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História Paraíso Imperfeito - Decisões


Escrita por: Pink_Babaloo

Capítulo 45 - Decisões


"Porque, amor, você parece mais feliz, você parece
Eu sei que um dia você se apaixonaria por alguém novo
Mas se ele partir seu coração como os amantes fazem
Saiba que eu estarei aqui esperando por você"

(Tradução de Happier - Ed Sheeran)

 

 

— Desde que horas ele está aí? - Akihiko perguntou sem esconder sua surpresa, para um dos guardas, enquanto observava de longe a figura improvável trabalhando no muro do Clã.

— Ele passou a noite inteira aí, na verdade. - O outro Hyuuga respondeu, uma pontinha de admiração que ele tentava esconder.

Qual não foi a surpresa de Akihiko ao levantar aquela manhã pronto para começar o trabalho no muro, mesmo que fosse sozinho, e encontrar o muro não apenas em estado adiantado de reconstrução, como quem o fazia era ninguém menos que o próprio Hokage sozinho.

O loiro não vestia sua capa costumeira, apenas trajando suas calças negras e sandalias ninjas, sem camisa, chamando a atenção de várias moças que passavam por ali e não escondiam seus olhares maliciosos e surpresos, ainda que o Uzumaki parecesse alheio a todos eles. A atenção completamente voltada ao seu trabalho manual que Akihiko havia de admitir que era feito com muito capricho.

Depois de passar algumas instruções a uma das empregadas, ele se aproximou do Hokage que manteve o silêncio e assim se passou um minuto inteiro, antes de Naruto finalmente encarar o Hyuuga certinho com seu costumeiro deboche.

— Será que posso ajudá-lo em algo?

Antes que Akihiko pudesse abrir a boca, a empregada se aproximou trazendo uma bandeja com o que parecia um reforçado café da manhã. O loiro levantou uma das sobrancelhas desconfiado, mas o outro ninja manteve-se sério.

— Por favor coma e descanse, e eu o ajudarei. - Ele então deu um pequeno sorriso - Acho que duas pessoas podem fazer isso ainda mais rápido, não?!

Naruto revirou os olhos sentando-se no chão enquanto finalmente era servido e Akihiko tomava seu lugar no muro.

— Kami-sama você é tão irritante. - Ele murmurou mordendo o primeiro pedaço de comida e ouvindo a risada frouxa vinda do Hyuuga.

***

— Ohayo Neji-san. - Hinata cumprimentou o primo sentindo-se bem mais disposta aquele dia. Sentando-se a mesa, ela serviu-se e em seguida percebeu o primo observar algo pela janela - O que está vendo? Akihiko começou a reconstrução do muro? Ele estava realmente se esforçando para conseguir um grupo para começarem o quanto antes. 

— A reconstrução do muro realmente começou. - Neji respondeu, mas algo em seu tom parecia estranho 

— Eu cheguei a contratar pessoas de fora para isso, mas ele falou algo sobre ser um trabalho para os próprios Hyuugas. - deu de ombros - Estou começando a dar mais importância a todas essas regras do clã, na verdade.

Nesse ponto, Neji finalmente virou sua atenção completamente para ela.

— Seria uma impressão equivocada minha, ou você também está tentando se parecer com aqueles que criaram todas essas regras?

Hinata suspirou.

— Estou apenas tentando não deixar meus sentimentos atrapalharem minha razão. Já fizeram isso por tempo demais. - concluiu mais baixo, aborrecida.

— O que você está vendo como fraqueza, eu vejo como qualidade.

— Eu não mudei meu modo de pensar, Neji. Sou a mesma pessoa e quero as mesmas coisas. - confessou vendo todo seu bom humor indo embora e seu esforço para parecer animada sendo desperdiçado - Apenas precisei reforçar meus escudos ou então desabaria.

— Você não precisa reforçar seus escudos, pois tem apoio necessário para manter-se de pé. - Neji rebateu com seriedade, aproximando-se dela e a surpreendendo com um beijo na testa - Lembre-se, não precisamos de outro Hiashi como líder. - Então começou a se afastar, mas antes hesitou - A propósito, a reconstrução do muro realmente começou, mas não foi pelas mãos de Akihiko. - e dizendo isso, ele simplesmente se foi deixando a prima confusa sozinha.

Curiosa, ela levantou-se e foi até a janela que dava exatamente para o muro destruído. Ela apenas não esperava ver Naruto Uzumaki, o Hokage sem camisa, carregando pedras e reerguendo manualmente o muro.

***

Os planos de Sakura e Sasuke de aproveitar mais alguns dias de folga para a lua de mel eram apenas um sonho distante quando um ANBU apareceu em suas janelas aquela manhã convocando Sasuke a ir ao prédio da policia onde era solicitado.

O que o Uchiha não esperava enquanto andava pelos corredores do prédio, vestido com o uniforme azul escuro, era entrar em sua sala e encontrar o diplomata do conselho, Hideo, sentado polidamente a sua espera. Ao se verem, ambos os homens assumiram imediatamente uma postura profissional e polida e fizeram uma seca reverencia mútua antes de voltarem a sentar, Sasuke em seu lugar e Hideo a sua frente.

— Primeiramente Chefe Uchiha gostaria de informá-lo que foi chamado pois o próprio Hokage não encontra-se em sua sala e ainda não foi encontrado na verdade.

"Maldito dobe"

— Em que posso ajudá-lo?

— Um dos senhores das terras do leste chegou essa manhã e precisará de escolta durante sua estadia aqui. Ele é guardião de uma gigantesca coleção de documentos históricos, alguns que possuem segredos militares do país do fogo que jamais pode cair em mãos erradas.

— Entendo.

— Ele será escoltado por jounnin's em sua volta para casa, mas durante sua estadia aqui, foi dado a policia de Konoha a missão de sua proteção. Como disse, eu pretendia ir direto ao Hokage, mas devido a sua ausência, meus superiores me deram ordens que o convocasse, mesmo tendo que atrapalhar sua lua de mel.  - pigarreou e a esta altura, Sasuke não pode esconder o sorriso superior e arrogante.

— Eu providenciarei isso o mais rápido possivel.

— Conto com isso. O policial pode encontrar o senhor no hotel. - e dizendo isso, ele começou a levantar-se - Bem, creio que isso encerra nossa conversa. 

Sayuri estava prestes a entrar na sala sem preocupar-se em se anunciar, quando a porta foi aberta primeiro e ela reconhecer com surpresa o ex-namorado da Haruno.

— Peço que transmita minhas lembranças a Sakura. - o diplomata disse assim que saiu da sala e continuou andando pelo corredor sem esperar a resposta de Sasuke que tinha uma linha fina no lugar dos lábios para a completa diversão da Uchiha.

— O que ele faz aqui? E o mais importante por que continua vivo? Você é realmente um molenga, Sasu-kun.

— Eu sou o chefe da policia e você deveria estar em ronda. - Sasuke rebateu sem abalar-se e nesse momento Kiba aproximava-se fazendo Sayuri ficar imediatamete tensa. - Inuzuka, chame Ury Arashi, ele será escolta de um senhor feudal pelos próximos dias, a partir de hoje.

— Não precisa. Eu fico. - Sayuri disse rapidamente, causando estranheza e surpresa aos dois homens.

— Por quê? - Kiba perguntou automaticamente.

— Você não vai a nenhum lugar com ele fora do cidade, se é isso que pensa. - Sasuke murmurou exasperado, voltando a entrar em sua sala e dessa vez sendo seguido pela Uchiha e o Inuzuka.

— Tudo bem pra mim. 

— Se está querendo apenas fugir das rondas, saiba que terá que ficar com ele durante todo o dia e talvez alguma noite. Sem pausas para descanso. - O Uchiha pontuou tentando descobrir qual era o plano da morena, mas a mesma parecia segura.

— Eu posso fazer isso! Já estou aqui a quase um ano e nunca tentei fugir ou matar ninguém...

— ...há quem discorde. - Kiba murmurou, mas ela o ignorou.

— ...Eu estou pronta e quero isso.

Sasuke analisou a mulher por um tempo e percebeu que a mesma não iria desistir.

— Certo. Vai direto para o Hotel agora mesmo. - Ordenou vendo a morena dar um sorriso - Kiba ficará com Torh por enquanto. Soube que ela já veio essa manhã para cá, vamos dar as boas vindas. - disse sarcastico já saindo.

— Desde quando você quer fazer a escolta de alguém? - Kiba aproximou-se da Uchiha confuso - Você tá muito estranha. Se conseguir se livrar até a noite podemos ir a casa de banhos. Eu já tenho a nova chave. - ele disse malicioso, mas a morena se afastou.

— Essa noite eu vou para casa ter uma boa noite de sono. - ela o cortou - Sozinha. - Completou antes que o mesmo pudesse dizer mais alguma coisa.

— INUZUKA SERÁ QUE VOCÊ FICOU SURDO? - eles ouviram a voz de Sasuke e o rapaz resolveu ir atrás do chefe que parecia bastante estressado, mas antes deu um último olhar a morena recostada na mesa.

— Muito estranha - Voltou a repetir antes de sair.

Sayuri cruzou os braços contra o corpo e mordeu a própria bochecha, habito que tinha quando era criança e ficava nervosa.

***

Impressionantemente, o muro já se encontrava em estado de grande adiantamento quando Hinata finalmente teve coragem de sair de seu escritório e ir olhá-lo pessoalmente. Automaticamente seus olhos vagaram em busca dos cabelos loiros e pele bronzeada, mas não o encontrou para sua decepção. 

Três Hyuugas da bouke e um da souke trabalhavam e ela sentiu-se na obrigação de apoiá-los e chamou uma das empregadas na intenção de lhe trazerem um lanche.

— Agradecemos Hinata-sama - a voz de Akihiko atrás de si a assustou e ela o viu aproximando-se - Mas já cuidamos disso, não se preocupe com isso. Eu tive que ir a ANBU pedir uma licença temporária para que pudesse me dedicar integralmente a isso.

— Você está realmente empenhado. - ela observou, enquanto sem conseguir conter-se seus olhos percorriam o Hyuuga analisando suas roupas simples e sandálias de palha que ela nunca pensou que o veria usando. 

— O que? - Ele perguntou percebendo sua analise - Eu não visto roupas ninjas e formais em tempo integral sabe. - ironizou, mas recebeu um sorriso irônico da líder que o lembrou muito um certo loiro sarcástico.

— Era o que parecia.

— Engraçadinha. 

— Eu vejo que conseguiu homens para ajudá-lo em sua missão. - ela disse voltando a adotar uma posição séria e olhando em direção aos trabalhadores, e imediatamente Akihiko fez o mesmo.

— Na verdade sim. Quando Neji estiver de volta, tudo ficará ainda mais rápido. - Disse com satisfação recebendo um aceno da morena - Claro que a ajuda do Hokage acelerou bastante as coisas, e por mais que me doa dizer isso, apenas sua presença motivou mais Hyuugas a ajudarem e até algumas pessoas de fora.

Hinata pigarreou pega de surpresa com a introdução do loiro na conversa repentinamente.

— Eu soube que ele passou a noite aqui.

— Sim. E se foi apenas quando precisou retornar aos seus afazeres de Hokage. - O Hyuuga informou para uma nova surpresa da morena que imediatamente preocupou-se com a falta de descanso do loiro - Apesar dos seus resmungos, ameaças e completo desprezo por normas sociais... - hesitou com um suspiro que chamou a atenção de Hinata - Ele se tornou apenas ainda mais admirável. Sempre surpreendendo, o desgraçado. - finalizou com uma risadinha, mas parou ao perceber a expressão séria da outra.

— Você diz não gostar dele, mas nunca para de exaltá-lo. - A morena resmungou parecendo inconformada e o ANBU piscou surpreso e em seguida deu de ombros.

— O que posso dizer? Temos de reconhecer as qualidades e esforço dos outros.

— Você é bom demais. - Dessa vez o tom de critica fez Akihiko soltar uma gargalhada alta. - O que é tão engraçado?

— Hinata-sama me perdoe, mas sua convivência com o Hokage realmente a fez ainda mais parecida com ele. Já o ouvi dizer isso uma ou duas vezes para mim com essa mesma expressão, sempre seguida de ameaças ou palavras de baixo calão.

A medida que ele falava, Hinata sentia seu rosto esquentar e estava prestes a pedir desculpas ao amigo, quando o mesmo continuou:

— Posso entender por que se dão bem juntos. - Aquelas palavras realmente causaram estranheza a Hyuuga que sempre se perguntou como duas pessoas tão diferentes podiam ficar juntas. E Akihiko fez questão de respondê-la antes mesmo que perguntasse - Vocês se completam.

Embasbacada com essa afirmação, Hinata quase não responde quando o ninja pede sua licença para voltar ao trabalho.

— E-eu v-vou precisar sair. - ela disse ainda nervosa com a conversa e o rapaz apenas acenou em concordancia antes de se afastar.

