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História Paranoid - Segundas intenções.


Escrita por: sympathize

Notas do Autor


Boa leitura e notas finais ;*

Capítulo 10 - Segundas intenções.


Fanfic / Fanfiction Paranoid - Segundas intenções.

A cada segundo se tornava ainda mais notável minha adoração ao rapaz diante dos meus olhos, que continha àquela beleza extrema e admirável. Deixei meus olhos analisarem cada parte de seu rosto e notei que os fios loiros de seus cabelos estavam puxados em um topete completamente despojado – que se encontrava um pouco desgrenhado por conta do capuz que antes o cobria – e aquilo simplesmente se somava a sua beleza angelical e extasiante como todos os outros detalhes do mesmo. As pintinhas em seu pescoço e uma, extremamente chamativa, perto de sua boca. Guiando-me em direção aos seus lábios volumosos e mais vermelhos do que se encontravam no dia anterior, um calafrio extremo percorreu minha espinha. Meu nervosismo tornando-se cada vez mais evidente e aquela troca de olhares estava começando a me trazer sensações desconhecidas e fora do comum, sensações que não tardaram a dominar todo meu corpo e uma sensação de peso se alojou em meu estômago fazendo com que minha respiração se encontrasse descompassada em questão de segundos. Meu coração disparado, minhas mãos soando e minhas pernas trêmulas eram o que somavam toda a sensação mórbida que aquele momento infligia sobre mim. E aquilo não parecia bom. Definitivamente não era.

— Cadê a minha foto? — Questionou após incontáveis minutos, sua voz rouca soando completamente arrogante e de uma hora para outra uma revolta me dominou.  

Franzi minhas sobrancelhas automaticamente. Meus sentimentos eram completamente paradoxais quando se tratava dele e bastaram dois encontros para que eu notasse aquilo.

— Foi você quem veio atrás de mim dessa vez, então seja mais educado. — Protestei tão mal-educada quanto ele e vi seu semblante confuso se transparecendo aos poucos.

— Eu não vim conversar com você, só quero a minha foto! — Pronunciou-se apático e a raiva se alastrou dentro de mim, fazendo-me lhe lançar um olhar recheado de desprezo.

Como ele podia ser tão pretensioso e insensível? Como que em algum momento da minha vida eu cheguei a pensar que ele fosse uma vítima indefesa quando na verdade ele era malévolo o suficiente para se defender sozinho? O ódio se tornava cada vez mais dominante dentro de mim e eu queria jogar toda minha revolta sobre os ombros dele, queria torturar seus ouvidos com minhas ofensas, no entanto mesmo ele merecendo meu total desprezo, eu simplesmente não conseguia fazer aquilo. Não conseguia impor sobre ele à rejeição dolorosa que ele infligia sobre mim, pois eu ainda queria ajudá-lo, porque eu ainda queria saber o lado dele da história e eu estava me sentindo tão imbecil por ainda ter esperanças naquilo, que quase comecei a chorar diante da imensa frustração que me agonizava por dentro. Entretanto me mantive firme, engoli o descontentamento que desceu rasgando por minha garganta e continuei fitando-o indiferente. Xinguei-o mentalmente de tudo que era palavrão por ser tão frio, idiota e grosseiro. Por fazer com que eu me sentisse uma tola por ter acreditado em algum momento que ele era um homem bom e injustiçado, quando na verdade ele era somente um lobo na pele de um cordeiro, o predador mais cruel que eu já havia conhecido.

Após poucos minutos analisando-o enquanto o praguejava em minha mente, peguei a foto em meu bolso e caminhei em passos rudes em sua direção. Aproximei-me em uma distância de no mínimo cinco pequenos passos, a estendi até ele e – após um tempo hesitante – o mesmo pegou-a, analisando-a momentaneamente. Guardei o celular em meu bolso e, sem dizer mais nenhuma palavra, caminhei apressada passando velozmente ao lado dele. Decidida a ir embora o mais rápido possível.

— Babaca, imbecil, idiota, arrogante... — Voltou a se pronunciar após um tempo e me virei na direção dele, olhando-o completamente confusa. 

Ele permanecia de costas e eu continuei fitando-o, observando o quanto o mesmo tinha os ombros largos e aquilo fez com que um calafrio percorresse minha espinha. Xinguei-me pela centésima vez por andar me perdendo tão facilmente em cada detalhe diferente que encontrava no mesmo. Aquilo era estúpido. 

— É isso o que você pensa de mim?

— Na verdade, eu tenho uma visão bem pior de você agora. — Admiti sem hesitação e, ou até mesmo, receio. 

