— Ok. Eu mereci. Fui um canalha e... - novamente ele foi cortado por ela.
— Não me compare a Torh ou qualquer um de seus casinhos estupidos, Naruto. Eu não me importo com o que você teve ou não com ela. Ou de qualquer coisa que tenha saído da boca dela.
— Então...qual o problema?

Still I want you, but not for your devil side (Eu ainda quero você, mas não o seu lado ruim)
Not for your haunted life (Não sua vida assombrada)
Just for you (Só você)

— Meu problema é você. - ela rebateu instantaneamente - Meu problema é você destruir meu clã sem nem pensar duas vezes. Meu problema é você me humilhar diante de todo o meu clã e se quer se dar conta disso. Meu problema é você achando que pode colocar a culpa do seu completo egoismo em um amor que você diz ter por mim.
— Espere um minuto! Que eu digo ter por você? - O loiro parecia ainda mais chocado a cada segundo. - Acha que eu não amo você agora?
— O que você chama de amor, não passa de um grande sentimento de posse. Sempre foi assim. Eu era sua amante que você quis se desfazer quando achou conveniente e então quando ficou entediado quis de novo. Eu sou sua noiva trofeu que não quer que ninguém encoste. Não, até pior, você acha que é meu dono.
— Está sendo injusta. - ele murmurou duramente.
— E você foi longe demais.
— O que quer dizer? - perguntou, mas em seu intimo o medo daquela resposta lhe dava medo
— Eu sou a líder do clã. E não vou ficar sendo humilhada ou ser seu trofeu. - ela respondeu, sua voz embargada, mas seus olhos ainda eram firmes e não se desviaram dos dele.
— Você está falando igualzinho... - ele hesitou tentando controlar novamente a própria raiva, mas ela completou.
— A Hiashi. Ele é meu pai. 
— Aquele bastardo mandou te sequestrarem! 
— Eu tenho parte dele. - ela rebateu inexpressiva o vendo olhá-la com choque - Terá que aceitar isso também.
— Você tá louca.
— Isso não importa agora. - ela murmurou então - É melhor você ir embora. - E nessa hora, ele realmente o olhou espantado.
— Não até terminarmos essa conversa!!
— Você não manda em mim ou neste clã. - e dizendo isso, ela apenas se virou antes que ele visse seus olhos marejados - Então é melhor se retirar.
— E quanto ao nosso noivado Hinata? Heim? - o loiro indagou e ela fechou os olhos com força. 
— Talvez devamos repensar se realmente é o melhor para nós dois. - disse baixo tentando controlar a própria dor ao dizer aquelas palavras.
— Eu não preciso repensar nada. - ela o ouviu, e notou de imediato o tom ferido. Automaticamente seu corpo virou-se, mas tudo o que encarou foi o lugar vazio e deixou que uma lágrima solitária caisse.
Então era assim que o sonho acabava.

So tell me why I deal with your devil side (Então me diga como lidar com seu lado ruim)
I deal with your dangerous mind (Como lidar com a sua mente perigosa)
But never with you (Mas nunca com você)

Naquela madrugada, quem olhasse o monte Hokage veria em cima da cabeça mais alta o Rokudaime* velando o sono de sua vila, solitário e em silêncio, enquanto mexia distraidamente em um elástico roxo em seu próprio pulso. Até o nascer do sol, ele ficou ali perdido em pensamentos, quando finalmente resolveu ir para casa trocar-se e então voltar ao trabalho.

Who's gonna save you now? (Quem vai te salvar agora?)
Who's gonna save you? (Quem vai te salvar?)

— Chidori.
A bola de energia foi em direção ao seu alvo com facilidade. Por sorte, Sayuri conseguiu desviar-se do perigo com destreza, infelizmente o Inuzuka adormecido não teve a mesma sorte e foi acordado sendo arremessado de encontra a uma das paredes do quarto.
— QUAL O PROBLEMA DE VOCÊS? - ele gritou ainda atordoado até finalmente ele olhar ao redor e ver ninguém menos que Sasuke Uchiha o olhando com desprezo maior que o normal e Sakura completamente corada desviando o olhar, enquanto Sayuri vestida apenas com uma grande camisa os olhava com sarcasmo.
Ótimo. Os pombinhos voltaram da lua de mel. 
— Vista-se maldito! - Sasuke grunhiu fazendo o Inuzuka finalmente dar-se conta da própria nudez e puxar o lençol para cobri-los. 
— Como foi a lua de mel? - Sayuri perguntou cinicamente, como se não tivesse sido pega nua no quarto do casal.
— Kami-sama eu nunca mais vou conseguir encostar nessa cama. - Sakura murmurou sentando-se em um divã próximo a janela.
— Bem, então acho melhor sair do divã.
Sakura a olhou descrente, então Kiba balançou a cabeça e ela soltou um grande grito enojados.
— VOCÊS SÃO MUITO BABACAS. - disse saindo do quarto
— Até parece que vocês fizeram coisa diferente na lua de mel.
— Espero que tenha aproveitado Uchiha! - Kiba brincou, tentando aliviar o clima, enquanto vestia a própria roupa. Então viu um sorriso maldoso brotar nos lábios do Uchiha.
— Eu também espero que tenha aproveitado. Por que vai demorar um bom tempo antes que você tenha tempo para dormir de novo, ou fazer qualquer outra coisa além de trabalho. - E com essa ameaça, ele foi saindo, deixando os dois sozinhos.
Sayuri soltou um risinho, mas Kiba a olhou inconformado.
— Como pode ficar tão relaxada com nossa iminente morte por exaustão.
— A cara deles foi impagavel. - ela debochou, então subiu na cama novamente, aproximando-se dele sedutoramente - Além do mais, nós fizemos bastante exercício esses últimos dias. Acho que ficaremos bem. 
Kiba riu envolvendo os braços na cintura dela e automaticamente encaixando o rosto em seu pescoço onde aspirou o cheiro de seus cabelos. Sayuri não percebeu até ser tarde demais que estava presa a um abraço carinhoso sem qualquer segundas intenções, e que sorria para o nada como a muito tempo não fazia.