Dando um último olhar para o muro, ela hesitou antes de dar meia volta em direção a saída do clã.

***

A algumas ruas dali, Neji voltava ao clã perdido em seus próprios pensamentos, todos relacionados a certa kunoichi de olhos chocolates. Ainda não havia feito qualquer evolução no relacionamento dos dois que havia voltado a amizade de antes. Não que ele não gostasse disso, mas a cada dia que passava ao lado da Mitsashi percebia o quanto não era o suficiente. 

Foi um completo idiota, ele havia concluido há algum tempo, ainda sim não sabia como voltar a se aproximar da mestre das armas sem colocar tudo a perder. A verdade é que era um covarde em assuntos do coração e por medo de entregar-se completamente a seus sentimentos por Tenten tentava encobri-los por suas responsabilidades com o clã e com as primas, e acabou estragando a única coisa em sua vida que não era planejada. A única coisa que o fazia completamente livre.

Um suspiro frustrado saiu de seus lábios e como se fosse um grande imã, seus olhos desviaram-se em direção a uma pessoa que andava em direção contrária a sua, parecendo distraída. Uma mulher alta, cabelos castanhos longos que caiam em ondas, até a altura de seus seios, vestida com shorts bege, blusa verde escura de alças e botas cano alto, bonita e definitivamente alheia aos olhares que atraia, ou apenas não ligava para eles.

"Tarados" - Neji pensou com indignação. Ele estava prestes a desviar o olhar, até o choque da realização abatê-lo completamente ao reconhecer finalmente a moça bonita que chamava atenção.

— T-t-ten-ten!!!! - Sua voz deve ter saído mais alta do que ele imaginava pois ela o olhou e sorriu imediatamente indo em sua direção.

— Hei Hyuuga!! Como está a construção do muro de vocês?

— B-bem - ele respondeu automaticamente.

— Está voltando para o clã ou indo a alguma sessão de treinamento? Ou está voltando de uma? Onde você esteve ontem? Lee quase causa uma nova destruição da vila enquanto treinava uma de suas novas técnicas malucas. Sabe que temos que ficar de olho nele...

— TENTEN!

— O que? - Ela perguntou confusa com a explosão repentina do Hyuuga. - Você está vermelho como um tomate, está com febre? - murmurou preocupada, levando sua mão a testa dele os fazendo ficar mais próximos apenas aumentando ainda mais o constrangimento do Hyuuga que tinha seus olhos atraidos ao debote da blusa leve.

— Onde você vai? Que roupas são essas? - ele finalmente perguntou segurando seu pulso e afastando-se dela.

Tenten piscou confusa, dando um olhar para si própria e depois dando os ombros.

— São minhas roupas. Eu estou de folga e vou a um piquinique. - explicou calmamente, enquanto na cabeça de Neji ele apenas se perguntava por que ela falava como se fosse normal ela simplesmente sair de casa mostrando suas pernas e atraindo olhares de tarados.

Kami-sama, imediatamente sua cabeça encheu-se de pensamentos ciumentos enquanto fuzilava um por um os donos dos olhares cobiçosos de minutos atrás.

— Neji? Você está bem? - ela suspirou o olhando como se o mesmo fosse algum louco, quando claramente era ela quem havia perdido o juizo.

— Eu estou ótimo. Você é quem esqueceu que deveriamos treinar hoje. - ele rebateu triunfamente a fazendo arregalar os olhos.

— Nós marcamos algo? - perguntou preocupada. Ele teve ânsia de mentir, mas percebeu com raiva que sua honra era maior.

— Não... - confessou derrotado, vendo com constrangimento a castanha levantar uma das sobrancelha com indagação - Mas eu tenho um tempo agora. - ele apressou-se em completar. O desespero era tão óbvio que chegava a ser humilhante.

— Você não tem um muro para levantar?

— Akihiko vai fazer as coisas hoje. De fato, ele é melhor nisso do que eu, então talvez...seja melhor eu sair de seu caminho e deixar ele concluir o serviço.

— Ow, ow ow! Neji admitindo derrota. - ela piscou parecendo ter escutado que o próprio Kami-sama dançava pelado na praça principal - Me desculpe, mas eu estou muito chocada.

— Acredite, eu também. - ele resmungou entredentes - Então vamos de uma vez.

— Desculpe Neji, se tivesse me dito mais cedo, talvez... - por um instante, ela quase se perdeu olhando para o Hyuuga mal humorado, e se perguntou por que perder aquela chance. Mas, rapidamente ela balançou a cabeça se negando a afundar novamente naqueles sentimentos que a muito custo ela conseguiu adormecer em seu peito. - Realmente não posso faltar ao piquenique. 

— E com quem é esse piquenique afinal de contas? Desde quando você faz piquenique? - Cada vez que repetia a palavra "piquenique" o tom de Neji pingava mais ironia  

— Bem, na verdade é com Tsuke. Ele é um Anbu e...

— Eu sei quem ele é. - Neji a cortou

— E eu gosto sim de piqueniques. Bom, na verdade eu nunca fiz um, mas Tsuke prometeu levar bolinhos e biscoitos..

— Vai se vender por bolinhos e biscoitos!!!! - Neji a cortou novamente e agora começava a irritar Tenten com seu tom desesperado como se ela fosse uma louca indefesa.

— Quem aqui está falando sobre se vender!!! - ela explodiu - Vamos comer, pelo amor de Kami-sama, qual é o seu problema?

— Eu apenas não vejo como fazer um piquenique com um Anbu que claramente deveria estar trabalhando, pode ser algo divertido.

— Primeiro que Tsuke está de folga. E segundo que, obviamente você não pode ver, por que você não sabe o que é diversão!! - ela rebateu com irritação, vendo o Hyuuga fazer uma careta de indignação, então respirou fundo tentando se acalmar. - Quer saber? Eu não tenho tempo para esse papo de doido. Estou atrasada e com fome e você está acabando com meu bom humor.

— Kami proteja Tsuki então por ter que aguentá-la com fome e mal humor - Neji ironizou sem se conter e dessa vez foi a Mitsashi que o olhou com indignação e choque.

— VAI SE FERRAR! - e saiu pisando duro, parecendo com isso despertar o Hyuuga de sua própria bolha de ciúmes infantil.

— Espera, Tenten. Eu não acabei. Esper.... - Sua palavra foi cortada para sua própria cabeça manter-se intacta quando ele teve de usar todo o seu treinamento para desviar-se de uma kunai que certamente o faria perder um olho - Nossa!! Muito maduro Mitsashi! Muito maduro!! - ele gritou e no instante seguinte corou parecendo se dar conta do show que estava fazendo. - Muito maduro, Neji. Você é um idiota mesmo. - resmungou para si próprio, olhando a kunai em suas mãos e suspirando em derrota.

***

Kurenai serviu o chá com calma, enquanto sorria para a ex-aluna sentada a sua frente daquela maneira pólida e ereta que em nada fazia lembrar a garotinha insegura que ela conheceu.

— Estou feliz que tenha vindo. - Confessou - Parece que faz séculos que não nos falamos.

— Eu sei. - Hinata suspirou com arrependimento - Mas as coisas no clã me dão bastante trabalho. Sinto muito.

— Está tudo bem. Você está aqui. E podemos conversar e tomar chá com biscoitos de canela. Como nos velhos tempos.

— Sim. São meus prediletos. - A mais nova disse com um pequeno sorriso admirando os pequenos biscoitos antes de levar um aos lábios e suspirar ao senti-los derreter em sua lingua enquanto tomava um gole de seu chá - E continuam uma delicia.

— Obrigada. Então como está tudo? No clã, na sua vida. - A ex-sensei perguntou interessada, enquanto recostava-se mais confortavelmente em seu assento.

— Basicamente o clã é minha vida agora. - A ironia saiu muito mais amarga do que Hinata gostaria e apressou-se em sorrir para não preocupar a mulher sempre muito maternal consigo. - Eu estou tendo bastante trabalho, mas eu admito que gosto um pouco da rotina. É tranquilo.

— Eu soube de Hiashi. 

Hinata não se surpreendeu com a forma direta de Kurenai, ou com sua obvia despreocupação com o antigo líder do clã. Ainda sim a rapidez da fofoca era alarmante.

— Ele acordou melhor essa manhã segundo os médicos. Não está falando direito e sua memória passa a maior parte do tempo vagando pelo passado em tempos variados.

— Tempos em que ele tinha tudo. - Kurenai concluiu secamente - E como se sente sobre isso?

— N-na verd-dade eu n-não t-t-tive muito t-tempo para pensar s-sobre isso. - Dessa vez o questionamento deixou a Hyuuga desconcertada, mas a mulher não pareceu muito preocupada.

— Bem, você faz bem. Afinal de contas não há nada que possa fazer para mudar o atual quadro de Hiashi. - Ao perceber o brilho triste da mais nova, ela deu um sorriso de solidariedade - Você sabe que a loucura é irreversível uma vez que se instala. Mas você pode pensar que ele ainda está aí e se ele está revivendo memórias com sua mãe e vocês, então com certeza está em um lugar feliz. Há castigos mil vezes piores.

— Eu sei disso. Mas ainda é...chocante. E tudo parece estar vindo de uma vez como uma grande chuva de kunais em minha direção.

— Será que fala de Hiashi, do clã, ou do novo Hokage?

— Os três são kunais.

— E qual é a que está doendo mais? 

A Hyuuga levou a xicara de porcelana aos lábios na intenção de ganhar um pouco mais tempo, mas podia ver os olhos avermelhados da mulher em cada gesto seu.

— A verdade? Eu sinto como se tivesse anestesiada no momento.

***

Ino olhou admirada e boquiaberta para a grande estufa que parecia ser como um jardim particular e escondido dentro de uma cúpula de vidro. Ela podia sentir os mais variados cheiros e ver uma variedade excepcional de espécies de plantas até onde sua vista pudesse alcançar. Todas bem distribuídas em prateleiras, vasos, fileiras de terra.

— É maravilhoso. - Finalmente conseguiu dizer após quase um minuto de puro silencio chocado. Finalmente soltando o ar em seus pulmões, ela olhou para o ruivo ao seu lado que apenas acenou com as mãos nos bolsos.

Gaara ficou realmente satisfeito e secretamente orgulhoso com a obvia admiração da kunoichi com a estufa especial da mansão. Sua intenção na verdade era exatamente essa quando a convidou para um breve passeio antes do almoço.

— Como é que eu não sabia desse lugar antes? 

— Na verdade, ela ficou restrita nos últimos dias enquanto faziam uma pesquisa.

— Pesquisa? Alguma espécie nova? Cura para alguma doença? - ela perguntou interessada e o Kazekage tentava ignorar o próprio nervosismo enquanto a via tão animada.

— Não exatamente. Ordenei que certificassem que não teria nenhuma planta que pudesse fazer mal a gravidez. - respondeu virando-se completamente de costas para ela, enquanto fingia analisar um vaso qualquer.

Ino apenas deixou que aquelas palavras chegassem a ela enquanto encarava as costas daquele homem que a estava sempre surpreendendo das formas mais inimaginaveis.

— Bem, você poderia ter perguntado a mim. 

— E com a sua grande teimosia e curiosidade teria vindo pessoalmente e sem qualquer segurança analisar a estufa. - Ele disse voltando a encará-la a tempo de vê-la arregalar os olhos de indignação.

— Isso é... - ela hesitou suspirando derrotada - ...completamente verdade. 

Os dois acabaram rindo.

— Então já que estamos aqui devo concluir que é um local totalmente seguro.

— Ainda sim é melhor que venha visitar apenas com acompanhante, e talvez seja melhor não cheirar ou tocar em nada, e assim que sair fazer sua higiene.

— Você só pode estar brincando! - Ela gargalhou - Não pode realmente deixar isso a minha disposição e simplesmente querer que eu olhe de longe. Você realmente tem que relaxar. Oh meu Kami, essa planta é tão rara. - Ela admirou-se enquanto tocava com quase carinho as petalas longas de uma flor dourada incomum 

— Muitas delas são. A maioria nem é nativa dos arredores de Suna. - ele explicou metodicamente ao seu lado, as mãos no bolso coçaram quando uma mecha de cabelos loiros saiu do prendedor e caiu no rosto da kunoichi. - Descobrimos muitas propriedades medicinais com sua raiz.

— Imagino. Na verdade, só posso imaginar as coisas legais que fazem aqui.

O ruivo podia realmente pensar em alguma coisa bem legal que podia fazer ali mesmo e logo culpou-se por simplesmente não conseguir parar de desejar a kunoichi a sua frente. A mãe do seu filho. Era contraditório, mas a relação dos dois era exatamente definida por essa palavra. Contraditório.

— Hei, acabo de perceber. Você não tem alergia aqui.

—Minha alergia com plantas é controlada, mas pode facilmente ser atacada se eu chegar muito tempo.

Mal ele havia terminado de falar, foi surpreendido com alguma folha longa e verde colocado praticamente bem debaixo do seu nariz exalando polém. Instantaneamente o primeiro espirro subiu até seu nariz com força total.