Ele virou-se ligeiramente em minha direção, seus olhos cor de mel fitaram os meus hesitantes e eu quebrei o contato visual, olhando para o banco – onde antes eu me encontrava sentada – atrás dele. Vi-o respirar densamente e repeti seu gesto inconscientemente.

— Eu acredito. — Murmurou após um tempo pensativo e eu olhei-o mais confusa do que anteriormente.

Enruguei minha testa, examinando suas palavras e aquilo me pareceu extremamente estranho.

— Erm, bem... Isso é bom! — Ressaltei fingindo indiferença e ele lambeu os lábios, mirei-os brevemente notando o quanto os mesmos eram fortemente atraentes e em seguida balancei minha cabeça discretamente numa tentativa vã de me livrar daqueles pensamentos.

— Não estou falando sobre isso. — Contrapôs me deixando ainda mais confusa. — Eu acredito... Acredito que você seja diferente dos outros.

As palavras dele ecoaram em minha mente, uma confusão intensa me dominou e por mais que meus ouvidos tivessem o escutado bem, minha coerência renegava suas palavras. Desde o primeiro momento ele havia me recriminado, me rejeitado de forma aflitiva e de certa forma aquilo havia afetado meu ego e, por mais que minha curiosidade e meu lado insano acreditassem rapidamente em qualquer indício de rendição vindo dele, minha coerência estava mais forte após o acontecido do dia anterior e eu não iria deixá-la de lado somente para ter o ego ferido novamente. Baixar à guarda com ele talvez não fosse uma escolha tão racional, até porque quando eu havia achado que ele era somente a vítima, o mesmo havia se mostrado o malfeitor, então todo cuidado com as oscilações de humor do mesmo era pouco e eu não queria quebrar à cara novamente.

— E o que fez você mudar de ideia tão rápido? — Indaguei assim que saí dos meus enleios, meus olhos faiscando em curiosidade na direção dos dele e o mesmo desviou seu olhar ligeiramente fitando um ponto invisível sobre o chão. 

— Nolan. — Disse, simplesmente. 

Ergui uma sobrancelha, pensei em algo para dizer, mas a surpresa me deixou completamente sem argumento. Era óbvio que ele não havia chegado naquela conclusão sozinho, visto que ele era um ser categoricamente presunçoso, que precisava da opinião de terceiros para poder confiar em alguém e mesmo assim não confiava em ninguém. Me senti ainda mais irritada por ele ter ido até Nolan tirar dúvidas sobre mim, ao invés de ter dado credibilidade para as minhas palavras quando eu havia lhe dito que não era igual aos outros e por mais que eu também estivesse frustrada pelo fato de estar tentando culpá-lo novamente, naquele instante eu enxergava que a culpa não era somente minha. A culpa era de nós dois. Ambos éramos de índoles completamente diferentes e eu sabia o quanto seria complexo tentar entendê-lo, já que a arrogância dele me tirava do sério da mesma forma que minha audácia deveria fazer com ele.

Respirei intensamente e vi-o repetir meu gesto, meus olhos cravados em um ponto invisível por cima dos ombros dele e eu sentia seu olhar queimando minha pela, daquela mesma forma incômoda que ele costumava me olhar quando utilizava aquele capuz, só que naquele momento inteiramente exposto.

— Hum. — Chiei arrastando meus olhos na direção dos dele e o mesmo fitou-os intensamente e, por mais que ele olhasse profundamente em meus olhos, seu olhar era tão vazio e misterioso que eu me via perdida na obscuridade diante daqueles maravilhosos glóbulos cor de mel que faiscavam em minha direção. — Mas você ainda continua sendo um arrogante filho da... Mãe. — Resmunguei e ele juntou as sobrancelhas em uma leve expressão ultrajada.

— E você continua sendo uma curiosa infantil. — Cerrei o cenho e o semblante de divertimento dele fizera com que eu acabasse cedendo à breve risada audível. 

Parei de rir assim que o analisei me fitando compenetrado.

— Menos mal, acho que entramos em um consenso. — Quebrei o silêncio incômodo e vi o vestígio de um pequeno sorriso aparecer no canto dos lábios do mesmo, porém ele o conteve ligeiramente.