I can't lie, but I do miss those times (Eu não posso mentir, mas eu sinto falta daqueles tempos)
We were on a high (Estávamos no alto)
I thought it would never end (Eu pensei que nunca iria acabar)
But you and I have come from the same long line (Mas você e eu viemos da mesma linha)
Good kids with a devil side (Boas crianças com um lado ruim)
Just going around again (Basta olhar em volta novamente)

A realização disso a abateu como um choque que fez seu coração saltar e seu estomago cair, e seu sorriso desaparecer imediatamente.

***

— Eu tinha esquecido como ela pode ser irritante. - Sakura murmurou quando Sasuke se juntou a ela na sala. Examinava desconfiada o sofá antes de sentar-se ali e olhar o marido aproximar-se - Não senti nenhuma falta dela.
— Nem eu. - ele resmungou, então a viu sorriu e puxá-lo para sentar-se com ela.
— Sabe de uma coisa, senhor Uchiha?
— O que senhora Uchiha? - ele entrou na brincadeira, a puxando para seu colo imediatamente a acomodando em seu braço. Os últimos dias o deixaram ainda mais relaxados e obviamente mais intimos.
— Os últimos dias foram os mais maravilhosos da minha vida. - ela sussurrou.
— Dos meus também. - ele confessou baixinho em seu ouvido, a voz rouca a fazendo arrepiar-se.
O clima contudo foi cortado com um barulho vindo lá de cima.
— Só pode ser brincadeira - Sasuke murmurou irado, fazendo Sakura temer que ele despertasse novamente o Mangekyou. - Vou matá-los.
— Espera, espera. - ela o segurou - Não me leve a mal amor, mas morar aqui com ela não é exatamente o jeito que eu quero começar meu casamento. - Confessou desviando o olhar - Eu não tenho mais ciumes dela ou vontade de matá-la o tempo inteiro, mas eu queria ficar mais um tempo assim, só nós dois. - disse corada.
— Tem razão. - ele disse então a surpreendendo e a puxando para fora do casarão.
— Pra onde estamos indo? - ela perguntou rindo com a pressa do marido.
— Ficarmos sozinhos e longe daqueles dois coelhos descontrolados. - ele respondeu entre dentes.
Sakura reconheceu o caminho até se ver novamente em frente a casa com jardim em que se casaram e passaram a lua de mel. 
— O que acha?
— É perfeito para continuar nossa lua de Mel. - ela disse jogando-se nos braços dele, mas o mesmo separou-se apenas para olhá-la.
— E para morarmos?
— Como assim? Eu pensei que você queria ficar no casarão.
— Foi a primeira casa que construi. Era apenas conveniente. Podemos deixar essa casa do jeito que quisermos, e eu sei que você gostou do jardim. O que acha?
Sakura apenas sorriu emocionada antes de voltar a jogar-se nos braços do marido.
— É perfeito. - ela disse finalmente, antes de soltar um gritinho de surpresa ao ser carregada novamente ao estilo noiva. - O que está fazendo?
— Temos que entrar na nossa casa com a mulher no colo do marido. É a tradição. - ele respondeu e depois sorriu malicioso - E em seguida, temos vários comodos para batizar.
Sakura mordeu o lábio inferior sentindo novamente o arrepio de excitação.
— Eu gostei. 
Ele então a beijou e assim que os dois passaram pela porta, ambos estavam completamente entregues um ao outro em um beijo afoito e intercalado por risadinhas e suspiros. Não demorou muito para que roupas começassem a ser jogadas em qualquer parte do chão 
A rosada deixou que o marido lhe encostasse na parede, fria contra sua costa desnuda. Ela tinha as pernas entrelaçadas na cintura dele e as mãos em seus ombros fortes sentindo a musculatura que amava delinear com os dedos, enquanto ele distribuia beijos quentes por seu pescoço e colo. Seus olhos se encontraram com os dele e ela sabia que o desejo nos orbes escuros era identico ao seu próprio desejo de estar mais e mais perto daquele homem. Nunca havia sentido isso, e sabia que nunca sentiria isso por qualquer outra pessoa do que por ele. Seu marido. Seu amor.
Sem desviar seus olhos, ele desceu os beijos de boca aberta até ter um dos seios desprotegidos em sua boca e a viu aspirar o ar com a boca aberta e jogar a cabeça para trás com um lindo sorriso nos lábios rosados. Vê-la tão entregue o deixava ainda mais duro e perguntava-se se um dia teria o suficiente daquela mulher, em todas as vezes chegando a conclusão que não. Movendo-se contra ela, apertou as cochas cremosas ouvindo-a gemer baixo e fincar as unhas nas costas dele como se tentasse controlar o próprio corpo, sem sucesso. Ele ansiava por aquele descontrole e a carregou em direção a sala onde no momento tinha apenas um enorme tapete felpudo e pomposo que Sasuke havia detestado em um primeiro momento, mas agora era seu objeto predileto. 
Com sua esposa em seus braços, corada e ofegante, ele a deitou cuidadosamente, sendo puxado de encontro a ela por mãozinhas delicadas que logo esgueiraram-se por seu cabelo e o puxaram para um beijo longo e provocante que cumpriu com sua tarefa, o deixando completamente acesso. Sakura realmente aprendia muito rápido, e tinha um sorriso promiscuo nos lábios enquanto esfregava seus quadris contra os dele sem nenhum pudor.
Abaixando o rosto ele distribuiu beijos de boca aberta pela sua barriga e costela, demorando-se um pouco mais no osso do quadril que ele descobriu gostar bastante a fazendo remecher-se impaciente e então chegar até a linha da calcinha que ele fez questão de arrancar com os dentes a fazendo fechar os olhos e estremecer com a respiração quente dele tão próximo de seu ponto de maior excitação. Então seu tronco arqueou-se em choque e surpresa quando a lingua dele penetrou em sua carne sem qualquer aviso, um gemido escapando por seus lábios ao sentir o fogo em seu baixo ventre subir até sua cabeça e espalhar por todo seu corpo. 
— Sasuke. - ela ofegou e teve seu olhar preso nos olhos onix que a olhavam fixamente e tornavam-se selvagens a cada vez que ela estremecia ou remexia-se ansiando por cada vez mais daquele prazer. - Oh Kami!
Sem aguentar por mais tempo, ela fechou os olhos em extase muito próximo ao ponto onde se perderia de vez, então não teve forças se quer para elevar-se quando o Uchiha apenas parou. Abrindo os olhos, ela o viu tirar sua última peça de roupa e admirou com prazer o corpo do marido e desejou cada vez mais ser preenchida por ele. Mas Sasuke pareceu não ter pressa e aproveitando-se do estado de atordoamento dela, virou seu corpo com cuidado mais facilidade e antes que a mesma questionasse colou seus corpos mais uma vez mordendo seu pescoço e passando seus braços por seu corpo até cobrir um de seus seios. Os mesmos cabiam perfeitamente em sua mão e enquanto era algo que Sakura podia não gostar, Sasuke apenas os achava perfeitos.
Quando as mãos dele desceram para uma de suas pernas as abrindo e a fazendo sentir o pau dele duro e quente contra sua entrada, ela apenas não aguentava mais esperar.
— Agora Sasuke-kun! - ela pediu rebolando seu quadril em busca de mais contato e então gemendo ao sentir-se sendo penetrada lentamente, cada centimetro dentro de si entrando em sua carne e a fazendo o calor virar um grande incendio. - Mova-se! Kami-sama! Mova-se!
— Você é deliciosamente vocal quando está excitada, sabia?
— E você é um pervertido! - ela rebateu envergonhada, mas a beira do descontrole total.
— E você é a causa disso.
Então ele começou as estocadas mais rápidas, intercalando com mais calmas enquanto beijava o pescoço da rosada que apenas deixava-se sentir ser amada da maneira mais intensa e prazerosa que um dia achou ser possivel.
— Tão bom... - ela murmurou corada, quando ele beijou seu pescoço e ela tocou seu rosto carinhosamente. - Eu amo você.
Eles chegaram ao apice, abraçados e suados, movimentando-se no mesmo ritmo como uma bonita dança de amor até que seus corações se acalma-se e Sakura vira-se para olhar o Uchiha que a recebeu com um beijo casto.
— Eu também amo você.
Ela sabia. 