— ATCHIM! YAMANAKA!

Mas a loira apenas ria travessa, enquanto o ruivo soltava um novo espirro.

— Eu estava realmente com vontade de te ouvir gritar o meu nome. - Ela brincou, mas acabou tendo um dos pulsos pegos pelo ruivo que a puxou a seu encontro e então ela não sorria mais encarando-o muito perto.

— Eu também. - ele disse com obvio duplo sentido, naquele tom de voz grave e baixo que fez o coração de Ino imediatamente bater descompassado em seu peito e ela visse sem surpresa um brilho quente nos olhos verdes, e sabia que naquele momento sentia o mesmo.

Podia ser o local afastado, o dia quente, os hormonios da gravidez que pareciam ainda mais intensos, o fato é que no minuto em que o ruivo a convidou para um passeio a sós, ela só conseguia pensar nas coisas que podiam fazer, e entrar dentro da estufa não ajudou a mudar a direção de tais pensamentos.

Naquele momento nenhum dos dois pensava em questionar o acordo de relacionamento que haviam feito e que vinham mantendo. No instante que Gaara juntou seus corpos, ambos estavam dispostos a se perder.

— Gaara.

Infelizmente para eles, o momento foi completamente interrompido pelo chamado da porta da estufa. Os dois encontravam-se logo atrás de algumas fileiras de plantas e então Matsuri não podia ouvi-los, ainda sim podia sentir suas presenças. Mal sabia ela que os dois encaravam-se em conflito se deveriam ou não responder. Uma parte pequena e desesperada de suas mentes esperando que a assistente simplesmente desse meia volta e fosse embora. 

Mas não aconteceu.

— Gaara? - Matsuri tentou novamente percebendo que ninguém havia aparecido - Me disseram que estaria aqui, eu realmente estranhei por que você não é exatamente um fã de flores. Ou coisas coloridas. Ou romanticas. Ou...

— Estou aqui Matsuri. - O Kazekage resolveu manifestar-se antes que a problematica assistente o fizesse parecer ainda mais insensivel para a Kunoichi de Konoha. - Apenas mostrava a Ino a estufa.

— Mostrava a quem? - Questionou, então ao ver a Yamanaka grávida aparecendo a realização a abateu e ela quis se chutar mentalmente pela gafe cometida. - Oh...e-eu não sabia que estavam aqui. E-eu p-posso voltar mais tarde e...Não, gomen...eu não posso voltar mais tarde. - Suspirou derrotada lançando um olhar de desculpas para o ruivo - O líder dos comerciantes está aí para falar sobre o projeto das novas lojas.

Ino, que até então remoia a interrupção indevida, voltou seu interesse ao assunto.

— Estão pensando em expandir?

— Sim, temos um projeto para abrir novas lojas e aceitar comerciantes de fora.

— Oh isso é ótimo!

— Quem sabe não pode abrir uma floricultura Yamanaka em Suna, Ino-chan. - Matsuri sugeriu animada e Ino engoliu a resposta mal criada que veio na ponta de sua lingua. 

"Não é culpa dela." - ela repetia em pensamentos como um mantra - "Ela só está fazendo o seu trabalho. É uma boa garota. Apenas vive no pé do pai do seu filho e tem essa cara de boazinha que não me engana! Ah garota, eu conheço o seu tipo! Está fingindo gostar do irmão, mas na verdade quer o outro né..."

— Ino?

— Hã? O que? - Ela despertou dos próprios pensamentos raivosos e percebeu constrangida que estava parada no meio da estufa como uma estatua.

— Eu dizia que era melhor voltarmos agora para o almoço.

— Sim, é claro.

Imediatamente os três voltaram para dentro da mansão, um estranho silêncio pairando entre eles, cortado raramente por algum comentário de Matsuri sobre o convidado do Kazekage.

— Aí estão vocês. O almoço já será servido.. - Eles ouviram e viram Temari na grande mesa de jantar sozinha

— Onde está Kankurou e Ichigo? - Gaara perguntou e viu a irmã apenas dando de ombros.

— Kankurou ainda não voltou e Shikamaru levou Ichigo para algum passeio sem sentido. Onde vocês estavam? - Ela perguntou com um sorriso malicioso obvio que tanto Gaara quanto Ino resolveram ignorar, a loira já sentando-se a mesa com rapidez.

— Na estufa. Eu não poderei almoçar agora pois tenho uma reunião. - O ruivo informou para decepção da Yamanaka.

— Eu também almoçarei mais tarde. - Lógico que foi Matsuri quem disse fazendo a kunoichi trancar a mandibula com força e obrigar-se a se servir em silêncio.

— Bem acho que hoje seremos apenas eu e a Yamanaka. - Temari murmurou, recebendo um olhar de Gaara que ela podia entender muito bem ainda que fingisse ignorar. 

Quando os dois se foram e um silêncio se abateu, a princesa se deu conta que desde a chegada da outra loira, elas não haviam tido tempo ou circustancia que as deixasse a sós o que ambas agradeciam bastante, no entanto parece que o momento chegara afinal. Temari não estava nada animada e Ino realmente não achou que poderia ficar pior.

Assim que os ninjas da areia se afastaram, Ino se viu seguindo os dois com o olhar concentrada na forma como os andavam juntos e pareciam confortaveis na presença um do outro, ou como a assistente ria e dava tapinhas nos ombros do Kazekage como se fossem intimos, e tudo ficou ainda pior quando Gaara simplesmente - como se fosse a coisa mais normal do mundo!!! - pegou a mão de Matsuri com algo muito - muito mesmo!!! - similar a carinho e sorriu. Ele sorriu!!! 

Kami-sama aquilo foi o fim e o suficiente para a kunoichi voltar sua atenção imediatamente ao próprio prato tentando engolir o sentimento confuso que ameaçava subir por sua garganta. 

Felizmente - ou não - uma risadinha a distraiu e ela percebeu surpresa que Temari a observava com atenção. Os olhos verdes perspicazes tinham um brilho divertido e os lábios repuxados em um meio sorriso detestável.

— Cuidado para não engasgar com a própria comida, Yamanaka.

— E por que eu me engasgaria? Sua presença já não me causa mais tanta ansia, princesa. - As palavras mordazes sairam baixas e cheias de veneno, mas dessa vez não foram o suficiente para aplacar o divertimento de Temari.

— Não, mas o ciúmes tem um gosto bem amargo imagino, pela sua cara. 

— Eu não sei do que você está falando. E na verdade agradeceria se apenas parasse de falar. 

— Você já foi mais educada, Yamanaka. 

Ino realmente pensou em se desculpar, afinal a princesa realmente manteve-se bastante cordial nas poucas vezes em que encontraram-se - sempre acompanhada de Shikamaru, claro, mas ainda sim. -, contudo a irritação começava a realmente lhe dar ansias de vomito e ela já havia perdido o apetite.

— Eu acho que vou para o quarto.

— Não seja dramatica. - Ino estava pronta para despejar toda sua fúria, mas percebeu que Temari parecia séria - Você está grávida e precisa se alimentar direito. Também não é bom que se estresse por qualquer coisa. Então apenas relaxe e coma, por que eu sei que está com fome.

Ino não pode deixar de sentir-se desconfortável com o tom quase preocupado da princesa, e ao levar a primeira colherada a boca, percebeu em choque seu estômago quase exultar de emoção. Estava realmente com fome.

— Bem então afinal o Gaara achou a estufa segura o suficiente para levá-la até lá. - Temari voltou a falar, dessa vez bastante cordial e Ino resignou-se a continuar a conversa amigavelmente.

***

— Nossa, é realmente uma situação bastante...complicada. - Kurenai disse na falta de uma palavra melhor.

As duas haviam terminado o chá enquanto Hinata contava a ex-sensei sobre o ocorrido um dia atrás envolvendo uma Anbu vadia, um muro e um Hokage grosseiro e possessivo.

— Vocês ainda não se falaram desde então? - Perguntou vendo a Hyuuga brincar com a própria xicara.

— Não. Essa manhã eu soube que ele passou a madrugada reconstruindo o muro, sozinho...

— Bem, isso realmente é algo surpreendente que o Naruto faria.

— ...mas ele não me procurou. - Hinata completou em um fio de voz e Kurenai a observou com mais atenção.

— E você queria que ele a procurasse. - Não foi exatamente uma pergunta, mas a morena negou rapidamente com a cabeça.

— Não. - disse teimosamente - Mas eu tinha certeza que ele faria. Apareceria no clã sem ser convidado, provavelmente começando uma nova encrenca e então exigiria que eu falasse com ele como se fosse o próprio Kami encarnado. Sempre tão arrogante. - Ela resmungou e a mais velha não pode deixar de dar um pequeno sorriso.

— Talvez ele esteja dando a você o seu espaço.

— Ele não sabe o que é isso. 

— A questão é, você vai procurá-lo? - A pergunta de Kurenai fez Hinata olhá-la de olhos arregalados como se a mesma tivesse proferido um xingamento.

— Mas é claro que....que....

— Que...?

Hinata suspirou derrotada e frustrada: Eu não faço idéia.

— Você está chateada e se quer a minha opinião, você tem toda a razão de estar. Qualquer um que te conheça o suficiente sabe que você nunca teria coragem de trair alguém.

Qualquer uma das pessoas que a conhecem, nunca pensaria que ela viraria amante do Uzumaki e treparia por quase toda a vila sem qualquer pudor. Hinata não pode deixar de pensar o que Kurenai pensaria se soubesse. Talvez ninguém a conhecesse o suficiente.

— Olha, eu realmente não sei quando esse relacionamento de vocês começou. Ou como. Lógico que todos sabiam que você é apaixonada por ele. - Nessa parte a Hyuuga corou - Mas ele sempre foi um cabeça oca e nunca percebeu isso. Então quando cresceu e aparentemente descobriu o que siginificava sexo, se tornou um grande galinha ou pelo menos foi isso que eu ouvia por aí. E agora os boatos são outros. 

— Boatos...? - A Hyuuga ficou tensa com a possibilidade da ANBU vadia ter espalhado sobre seu relacionamento com o Hokage. As partes mais picantes pelo menos.

— Sim querida. Você é a líder de um dos principais clãs do país do fogo, e Naruto é o Hokage. Não pode esperar que as pessoas não comentem - Kurenai disse com uma risadinha tranquila vendo a pupila remexer-se descontavel em seu assento.

— E o que eles dizem?

— Que ele mudou. Ou melhor, que ele parece ter voltado a ser o rapaz gentil e bobo de antes. Que ele parou com as conquistas e bebedeiras e muitas vezes brigas em bares e em missões.

— Ele é o Hokage agora, afinal.

— Você entendeu o que eu quero dizer. Ao que parece Naruto Uzumaki mudou bastante desde que começaram a namorar.

— Acredite, ele não mudou. Ele nunca voltará a ser o garoto de antes. - A morena disse com uma pontinha de pesar.

— É lógico que não. Querida, achei que você já tivesse se dado conta disso. 

— Acho que só não quis admitir.

— O Naruto como todos nós, cresceu e mudou. Ele não é mais o garoto idealista, bobo e cabeça oca da adolescencia, mas também não é o mesmo adulto frio e rebelde de um ano atrás. Você também não é a mesma, graças a ele.

— É. Eu finjo melhor agora. Que sou mais segura, mais forte, mais esperta. - ela resmungou e Kurenai não pode deixar de rir.

— Primeiro você não finge nenhuma dessas coisas. Você é assim. E segundo, você sorri mais, fala mais, e sem dúvida aprendeu todo esse sarcasmo com o melhor. - Ironizou vendo a Hyuuga cruzar os braços e franzir as sobrancelhas como uma criança birrenta - Até mesmo toda essa atitude te faz parecida com ele.

— Não estamos discutindo aqui o quão ele pode ser má influencia, por que honestamente é bem obvio.

— Pode fazer birra e ironizar o quanto quiser, mas Naruto Uzumaki contribuiu muito para o seu amadurecimento. E eu não estou falando apenas de atitudes, mas algo mais profundo. Eu não sei explicar a relação de vocês, mas é bem obvio para mim que são muito importantes um para o outro.

Hinata manteve-se em silêncio por um tempo digerindo o que a mulher, que por muitos anos foi seu maior exemplo e francamente continua sendo, lhe disse e por fim suspirou.

— Acha que eu exagerei? Que eu deveria ir atrás dele e...perdoá-lo?

— Você não tem que fazer aquilo que não estiver pronta para fazer. Ir atrás dele ou não, perdoá-lo ou não, apenas você pode decidir o momento certo e se é o que realmente quer fazer. 

Repentinamente as duas foram interrompidas por uma sombra na janela e automaticamente Hinata fechou a cara ao ver um ANBU, demorando quase três segundos para se dar conta que ele não usava a mascara do urso.

— Demônios, como eu odeio essa completa falta de modos de vocês. - Kurenai xingou. - O que quer? Estou de folga!

