1. Spirit Fanfics >
  2. Paraíso Sombrio >
  3. Medo de viver

História Paraíso Sombrio - Medo de viver


Escrita por: biasensei

Notas do Autor


Yo, minna! Tudo bem com vocês?

Só posso dizer que eu realmente tenho os melhores leitores de todo o universo! :o
Faz um dia que postei a fic, e ela já tem essa quantidade de favoritos, além dos comentários divosos de vocês, um me emocionando mais que o outro.
Fico realmente honrada por terem tanta confiança em mim como autora. Eu estava muito nervosa em disponibilizar essa fic, afinal, esse enredo é uma aposta alta! E saber que vocês estão gostando e curiosos apenas me deixa mais desesperada para postar mais capítulos (vocês já sabem o quanto eu sou agoniada e ansiosa, né? Kkkkkkkkkkkkkkk)

Todo mundo revoltz aqui por causa da Shion. Ah, gente, a bichinha, deixem ela participar da fic mais um pouq.... ops, matei a Shion! Foi mal!
Brincadeirinha ;) kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Vocês estão pegando as minhas manias de usar expressões estranhas. Todo mundo falando em NaruHiniano, ShikaTemariano, abalar as estruturas... isso é o que dá ter leitores divos.

Já viram a capa do capitulo passado? Divosamente feita pela Rayssa Vinhote (Hyuuzu-san), que, como sempre arrasa nas edições! Narutim tá tão dark e punk nela, exatamente como eu o imagino nessa fic O/////O
A capa da fic tbm foi feita por ela (tá, eu deixei sem capa, porque... porque... no fundo, eu queria que você fizesse, Rayssa. Porque você é a diva das capas. xD)
E por falar em diva das capas, a LanaHina já terminou as capas dos capítulos da Laços! Deem uma olhada lá. Estão uma fofura. *0*

Desde já me desculpo pelo capitulo fraquinho... mas ele é necessário nesse início, como já expliquei nas notas iniciais do primeiro capítulo.
E chega de tagarelar por aqui, né?

Boa leitura, e nos vemos nas notas finais!

Capítulo 2 - Medo de viver


Fanfic / Fanfiction Paraíso Sombrio - Medo de viver

 

 

 

Naruto caminhava pela calçada sozinho e de cara enfezada, a passos largos e apressados. Olhava para um papel em suas mãos, parecendo estar procurando algo.

O endereço que Sasuke lhe dera o levara para um lugar bastante confuso.

Detestava andar pelas ruas daquela cidade, daquele país. Não conhecia nada ali. Tinha certeza de que aquela era mais uma missão inútil.

Continuava a caminhar, sentindo sua cabeça latejar, agudizando sua impaciência.

-Velho pervertido, desgraçado, eu vou mata-lo. – murmurava consigo mesmo, enquanto passava pelas casas, procurando pelo endereço que estava no papel em suas mãos.

Uma voz rouca, pesada e sombria logo soou dentro da consciência do rapaz.

“Não seja tão estressado logo pela manhã. Seu mestre não tem culpa por você estar de ressaca. De novo.”

-Fique quieta, Kyuubi. Ninguém pediu a sua opinião. – respondeu, mau humorado.

“Pare de reclamar tanto. Se você não fosse um discípulo tão displicente, já teria conseguido encontrar a garota.”

-Você quer o quê?! – perguntou, irritado. –Estou há semanas rastreando essa garota, mas parece que sempre que estou chegando perto, ela escapa! Pra quê o Ero-sennin precisa tanto dessa menina?!

“Não faça tantas perguntas desnecessárias. Seu mestre lhe designou uma tarefa; apenas a cumpra sem causar tantos transtornos!”

-Cala a boca, Kyuubi. – respondeu, estreitando os olhos.

Duas garotas que passavam por ele o observaram com atenção. Talvez estivessem assustadas por ele estar falando sozinho.

Mas ele estava acostumado com aquilo, e não se importou. Apenas continuou a andar, prestando atenção na beleza das moças que o encaravam com um misto de curiosidade e...