***

— É surreal pensar que Naruto fez isso ontem. - Tenten disse olhando com admiração para o grande rombo no muro do clã Hyuuga. - Vão precisar de bastante gente para concertar isso.
— E reforçar as proteções de Chacra. - Neji resmungou com a história ainda entalada em sua garganta. Havia chegado de uma missão apenas aquela manhã e logo soube o acontecido, mas não havia conseguido falar com Hinata que havia estado a manhã inteira trancada em seu escritório. - Assim como os guardas.
— Torh apesar de ter a mascara da ursa, é conhecida por seus ataques silenciosos de atordoamento. Os ninjas não tiveram chance. - Akihiko disse sem tirar os olhos do muro.
— Terão quando acabar com eles.
Tenten riu.
— Eu realmente gostaria de ficar e ver o Neji arrancando o couro dos pobres Hyuugas, mas preciso ir.
— Achei que não fosse mais dar aula hoje. - o Hyuuga disse distraidamente
— E não vou. Mas tenho um compromisso essa noite e preciso me arrumar.
As palavras ditas tão calmamente não aplacou a surpresa do Hyuuga que praticamente engasgou com o próprio choque.
— Você está bem? - Ela perguntou preocupada vendo-o olhá-la vermelho.
— Sim. Apenas eu nunca vi você precisar de um dia inteiro para se arrumar para qualquer coisa que fosse.
— Eu realmente não tenho muita paciencia pra essas coisas de mulherzinha. - Ela suspirou desanimada enquanto Neji a olhava atento em busca de mais informações. - Então vejo vocês depois. - ela disse de repente já se afastando e sem nem notar a expressão inconformada e embasbacada de Neji.
— Acho que se fizemos dois grupos e revezarmos podemos fazer isso em dois ou três dias, não?! - Akihiko analisou, mas desviou o olhar ao não receber nenhuma resposta. Neji ainda olhava na direção onde Tenten havia ido com o cenho franzido e o pensamento longe, mas despertou com a risada do outro Hyuuga. - A srta. Mitsashi é realmente especial, não é Neji?
— Acredito que sim. - Neji pigarreou sem graça
— Eu sempre achei que você e ela um dia ficariam juntos. Sabe, com minha situação com Hana impedida, eu tinha esperanças que você pudesse quebrar esse paradigma para que eu pudesse me aproveitar. Gomene Neji-san, eu estou sendo indiscreto. Apenas o considero um amigo já.
— Eu também o considero um amigo, Akihiko-san. - Neji disse polidamente 
— Então podemos falar sobre a Mitsashi?
— Não! Ela está fora dos limites da nossa amizade.
— Ok. Eu apenas diria que ouvi um dos ANBUS dizendo que chamaria a srta. Mitsashi para sair, mas eu não quero ultrapassar nenhum limite aqui não é?!
— Quando? - Neji rosnou e Akihiko fez sua melhor expressão inocente tentando esconder sua satisfação.
— Ontem a tarde. Eu creio que eles sairão hoje. Como eu disse a srta Mitsashi é muito especial. E todos podem ver isso. - ele fez uma pausa, antes de dar uma olhada de esguelha para Neji - Especialmente os homens. - Mal ele havia terminado de falar, o Hyuuga começava a entrar no Clã. - Oe Neji, onde vai?

So tell me what I need to do (Então me diga o que eu preciso fazer)
To get myself away from you (Para me afastar de você)
To keep myself from going down (Para me impedir de desmoronar)
All the way down with you (Todos os caminhos são ruins com você)
All the way down with you (Todos os caminhos são ruins com você)

— Acho que é uma ótima hora para o treinamento de todos os guardas daqui. - ele resmungou deixando o outro Hyuuga com a certeza de que alguns membros do clã apanhariam bastante aquele dia.
Suspirou. Assim diminuiria ainda mais as opções para ajudar na construção do muro.