— Hyuuga-sama, o Hokage a chama até o prédio para uma reunião de urgência.

As duas mulheres se entreolharam.

— Ele disse o motivo? 

— Não. - O Anbu respondeu antes de ir embora.

— Bem, aparentemente não é minha decisão quando será o momento certo. - A Hyuuga ironizou, mas por dentro podia sentir o coração batendo forte de expectativa.

— Hinata... - Kurenai chamou sua atenção e a morena ficou curiosa ao perceber a mulher lamber os lábios e olhá-la fixamente de maneira bastante séria - Quando aceitou namorar/casar com o Naruto, você realmente o amava, ou só estava ligada a sua antiga paixão pelo antigo Naruto?

A Hyuuga estava prestes a responder, mas então sentiu-se congelar percebendo em choque que nada saiu.

***

Shikamaru se perguntou em um curto espaço de dois segundos "o que estava acontecendo?" "qual a gravidade", e o "quanto deveria se preocupar" quando chegou a mansão com Ichigo e encontrou Temari relaxada tomando chá ainda na mesa. A cena em si era intrigante já que a princesa não gostava muito de chás e tão pouco ficar sentada na mesa depois de terminar a sua refeição, contudo o que realmente causou choque no ninja era a pessoa que lhe fazia companhia. Ino Yamanaka bebia o próprio chá e falava calmamente, sem ironias, sem xingamentos, sem qualquer tensão.

Aquilo era muito preocupante. E bizarro.

— Eu realmente achei que para um ninja de Q. I superior você fosse mais educado, Shikamaru. - Temari o tirou de seus devaneios com uma das sobrancelhas erguidas e um sorriso vitorioso de quem sabia exatamente o que ele pensava. Ela sempre sabia afinal.

Ichigo já havia abraçado a mãe e agora tomava seu lugar ao lado de Ino olhando para sua barriga pequena com adoração.

— Mal posso esperar para conhecer meu primo. - o garotinho dizia com os olhos brilhando, fazendo as duas mulheres suspirarem - Ele pode ir olhar as nuvens com a gente oto-san?

— Creio que sim. - Shikamaru respondeu indo se sentar ao lado da esposa - Então...onde estão os outros?

— Kankurou saiu essa manhã em missão e Gaara está em uma reunião a portas fechadas. - Nesse ponto ela lançou um olhar discreto a Ino que virou o rosto mal criada - E vocês não estão com fome?

— Oto-san e eu fritamos peixe na fogueira que nós mesmo fizemos, não é Oto-san!!!!???

— E por que tanto trabalho se podiam ter vindo almoçar aqui?

— Por que nós homens precisamos nos conec...conectar com a natureza... - o garotinho disse dando os ombros e Shikamaru o olhou orgulhoso. - E de vez em quando temos que ficar longe de mulheres loucas.

Nesse ponto, Shikamaru perdeu completamente o orgulho e se viu alvo de olhares fulminantes das duas mulheres loucas que ele realmente queria se afastar.

— Bem, felizmente para seu oto-san ele vai ficar bem longe de qualquer mulher que faça qualquer loucura com ele! - Temari rosnou e Shikamaru murchou infeliz enquanto Ino ria.

— O que vocês duas estão fazendo afinal?

— Conversando. Ino sentiu-se um pouco fadigada depois do almoço e sugeri um chá.

— Bem e Gaara soube? Ele a levaria para o hospital nos próprios ombros se deixassem.

— Sem duvidas nenhuma. - Temari riu percebendo a surpresa e constrangimento de Ino - Por isso resolvi deixar ele terminar a reunião, a não ser que ocorra algo realmente grave com a Yamanaka.

— E por que você está sendo tão boazinha? - Dessa vez foi a vez de Ino rir com a cara de Temari.

— Primeiro por que eu não sou uma insensivel como você. Segundo, apesar dos apesares é um Sabaku que a Yamanaka carrega. - Deu de ombros vendo a outra loira bufar.

— Eu não sou uma grande encubadora sabe!? - resmungou sendo ignorada propositalmente pela princesa.

— E terceiro, o meu irmãozinho me mataria se soubesse que a Yamanaka está andando sem proteção por aí.

— Eu posso me cuidar sozinha. Eu sou uma kunoichi. - Mas novamente ela foi ignorada.

— É, você está certa. - Shikamaru disse para a esposa, para a completa indignação da Yamanaka.

— Vocês dois são muito irritantes. Eu já me sinto melhor e vou para os meus aposentos. - Ela anunciou já levantando-se.

— Posso ir com a senhora, madrinha?

— Acho que a tia Ino vai descansar, Ichigo. - Shikamaru alertou, mas Ino sorriu para o pequenino.

— Não, eu adoraria uma companhia legal para variar. - disse fuzilando o casal com o olhar recebendo apenas sorrisos cumplices.

— Não se preocupe Yamanaka, eu fico de olho em Matsuri por você.

— CALA A BOCA!!! - Ino berrou já se afastando segurando a mão do pequeno Ichigo saltitante.

Shikamaru aproveitou para passar os braços pelos ombros da esposa. Eles ainda não havia feito a cerimonia em Suna e ele estava bastante ansioso, ainda que não soubesse o por que. Algo primitivo sobre anunciar para todos que a princesa de Suna era dele, e ele era dela obviamente.

— Foi bem legal o que você fez pela Ino.

— Não foi grande coisa. Podemos ser civilizadas afinal de contas. - A princesa resmungou recostando no peito do marido. - E eu sei que stress pode fazer mal a gravidez.

— Você está levando essa história de gravidez bem tranquila. - Shikamaru disse com cuidado e a loira levantou a cabeça para olhá-lo.

— Eu já me conformei que eu não posso mais engravidar. E de qualquer forma, nós já temos um filho.

— E podemos ter outros. - ele murmurou abaixando o rosto e capturando os lábios dela com os seus de forma doce.

— Você quer...? Digo outros?

— Talvez não agora, mas daqui a um tempo...Oka-san sempre quis ter uma neta. - ele resmungou fazendo Temari rir e voltarem a se beijar.

— Shika... - ela gemeu no ouvido dele o fazendo fica imediatamente ligado.

— Sim?

— Nada de atividades loucas para você meu bem. - Ela murmurou de repente se afastando vitoriosa para o completo choque dele.

— Fala sério Temari. - ele resmungou vendo-a levantar-se e se afastar. - Eu não estava falando de você.

— E por acaso há outra mulher além de mim? - ela virou-se para encará-lo com fúria e ele percebeu tarde demais que falara o que não devia.

— É claro que não! Você é a única mulher louca da minha vida, fora a minha mãe...

— Não está se ajudando, Shikamaru.

— Eu sei. - ele suspirou derrotada finalmente a alcançando. - Então me diga, por que ficaria de olho em Matsuri.

Nesse ponto a princesa de Suna voltou a sorrir.

— Você não vai acreditar.

***

Hinata havia passado os últimos minutos a caminho do prédio do Hokage repassando as coisas que pensava em dizer para o mesmo, assim que o visse. Agradeceria a ajuda na construção do muro, tentaria não perder a cabeça quando ele insinuasse que era seu dono, se manteria firme em suas convicções - seja lá qual fossem - e por fim era hora de ambos discutirem os pontos cruciais para darem continuidade nesse relacionamento. 

O serviço burocratico no clã estava realmente lhe ajudando bastante até mesmo em organizar seus próprios pensamentos.

Contudo, todo seu planejamento foi por água abaixo quando, ao abrir a porta da sala do Hokage, imediatamente percebeu que não fora chamada ali para uma discursão de casal convencional. A não ser que Naruto também estivesse aprendendo demais com o serviço burocratico, ele realmente não convocaria uma reunião com o diplomata de Konoha e um estrangeiro para discutirem a relação.

— Com licença. - ela murmurou quando os três homens na sala levantaram-se diante da sua presença - Recebi uma convocação do Hokage. - Seu olhar foi imediatamente para o loiro atrás da grande porta de carvalho. Ele vestia sua capa preta e laranja que o deixava incrivelmente sexy. "Foco Hinata. Foco!!" — Dizia que era urgente. 

— Se me permite, Hyuuga-sama. - O diplomata que Hinata honestamente não lembrava o nome chamou sua atenção -  Eu vos apresento Takashi Torumi - Esse nome não lhe era estranho - Guardião da biblioteca do País do Fogo.

— Oh. Takashi-sama! É uma grande honra conhecê-lo pessoalmente - ela apressou-se em fazer uma mizura que foi correspondida imediatamente por Takashi.

O homem era um senhor bem mais velho, com uma longa barba grisalha, mas ainda sim tinha uma expressão incrivelmente jovem e carismatica.

— A honra é toda minha por finalmente conhecê-la Hinata Hyuuga. Suas cartas chamaram muito a minha atenção.

— Então, vocês se correspondiam. - Naruto finalmente se manifestou voltando a chamar a atenção de todos. O diplomata deu a Hinata seu lugar, a deixando exatamente na direção do loiro que não deixou de encará-la um só instante.

— Há algumas semanas recebi a primeira carta da nova líder do clã Hyuuga com questionamentos bastante surpreendentes. O novo Hokage precisava de alguns documentos atualizados e eu resolvi entregá-los pessoalmente esperando poder conhecê-la. - ele olhou para Hinata que sorriu polidamente - Se me permite é uma surpresa uma moça tão jovem e bela com uma mente tão habil.

— Questionamentos? - Naruto repetiu voltando a chamar a atenção do velho ao mesmo tempo em que tentava manter a postura profissional diante da grande tensão todas as vezes que seu olhar se cruzava com o de Hinata. - É possivel eu saber quais? Ou talvez seja algo secreto.

Takashi pareceu hesitar, imediatamente desconfiado, e Hinata tomou a palavra.

— Não há segredo algum. Eu pedi a ajuda de Takashi-sama a respeito de selos e principalmente como retirá-los.

Naruto não podia deixar de sentir orgulho da noiva. Ela ainda persistia em mudar as coisas que considerava erradas no clã.

— A curiosidade imediatamente chamou minha atenção, principalmente por se tratar de uma Hyuuga. A líder. O selamento da bouke Hyuuga ainda é uma obra bastante interessante. - o entusiasmo dele irritou Naruto.

— E cruel. - O Hokage pontuou imediatamente.

— Ainda sim é uma eficaz forma de proteção. - Takashi rebateu.

— O que não a faz menos injusta e desumana.

— Hokage-sama - o diplomata pigarreou sensivel a tensão que parecia se instalar - As regras internas do clã Hyuuga não está sob sua jurisdição. E menos ainda sob julgamento.

— Ainda sim, eu posso dar minha opinião. Não posso? - O loiro ironizou, sorrindo acidamente em direção ao convidado que estreitou os olhos, parecendo disposto a lhe dar uma resposta quando foi interrompido.

— Opiniões e defesas não influenciarão o meu julgamento. - Hinata disse por fim dando um basta naquela briga sem fundamento - Eu já tomei a minha decisão de abolir o selo.

— O c-conselho não foi informado sobre isso. - O diplomata argumentou, alarmado.

— Como você mesmo disse, o conselho da vila não tem quaisquer poder dentro do clã Hyuuga. - Hinata rebateu imediatamente sem perder a sobriedade o que deixou o homem bastante sem jeito, enquanto os outros dois pareciam surpresos e admirados. - Infelizmente minhas pesquisas ainda não geraram algum resultado completamente satisfatório e pensei que Takashi-sama, como guardião dos registros do país do fogo pudesse ter algo para ajudar-me.

— Certamente posso ter algo. - Takashi disse voltando a mostrar-se empolgado. A líder do clã realmente o surpreendeu com sua força - De fato eu fiz algumas pesquisas por conta própria que mostraram-se bastante promissoras. 

— Eu fico muito feliz e agradecida por compartilhá-las comigo, Takashi-sama - A Hyuuga sorriu e Naruto não pode deixar de sentir o estranho sentimento de felicidade por ela também. 

— O senhor é bem vindo para ficar o tempo que for necessário - Naruto disse mais relaxado - Uma policial o acompanhará pela vila durante sua estadia até o final da pesquisa.

— Eu agradeço, Hokage-sama, mas não posso me ausentar de meu lugar por mais do que isso. Voltarei amanhã ao por-do-sol. A viagem a noite é menos perigosa.

Naruto não viu qualquer sentido naquilo, mas já havia sido avisado que o homem era cheio de excentricidades.

— É convidado para passar a noite do clã Hyuuga. Assim podemos ter mais tempo para ver a sua pesquisa e quem sabe... 

— Perdão Hyuuga-sama - Takashi a interrompeu educamente - Creio que eu não tenha me expressado adequadamente. A pesquisa que fiz não está aqui.

— Não?

— Não. Não posso trazer documentos sem permissão, e no mais há alguns pergaminhos que já estão em alto grau de deteriorização e devem ser manuseados com cuidado rigoroso.