Reparou que elas também o observavam com uma espécie de desejo nos olhos, o que o fez sorrir. Passou as mãos pelos cabelos loiros, ajeitando os óculos escuros que estava usando. Assentiu na direção das garotas, que suspiraram.

“Pare de correr atrás de mulheres e mantenha o foco na tarefa que seu mestre lhe confiou, Naruto.”

Era a voz sombria novamente soando em sua cabeça.

-Droga, Kyuubi, você nunca me deixa fazer nada divertido. Que saco. – praguejou. E voltou a procurar pelo endereço.

Pelo silêncio em sua mente, ele tinha quase certeza de que Kyuubi estava revirando os olhos.

 

 

Enfim, ele parou em frente à um portão. A casa que procurava ficava no meio de muitas outras, mas não era igual a nenhuma delas. As outras casas possuíam uma varanda bem cuidada, com um jardim de grama aparada e flores coloridas. Na casa a sua frente, não havia nada.

Apenas o vazio gritante que o fez arrepiar-se. Abriu o pequeno portão, passou pelo que deveria ser o jardim – embora houvesse ali apenas terra batida, nada de verde, nada de flores – e tocou a campainha.

Ninguém veio.

Que ótimo. Sequer conhecia a garota, e já a achava um verdadeiro pé no saco.

Tocou agora por cinco vezes seguidas, mas ainda assim, ninguém veio atendê-lo.

Ele piscou, impaciente, e começou a esmurrar a porta. As fortes batidas de Naruto ecoaram por toda a rua.

Mas ninguém saiu.        

“E se eu arrombar...?”,   divagava.

“Não faça nada idiota, Naruto.”

Com os próprios pensamentos, o loiro respondeu:

“Já não disse para você ficar quieta?”

E antes que começassem uma discussão mental, selou a Kyuubi em um canto isolado de sua consciência. Sempre fazia aquilo quando queria se livrar dela, e com a ressaca pulsando forte em seu corpo e sua cabeça, não estava com muita paciência para os sermões de sua companheira.

As batidas impacientes de Naruto atraíram a atenção de uma vizinha, que logo saiu de sua casa, olhando o loiro com curiosidade.

-Que barulheira é essa? – perguntou, esfregando os olhos. Com certeza ainda era muito cedo, provavelmente a moça ainda estaria dormindo se não fosse o escândalo de Naruto.

-Olá. – cumprimentou, virando-se para ela e sorrindo. – Poderia me dizer se Hyuuga Hinata ainda mora neste endereço? – perguntou.

Naruto pôde ver o choque atravessar o rosto da moça a sua frente. De olhos arregalados, ela o encarou seriamente.

-O que você quer com a garota Hyuuga?

O loiro notou certo desprezo no tom com o qual a moça se referia à garota que procurava. Ele reconhecia aquele sentimento. Muitas vezes, as pessoas haviam se referido à ele com o mesmo tom, a mesma arrogância.

-Você faz muitas perguntas e não responde à nenhuma das minhas. – falou, sorrindo ironicamente. Se não fosse pelos óculos escuros que usava, a garota poderia ver a irritação nos olhos azuis de Naruto.

-Ela... ela ainda mora aí, sim. Mas deve estar no colégio a essa hora. Ela estuda na escola do centro da cidade, é um prédio grande e luxuoso, você encontrará com facilidade. – falou ela, virando-se para entrar em sua casa novamente. Alguém que procurava por aquela garota esquisita só poderia ser sinônimo de problemas.

Ele assentiu.

-Obrigado pela informação. – falou, dando meia volta e indo até onde estacionara seu carro.

 

Refletindo sobre a maneira como aquela garota havia se referido à Hyuuga Hinata, Naruto chegou à conclusão de que talvez seu mestre estivesse certo.

Talvez aquela garota estivesse realmente precisando ser resgatada.

 

 

 

 

 

-Mas que droga! – reclamou Gaara, guardando o celular no bolso. Passou as mãos pelo rosto, impaciente, respirando fundo.