***

— Eu já te agradeci por se oferecer para me acompanhar nesse passeio, Shikamaru? - Ino perguntou distraidamente enquanto olhava para as barracas cheias no centro comercial de Suna com o Nara em seu encalço.
— Eu não me ofereci. Você me obrigou.
— Ora, não me diga que estava com saudades de mim. - ela choramingou manhosa, mas logo sorriu encantada com uma barraca de joias com pedras de vários tipos e tamanhos - É tudo tão lindo. Eu realmente fui uma estupida de não ter aproveitado para fazer compras ao invés de ficar tentando colocar juizo na sua cabeça.
— E se encontrando escondida com o Kazekage. - Shikamaru completou recebendo um olhar sujo da amiga. - Eu realmente estou surpreso de você ter aceitado vir.
— Eu também pra ser sincera. - ela confessou experimentando alguns brincos e pulseiras - Mas não é como se eu tivesse aceitado me ligar ele para sempre não é!?
— Você sabe que é exatamente o que está acontecendo agora que vocês terão um filho junto, não é?! - ele ironizou e ela o olhou sem dizer nada antes de continuar seu caminho e ele a seguir - Qual é, até você sabe que não pode varrer isso para debaixo do tapete quando quiser.
— Eu nunca varreria minha filha para debaixo do tapete!! - ela exclamou indignada
— Eu estou falando de sua relação com Gaara!
— Oh. - ela suspirou - Eu sei ok?! Nós conversamos como adultos, tentamos nos conhecer melhor, posso até dizer que adquirimos uma certa amizade. Bem maduro da minha parte heim?!
— Vocês voltaram a ter alguma recaida? - ele perguntou direto fazendo o sorriso dela morrer.
— Não seja indiscreto.
— Uma pessoa madura não veria essa pergunta como nada demais. - ele rebateu impedindo que ela fugisse - Se vocês estão em uma relação madura e esclarecida, estabeleceram regras de convivência.
— Pode ter certeza que sim. 
— Então?
— Não! - ela mentiu - Eu e ele somos apenas amigos. - ela frizzou
— Não estou te cobrando nada, Ino.
— É exatamente o que está parecendo.
— Eu só quero ter certeza até que ponto você está envolvida com a vida do Kazekage agora. 
A loira o olhou confusa, mas o mesmo já olhava em direção as nuvens lá no céu. Então sua atenção se voltou completamente para uma barraca do lado oposto onde um conjuntinho de bebê estava exposto. Era vermelho e dourado, e tinha sapatinhos para acompanhar e uma manta com detalhes em ouro. Era majestoso.
— É lindo. Digno da realeza não?! - ela mostrou para Shikamaru e mal conseguia conter a empolgação - Minha mãe está tricotando algumas roupas, mas eu ainda não tinha tido tempo de comprar algo para ela. Na verdade com tudo o que está acontecendo eu mal tive tempo, mas isso aqui é perfeito. 
— Ela não vai vender. - Ino ouviu a voz grossa e viu que um homem grande e barrigudo com cabeça raspado e barba que chegava ao peito, os olhava com os braços cruzados e altivez.
— E por que não? - A loira perguntou, de repente notando que todos os olhos estavam sobre ela e Shikamaru estava tenso ao seu lado. Quase protetor. 
— Não está a venda. - o homem rude respondeu 
— Jiren! Basta! - A velha senhora dona da barraca murmurou.
— A roupinha não está a venda? - Ino perguntou a ela, ignorando o homem, mas novamente a senhora não conseguiu responder antes dele.
— Não para você!
— E por que não? 
— Ino. - Shikamaru tentou tirá-la dali, mas aquela altura, uma pequena multidão os rodeava.
— Somos de Konoha, temos uma aliança com Suna a anos! - a loira disse sem entender.
— O problema não é nossa vila, Ino. - Shikamaru informou.
— E qual é o problema comigo então?
— Todos já sabem que você carrega o filho do demonio! - Jiren respondeu com desgosto e até cuspiu no chão para provar seu ponto.

I want you, but not for your devil side (Eu quero você, mas não o seu lado ruim)
Not for your haunted life (Não sua vida assombrada)
Just for you (just for you) (Só você (Só você))

Ino não esperava por essa, e viu com surpresa que ninguém ali, incluindo Shikamaru, não ficou surpreso com aquelas palavras. Com descrença ela percebeu pela expressão de alguns que concordavam com o homem rude o que a deixou ainda mais atordoada.
— Sem duvidas está criando em suas entranhas outro pequeno demônio. - Jiren continuou e dessa vez ele havia ido longe demais.
— Não ouse falar assim do meu filho! - ela rosnou automaticamente adquirindo uma posição de ataque, fazendo Jiren sorrir debochado.
— O filho de um demônio, não pode ser outra coisa. E digo mais, quem deita-se com ele, é tão impura quanto o demônio!
— Aquele que chama de demônio, é o Kazekage de Suna, então eu sugiro que meça suas palavras antes que ele cuide disso com suas próprias mãos.- Shikamaru disse tentando manter-se diplomático, ainda que seus punhos estivessem fechados desde o momento que aquele homem começara a falar - Ou eu próprio posso cuidar.
— Ninjas de Konoha se mostram tão selvagens contra o próprio demônio que nos governa. Sabemos que tem seu próprio demônio afinal que também é Kage.
— Sim, o nome dele é Naruto Uzumaki e ele salvou as bundas de todos vocês não por uma vez. - Ino explodiu irritada - Assim como Gaara alias! Desde que tornou-se Kazekage, Suna tornou-se uma das cidades mais prosperas e seguras de todo o mundo Shinobi. Ele dá a sua vida por malditos ingratos como vocês. Qual é o problema de todos vocês? Eu sei o que é temer algo tão poderoso, mas o Shukaku se foi há anos e Gaara é o homem mais honrado e sábio que Suna poderia ter como seu Kazekage. Quando abrirem a boca para jorrar porcarias, ou então concordar com pessoas como este homem, se perguntem onde ele ou vocês estavam quando a Akatsuki ou seus outros inimigos tentaram acabar com sua vila. Eu lhes direi onde Gaara estava. - ela os olhou com ferocidade - Na linha de frente da batalha, sacrificando a si próprio antes que algo acontecesse a vocês. - bufou - E uma última coisa. Eu tenho orgulho de ter um filho de Gaara, por que eu sei que se ele herdar 1% de sua honra, ele será uma grande pessoa.
E dizendo isso, ela marchou em direção a mansão do Kazekage, por onde passava a multidão abria caminho e alguns até a aplaudiram, mas ela não prestava atenção. Seu coração disparado e a mão protetoramente contra sua barriga, ela apenas percebeu que chorava quando Shikamaru passou os braços contra seus ombros e a puxou para um abraço.
— Eles foram tão crueis. - ela soluçou.
— É o que eu queria que soubesse Ino. O Kazekage ainda sofre hostilidade por um pequeno grupo de pessoas que o culpam pelo Shukaku.
— Acha que eles faziam qualquer coisa contra o nosso filho? - ela murmurou repentinamente tensa com a possibilidade, mas Shikamaru limpou suas lágrimas com delicadeza.
— A hostilidade deles é tão grande quanto sua coragem é curta. Eles nunca ousariam fazer mal á algo que despertasse a fúria de Gaara. Com Shukaku ou não, ele ainda é um homem a se temer e eles sabem disso.
— Bom, eu sou uma kunoichi a se temer também. - Ela murmurou e Shikamaru sorriu
— E agora eles sabem disso.