— É uma pena... - Hinata murmurou frustrada.

— Não pode ajudar. - Naruto concluiu igualmente chateado

— Bom, eu posso sim. Minha proposta é que Hyuuga-sama vá comigo para as terras do leste. Lá ela será minha convidada para pesquisar em quaisquer documentos que for pertinente a sua busca.

— Uma viagem... - Naruto ponderou. Algo no fundo de sua mente não gostando nada da idéia.

— Sim. Você pode ficar lá o tempo que for necessário.

— De quanto tempo estariamos falando? - O Hokage quis saber.

— Bem, algo tão grandioso assim certamente não acontecerá de uma hora para outra. Talvez algumas semanas. Um pouco mais de um mês. - Takashi tagarelou inconsciente do modo como o Hokage tornou-se tenso e a Hyuuga indecisa. - O que me diz Hyuuga-sama?

— Eu não acho que uma líder possa se afastar tanto tempo. Sabe há um clã para governar afinal de contas. - Naruto expos, começando a perder a própria calma.

— Bobagem. O próprio principe se ausenta de tempos em tempos.

— Ele não é um grande exemplo... - Naruto resmungou para si mesmo, voltando o olhar para a Hyuuga que mantinha-se em silêncio - Acho que ela precisa pensar. - Nesse instante Hinata o olhou e ela tinha um brilho desafiador que o deixava confuso e com um mau pressentimento.

Um silêncio se instaurou imediatamente até que o diplomata pigarreou cortando a tensão do momento.

— Com certeza há tempo para tomar esse tipo de decisão. De qualquer forma, mesmo que aceite, Hyuuga-sama deverá deixar seu clã em ordem. Talvez ela possa lhe dar sua resposta amanhã pela manhã. O que acham?

— Bom, eu já disse quando partirei. - Takashi informou um pouco contrariado, levantando-se assim como os outros - Hyuuga-sama, novamente foi um prazer conhecê-la pessoalmente, e seria uma honra em tê-la como minha convidada. Apesar do que talvez possa ter parecido - Nesse momento, ele deu um olhar de esguelha em direção ao Hokage já de pé - Eu acho sua decisão bastante nobre e ficaria feliz em ajudá-la.

— Eu agradeço por ter vindo até aqui Takashi-sama.

— Eu vou levá-lo até o hotel - o diplomata informou - Hokage-sama. Hyuuga-sama - ele fez uma misura e então retirou-se com Takashi, encontrando do lado de fora, já a espera de ambos, Sayuri vestindo seu uniforme padrão policial - N-não me diga que... 

— Isso mesmo, querido. Eu sou o guarda costas do velhote.

— Hokage-sama... 

— O chefe Uchiha garantiu que ela seria uma boa guarda costas. - O Hokage disse antes de fechar a porta em sua cara. - Kami proteja o velhote. - murmurou ainda ouvindo a falação do lado de fora. Mas então percebeu que Hinata mantinha-se de pé olhando pela janela da sala, parecendo distante e respirou fundo sabendo que aquela seria uma conversa tensa. - Por falar no velhote, ele ficou realmente encantado por você. - começou, voltando a caminhar em direção a Hyuuga. 

— Ele sempre foi muito solicito nas cartas.

— É. Me pareceu muito interessado realmente. - Naruto resmungou e viu imediatamente Hinata virar-se para ele com repreensão.

— É sério? Quer realmente começar implicando com um homem que quer me ajudar?

Naruto suspirou, frustrado por saber que parecia sempre compelido a dizer a coisa errada.

— Desculpe. - ele bufou - Droga Hinata, isso é uma merda. Eu não queria brigar com você.

— Eu não queria que você me humilhasse na frente de todo o meu clã.

— Eu perdi a cabeça. Mas caramba! - ele bufou passando as mãos pelos cabelos - Quando eu te vi nos braços daquele cara, beijando ele...

— Eu não estava beijando ele! Ele me drogou!

— Como é que eu ia advinhar? - perguntou frustrado - Se fosse você chegando e me visse naquela situação...

— É diferente!!

— Por que? Por que é diferente?

— PORQUE VOCÊ SEMPRE FOI UM GRANDE GALINHA!!! - ela explodiu o deixando atônito

 Então ele riu amargo.

— Você fala que eu não confio em você, mas você também não confia em mim, não é?! Não importa quantas vezes eu diga que te amo, que eu vá atrás de você, que eu destrua a cidade...

— Então isso foi minha culpa? - ela ironizou.

— Não. A culpa foi minha. Por que a Kyuube é parte de mim. Eu sou desse jeito e você soube disso desde o ínicio.

— E você sabe que eu nunca me importei com a Kyuube. - ela grunhiu o olhando com raiva, o desafiando a contrariá-la, mas ele não o fez. 

— Então qual é o real problema Hinata? - ele perguntou sério.

— Eu não sou sua propriedade. Você não pode invadir o meu clã e exigir que eu esteja lá para adorá-lo. Que droga Naruto!! Eu sou a líder do clã, e você me tratou como uma vadia barata na frente de todos. - Ela passou a mão pelo rosto tentando impedir as lágrimas que começavam a embaçar sua visão - Eu não sou uma boneca que você pode mandar e desmandar!

— Eu nunca achei isso.

— Não? Agora mesmo você impediu que eu respondesse a Takashi-sama!

Naruto a olhou chocado, os olhos arregalados de pura descrença.

— Você realmente pensou em ir com esse velho para o fim do mundo por mais de um mês? - ele perguntou atonito e ela se calou, o olhando em desafio - Bom, talvez você não lembre, mas nosso casamento é daqui a um mês. Como faremos? Por carta talvez? - ironizou, mas Hinata não hesitou.

— Talvez eu lembre.

— E mesmo assim quer ir? - Nesse ponto ele estava sério, olhando para aquela mulher a sua frente tentando entender o que estava acontecendo. - É isso Hinata? Você quer cancelar o casamento?

Hinata não respondeu de imediato, a pressão lhe deixando zonza e ela fechou os olhos com força, aproveitando-se para afastar da presença tão forte do Hokage que parecia querer enlouquecê-la.

— Eu não sei! - ela confessou. - Isso não está nos levando a nada. Acho que estamos confundindo as coisas!

— Eu não estou confundindo nada. - ele disse com firmeza e mais uma vez a seguiu e dessa vez a virou para voltar olhá-lo - Eu quero me casar com você. Agora a questão é, você quer se casar comigo?

Pela segunda vez naquele dia, a Hyuuga abriu a boca para responder, mas as palavras apenas ficaram presas em sua garganta. Ao se dar conta de sua hesitação, o loiro a largou como se houvesse levado um grande choque. Um choque de realidade cruel e doloroso.

— Você está em dúvidas... - ele murmurou, mas seu tom era de acusação e a morena engoliu o próprio choro.

— Naruto...

— Eu não entendo por que você está dando pra trás agora. Depois de tudo o que passamos.

— Eu não... - ela se interrompeu bruscamente, sentindo-se de repente tonta. No mesmo instante, o loiro estava o seu lado lhe dando apoio. Pela primeira vez eles se viram tão próximos e a atração era algo puro e inegável.

Olhando em seus olhos, Naruto viu aquele misto de força e fragilidade que apenas parecia atraí-lo ainda mais e antes que pudesse sequer pensar sobre isso, ele a puxou completamente em seus braços e juntou seus lábios em um beijo que ambos necessitavam há algum tempo. Ela correspondeu de imediato, como se sua biologia fosse feita para entregar-se a ele, contudo ainda que a ideia de esquecer o mundo ao redor deles e entregar-se completamente ao calor de seus braços fosse tentadora demais, Hinata sabia que não podia fazê-lo.

Mais cedo do que Naruto queria, ela o afastou e ao contrário do que ele desejava, a Hyuuga não parecia disposta a entregar-se novamente tão fácil.

— Hinata...

— É melhor eu ir. - ela o interrompeu indo em direção a porta e saindo antes que ele pudesse segurá-la.

Arrasado, ele se viu novamente sozinho e no impulso acabou socando a parede ao seu lado.

Do lado de fora, Hinata respirou fundo colocando a mascara distante que havia aprendido com o pai e começou a andar em direção ao clã. Quem visse a herdeira do clã, admiraria sua altivez, sem saber que dentro ela era apenas uma grande bagunça, enquanto ouvia uma irritante vozinha vinda do fundo de sua mente:

"Você está em dúvidas."

"Quando aceitou namorar/casar com o Naruto, você realmente o amava, ou só estava ligada a sua antiga paixão pelo antigo Naruto?"

"Você quer cancelar o casamento?"

***

— Hei Kibaa você andava sumido.

O Inuzuka adentrava o bar com um sorriso comum no rosto ignorando as piadas dos outros ninjas com quem eventualmente saia para beber e se divertir nas noites de Konoha. Ele próprio não lembrava a última vez que viera ali, mas sabia muito bem o por que de ter parado, ainda que não dissesse o motivo em voz alta.

Sayuri Uchiha.

Passou os olhos pelo local com animação, e surpreendeu-se ao reconhecer rostos improváveis no ambiente.

— Aburame Shino e Hyuuga Neji bebendo juntos é realmente algo que eu nunca achei que veria. - ele brincou, passando os braços pelos ombros dos dois ninjas tensos e sérios que lhe deram identicos olhares de desprezos, no caso de Shino, ele imaginou pelo menos por trás dos oculos escuros.

— Este bar não é exclusividade de ninjas idiotas. Não importa o quanto você ou Naruto gostem de vir nele. - O Hyuuga disse com desprezo óbvio que o Inuzuka preferiu ignorar.

— Bem, bem, devemos aproveitar essa oportunidade rara. Afinal, mesmo nos conhecendo a tanto tempo, acho que é a primeira vez que bebemos juntos. Eu me pergunto porquê. - Nesse momento ele pegou uma bebida para si e deu um grande gole com vontade - Então, o que me contam de novo? Como está o clã, Shino?

— O clã Aburame não sofreu qualquer alteração desde a última vez que nos falamos. - O ninja dos insetos informou sem qualquer emoção.

— Certo. E quanto ao clã Hyuuga, Neji. Soube que o grande Hokage fez uma grande bagunça esses dias. - riu ironico, mas não foi acompanhado por nenhum dos dois ninjas sérios.

— Aparentemente não há nada acontecendo em meu clã que você próprio já não saiba, Inuzuka. - Neji resmungou sem humor. Ele também não estava com qualquer disposição para conversas, achou que sentar ao lado do Aburame era indicação suficiente, mas era óbvio que havia se enganado.

— Lembrei por que não saímos juntos. - Kiba resmungou frustrado - vocês são um saco!

— E quanto a você, Kiba? Considerando os comentários, você também não tem aparecido aqui com frequência. - Shino disse surpreendendo o Inuzuka, mas o mesmo considerou ao menos um esforço por parte do ex companheiro de time para continuar a conversa.

— Bem, é verdade. - ele espreguiçou-se em sua cadeira dando um sorriso maroto - muito trabalho, senhores. Aquela polícia não anda sem mim.

— E pelo que ouvi, você não anda sem aquela Uchiha. - o mestre dos insetos novamente surpreendeu o Inuzuka que quase cuspiu toda sua bebida.

— Até parece. Ela é minha parceira afinal. Não é como se eu pudesse simplesmente deixá-la.

— Então quer dizer que hoje você teve a permissão dos dois Uchiha para poder sair sozinho. - E quem diria, a zombaria veio de um Neji azedo que saboreou por alguns instantes a felicidade de irritar mais alguém. 

— Muito engraçado, Hyuuga. Até parece que eu preciso de permissão de alguém.

— Hei Inuzuka. Eu vi sua dona lá fora, parecendo a espera de alguém. - Sai zombou enquanto passava por eles e Kiba realmente tentou não deixar transparecer a animação com a notícia.

— O que será que ela veio fazer aqui? - Ele disfarçou tentando olhar através da multidão para a rua lá fora.

— Deve estar atrás de seu pet perdido. - Neji novamente não perdeu a chance, começando a entender porque algumas pessoas pareciam ter prazer em atormentar as outras.

— Vai se danar Hyuuga! - Kiba rosnou terminando sua bebida em um grande gole - Eu acho que vou tomar um ar.

— Não esqueça a sua coleira. 

— Ok Hyuuga, assim que eu voltar eu vou dar um grande chute no seu traseiro.  - Kiba rosnou, mas Neji simplesmente não podia se importar menos e sorriu azedo enquanto o outro ninja se afastava.

Novamente sozinho, ele voltou a se focar em sua auto-piedade.

— Atormentar o Kiba não vai ajudar você a superar seja lá qual seja sua crise. - ele ouviu e virou-se chocado para ver Shino dando um gole na própria bebida e o olhando por trás dos óculos como se soubesse de alguma coisa.

— Aburame, apenas cala a merda da boca e vamos ficar bem.

***

Kiba demorou alguns minutos para se livrar da multidão entre ele e a porta, mas finalmente conseguiu escapar sem chamar a atenção de mais alguém que pudesse vir a atormenta-lo.