-Sobre o que é que você já está reclamando? – Ino perguntou, enfezada. Os dois estavam sentados em um dos bancos do grande aeroporto.

Há mais de uma semana Gaara ligava sem parar para seu mestre, mas ele não atendia. Sasuke também havia lhe dito que tentara falar com ele, mas tampouco havia tido sucesso.

-Sasori não atende à porcaria do celular. – respondeu. Ino reparou que ele estava com uma expressão preocupada, o que era raro de se ver no rosto do ruivo. Gaara estava sempre com aquele sorriso irritante no rosto, disposto a provoca-la a qualquer custo.

-Tenha um pouco mais de paciência. – aconselhou – Não se esqueça de que ele partiu em uma missão importante. É natural que ele demore a fazer contato. Deve estar tentando evitar que você corra riscos desnecessários.

Gaara ponderou um pouco sobre aquilo. Seu mestre havia partido para a ORDEM, na intenção de resolver algumas pendências. Muitas mortes e acontecimentos estranhos envolvendo membros da organização estavam ocorrendo, e não havia nenhuma pista plausível o suficiente para que pudessem fazer alguma suposição coerente de quem seria o culpado.

-É, pode ser. – falou, sem estar nem um pouco convencido. Mas resolveu mudar de assunto. -E esse cara, chega ou não chega? – perguntou, olhando o relógio. O avião que aguardavam estava atrasado.

Ino suspirou.

-Acabei de dizer pra você tentar ser mais paciente. Ele já deve estar aterrissando.

Ele se esparramou na cadeira, e tirou o celular do bolso. Encarou o nome de Sasori na sua lista de contatos, sua expressão vincando-se novamente com a preocupação.

O que estava acontecendo?

 

 

 

 

Hinata caminhava pelo grande pátio de sua escola com a mesma expressão apática com a qual saíra de casa. Todas as manhãs era a mesma coisa.

Ela se lembrava de todas os maus momentos de sua vida, dos traumas, das feridas, do inferno que carregava dentro de si. Sufocava tudo em sua mente, e passava pelos dias com a sensação de ter vários gritos de desespero empoeirados em seu interior.

Mas sequer tinha forças para se importar.

Simplesmente não tinha.

Enquanto caminhava, podia sentir o olhar de alguns garotos na sua direção. Em sua maioria, os comentários a seu respeito dividiam-se entre sua beleza e sua esquisitice, mas aquilo também não tinha importância para ela.

-Hinata! – ouviu Tenten gritar, mas não virou-se para olhar. Apenas continuou andando.

A amiga lhe alcançou, colocando a mão em seu ombro, sorrindo:

-Hinata! Bom dia! Ei, vamos ao cinema hoje, não é?

-Claro... – respondeu, sem o menor entusiasmo.

-Podemos ir comer alguma coisa depois, e se você quiser, a gente pode ir também naquela praça...

-Tudo bem, Tenten...

-EIIII, PUCCA! – alguém gritou, fazendo uma veia saltar da testa de Tenten.

Ela olhou furiosamente para os lados, procurando o dono do gracejo.

-Quem que é Pucca aqui?! – gritou, irritada. Um grupo de garotos atrás dela riu descaradamente, fazendo-a erguer o punho cerrado na direção deles.

Hinata pegou o braço da amiga, suspirando pesadamente.

-O sinal já vai tocar. Vamos embora.

Tenten deixou-se ser rebocada pela amiga, ainda bufando de raiva.

 

As duas então entraram na sala, e Hinata sentou-se em seu lugar de costume: a última cadeira da fila, no fundo da sala, encostada na parede. Tenten sentou-se à sua frente.

A Hyuuga colocou seus braços sobre a mesa e escondeu o rosto entre eles, esperando que o professor entrasse logo na sala. Não queria que Tenten puxasse mais nenhum assunto com ela. Sentia-se particularmente perturbada aquela manhã, algo agitando-se misteriosamente dentro de si. Fazia muitos anos que não sentia nada.

Ter aquele pressentimento era, no mínimo, estranho.