****

Neji deu duas batidas na porta e percebeu que a prima pareceu despertar de seus próprios pensamentos enquanto olhava pela janela de sua sala. Ao vê-lo ela deu um sorriso que não chegou até seus olhos, mas foi o que bastou para ele entrar e fechar a porta atrás de si. 
Imediatamente Hinata tomou uma postura profissional, passando os olhos pelos milhões de papeis em sua mesa.
— Mandou me chamar? - ele perguntou, ainda limpando a testa com uma toalha. 
— Soube que estava em uma sessão de treinamento intenso com a guarda. - Ela disse - Akihiko disse que estava dando uma surra neles e que eu precisava salvá-los.
— Akihiko está se tornando um grande fofoqueiro. - Neji revirou os olhos.
— Bom, mas já que está aqui eu gostaria que ajudasse Akihiko com a reconstrução do muro. Devido a longa extensão de danos, pode demorar mais do que o esperado se não fizermos um bom planejamento e tivermos uma fiscalização para que ninguém faça corpo mole - ela murmurava tensa, enquanto ele apenas a ouvia em silêncio - Eu acredito que já saiba o que houve. - completou e ele queria realmente bater em Naruto por deixá-la daquele jeito.
— Eu soube quando cheguei. Sinto muito não ter estado aqui.
— Não é sua obrigação e nem é sua culpa. - Ela apressou-se em pontuar e ele acenou em aceitação ainda que não sentisse assim - E de qualquer forma, não era algo que poderia impedir. Ninguém poderia.
— Eu sinto muito ainda sim. - ele a viu engolir em seco, mas novamente adquirir uma posição séria.
— Não tenho tempo para me deixar cair em lamurias com tanto no clã para resolver.
— Eu e Akihiko podemos cuidar disso.
— Eu sei que podem, mas eu também tenho outros assuntos para resolver. - ela disse rapidamente e suspirou - Eu estou bem, Neji. Por favor não me trate como a garotinha frágil de antes. Não agora.

So tell me why it's always your devil side (Então me diga como lidar com seu lado ruim)
It's always your dangerous mind (Como lidar com a sua mente perigosa)
It's never you (Mas nunca com você)

— Como quiser. - ele concordou, mas podia ver com preocupação aquela garotinha frágil sendo escondida por uma mascara de frieza que não combinava com ela e sim com seu pai.
Com o rumo de seus pensamentos, foi com surpresa quando Hana interrompeu sua conversa com polidez, mas visivelmente apreensiva.
— Eu sinto muito interrompe-los, mas eu acho que os dois precisam saber disso.
— Do que está falando Hana? - Hinata perguntou imediatamente em alerta, assim como Neji.
— É Hiashi-sama. - ela disse agoniada.
— O que tem ele?
— Acho que precisam ver com seus próprios olhos.
Eles atravessaram os dominios do clã até a casa nos fundos onde Hiashi era mantido. Os dois Hyuugas entreolharam-se apreensivos sem saber o que realmente esperar quando entraram no pequeno casebre.
Era a primeira vez que Neji adentrava a prisão particular de Hiashi e não ficou surpreso com a vida confortavel que Hinata o proporcionava, ainda que o mesmo merecesse menos que uma sela fria e dura.
— Oto-san? - Hinata murmurou com cuidado, chamando o homem que parecia parado em frente a janela olhando lá para fora apaticamente. Assim que a ouviu, contudo, virou-se para encará-los e os chocou com o sorriso.

So who's gonna save you now? (Quem vai te salvar agora?)