Em um primeiro momento, ele não encontrou quem procurava e se chutou mentalmente ao cogitar que aquilo não passava de uma piada de Sai. Contudo, quando estava prestes a entrar de novo no bar, a figura na esquina da rua não escapa aos seus olhos.

Vestida com um de seus conjuntos provocantes, era impossível não reconhece-la e um sorriso frouxo surgiu nos lábios de Kiba quando ele dava o primeiro passo na direção da kunoichi que encontrava-se de costas para ele.

Então ele congelou. Porque nesse momento, um outro homem aproximou-se dela com intimidade e enlaçou sua cintura com os braços. Kiba esperou então que ela repelisse com o veneno e maestria característicos aquele infeliz - que Kiba não fazia ideia de quem era -, e quando ela não fez, ele mesmo cogitou fazê-lo apenas para novamente congelar quando ela puxou o estranho para si e lhe deu um beijo. 

Em um misto de choque e um outro sentimento que o Inuzuka não fez questão de reconhecer de imediato, ele apenas deu meia volta e entrou novamente no bar. 

Neji respirou fundo quando Kiba voltou ao sentar ao seu lado no balcão quando ele havia finalmente se livrado de Shino.

— Seu amigo acabou de ir embora. Ainda consegue alcança-lo se quiser. Ele nem deve ter chegado na porta ainda.

— Eu não quero.

— Então veio chutar o meu traseiro? - Neji ironizou e por um segundo que ele não se orgulhava, pensou que uma boa briga poderia servir para esvaziar sua mente dos problemas por um instante. Mas Kiba pareceu disposto a surpreende-lo novamente.

— Eu só quero beber em silêncio, pode ser ou ta difícil Hyuuga? - O policial grunhiu rabugento enquanto o outro ninja o olhava em choque.

Primeiro Neji pensou em uma zombaria, mas logo se deteve percebendo que finalmente conseguiria sua paz.

— Parece ótimo para mim. - disse por fim enchendo o próprio copo.

E então os dois viraram suas bebidas ao mesmo tempo e as terminaram em um só gole, depositando os recipientes vazios sobre o balcão, mas nenhum deles realmente ligou para isso enquanto remoiam em pensamentos seus motivos de irritação.

***

— Morangos, meu marido? - Sakura perguntou melosa, entrando na sala segurando uma tigela com as frutas banhadas em chocolate.

— Com prazer, minha esposa - A palavra ainda dançava sem jeito na boca do Uchiha, mas quaisquer incertezas se diluiram ao admirá-la aproximando-se com um babydoll fino e curto que deixava pouco a imaginação. 

Ela sentou em seu colo e automaticamente seus braços a envolveram ao redor do quadril. Com delicadeza ela pegou o primeiro morango banhado em chocolate levando a própria boca, o mordendo sedutoramente e em seguida passando a língua pelos lábios sujos de chocolate. Tal gesto foi o suficiente para o Uchiha puxá-la para um beijo doce e desesperado com gosto de morango.

As coisas estavam prestes a esquentar quando ambos sentiram uma presença, mas foi tarde demais para se afastarem.

— Ah pelo amor de Kami! Vão para um quarto ao menos!

— Naruto nós estamos na nossa casa. - Sasuke bufou irritado, mas não tanto quanto Sakura.

— E estamos em lua de mel - ela rugiu levantando-se do colo do marido envergonhada e furiosa. - O que esperava encontrar?

— Você e Sasuke? Jogando xadrez! Ou ele treinando e você fingindo cozinhar! Ou brigando! Enfim, qualquer coisa menos sexo. - ele zombou claramente sem noção do perigo.

Uma grande veia agora saltava na testa da rosada.

— É melhor você sair daqui agora, Naruto, ou eu juro que Konoha vai precisar de um novo Hokage!!! - ela bradou e ele a olhou chocado.

— M-mas Sakura-chan...

— Não! O que quer que seja eu não ligo! - ela explodiu - Essa é a minha lua de mel e todos os deuses sabem o quanto eu esperei por ela, então é melhor você dar o fora daqui antes que eu...

— Cruzes...! E eu achando que o casamento te deixaria menos rabugenta.

— JÁ CHEGA! AGORA VOCE MORRE!

Mas o Hokage foi sábio o suficiente para sumir antes que fosse arremessado pela janela e a rosada respirou fundo tentando se recompor.

— Nossa, você acabou com ele! - Sasuke riu sem se conter quando a esposa voltava a sentar-se em seu colo.

— Acha que fui muito dura com ele? - ela então pareceu hesitar, temerosa - E se fosse realmente importante...? Talvez eu devesse... - Então foi calada por um beijo do Uchiha que a fez esquecer qualquer coisa.

— Eu achei super sexy. - ele murmurou roucamente e ela sorriu.

— Bem então por que não continuamos isso no quarto, só por garantia. - ela disse provocante já se levantando do colo dele e indo em direção as escadas, mas antes virou-se para ele novamente - Ah Sasuke-kun, não esqueça o morango com chocolate.

E ele não esqueceu.

***

— Grandes amigos eles são - Naruto resmungava chutando pedras pela rua deserta. Podia sentir Anbus o seguindo. "Proteção" foi o que Tsunade lhe disse antes de partir para algum recanto de descanso, levando Shizune consigo. Naruto fez uma nota mental para lembrar-se de procurar uma nova escrav....quer dizer, secretária. Voltando aos Anbus, Naruto queria mesmo que eles se explodissem. Kami-sama sabe que ele era burro, mas sabia se proteger.

Seus devaneios foram interrompidos com a grande saída de um dos bares, a maioria ninjas, todos muito bebados e felizes e o loiro por um momento os invejou. Ao se aproximar, discretamente, e olhar para dentro viu o lugar quase vazio exceto por alguns miseráveis, dois deles chamaram sua atenção.

 

— Então é aqui o clube dos perdedores.

Neji abria a boca para retrucar o Hokage, quando se ouviu um soluço, então um resmungo e em seguida um estrondo causado pelo baque corpo do Inuzuka caindo no chão, e o Hyuuga suspirou para a cena deplorável.

— Yep! – ele suspirou – Junte-se a nós a hora que quiser – resmungou amargo virando uma outra garrafa

— Até parece –Naruto riu, desdenhoso, mas ao contrario do que o Hyuuga esperava, ele não apenas sentou-se ao seu lado, como tomou um gole de sua bebida – Eu sou o líder desse clube a muitos anos, não tente me tirar este titulo. – completou arrancando uma risadinha frouxa do Hyuuga, enquanto erguia o braço ao barman para lhe servir mais da bebida – Então o que estamos comemorando? – Perguntou em seguida, quando sua bebida chegou.

— Você é o líder. Diga você.

—Ótimo! Entao ao nosso completo empenho em ferrar com tudo! – Naruto disse amargo, levantando o copo e sendo acompanhado pelo Hyuuga.

Os dois viraram um copo de um só vez e contemplaram um curto período de silêncio que logo foi quebrado por Neji:

— Hinata vai perdoá-lo. Sabe disso.

— Eu ferrei tudo dessa vez.

— E daí? – Neji riu, provavelmente bêbado – Você sempre ferra. É o seu diferencial. – zombou.

— Droga Neji! Eu realmente fiz uma grande merda, e agora Hinata quer desistir do casamento.

Dessa vez Neji surpreendeu-se. Primeiro por que Naruto parecia seriamente preocupado. E segundo porque a prima era completamente louca pelo loiro cabeça oca e se queria desistir do casamento, é porque as coisas estavam realmente sérias.

— Eis o que eu sei: Hinata é uma boa líder e o clã parece aos poucos aceitando sua liderança, mas ainda há uma parte da souke resistentes a mudanças, principalmente em relação ao selo. Este grupo quer apenas uma chance para mostrar como Hinata é incapaz.

— E o baka do noivo dela eu deveria apoiá-la apenas oferece de bandeja a chance perfeita para eles a difamarem. – Naruto grunhiu, inconformado, com uma vontade imensa de chutar a própria bunda. Neji não o contradiz e ele suspira amargo – Eu sou um burro, mas nunca duvidei da força dela. Eu só... – hesitou, não pela primeira vez assombrado com os sentimentos em seu peito - ...tenho medo de perde-la.

— Hinata está passando por um teste difícil, não apenas aos olhos do clã, como principalmente de si própria. Ela ama você, o mundo shinobi inteiro sabe disso. – Revirou os olhos com o obvio – Contudo, o que ela precisa agora é sentir-se que tem o controle da própria vida. Se você a fizer sentir-se como se não tivesse isso, ai sim você vai perde-la.

— Então você está dizendo... – Ele hesitou, no fundo temeroso com as próprias palavras do Hyuuga.

— Deixe-a escolher o caminho. – Ele disse firme, vendo o Hokage murchar imediatamente. Bebendo mais um gole de sua bebida, ele lhe deu tapinhas acolhedores e ao se dar conta da ação, percebeu que realmente deveria estar bêbado – Não se preocupe, ela vai voltar. Ela não vai ficar por aí desfilando com roupas minúsculas, e indo a piqueniques com ANBUS tarados. – as palavras saltaram de sua boca antes que ele pudesse controlar, ou disfarçar o tom de voz enojado.

A mudança brusca de assunto não foi perdida pelo loiro que olhou o parceiro de clube com empatia.

— Eu soube que Tenten aceitou ir a um encontro com um Anbu.

— Aparentemente todos da sede ouviram. – O Hyuuga rebateu irritado, sem nem preocupar-se em disfarçar.

— Na verdade, o almofadinha me contou e disse como você quase mordeu a própria bunda de ciúmes. – riu

— Almofadinha  fofoqueiro!! – Neji xingou – Quer saber? Ele nunca me enganou com seus bons modos e cabelo arrumadinho! É um bastardo pilantra fofoqueiro!!

— Eu vivo dizendo isso, mas ninguém me escuta – Naruto bufa – Mas falando sério – pigarreou e então deu um soco no ombro de Neji que o olhou chocado, e provavelmente se não estivesse ultrapassado a linha de sobriedade, revidaria – Qual o seu problema? Seja homem Hyuuga bundão! Todo mundo sabe que aquela garota gosta de você, apenas pare de ser um completo imbecil e seja claro com ela! Apenas diga de uma vez que também está de quatro por ela e a quer de volta!

— Não é tão simples! – Neji retrucou

— E quando é que as mulheres são simples?

— SIMPLES? – Os dois se surpreenderam com o aparecimento repentino de Kiba sentado ao lado deles, sabe Kami desde que horas. Ele ainda tinha uma expressão tonta de bêbado e um hematoma no lado onde havia caído – Mulheres são loucas! Tentar entende-las é como.....entrar em um genjutso infinito – ele dizia afetadamente e meio embolado - ...enquanto elas tentam arrancar suas bolas.

— A Uchiha realmente faria isso – Naruto analisou fazendo os três sentirem um calafrio macabro e então virarem juntos mais uma dose – Que armadilha em que você foi se meter, Inuzuka. Eu QUASE tenho pena de você – Riu.

— Mas aquela demônia  ‘ta muito enganada se acha que eu ligo para ela – Kiba resmungou mais enrrolado, claramente o mais bêbado de todos – Ela não perde por esperar, porquê ao contrário do Hyuuga, EU TENHO BOLAS! E as minhas são de AÇO!!!

— Okeeey! – Naruto gargalhou – Por mais tentador que seja gravar isso, é meu dever como Hokage zelar pela segurança dos ninjas, então vou fazer esse sacrifício e levar o cachorro bêbado para casa – Dito isso, ele arrastou Kiba que foi sem fazer resistência.

— É melhor mesmo, antes que eu faça ensopado de cachorro. – O Hyuuga grunhiu – Naruto, se cuida.

— Se cuida também, Hyuuga. – Os dois acenaram com a cabeça respeitosamente antes do loiro sair arrastando Kiba.

— Honre seus colhões Hyuugaaa!! – Ele ainda ouviu o bêbado gritar o fazendo fechar os olhos e perguntar-se que caminho tão errado em sua vida ele pegou, para chegar a esse ponto.

Ao abrir os olhos, contudo, viu o homem que os servia o olhando com os braços cruzados e só então se deu conta que todos se foram sem pagar.

— Malditos perdedores!! Miseráveis! Eu vou mata-los! – Rosnou, tirando quase todo seu dinheiro para pagar toda a bebida consumida.

****

— Eu acho que fui bem claro quando disse que não queria que viesse aqui sozinha.

Ino sentiu seu coração saltar e talvez ela possa ter literalmente saltado do banco que estava, mas logo tentou se recompor e fingir continuar observando a flor rara a sua frente.

— E eu acho que é bem obvio que você não manda em mim, então aqui estamos – ela murmurou ranzinza, a cena dela com Matsuri aquela tarde, ainda muito nítida em sua mente..

— Temari disse que você pulou o jantar. – ele começou aproximando-se cautelosamente, percebendo o tom distante da loira.