Estava mentalmente inquieta, tentando esquecer-se de todos os problemas que aqueles seus “dons” estranhos lhe causaram. Toda a dor, todo o sofrimento.

Por um momento, as memórias ruins turvaram seus pensamentos, e ela pôde sentir os choques que levara no sanatório, o que a fez levantar a cabeça rapidamente, e ofegar como se acordasse de um pesadelo.

Outra lembrança logo tingiu seus pensamentos: mãos agarrando fortemente seus pulsos, forçando-a contra a parede, tapando-lhe a boca e impedindo-lhe os gritos...

-Hinata? – chamou Tenten, vendo a expressão de terror da amiga.

-Ah... Tenten... vou ao banheiro. Preciso... lavar o rosto.

-Quer que eu vá com você?

-Não precisa. Volto logo. – falou, levantando-se de forma abrupta, fazendo sua cadeira afastar-se para traz ruidosamente.

Antes que Tenten insistisse, ela caminhou apressada rumo ao banheiro feminino.

Quando teve certeza de que a amiga não podia mais lhe ver, correu. Abriu a porta do vestiário de uma só vez, ajoelhando-se próximo a um sanitário.

Alí, em fortes rajadas de vômito, despejou toda a repugnância pelas lembranças que povoavam seus piores pesadelos.

 

 

 

 

 

 

Caminhando de volta à sala de aula, ficou um pouco surpresa ao ver o diretor parado ao lado da porta. Ele a encarava de uma maneira estranha, e ela imaginou que fosse por ela estar fora de sala. Passou por ele como se nada tivesse acontecido.

-Senhorita Hyuuga... – ele chamou. Ela então se virou para encará-lo, e percebeu que ele estava com uma expressão desconfortável. Parecia... Assustado.

-Sim? – respondeu.

-Preciso que me acompanhe até minha sala. – falou, a mesma expressão estranha ainda estampando sua face.

Em silêncio, ela passou a caminhar ao lado do diretor. Antes de deixar a sala, viu Tenten fita-la com um olhar preocupado e cheio de dúvida.

 

Atravessando o grande pátio, Hinata caminhava ao lado do diretor sem o menor interesse no motivo pelo qual estava sendo levada à sala dele. Mas resolveu interagir mesmo assim; aprendera que era importante interagir com as pessoas, ou elas começariam a pensar que ela era algum tipo de zumbi.

-Do que se trata? – perguntou.

Ouviu o diretor suspirar. Ele tirou um lenço do bolso de sua roupa, e passou na testa, enxugando o suor que escorria. Hinata viu suas mãos tremerem um pouco.

-É melhor esperar que cheguemos até minha sala. – foi tudo o que respondeu.

Ela continuou a acompanha-lo sem fazer mais perguntas.

 

Ao chegarem até a porta da sala para a qual se dirigiam, o diretor parou. Parecia incerto se entrava ou não.

Hinata suspirou, impaciente, e se surpreendeu um pouco com aquilo.

Aquele dia estava repleto de emoções desnecessárias.

Quando ele finalmente decidiu virar a maçaneta da porta e abri-la, Hinata deu um passo a frente.

E estancou ali.

Antes mesmo de entrar na sala, ela ficou paralisada, sem conseguir administrar aquele pressentimento. O ar parecia denso, pesado, carregado de estática, esmagando-a como chumbo.

A porta permanecia aberta a sua frente, mas ela não conseguia se mexer. Não conseguia falar. Não conseguia respirar.

-Entre. – pediu o diretor.

Agora ela entendia perfeitamente a expressão aterrorizada dele.

Com certo esforço, ela conseguiu dar um passo. E depois outro.

Caminhava lentamente, sentindo a atmosfera esmagando seus pulmões, fazendo-a respirar com dificuldade. Dava seus passos com tanto esforço que sentiu uma gota de suor escorrer em seu pescoço.

Logo estava dentro da sala, observando curiosamente o rosto do rapaz que aguardava sentado em uma cadeira.