— Chibi, você voltou a sair por aí sem proteção. - As palavras debeis tinham um tom divertido que Hinata nunca tinha ouvido. Ou achava que não. - Vai deixar sua mãe louca desse jeito, Hanabi começou a andar e já a deixa preocupada o suficiente. - ele continuou, sentando-se em sua poltrona e servindo-se chá - Da próxima vez leve Neji com você. Ele um dia será seu protetor afinal. - completou e nesse ponto Neji reconheceu com amargor o tio, ainda que o tom não fosse o mesmo e as próximas palavras o desarmariam por completo - Você é o único que eu confiaria a vida de meus tesouros, Neji. Sei que não vai me decepcionar. - finalizou com uma risadinha - Ora o que estão fazendo aí em pé, sentem-se comigo. O trabalho está me deixando louco, mas consegui algumas horinhas para gastar com vocês. 
Hinata e Neji se olharam tensos e então sentaram-se. Sem muitas opções, Hinata se viu próxima ao pai como a um bom tempo não ficava. O mesmo deu então um olhar para Hana que pareceu entender suas intenções.
— Eu os sirvo. - ela disse dando um olhar nervoso para todos os Hyuugas e então servindo seus chás.
— Por favor diga a cozinheira que prepare o chá de sua senhora. Ela voltará em breve com Hanabi do passeio e gosta de seu chá quente.
— Oto-san... - Hinata começou ainda sem saber exatamente o que fazer. A realização do que acontecia com seu pai, a apavorava imensamente. - Oka-san...e-ela.... - Hesitou, sem saber como diria aquilo. Então foi pega de surpresa quando Hiashi apenas aproximou-se e lhe deu um beijo na testa e segurou sua mão com carinho.
— Não se preocupe. Sua mãe não pode ficar brava com você. Eu nunca deixaria que alguém gritasse com minha herdeira, nem mesmo minha querida esposa. - ele disse como se contasse um segredo divertido e Hinata não teve mais duvidas da pavorosa doença que acometia seu pai - Oh minha querida, não chore por favor. - ele murmurou e então a trouxe para mais próximo até tê-la em um abraço acolhedor, mas tão rápido como veio também se foi e Hiashi levantava-se em um rompante. 
— Hiashi-sama... - Neji disse com apreensão.
— Deveriam estar treinando! - o tom de voz amável havia sumido e dado lugar ao tom duro que eles conheciam melhor. - Se não se esforçarem nunca poderão assumir o clã! A herdeira do clã chorando é um grande desproposito! Recomponha-se! Nunca mostre fraqueza a ninguém! Após o funeral de sua mãe vocês começarão ao treinamento intensivo no dojo principal. Estejam preparados. E não quero desculpas. Retirem-se.
— Mas oto-san...
Surpreendendo a todos mais uma vez, o velho Hyuuga pegou sua chaleira e então a jogou contra a parede, fazendo Hana soltar um grito de assombro.
— RETIREM-SE! RETIREM-SE AGORA! EU QUERO FICAR SOZINHO! EU SOU O LÍDER DO CLÃ! RETIREM-SE!
Seu ataque de fúria teve de ser parado por Neji que o imobilizou enquanto o mesmo continuava a gritar improperios e ameaças.
— O que faremos Hinata-sama? - A assistente perguntou e Neji só então percebeu que Hinata não tinha mais lágrimas nos olhos e havia voltado a ficar inexpressiva.
— Solicite que algum médico venha vê-lo. E também alguém para limpar essa bagunça.
— Certo.
— Hana.
— Sim?
— Também precisaremos de algo para prendê-lo enquanto tiver...tendo esses surtos.
— Você diz imobilizá-lo permanentemente - Hana a olhou assustada, assim como Neji.
— É apenas para sua própria segurança. Ele pode machucar-se seriamente. - desviou o olhar - Ou outras pessoas.
Quando Hana se foi, Neji olhou para Hinata em silêncio enquanto a mesma voltava a aproximar-se do homem descontrolado.
— EU SOU O LÍDER DO CLÃ! COMO OUSAM TOCAR-ME!? LARGUEM-ME OU SINTAM MINHA FÚRIA! EU SOU... - sua fala se perdeu quando ele desmaiou após um golpe certeiro de Neji.
Com a ajuda de Hinata, eles o colocaram em cima do sofá confortavelmente.A líder do clã se afastou dele brevemente e o olhou com resignação, antes de beijar sua mão.

Who's gonna save you? (Quem vai te salvar?)

— Eu também estarei aqui para o senhor também, oto-san. Não importa por que. - ela prometeu com uma expressão séria, mas assustadoramente parecida como a que aquele homem desacordado costumava usar.

Who's gonna save you? (Quem vai te salvar?)

— Eu não aceito. - Torh esbravejou diante da mesa do Hokage que a olhava com desdém feroz. Vendo toda a cena estava Sasuke que fora chamado com urgência pelo loiro e teve de deixar sua maravilhosa esposa e alguns cômodos sem batismo para ver aquele show.
Antes mesmo que chegasse no prédio do Hokage, ele já sabia o que acontecera e algumas coisas mais.
— Não há nada que possa fazer. Sua dispensa da ANBU já foi assinada e você foi transferida para a policia de Konoha. - Naruto disse sério, ainda que houvesse uma certa ponta venenosa em seu tom - Mas você pode recusar-se e ir para a academia ser professora. Ou abrir seu próprio negocio no comercio.
— EU SOU UMA NINJA DA VILA.
— E eu sou o Hokage. - Agora Naruto era ameaçador - E você não é mais da ANBU. Aceite a policia ou não agora mesmo.
— Isso é injusto, Naruto e sabe disso
— Aceite ou não.
Sem saída, a ruiva engoliu o próprio choro e acenou resignada
— Eu aceito.
— Uchiha, ela é sua responsabilidade agora. - Naruto exclamou - Agora pode se retirar, Torh.
A ruiva não insistiu e fazendo uma breve reverencia, ela se retirou e Sasuke finalmente voltou-se completamente para o Uzumaki a espera.
— Desculpe chamar você. Apenas queria tornar isso oficial o mais rápido possivel. Mas ela começará apenas semana que vem, pode aproveitar o resto de sua lua de mel. - ele tagarelava visivelmente chateado, lembrando a Sasuke o dobe encrenqueiro de antes.
— Ah dobe, eu disse que seus casinhos um dia ainda iam te dar dor de cabeça. - ele zombou passando a mão pelo rosto, mas não recebeu um xingamento como esperava. O loiro estava realmente chateado, e Sasuke podia ver as olheiras fundas debaixo de seus olhos. Era pior do que ele pensava. - Sabe que afastar Torh não vai melhorar as coisas entre você e Hinata.
— Eu a afastei para não cair em tentação de matá-la a cada vez que ela entrava na minha sala. - O loiro confessou com irritação e depois suspirou - Eu não sei se qualquer coisa que eu faça vai melhorar as coisas com Hinata.
— Peça desculpas de uma vez.
— Acha que eu não pedi?
— Peça novamente. Humilhe-se. Implore. Ofereça qualquer coisa para tê-la de volta. - Sasuke sorriu para a expressão indignada do Hokage - Nós dois sabemos que não há outra opção.
— Aparentemente ela não pensa assim. - Naruto resmungou chateado remoendo as palavras da noiva. - Ela me lembrou aquele maldito Hyuuga.
O Uchiha suspirou debatendo quais seriam suas próximas palavras.
— Há algo que deveria saber.
— O que? - O hokage não prestava muita atenção, enquanto tentava aliviar a própria dor de cabeça.
— Minhas fontes me informaram que essa tarde médicos foram chamados para atender Hiashi Hyuuga.
— Ele está doente então... - O loiro não poderia se importar menos, honestamente.
— De certa forma. - as palavras enigmáticas do Uchiha lhe chamaram a atenção - Doença da mente pelo visto. O velho Hyuuga parece ter enlouquecido de vez.
— Maldito. - Naruto soltou uma risadinha que deixou o moreno confuso - O desgraçado conseguiu se livrar da sua prisão, indo se esconder dentro da própria mente.
— Isso é algo muito sério, Naruto.
— Eu sei. - ele confessou massageando as próprias temporas - Eu apenas não acho que é castigo suficiente para tudo o que ele aprontou.
— Mas e quanto a Hinata? Ter o pai nesse estado, a briga com você, e ela ainda tem que arcar com a construção do muro. Há pouco pessoal para o trabalho.
— Como você sabe de tantas coisas, teme?
— Eu tenho meus contatos. - O moreno disse borçal.
— Você é um maldito fofoqueiro isso sim.
— Diga o que quiser. Apenas faça o que tem que fazer, Hokage.