— Eu não senti fome.

— Você não deve pular refeições. Ainda mais agora... – ele não pode terminar, pois Ino imediatamente levantou-se tensa e o olhou com irritação que ele não esperava.

— Agora o que? – Ela rosnou – Eu estou grávida, e daí?! Eu não sou uma maldita incubadora ambulante que carrega o filho do todo poderoso Kazekage! Eu sou uma Kunoichi, que pode cuidar de si mesma e sabe quando tem que se alimentar! É o meu bebê afinal de contas e eu faria qualquer coisa por ela! – Explodiu, terminando ofegante e olhando para o ruivo que permaneceu em silêncio apreensivo.

— Eu peço desculpas se meus gestos lhe deram a entender de que eu não confio em seu discernimento para cuidar de si mesma, Yamanaka. – o choque com a volta do sobrenome pegou Ino desprevenida e ela teve vontade de chorar e retirar tudo o que havia dito.

Inferno! Ela não se importava realmente com a super proteção do ruivo, pelo contrário, era estranhamente confortador, mas ela não podia deixar de pensar que tudo se devia apenas a vida que carregava. No fundo, por um momento no qual ela não se orgulhava, Ino sentiu inveja do filho por ter a atenção total do ruivo.

— Contudo...Eu nunca a tratei como uma “maldita incubadora”, simplesmente porque eu nunca a vi de tal modo. – De repente essas palavras surpreenderam a loira que sentiu o coração realmente falhar uma batida.

“Não crie expectativas. Não seja boba ao menos uma vez.”

— Não é como se isso aqui, agora, digo, eu aqui com você, eu aqui em Suna... – ela atrapalhou-se dando uma risada nervosa ciente de que o Kazekage aproximava-se - ...Nós, aqui e agora, não fosse apenas por causa dessa gravidez. – ela confessou, percebendo apenas tarde demais que deixou transparecer sua completa frustração. E que o ruivo encontrava-se agora cara a cara com ela. Perigoso.

— De fato, a gravidez de várias formas mudou completamente nossos caminhos. – Ele ia dizendo calmo, quase como se escolhesse cada palavra e ela o ouvia aproveitando para saborear aquela voz rouca que a fazia querer o que não devia. – Mas eu creio que não seja mais ela o único motivo para estarmos aqui, agora.

E Ino acordou de seu transe momentâneo e encarou o Kazekage tentando adivinhar não pela primeira vez o que passava em sua mente.

— Estou errado? – ele perguntou a pegando de surpresa.

— Eu não... – ela suspirou derrotada - ...Eu não sei...

— Entendo.

— Não, você não pode entender... – ela disse voltando a rir nervosamente. – Nem eu posso entender realmente. A verdade é que isso tudo está se tornando uma grande complicação e talvez estejamos complicando ainda mais com toda essa conversa, e a minha vinda aqui, e então Matsuri...

— O que tem Matsuri? – ele perguntou de repente, e ela paralisou chocada ao perceber que havia deixado escapar.

— Nada! Não há nada! – respondeu rapidamente, então bufou diante do olhar confuso dele – Onde ela está afinal? Não há mais nenhuma reunião agora?- desdenhou em uma atitude infantil que ela realmente não ligava.

— Sim. Uma pequena reunião com alguns trabalhadores estrangeiros.

— E sua presença ilustre não se faz necessária?

— Teoricamente. Mas Matsuri concordou em conduzir a reunião já que tem conhecimento sobre a questão e sobre a politica de Suna, assim como competência para tal.

— Oh não me diga. E por que ela concordaria com isso? – Ino perguntou cética.

— Por que eu pedi que ela o fizesse, assim poderíamos ter algum tempo de qualidade. Juntos. – frizzou, um leve rubor dançando por sua face, mas a kunoichi ainda encontrava-se atordoada com a confissão.

— Era por isso que segurou a mão dela? – murmurou novamente sem se dar conta

— Eu não me lembro de fazê-lo, mas realmente eu não entendo por que isso a chocaria tanto.

— É q-que e-eu pensei... – ela calou-se, sua vez de ficar complemente ruborizada e mortificada – Me desculpe. Eu sou uma grande imbecil. Kami-sama, eu sou péssima nisso. – ela tagarelava mais consigo mesmo – O que vamos fazer agora? – riu nervosa sem esperar uma resposta, mas foi surpreendida quando ela veio.

— Me faça uma pergunta.

— O que?

— Pergunte. – ele repetiu com firmeza, os olhos claros brilhando de forma selvagem – Pergunte o que quiser saber sobre mim. Qualquer coisa.

Ela hesitou lembrando-se da brincadeira dos dois, e como sentia que o Kazekage queria muito mais do que uma mera pergunta pessoal. Ela hesitou, a pergunta queimando na ponta da língua, mas sem coragem de soltá-la. Ele percebeu isso e com um passo a frente, ele encontrava-se dentro de seu espaço pessoal muito facilmente.

— Se não quer perguntar, eu pergunto.- o tom desafiador e quase zombeteiro dele, era inédito para a loira que não desviou seu olhar do dele em sequer nenhum momento – O que sente realmente por mim, Ino?

A loira prendeu a respiração, a presença inebriante do ruivo mexendo com todos os seus sentidos, contudo um pingo de sanidade que ainda lhe restava no fundo da mente, a fez recompor-se com uma maestria impressionante.

— Você quer mesmo saber? – ela perguntou baixo, e quando levantou os grandes olhos azuis em direção a ele, Gaara imediatamente notou a mudança de postura repentina. A menina confusa de segundos atrás dava lugar agora a uma mulher de olhar penetrante que lhe despertava uma admiração confusa. – Você me irrita. – ela bufou, vendo-o permanecer inabalável e aquilo pareceu apenas despertar ainda mais sua irritação – Sempre tão contido e sábio, mas não entende as coisas mais idiotas que está estampada na sua cara. Sempre tão controlado, o líder perfeito, é tão...frustrante. Então de repente parece que você parece outra pessoa, com sentimentos e imperfeições, e isso me confunde, por que eu não faço ideia que droga está acontecendo aqui!  - ela desabafou, o maxilar tenso assim como os punhos fechados ao lado do corpo. – Eu sei que não somos uma droga de casal comum, não somos droga de casal nenhum! Então por que eu estou aqui? Por que você apenas não me diz o que quer de mim, de uma vez por todas!!!

Um instante de silencio se passou, antes que Ino percebesse que havia fechado os olhos em um impulso, e ao abri-los, corou ao perceber os olhos fixos do Kazekage sobre ela. Novamente havia sido impulsiva e explodido suas ladainhas e inseguranças na cara de Gaara e agora era tarde demais para retirá-las. Estava exposta como a mulher gravida solteira e carente que era. Boba. Ela podia sentir seus olhos queimarem em sinal do inicio das lágrimas, e uma nova onda de humilhação se abateu sobre ela.

—É essa sua pergunta? – ela ouviu o ruivo perguntar, e ela desviou os olhos na intenção de esconder suas lágrimas.

— Isso é ridículo, eu vou...

— Porque eu tenho sua resposta.

— O que?

A confusão tornou-se choque e surpresa quando ela sem aviso algum teve seu corpo enlaçado por braços fortes e quentes para em seguida, sua boca ser tomada sem qualquer pudor. Ela suspirou, e foi o suficiente para que ele reivindicasse seus lábios, chupando-os com força e cuidado enquanto a puxava ainda mais de encontro ao corpo dele. Então ela estava perdida.

Seus olhos se fecharam e suas mãos subiram até os cabelos ruivos puxando-os enquanto colocava-se na ponta dos pés como se tentasse tomar ainda mais daquele beijo que ela tanto sonhou e finalmente estava acontecendo. Os beijos de Gaara eram viciantes e ela apenas queria tanto se perder neles.

Quando o ar lhes faltou, eles se separaram devagar demais, as testas ainda se encostando como se apenas temessem que tudo chegasse ao fim. Ino ainda tinha as mãos na nuca de Gaara e ele os braços em torno de sua cintura. Quando seus olhos se encontraram, os dois encararam um ao outro, ofegantes e em silêncio, que foi quebrado quando a loira não conseguiu mais conter as próprias duvidas.

— O que estamos fazendo Gaara? – ela murmurou em um misto de apreensão e êxtase.

— Eu estou beijando você. – ele respondeu, nenhum pingo de ironia em seu rosto ou tom de voz, apenas aquela incrível confiança que Ino aprendia a cada dia a odiar e admirar ao mesmo tempo.

— E nós deveríamos estar fazendo isso?

Nesse instante, ela foi puxada ainda mais de encontro a ele com uma firmeza que nunca mais havia experimentado desde que anunciou sua gravidez.

— Eu já deveria ter feito isso a muito tempo.

Ino mal teve tempo de realizar as implicações daquela afirmação antes de seus lábios serem novamente capturados pelo ruivo sedento. E dessa vez ele não parou por aí. Em um impulso, ele praticamente a arrastou de encontro a uma das pilastras da enorme cúpula, e ali mesmo a levantou com grande facilidade até que as pernas dela se cruzassem em sua cintura e a loira gemesse carente e sentindo um fogo começar a descer até seu baixo ventre.

Kami-sama, a quanto tempo não era tocada daquela forma. A quanto tempo, não sentia-se com tanto desejo. Não se importava onde estava, mas se tivesse sã o suficiente perceberia que fora arrastada de forma estratégica até um dos lugares mais escondidos pelas plantas, longe dos olhares curiosos de fora da cúpula. Mas honestamente isso estava bem longe de sua mente naquele momento. Não quando o ruivo tinha agora as mãos por dentro de sua blusa e os bicos sensíveis dos seios doíam e formigavam, causando uma sensação dúbia de dor e prazer.

Por um instante mínimo, Gaara sentiu a barriguinha saliente da mulher em seus braços, mas ao contrário do apreensão que pensou que sofreria, naquele momento, a realização de que a Kunoichi tinha uma parte de si dentro dela apenas atiçou um lado selvagem e primitivo que apenas lhe ordenava para que a tomasse novamente, reivindicando-a como sua.

Um gemido ofegante escapou dos lábios dela entre o beijo e ela fechou os olhos apenas para sentir o rastro quente dos beijos que Gaara distribuía em seu pescoço, em seguida em seu colo, suas mãos tocando-a em todos os lugares que ele conseguia. Contudo, uma breve tensão se instalou quando o sentiu levantar sua blusa e ela percebeu que seu corpo não era mais o mesmo de antes. Ela hesitou e tentou impedi-lo. Ele a olhou.

Um instante de silencio se passou como se eles conversassem apenas com os olhos, antes que Gaara aproximasse dela novamente, dessa vez devagar e lhe desse um novo beijo, dessa vez calmo e lento, ao mesmo tempo em que suas mãos voltavam a acariciar a pele de sua cintura com delicadeza, subindo pelo seus lados e levando a blusa consigo, com calma como se não quisesse assustá-la e lhe deu um leve selinho antes de separar-se e finalmente tirar sua blusa, expondo o sutiã visivelmente maior e a protuberância visível em sua barriga.

E enquanto Ino tentava não deixar suas paranoias tomar conta de sua mente. Gaara apenas pensava o quanto aquela mulher era linda e o quanto precisava que ela fosse dele.

— Gaara...

— Eu quero que você seja minha. – então ele disse, com sua firmeza e seriedade características e a Kunoichi arregalou os olhos em choque, para em seguida sorrir sem mais conseguir conter o obvio.

— Então me faça sua.

E o ruivo não esperou mais nada para atende-la. E quando ele voltou a juntar seus corpos, ela o aguardava ansiosa e começou seu próprio trabalho de explorar o corpo do Kazekage a quem também queria fazer seu.

Em um minuto, roupas eram espalhadas pelo chão e os corpos suados se encontravam deitados sobre elas.  O calor não os incomodava, uma vez que tentavam aplacar o fogo que seus corpos experimentavam.

Ino gemeu e arqueou ao tê-lo entre suas pernas, uma das mãos grandes cobrindo seus seios sensíveis, enquanto a outra apoiava-se no chão e sua boca beijava o pescoço branco. Suas unhas dançavam nas costas musculosas e escorregavam pelo peitoral definido e largo que a fazia sentir-se tão segura.

Gaara não queria nada mais do que adorar cada pedacinho do corpo da loira abaixo de si, sentir as mudanças do corpo dela causada pelo filho de ambos crescendo em sua barriga. Os seios menores que antes cabiam em sua mão, agora já a enchia fartamente e pareciam ainda mais sensíveis fazendo a loira dar gritinhos e contorcer-se inconscientemente – ou não – atiçando seu pau a cada vez que suas intimidades se esfregavam.

Sem mais conseguir aguentar, ele retirou a última peça de roupa de ambos sem tirar os olhos da loira deitada no chão, corada, os cabelos loiros espalhados e os lábios entreabertos e inchados em uma visão que o Kazekage sem duvidas guardaria para toda vida.