Analisei-o brevemente, reparando outra vez nas encantadoras pintinhas em seu rosto e naquele instante sua expressão se encontrava menos carrancuda, me atrevo a dizer que o mesmo me parecia mais divertido, no entanto eu sabia do distúrbio de personalidade dele, então não iria soltar fogos de artifícios para que depois ele simplesmente me colocasse para baixo novamente, adotando sua tão peculiar arrogância. Seus olhos me analisavam também e eu já não me importava mais com aquilo – até porque eu também estava o avaliando –, não me sentia à vontade, contudo também não me sentia completamente incomodada. Algo estranho e indescritível se alojava dentro de mim, gerando uma sensação enigmática e rejeitada por boa parte do meu corpo, mas minha mente pouco se importava com o que meu corpo sentia enquanto a mesma se encontrava perdida na beleza fascinante do rapaz diante de mim, que me lançava seus olhos cor de mel igualmente. Contudo, após um tempo vi seu olhar perdendo-se em algo sobre meus ombros e estreitei minhas sobrancelhas enquanto nitidamente via o semblante dele suavizando, seus olhos focados em algo que parecia ter o hipnotizado e que se encontrava atrás de mim. Atrevi-me a olhar por sobre meus ombros e me deparei com uma garota loira descendo as escadas da biblioteca acompanhada por um rapaz que tinha o cabelo numa cor semelhante a da mesma, sua maneira sedutora de andar e seus cabelos esvoaçantes me fizeram estreitar os olhos e meus dedos se moveram instantaneamente, fechando minhas mãos em punhos. Olhei para o ex-encapuzado em minha frente e os olhos dele ainda permaneciam fixados sobre a garota, um olhar tão quente e profundo, que de uma hora para outra uma sensação estranha dominou meu estômago, fazendo-me enrijecer a expressão em meu rosto. Diante de um descontentamento desconhecido. Mordi o lado interior da minha boca e olhei por sobre meus ombros novamente, notando que a garota se encontrava com o rosto erguido, parada próxima a um carro conversando com o rapaz ao seu lado animadamente. Observei-a atentamente e ela não me parecia estranha. Seus cabelos perfeitamente loiros, sua pele branca e seus grandes glóbulos verdes eram o que completavam a beleza e a meiguice da garota em que o Creed se encontrava completamente fissurado. Travei meu maxilar e estreitei minhas sobrancelhas involuntariamente, em seguida me encontrei completamente perdida em minhas abstrações por conta daquelas reações desconexas, ridículas e desnecessárias. O que estava acontecendo comigo? Por que havia uma grande quantidade de insatisfação causando um peso enorme sobre minhas costas e que a cada momento parecia se tornar cada vez mais intenso. Continuei olhando a garota e quando ela sorriu, senti uma pontada forte em meu peito e um click em minha mente fez com que tudo se encaixasse. 

Eu estava com inveja! Estava com inveja dela!

Estava invejando à garota pelo fato dela me parecer perfeita e extremamente comportada, o tipo de garota que qualquer cara iria querer namorar e a principal razão por eu me encontrar ainda mais frustrada, era porque ele estava babando por ela. Ele estava olhando-a da forma mais intensa que eu já havia visto um homem olhar para uma mulher antes e a única conclusão que eu pude tirar fora que ele tinha certa paixão pela garota, talvez até mais do que uma simples paixão, talvez ele a amasse e pensar naquilo fez com que uma repressão imensa se alojasse em meu estômago. No entanto, óbvio que aquilo não era ciúmes ou qualquer besteira do tipo, era somente frustração e inveja por eu observar que àquela garota conseguiria descobrir tudo sobre ele mais rápido do que eu, que se ela chegasse perto do mesmo, ele não iria repudiá-la como havia feito comigo e aquilo fez com que uma inveja enorme se alojasse dentro de mim.

“Você é ridícula, Savannah.” Pensei me chutando mentalmente por ser tão estúpida, por ser tão imbecil e temperamental. Por não saber lidar com a rejeição e ainda por cima, estar invejando àquela garota da forma mais vergonhosa do universo vendo que a única coisa que eu faria se estivesse no lugar dela, era tirar proveito da situação para descobrir cada detalhe da história do Creed somente para suprir minha curiosidade inumana.

Virei meu rosto após um tempo sentindo-me incomodada com toda aquela situação e arrastei meus olhos na direção do rapaz, somente para constatar que o mesmo ainda se encontrava extasiado com a presença da garota atrás de mim. Respirei profundamente e não demorou para que minha mente mirabolante e calculista arranjasse uma maneira de eu me aproveitar daquela situação, mesmo eu não sendo a garota por quem o ex-encapuzado tinha uma enorme queda. Um sorriso recheado de segundas intenções se alastrou por meus lábios antes que eu pudesse contê-lo e eu deliberei que iria seguir em frente com aquela ideia que me parecia extremamente brilhante e, por mais que eu ainda estivesse com inveja da garota, naquele momento boa parte do meu corpo se encontrava dominado pela euforia que a expectativa me atribuía. Olhei sobre meus ombros novamente e depois voltei meu olhar para o Creed, arqueei uma sobrancelha e obtive um sorriso no canto dos lábios antes de dizer:

— Posso te ajudar com a garota.