To tell me what I need to know (Então me diga o que eu preciso saber)
To make you want to change it all (Para fazer você querer mudar tudo isso)
To keep myself from going down (Para me impedir de desmoronar)
All the way down with you (Todos os caminhos são ruins com você)
All the way down with you (Todos os caminhos são ruins com você)

Antes que Naruto pudesse dizer mais alguma coisa, o chefe de policia havia sumido como Kakashi sempre fazia e ele se viu experimentando a fúria da antiga Hokage. Ele realmente podia jogar alguém pela janela naquele momento, sem duvidas, lhe ajudaria muito.

***

Ino sentiu o vento gelado contra sua pele, enquanto observava a vila da areia pela grande varanda do primeiro andar. Após os eventos daquela manhã, ela almoçou com Shikamaru e Ichigo e em seguida dormiu o suficiente para acordar quase na hora do jantar com bastante fome. Gaara também não estava presente. Aparentemente seu afastamento prolongado lhe deixou com bastante trabalho acumulado. Ela não reclamava, também estava receosa de encontrá-lo. Não que concordasse, mas os sentimentos protetores que se afloraram nela em relação não apenas ao seu bebê, mas também ao pai dele, ainda a assustavam.
Foi pega de surpresa então ao sentir algo sendo colocado em seus ombros e percebeu ser um grosso xale cor de vinho e quem o colocara era exatamente o homem em quem pensava nos últimos minutos, e para ser franca na maioria dos minutos de todo seu dia. Gaara agora tomava o lugar ao seu lado na sacada, olhando a vila lá embaixo como ela fazia, mas o que lhe chamou a atenção foi a caixa em suas mãos.
— Como foi seu dia? - ele perguntou de repente e ela recostou-se contra o parapeito de mármore e olhou o céu.
— Interessante. E o seu?
— Cansativo.
— Vida de Kazekage não é fácil. - ela ironizou.
— Não. - ele concordou. Ainda lado a lado, eles podiam sentir um clima confortável ainda que a tensão natural entre eles fosse inegável, até isso já começavam a acostumar-se - No meu caso é um pouco complicado quando se ataca a própria vila.
— Naruto que o diga.
— Em casos assim, é comum ter pessoas que não nos aceitem e provavelmente nunca nos aceitarão.
— É injusto. - ela resmungou, abraçando o próprio corpo com o xale.
— É compreensível. - ele rebateu e ela o olhou como se fosse louco - Pessoas que perderam muito tendem a não esquecer com facilidade. 
— Aquele homem...
— Perdeu o pai. - Gaara disse com frieza, mas Ino podia ver a dor em seus olhos 
— Eu sinto muito. Mas ele tem que entender que colocar a culpa em você não é o certo. Você é tão vitima quanto ele.
— Eu relevo suas incitações contra mim também a pedido da mãe dele. Ela já tem uma certa idade.
Ino lembrou-se da velha senhora amedrontada e por um instante sentiu pena por ela. Mas ainda não tinha nenhum sentimento parecido para com o filho dela.
— Ainda sim, eu nunca toleraria que ele ameaçasse qualquer um dos meus amigos. Muito menos causasse estresse a mulher que carregue um filho meu.
— Eu estou bem. Não precisava fazer nada.
— Eu fui pessoalmente avisá-lo que não admitiria que qualquer um a aborrecesse. - o ruivo disse sério e Ino podia apenas imaginar o pavor do homem ao ver o demônio que tanto temia. Não podia deixar de ficar satisfeita com isso. - Também fui buscar isso. - ele completou empurrando a caixa em direção a loira que deu um pequeno sorriso confuso.
Ao abrir a caixa, entretanto, ela ficou extasiada ao ver exatamente a roupinha que a encantara no comercio. A roupinha vermelha, os sapatinhos e a manta, o conjunto completo e parecia ainda mais perfeito.
— Shikamaru disse que você não conseguiu levar devido a confusão.
— Sim. - ela concordou sabendo que a esta altura seus olhos começavam a marejar - É o primeiro presente do neném. - disse sorriso emocionada - Obrigada.
Então novamente o ruivo a surpreendeu, tirando do bolso um colar com uma bonita esmeralda em formato de coração e colocar em direção aos seus olhos. Ela imediatamente reconheceu como uma das peças que interessou-se mais cedo.