Ele parecia ter uns vinte e três anos, vinte e quatro no máximo. E era tão bonito que Hinata não conseguiu desviar os olhos dele. Mas parecia haver algo a mais prendendo sua atenção nas feições daquele homem.

-Senhorita Hyuuga, este rapaz diz ter assuntos a tratar com você. – avisa o diretor.

O rapaz tira os óculos escuros de seu rosto, e sorri para Hinata.

-Oi, garota. Nossa, deu muito trabalho achar você, sabia? – reclama, descaradamente.

Ele a encarava, e não pôde evitar pensar que a garota que seu mestre o mandara buscar daquela vez superara todas as suas expectativas. Ela era linda.

“Velhote pervertido”, pensava, enquanto fitava a Hyuuga.

Sim, era ela. Ele jamais poderia confundir o poder dos olhos de um membro do clã Hyuuga. Podia até mesmo sentir a energia dentro dela, estagnada, sufocada, impedida de circular livremente na vida da garota durante muitos anos.

Observando aqueles olhos claros dela com mais atenção, pôde perceber o abismo vazio que havia ali.

 

Ela o fitou, por um minuto perdendo-se no que lhe parecia a imensidão azul dos olhos dele. Como se sua alma estivesse sendo arrastada, sugada, como se estivesse perdendo a si mesma. Como se a presença daquele homem estivesse consumindo a sua existência.

Conseguia sentir claramente a densidade do ar esmagando-a, os pulmões espremendo-se em busca de ar para respirar. O que era aquilo?

Desviou o olhar, encarando o diretor.

-Não conheço este homem. Não tenho nada a tratar com ele. Com licença. – falou, reunindo todas as suas forças e saindo imediatamente dali.

O loiro então se levantou, agarrando firmemente o braço da garota.

-Desculpe, não me apresentei. – falou, sorrindo mais abertamente. Sempre que ele o fazia, Hinata podia sentir o ar ainda mais pesado. – Meu nome é Naruto. Sou, legalmente, seu novo tutor.

Hinata ouviu o diretor suspirar.

-Vou dar... um pouco de privacidade à  vocês. – falou, retirando-se antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Ela o viu sair com a mesma expressão apavorada com a qual ele entrara naquela sala.

-Quer me soltar? – perguntou, encarando a mão de Naruto que permanecia em seu braço. –E que besteira é essa de tutor? Eu nem conheço você. E não preciso de tutor.

Ele tirou um papel dobrado do bolso.

-De acordo com esse papel, perante a Justiça, eu sou agora responsável por você, você querendo ou não. – falou, mostrando o papel aberto para ela.

-Se eu ainda soubesse sorrir, estaria rindo da sua cara agora. – retrucou ela. E Naruto não deixou de perceber que a voz da garota não expressava nada. Nem raiva, nem alegria, nada. - Você só pode estar de brincadeira. Ou é pirado.

-Veja o selo e a assinatura. – falou tediosamente, estendendo o papel para ela.

-Que... que palhaçada é essa? – irritou-se. E novamente surpreendeu-se com aquilo. Aquela sensação quente de raiva a invadi-la era estranha. Era um sentimento. –Como conseguiu esse papel?

-Eu subornei a Secretaria de Justiça e o Conselho Tutelar. – respondeu, como se aquela fosse a coisa mais natural do mundo.

-Como convenceu o diretor a deixar que você entrasse na escola para me falar esse monte de absurdos?

Ele revirou os olhos.

-Eu subornei o diretor.

-Isso é algum tipo de piada, não é? O que você quer comigo? Como você me achou?

-Olha, pra resumir, eu subornei todo mundo pra poder chegar até aqui, entendeu? Agora, não seja um pé no saco, e vá buscar as suas coisas. Estamos indo embora agora.

-Você realmente não espera que eu engula essa história, não é?                                          

“Não seja tão apressado. Dê a ela tempo para assimilar as coisas. Explique direito a situação.”

-Quer calar a boca e me deixar fazer isso do meu jeito? Não tenho paciência pra ficar explicando nada. – ele respondeu às reclamações de Kyuubi em sua mente.