Não demorou para que seus olhos viessem em direção aos meus e eu não contive uma risada nasal, denunciando a vontade imensa que eu estava sentindo de rir da expressão confusa e divertida que ele adquiriu.

— O que? — Perguntou visivelmente confuso, seus olhos cravados em mim, contudo era como se sua mente ainda estivesse distante.

Sorri forçado e ergui uma sobrancelha numa expressão zombeteira, ele somente cerrou o cenho antes de tentar se defender: 

— Não, não é nada do que você está pensando!

— Hum, sei... — Foi tudo o que eu disse olhando pelos ombros novamente, analisando a linda garota loira ainda conversando euforicamente com o rapaz que eu pressupus ser seu irmão por conta da aparência semelhante.

— De qualquer maneira, ela jamais iria me dar bola. — Ouvi-o resmungar após um tempo e virei minha cabeça na direção do mesmo outra vez.

Lhe lancei um olhar confuso e ele junto às sobrancelhas claramente frustrado. Eu merecia o Oscar por aquela atuação!

— Ah, qual é? Você não vai nem tentar? — Questionei despreocupadamente e ele me olhou surpreso, me impressionei com o fato de estar me sentindo à vontade perto dele e iria me aproveitar daquilo para fazer com que aquele meu plano desse certo. — Tudo bem, eu sei que sua fama não é das melhores, mas sem o sobretudo até que você é o príncipe-encantado que toda menina procura.

Sorri de lado tentando incentivá-lo e ele estreitou ainda mais as sobrancelhas, seu semblante duvidoso e eu permaneci com meu semblante convicto, tentando demonstrar ao máximo a minha falsa tranquilidade enquanto por dentro explodia em excitação.

— Pensei que me achasse um arrogante filho da mãe. — Proferiu com escárnio e eu fitei-o surpresa. 

Então ele sabia ser divertido? Quase ri com aquilo, contudo estava extremamente focada em meu plano e não queria pôr tudo a perder.

— E eu acho! Mas você vai ter que passar uma imagem diferente para ela. — Expliquei como se fosse óbvio e vi outro vestígio de sorriso no canto dos lábios avermelhados dele, porém ele o conteve novamente.

— Príncipe-encantado? — Repetiu confuso e sua expressão se retorceu em desgosto. — Não existe príncipe-encantado cheio de defeitos e com um passado tão perturbador, além do mais os pais dela jamais me aceitariam.

Estreitei meus olhos e mordi meu lábio inferior inconscientemente após ponderar as palavras dele e o quanto elas soaram frias, o quanto ele se dirigia a si mesmo com desprezo e desdém. Refleti cautelosamente no melhor argumento e só me senti ainda mais convicta em continuar com aquele meu plano.

— Primeiramente, ninguém é perfeito e como a minha querida melhor amiga costuma dizer: passado é algo para ser esquecido. — Proferi tentando passar o máximo de confiança possível – por mais que aquela frase também não fizesse tanto efeito comigo – e ele fitou meus olhos profundamente, rezei para que o mesmo não percebesse o quanto aquela tranquilidade externa não me dominava internamente. — E sobre os pais dela não te aceitarem, eu acho que você está querendo ir rápido demais, vamos a um passo de cada vez.

Ele me olhou ambíguo durante incontáveis minutos, suas íris cor de mel avaliando os meus olhos como se estivesse vasculhando-me internamente à procura de algo que – por sorte – subjuguei que ele não havia conseguido encontrar, já que o mesmo juntou as sobrancelhas e franziu a testa, aparentemente mais confuso do que anteriormente.

— Por que quer me ajudar com isso? — Questionou e eu apertei meu punho enquanto revirava minha cabeça à procura de uma boa resposta, aliás, eu não poderia dizer para ele que tudo aquilo não passava de um plano para conseguir o que eu tanto queria.

— Sei lá. — Respondi da maneira mais natural possível e confesso que senti medo de mim mesma, da forma calculista com que eu estava agindo e da firmeza em minhas palavras. — Essa pode ser uma maneira de me desculpar por ter invadido sua casa e roubado — dei ênfase na última palavra fazendo-o erguer uma sobrancelha. — sua preciosa foto de família.

Ele olhou-me pensativo durante algum tempo e eu já podia imaginá-lo aceitando minha proposta, contudo eu sabia que aquilo não passava da minha esperança desejando arduamente que ele cedesse aos meus caprichos, além disso, reconhecia o quanto eu também deveria estar preparada para a negação.