E quando ele voltou, ela o esperava com as pernas abertas o suficiente para que eles se encaixassem e sentissem como se seus lugares fosse exatamente aquele. Por que na verdade era e quando os orbes verdes e azuis se encararam, então naquele momento eles puderam ter as respostas para suas dúvidas.

Quando eles finalmente se uniram, não havia mais nenhuma duvida.

Ino gemeu alto ao sentir-se sendo preenchida, e Gaara apenas teve de afundar o rosto no pescoço da loira, aspirando fundo seu aroma de flores único que não lhe dava alergia, tentando ir devagar para não machuca-la, mas era tão apertado e tão quente e Kami-sama, ele era apenas sedento para enfiar-se de uma vez dentro daquele corpo pequeno e pecaminoso que ele desejava mais que tudo no mundo.

— Gaara! – ela gritou ao sentir-se completa e cravou suas unhas com força nas costas brancas deixando padrões que ficariam por lá por algum tempo. – Mova-se!!! – ordenou e engasgou quando ele finalmente se movimentou e pareceu atingi-la diretamente em seu ponto mais sensível – Oh Kami!

Gaara rosnou a cada estocada que invadia o corpo apertado ao redor de sua carne dura. O ritmo lento e cuidadoso da penetração não durou muito, logo o desespero apenas tomava conta de seus corpos e eles sentiam a necessidade crua de libertação, o incomodo quente os levando a beira do transe. Mais rápido, mais profundo. Tão bom!

Segurando uma das pernas mais alto em sua cintura, ele a penetrou ainda mais fundo e a fez gritar novamente e tremer a beira de um grande colapso de prazer. Mais algumas estocadas antes que ela o segurasse com o resto de força que ainda possuía e o prendesse em seu longo e doce orgasmo apertando-o dentro de si o bastante para leva-lo junto e sentir novamente a semente dele jorrando em seu interior.

Lentamente, eles separaram-se e Gaara teve o cuidado de jogar-se para o lado dela no chão. Os dois encararam o céu estrelado acima deles, ofegantes e completamente satisfeitos, em seguida viraram-se um para o outro e acabaram sorrindo cumplices, pela primeira vez sem amarras, sem joguinhos e sem negações.

Eles estavam juntos agora.

***

Mal havia amanhecido e uma pequena comoção já podia ser vista no clã Hyuuga. Enquanto um grupo admirava, um grupo maior terminava finalmente a construção de parte do muro destruído. Entretanto, o que realmente chamava a atenção dos observadores, era a figura relaxada e competente do Hokage da vila, que havia voltado para continuar seu trabalho e foi recebido não apenas com satisfação, mas também com bastante alegria dos outros Hyuugas que haviam duplicado em quantidade e agora todos ajudavam a terminar o trabalho que com as mãos extras acabava em tempo record.

As horas de trabalho, também fez com quem parte dos Hyuugas que ainda viam o Hokage como o jovem burro e perigoso o olhasse com mais admiração. Naruto Uzumaki mais uma vez havia conseguido o impossível: Tornar-se bem vindo entre o clã Hyuuga.

Não todos eles, lógico. Mas boa parte e isso era mais do que suficiente.

Alguns se aproximaram e parabenizaram o loiro, outro agradeceram, alguns mais jovens lhe levaram comida e água. O mesmo apenas agradecia com educação e um sorriso no rosto. Um sorriso que a muito tempo ele achou que havia perdido.

—Discurso!!! – um deles gritou e todos olharam com ansiedade para o loiro que arregalou levemente os olhos e coçou a nuca.

— Eu acho que devo primeiramente um pedido de desculpas a todos vocês, já que fui eu quem causei tudo isso. – riu nervoso, mas então tornou-se sério – Eu não sou perfeito e na verdade tenho mais defeitos que a maioria, o pior deles é acabar magoando as pessoas a quem eu deveria proteger.  Mas nesses últimos dias, eu aprendi bastante sobre união e principalmente confiança e fico feliz em dizer que devo isso em grande parte as pessoas que fazem parte deste clã. Como já disse, todos temos defeitos, e eu vi agora como todos tentam melhorar a cada dia e fazer a vida uns dos outros melhores. É esse exemplo que eu quero levar para a vila inteira. Então, obrigada.

Uma grande salva de pasmas e gritos ecoou e Akihiko aproximou-se do loiro e estendeu a mão.

O Hokage revirou os olhos, mas aceitou o gesto e os dois acabaram sorrindo ferozes.

— Mas você ainda é um almofadinha!

— E você um grande cabeça oca.

Um pigarreio chamou a atenção de todos que calaram-se de imediato para ouvir Neji que se voltou para o Hokage.

— Hinata-Sama o espera em sua sala.

Naruto engoliu em seco, sem realmente esperar por isso, mas viu pelo olhar de Neji que o mesmo tentava lembra-lo da conversa que os dois tiveram no dia anterior. E ele lembrava e havia pensado bastante sobre isso.

Hinata olhava para o vazio a sua frente quando uma batida na porta chamou sua atenção. Automaticamente passando a mão pela franja, ela pediu que entrasse  e viu a porta abrir-se lentamente antes de Naruto surgir.

— Neji disse que queria falar comigo.

Ela acenou e levantou-se, enquanto ele fechava a porta atrás de si e aproximava-se cauteloso.

— Eu queria agradecê-lo pela ajuda.... – ela foi calada ao ouvir uma risada baixa, e o viu passar as mãos pelos olhos em uma atitude cansada.

— Você sabe que não precisa me agradecer, já que fui eu quem o destruí primeiramente.

— Sim, eu devo. – ela o rebateu com dureza e ele a encarou sério agora – Ainda que estivesse envolvido, poderia ter apenas mandado ajuda, ou simplesmente nem ajudado, afinal o Hokage tem uma vila inteira para cuidar.

Certo. O Hokage. Naruto entendeu. Sua ida ali era mera formalidade. Ele quis acabar com toda aquela baboseira, mas controlou-se. Ele sabia que não podia mais agir impulsivamente.

— Bem, o clã Hyuuga ainda que tenha sua jurisdição independente da vila, ainda faz parte dela e eu não pretendo exclui-lo. – ele pigarreou – Eu pedia desculpas aos Hyuugas lá de fora pelo meu comportamento, mas creio que eu também lhe deva desculpas formalmente pelo meu desrespeito não apenas com o território do clã, como também com sua líder. Minha intenção nunca foi desmerece-la, mas admito que passei dos limites, então estou disposto a ressarcir o clã de alguma forma, pessoalmente.

Hinata piscou, aturdida.

— Não pode colocar a vila da folha inteira em divida com o clã... – ela murmurou, mas Naruto não pareceu abalado.

— Eu não o fiz. Eu coloco a mim, somente, minhas finanças e meu tempo vago.

A Hyuuga entendeu e admirou o homem sério e justo a sua frente. De uma forma estranha e inesperada, ela sentiu orgulho e respeito pelo Hokage de Konoha.

— É uma boa oferta. E eu agradeço. Mas creio que a sua ajuda na construção do muro foi suficiente.

— Certo. Então, se for apenas isso.

— Na verdade eu gostaria de aproveitar para lhe comunicar minha decisão sobre a proposta de Takashi-sama. – ela viu o loiro apenas olhá-la em silêncio, sua expressão uma mascara fria que ela não conseguia ler. – Eu resolvi aceitar.

Um silêncio longo e doído se instalou pelo próximo minuto, e ambos acabaram por desviar o olhar, incapazes de demonstrar suas próprias reações ou ver a do outro.

— Eu pensei bastante e seria injusto se eu não tentasse e esgotasse todas as possibilidades de cumprir minha promessa, tanto por Neji quanto por Hanabi, assim também como pelo clã. – ela disse tudo em uma grande respiração, mas começava a sentir-se nervosa com a falta de reação do loiro – Eu realmente espero estar de volta antes do que Takashi-sama informou, mas...

— Eu agradeço por ter me informado. – ele a cortou, pegando-a completamente de surpresa – Vou providenciar para que tudo esteja pronto para a partida de vocês hoje.

— O-obrigada.

— Acho que você deve ter muito o que resolver ainda, então eu já estou de partida, mas desejo a você uma boa viagem, Hyuuga-sama. Infelizmente creio que não poderei me despedir no horário combinado.

Hinata realmente não esperava por isso, e foi como se uma grande rocha tivesse sido jogava pela sua garganta e afundasse seu estomago, ao mesmo tempo em que comprimisse seu pulmão.

— Naruto... – um fio de voz saiu de seus lábios quando o loiro já estava virado de costas e ele novamente a surpreendeu ao virar-se e ir em sua direção, dessa vez dando a volta em sua mesa até estarem frente a frente – Eu...

— Shiii – ele a calou com um dedo indicador em seus lábios. – Eu aceito e espero que ache suas respostas lá, Hinata. – ele murmurou carinhosamente, e então lhe deu um ultimo olhar e um beijo em sua testa, antes de se afastar. – Por favor, tenha cuidado.

Apenas quando a porta se fechou novamente, Hinata saiu do próprio estupor e se viu sozinha em sua grande sala. Um gosto salgado em seus lábios a fez perceber que duas lágrimas escorreram por seus olhos que agora encontravam-se embaçados por mais.

Algo no fundo de sua mente gritava o quanto ela estava sendo burra e maluca, enquanto uma parte pequena tentava manter-se firme e estabelecer suas prioridades.

Infelizmente uma parte muito dolorosa lhe dizia que ela arriscava perder algo muito valioso para ela.

****

— Ohayo. – Sayuri soltou um grande bocejo enquanto aproximava-se do próprio armário, o único outro ocupante do compartimento sendo o Inuzuka que fechava o próprio armário há alguns passos do seu.

— Hm... – o mesmo respondeu com um simples murmúrio.

— Nossa que bom humor. – ela ironizou rindo e então olhando para o parceiro e surpreendendo-se ao ver um hematoma roxo logo abaixo de seu queixo. – Uou, não me diga que você e Akamaru brigaram. – Mas ao contrário da resposta atravessada que ela esperava, o moreno apenas passaria por ela como se a mesma nem existisse – Hei! Qual o seu problema? – ela o segurou, começando a irritar-se.

— Eu não tenho qualquer problema a não ser você me atrasando para começar a minha ronda.

— Kami-sama, não me diga que ainda está chateado por que eu não fui ontem. Você está ficando carente, cachorro. – ela sorriu, mas ele apenas não sorriu de volta e ela hesitou – Ok, vamos sair hoje para onde você quiser. Eu pago. Não vá se acostumando.... – ela levantou a mão em direção ao rosto dele de forma inconsciente até ele interceptar sua mão para longe. – Hei!

— Eu passo. – ele disse friamente voltando a andar

— Será que pode pelo menos me esperar já que vamos fazer a ronda juntos! – ela bufou.

— Eu estou encarregado de cuidar de Torh agora. – ele rebateu sem nem se quer olhá-la e vê-la arregalar os olhos chocada.

— Espera, e quanto a mim? – mas ela apenas não recebeu resposta e se viu sozinha. – Mas que... – apertando a boca em uma linha tensa ela bateu a porta do próprio armário com força, tentando não gritar de frustração.

Mas que merda havia acontecido com o Inuzuka?

***

No por do sol, Hinata encontrou-se com Takashi e sua escolta nos portões de Konoha. Akihiko e Neji a acompanharam, assim como Hana, mas ela ainda deu um último olhar ao redor em busca de outros olhos.

Nada.

— Boa sorte. – Neji desejou-lhe tirando de seus devaneios.

— Vamos mantê-la informada de tudo e cuidar do clã. – Akihiko afirmou e ela tentou sorrir.

— Boa viagem, Hinata-sama. – Hana disse a abraçando. – Ah, eu não sei o que fazer sobre uma coisa. – ela tirou um pedaço de pergaminho do bolso – Hiashi-sama escreveu isso essa manhã e pediu ao guarda que guardasse isso nos cofres e apenas entregasse quando sua filha mais velha assumisse o clã.

Todos se entreolharam enquanto Hinata pegava o pedaço de pergaminho lacrado com o símbolo do clã Hyuuga. Ela havia se despedido do pai naquela tarde e ele parecia ter voltado ao estado de apatia. Engolindo em seco, ela guardou a carta.

— Cuidem-se. – a líder do clã murmurou e finalmente subiu na carruagem onde Takashi já a esperava.

— Eu fico muito feliz em tê-la como minha convidada, querida.

— Eu é que agradeço.

— Tenho certeza que juntos vamos encontrar o que você procura. – o velho disse animado e inconscientemente Hinata apertou as próprias mãos e olhou em direção a janelinha da carruagem onde podia ver quando eles passavam pelos portões.

“Adeus Naruto-kun”.

Sem que ela saiba, do alto do monte Hokage, o próprio Hokage os via partir, sentado na estatua de seu pai.

“Adeus Hinata”


Notas Finais


Não me matem! kkkkk

Hoje tem cap bonus!!! --->


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