-Quê? – Hinata perguntou, confusa.

-Nada. Apenas vá logo buscar as suas coisas.

-Escute aqui, seu psicopata. – falou Hinata, estreitando seus olhos perolados. – Não vou a lugar algum com você. E se não parar com essa ideia ridícula de me perseguir, colocarei a polícia atrás de você. Entendeu?

Ela estava prestes a dar meia volta e seguir rumo a sala de aula, mas o ar novamente pesou sobre si, fazendo-a arfar em busca de ar. Virou-se para ele, sentindo o corpo esquentar. Parecia que o sangue circulava dentro dela pela primeira vez em muitos anos. Parecia que ela estava despertando de um pesadelo em que suas emoções estiveram inertes.

Ela o encarava, sentindo o choque e o medo invadi-la.

O loiro praguejou mentalmente sobre aquilo. Tivera tanto trabalho para encontra-la, e quando finalmente conseguira, tinha de ficar lidando com situações complicadas como aquela.

-Será que ela é mesmo muito importante, ou eu posso apenas mata-la? – Naruto perguntou à Kyuubi.

Vendo que ela estava apavorada e confusa, ele parou de impor a sua presença naquele lugar. Seu chakra acalmava-se lentamente dentro de si, aliviando a pressão atmosférica do local.

Naruto deu um passo na direção da garota, na intenção de arrastá-la dali.

Mas ela foi mais rápida.

Assim que ficou ciente de que conseguia se mexer de novo, correu para fora da sala o mais rápido que conseguiu, disposta a esconder-se e ligar para a polícia.

Ele ficou encarando a garota que corria da sala, sorrindo um pouco. Parecia que ela estava com medo, e diante do vazio que havia observado em seu olhar, sentir medo era até uma coisa boa.

“Você é um idiota”, ouviu Kyuubi resmungar.

-Droga, por que elas sempre querem fazer tudo do jeito mais difícil? – reclamou consigo mesmo.

 

 

 

 

 

 

Hinata estava sentada em um canto escuro da quadra de esportes do colégio, escorada nos armários onde os jogadores guardavam suas coisas, olhando para o celular em suas mãos. Tremia tanto que ameaçava a todo momento derrubar o aparelho. Com um dos braços, abraçava os joelhos, mantendo-os grudados ao peito. Não sabia do que sentia mais medo: daquele homem, ou das sensações que a invadiam naquele momento.

Sem saber exatamente se deveria chamar a policia, ela largou o aparelho no chão. Podia sentir que aquele tal de Naruto não era normal, e essa constatação a deixava ainda mais apavorada.

Se ela era capaz de sentir aquilo, logo compreendeu que todo aquele inferno estava prestes a voltar à sua vida.

Não, não podia chamar a polícia. E se a chamassem de louca e a mandassem para um hospício novamente?

Só de pensar que aquela possibilidade era real, sentiu uma nova rajada de medo invadi-la. Estava assustada, não sabia mais como lidar com aqueles sentimentos. Medo, pavor, incerteza. Fazia muito tempo que não sentia nada daquilo.

Havia passado todos aqueles anos dormente para a vida. Esquecera-se de ser humana.

-Hinata?

A Hyuuga pulou, olhando para cima de olhos arregalados. Soltou um pesado suspiro de alívio ao perceber quem a chamava.

-Tenten...

-O que houve? O que o diretor queria com você?

-Na-Nada. Não queria nada de importante. – falou, sem querer arrastar a amiga para aquela loucura. Não precisa que Tenten também achasse que ela era maluca.

-Então o que você está fazendo aqui? – perguntou a outra, lançando à Hinata um olhar incrédulo. Sabia que ela só se escondia naquele lugar quando algo a chateava. Na maioria das vezes, a Hyuuga evitava lidar com situações que exigissem envolvimento emocional. Refugiava-se dentro de si mesma, distante de tudo e de todos.

Vendo que Hinata não respondia, ela resolveu não insistir mais, mesmo sabendo que havia algo errado. A amiga tinha uma expressão apavorada, e fazia tempo que Tenten não notava as emoções fluírem nas feições da Hyuuga.