I want you, but not for your devil side (Eu quero você, mas não o seu lado ruim)
Not for your haunted life (Não sua vida assombrada)
Just for you (Só você)

— E essa é como um agradecimento por ter saído em minha defesa. 
— Shikamaru está me saindo um grande fofoqueiro.
— Na verdade, essa parte uma das empregadas da mansão ouviu e me contou esta tarde. 
— É lindo. - ela murmurou tocando a esmeralda com adoração. Gaara aproximou-se e entendendo sua inteção, ela virou-se e prendeu os cabelos, enquanto ele lhe colocava o cordão.
Ao virar-se ela estava encantada. E ele também.
— É lindo. - ele concordou, mas o modo como a olhava fez ter dúvidas sobre a que ele se referia. E apenas pensar sobre isso fazia novos sentimentos florescerem dentro de si de forma cada vez mais forte.

***

Akihiko suspirou cansado dando por encerrada a noite. Amanhã começariam o muro com as pessoas que conseguiu recrutar. Precisava de uma boa noite de sono, então esfregou os olhos para ter certeza de que seus olhos não o enganavam.
Naruto aproximava-se com as mãos nos bolsos, vestido com roupas simples de ninja e cabelos desgrenhados.
— Hokage-sama.- ele disse com respeito recebendo um olhar mau criado do loiro - Em que posso ajudá-lo?
— Eu preciso falar com Hinata.
— Acha que é uma boa ideia?
— Acha que eu vou discutir isso com você? - Naruto rebateu rabugento
— Eu sei que sou provavelmente a última pessoa que ouviria sobre Hinata, mas ela passou por um dia bastante estressante hoje e realmente não precisa de mais alguém lhe trazendo problemas.
— Então eu sou o problema. - O loiro ironizou - Talvez o problema seja você, fazendo a cabeça dela.
— Ou talvez seja você e a sua cabeça sempre apontada para o próprio umbigo.
— Sabe de uma coisa, almofadinha, eu estou mesmo precisando de algum saco de pancadas. E você vai ser perfeito. 
— O que achar melhor, Hokage.
— Eu não vou nem usar o chacra da Kyuube pra você.
Akihiko não era o ninja despreparado que Naruto pensava e ela teve mais dificuldades para acertá-lo do que pensou, mas ainda sim o fez eventualmente chocando seu punho contra o queixo dele. Guardas imediatamente se aproximaram, mas o Hyuuga os parou.

So tell me why I deal with your devil side (Então me diga como lidar com seu lado ruim)
I deal with your haunted life (Como lidar com a sua mente perigosa)
Never with you (Mas nunca com você)

— Estamos bem. Por favor certifiquem-se que ninguém apareça por aqui. 
— Já está até dando ordens no clã! - Naruto provocou - Será que está repensando o cargo de marido da Líder do Clã?
— Eu faco parte de seu conselho dentro do clã. Ela confia em mim. - e isso o fez receber um novo soco, mas dessa vez ele também conseguiu acertar o estomago do Hokage que se afastou. 
— Qual é a sua afinal almofadinha? Com essa sua atitude toda camarada, você não me engana!
— Talvez eu não tenha uma história de vida tão honrosa quanto o grande Rokudaime, mas também aprendi muitas lições em minha vida e uma delas é ser grato e apoiar as pessoas com quem nos importamos.
— Cala a boca de uma vez! - Apesar de seu poder normal, Naruto estava fraco e sem dormir. Akihiko foi esperto em aproveitar-se disso e acertá-lo com força o fazendo cair no chão, mas não sem antes passar uma rasteira que fez o Hyuuga também ir parar no chão. - Eu odeio você.
— Eu também não lhe tenho muito apresso Hokage.
— E eu realmente esperava mais de dois ninjas com reputação como a de vocês. - eles ouviram uma terceira voz e viraram-se para ver Neji observá-los com os braços cruzados. - Um ninja de elite e o Hokage brigando de socos como dois moleques. É vergonhoso.
— Eu tentava aconselhá-lo a não ser um imbecil completo.
— Eu não acho que um dia ele possa aprender isso.
— Hei!!! - O loiro protestou, voltando a se recompor, enquanto Neji ajudava Akihiko a levantar-se. - Desde quando é amigo desse almofadinha, Neji! - perguntou acusador.
— Desde que ele é o único que é apto e disponivel para me ajudar a refazer os muros e suas seguranças no menor tempo possivel. 
Naruto olhou para o muro com desgosto e Neji suspirou percebendo que o amigo estava mal.

Who's gonna save you now? (Quem vai te salvar agora?)

— Hinata já se recolheu. Por que não vai dormir também? Escute, Hinata está passando por bastante coisa e ela realmente não precisa de mais problemas. O que ela realmente precisa é de soluções. - completou distraidamente voltando a aproximar-se de Akihiko.
— Foi ótimo conversar com você, Hokage-sama. - Akihiko disse e o loiro o olhou com raiva, mas Neji foi sábio o suficiente para afastá-los e praticamente arrastou o outro hyuuga para longe.
Sozinho, Naruto tinha as palavras de Neji e Sasuke martelando em sua mente e pela primeira vez resistiu ao próprio impulso de invadir o clã e ir atrás da morena, dando a ela o espaço que a mesma queria.

Who's gonna save you? (Quem vai te salvar?)

Enquanto isso, em seu próprio quarto, Hinata revirou-se na própria cama por mais uma vez antes de abrir os olhos e encarar o próprio anel em seu dedo. Naruto não a procurou como parte dela achou que ele faria, invadindo o clã e impondo sua presença. Não pode deixar de se perguntar o que aquilo poderia significar e ainda que na noite anterior pudesse parecer certa de suas convicções, as mesmas não pareciam mais tão importantes agora que encarava a própria solidão e a saudade.
Balançando a cabeça, ela obrigou-se a pensar objetivamente. Havia responsabilidades agora e talvez em sua nova vida não houvesse espaço para impulsividade e possessividade de Naruto.

Who's gonna save you now? (Quem vai te salvar agora?)

Mesmo que apenas pensar sobre isso lhe partia o coração, ela devia começar a considerar a vida sem Naruto Uzumaki.

Who's gonna save you? (Quem vai te salvar?)