-Vem, levanta daí – falou, estendendo a mão para Hinata.  –Quero te mostrar uma coisa!

-Não quero ir... Volte para a sala, me deixe aqui. Não quero você se metendo em problemas com o diretor por minha causa. – “Aquele diretor bastardo, filho da mãe.”, praguejou, sem conseguir evitar aquele pensamento.

-Não, você tem que vir! – insistiu Tenten. –Você precisa ver o cara lindo que está na sala do diretor. Eu fui lá atrás de você, e ele foi tão simpático...

-Quê? Que cara, Tenten? – perguntou Hinata, sentindo o pavor invadi-la novamente.

-Bom, ele... – começou ela, mas alguém a interrompeu.

-Falando de mim, moças? – perguntou Naruto, andando na direção de onde as duas garotas conversavam. Ele tinha um sorriso sarcástico nos lábios, e caminhava devagar, como um puma cercando sua presa.

-Ah, oi pra você de novo! – Tenten cumprimentou o loiro com um sorriso nos lábios.

Novamente Hinata foi tomada pela sensação de que o ar daquele ambiente iria sufoca-la.

-Ten... Tenten... – tentou falar. Mas a amiga parecia não estar sentindo nada; apenas sorria na direção do loiro, que se aproximava delas observando Hinata atentamente. Sempre que ela olhava para aqueles olhos azuis, sentia que se perdia em uma espécie de buraco negro.

-Está pronta para ir? – perguntou, encarando Hinata.

“Não seja tão exagerado.”, ele ouviu a Kyuubi dizer. “Vai acabar matando a garota se continuar impondo seu chakra sobre ela dessa maneira.”

Naruto não hesitou em responder mentalmente.

“Pois que morra. Droga de garota irritante.”

Ele então agarrou o pulso esquerdo de Hinata.

-Vamos.

Tenten olhou para ele, a expressão confusa.

-Ei! Vocês se conhecem? – questionou.

-Sim. – ele respondeu, sem olhar para ela.

-Não! – Hinata gritou, tentando desvencilhar-se da mão do loiro.

-Se conhecem ou não? – Tenten perguntou, perdendo a paciência, pronta para acertar um murro em Naruto. Não era a primeira vez que salvava Hinata de algum tarado. A amiga era muito bonita; sempre havia algum engraçadinho querendo se meter com ela.

Naruto revirou os olhos por aquele incômodo. Com uma das mãos, empurrou bruscamente a cabeça de Tenten. A garota foi de encontro ao armário, e depois caiu no chão, inconsciente.

-Tenten! – gritou Hinata. Seu corpo tremia de tal maneira que não sabia o que fazer. Passara anos de sua vida sem reagir à nada, e passar por aquilo a deixava desnorteada. Não sabia que atitude tomar com todas aquelas emoções ganhando espaço dentro dela, enchendo-a de...

Vida.

Também não sabia como lidar com aquela contradição.

-Se você não vier logo, essa sua amiga não vai viver para contar aos netos que um dia me conheceu. Você entendeu? Levante-se daí. Não seja um pé no saco.

Ela não se mexia. Apenas o encarava, incerta sobre o que seria aquilo que escorria por seus olhos. Estava... chorando?

-Agora, Hyuuga! – ordenou.

Ela se levantou. Suas mãos estavam cerradas em punho ao lado do corpo com tal força que sentia as unhas ferindo as palmas de suas mãos. Tentava controlar-se a todo custo.

Fitou Tenten, desmaiada, e novamente olhou para o loiro. Ele mantinha uma expressão impaciente.

-Estou... indo buscar as minhas coisas.

Ele exibiu um sorriso torto.

-Ótimo. Irei acompanha-la.

-Mas... e... ?

-O quê? Sua amiga? Eu não bati tão forte assim. Ela vai ficar bem. A menos que você tente alguma gracinha. – falou, com um ar despreocupado, mas sua voz evidenciava a ameaça implícita naquelas palavras.

-Não... não vou tentar nada. – falou – Deixe ela livre.

Naruto sorriu um pouco mais. A voz da garota, que antes soava inexpressiva, agora estava carregada de emoção. Os olhos perolados que lhe marcavam a identidade como uma legítima Hyuuga, antes vazios, agora demonstravam um grande pavor. E ele sabia que ela não tinha controle sobre aquilo.

Finalmente ela parecia sentir algo. Finalmente reagia.

“Não falei que do meu jeito dava certo?”, ele pensou, exibindo-se para Kyuubi.

Ouviu um ruído baixo, como se o Bijuu estivesse rindo. Naruto revirou os olhos.

 

 

 

 

Já na sala, Hinata pegou sua mochila, passando por todos sem dizer uma única palavra. O professor a encarava seriamente enquanto ela saía dali de cabeça baixa, a passos apressados, antes que alguém pudesse fazer qualquer pergunta.

Talvez Naruto tivesse subornado o professor também.

Ela o acompanhou em silêncio até o lado de fora da escola. Naruto abriu a porta do carro preto que estava estacionado na frente da instituição, mas ela não entrou. Encarava a porta aberta, ainda sentindo seu corpo inteiro tremer.

-Quem é você? O que quer comigo?

Ele a encarou.

-Sou um cara qualquer. Exceto pelo fato de que sei que você pode ver e sentir além da capacidade de qualquer pessoa normal. Bem, pelo menos podia, até fritarem o seu cérebro naquela tal clínica...

Ela arregalou os olhos para ele.

-Vo... você vai me levar de volta para lá?! – apavorou-se.

-Não. Eu sou como você. Só que muito mais poderoso, habilidoso e charmoso. – brincou. Ela não sorriu. –Vamos, entre no carro.

Mas ela continuou parada.

-O que vai fazer comigo?

-Está com medo? – perguntou ele.

Ela não conseguia responder.

Ele então deu um passo na direção de Hinata, aproximando seu rosto do dela. Os olhos azuis de Naruto ganharam uma tonalidade escura, como a de um céu noturno.

-Se está com medo, se apegue à esse sentimento, garota. É ele que vai te trazer de volta à vida. – falou, a expressão séria.

Hinata deu um passo involuntário para trás.

-Não vou machucar você, se é isso que está pensando. Tem gente que pode te ajudar. A vida não precisa ser tão difícil, sabe. – diz, tentando parecer gentil.

-Mas...            

-Raios, pare de fazer tantas objeções e entre logo na droga desse carro! – estressou-se.

Sim, paciência não era exatamente o seu ponto forte.

Ela assustou-se com a aspereza do loiro e entrou logo no carro.

 

Naruto ouviu Kyuubi dar outro riso debochado em sua mente.

“Que é?”, perguntou.

“Você conseguiu, Naruto. Cumpriu a missão.”, falou ela, a voz rouca e sombria ecoando na consciência do loiro.

 

“É. Eu consegui.”, pensou, mais consigo mesmo do que para Kyuubi, deixando escapar de seus lábios um sorriso de satisfação.

Deu a partida no carro, acelerando na direção de sua casa.

 

 

 

 


Notas Finais


Oi!
E aí? Gostaram? Mais uma vez lembro que é o comentário de vocês que me estimula à prosseguir escrevendo! Então não deixem de comentar, opinar, e até mesmo de recomendar a fic... a autora-san agradece ;)

Quem vocês acham que o Gaara e a Ino estavam esperando chegar no aeroporto? (Hyuuzu-san, você meio que já sabe, então não vale soltar por aqui, hein? kkkkkkkkkkkkk)
Por que será que o Sasori não atende ao celular, nem faz contato?
O que acharam do primeiro encontro NaruHina?
Lembro a vocês que esses primeiros capítulos servirão para contextualizar o enredo, e podem ser meio chatinhos antes da ação de verdade começar... mas espero que gostem mesmo assim, e continuem acompanhando!

Não sei quando disponibilizarei capítulo novo, mas prometo que será logo, loguinho!
Bjks!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...