— Não, ela não iria querer nada comigo, deve sentir nojo igual aos outros. — Murmurou desviando seu olhar do meu momentaneamente e depois me olhou desanimado, senti um aperto em meu peito e por mais que devesse estar me sentindo suja por estar querendo me aproveitar de uma situação que talvez pudesse dar errada e infligir um sofrimento imenso sobre ele, naquele instante eu enxergava algumas positividades naquela minha ideia absurda.

— Sem essa, cara. — A impulsividade me dominava novamente e eu me preparei para receber algum olhar surpreso ou até mesmo repreensivo, contudo ele permanecia me olhando cabisbaixo e aquilo estava me incomodando de uma maneira massacrante. — Você só vai descobrir se terá ou não alguma chance tentando e se não der certo, conviva com o fracasso.

— Convivi com ele a vida inteira, seria só mais um para a lista. — Soprou e um peso se alojou em meus ombros, a culpa sentando-se sobre mim, fazendo-me enxergar que eu deveria parar, contudo boa parte de mim acreditava que aquilo pudesse ajudar de verdade e uma das principais razões por eu querer tanto saber a história dele, era porque eu queria de certa forma ajudá-lo.

— Um pouco de otimismo não faz mal a ninguém. — Objetei divertida e ele olhou-me perdido, sorri de lado tentando incentivá-lo e ele analisou meus lábios brevemente, em seguida seus olhos fitaram os meus intensamente. — Vai querer minha ajuda ou não?

Ele permaneceu alheio durante um tempo, olhando para mim, no entanto era notável que sua mente estava completamente distante e que o mesmo se encontrava em uma guerra interna em relação as minhas palavras e minha proposta. Entretanto, ao avistar um sorriso discreto aparecer no canto dos lábios dele, senti minha esperança triplicando. Ergui uma sobrancelha enquanto saltitava euforicamente por dentro.

— Isso é um sim? — Perguntei apontando para os lábios dele e o mesmo assentiu minimamente. — Esse é o espírito! — Falei animada dando um tapinha no ombro dele e o mesmo se esquivou, estreitei minhas sobrancelhas. — O que foi? 

— Você me tocou. — Resmungou olhando-me de soslaio e eu franzi minha testa completamente confusa.

— Não gosta que toquem em você? — Indaguei confusa e ele permaneceu calado momentaneamente, seus olhos se afastaram dos meus brevemente.

— Nada contra, mas as pessoas não costumam fazer isso. — Sussurrou abaixando o olhar e não pude conter a expressão penosa que dominou meu rosto. — Você... Erm... Não sente nojo? 

— Essas pessoas são imundas, J.Drew. — Contrapus ligeiramente e ele me olhou surpreso quando percebeu que eu havia utilizado o apelido que o Nolan utilizava para se dirigir a ele, esperei pela expressão mal-humorada e revoltada dele, contudo o mesmo continuou fitando-me nos olhos demonstrando todo seu pessimismo em relação a si mesmo. — Você não deveria se importar com elas e eu não sinto nojo de você, sinto nojo deles!

Ele permaneceu quieto no primeiro momento, seus olhos abandonaram os meus e olharam por sobre meus ombros, fiz o mesmo e notei a garota sorrindo enquanto caminhava na direção do carro e não demorou para que ela e, o garoto que a acompanhava, entrassem no mesmo, assim como não tardou para que o carro começasse a se afastar de onde estávamos. Virei meu rosto para frente e vi-o respirando profundamente, olhei para o chão brevemente e depois voltei meus olhos na direção dele, que me olhou no mesmo instante. O peso da dor que ele carregava em seu olhar sendo dividido através daquele contato visual e eu me senti horrível, me senti incapaz.

— Justin —  franzi as sobrancelhas, confusa. — , meu nome é Justin. — Disse e confesso que me surpreendi, uma vez que eu sequer havia tentado perguntar o nome dele antes e me senti imensamente feliz por ele ter me dito por livre e espontânea vontade, sem que eu precisasse continuar transpassando a imagem de uma curiosa infantil que ele aparentemente possuía em relação a mim. 

Observei o quanto o nome dele se encaixava com a beleza do mesmo e era totalmente tola a forma com que eu me pegava adorando tudo que se relacionava a ele. 

— O seu é Savannah, certo?

— Sim. — Respondi depressa, sorridente e ele olhou-me atentamente.

— Por que você é diferente dos outros? — Perguntou claramente duvidoso – como se estivesse questionando a si mesmo – e eu sorri de lado, abaixando meu olhar momentaneamente, voltando a olhá-lo nos olhos posteriormente.

— Porque sou igual a você. — Rebati e vi um pequeno sorriso brotar no canto dos lábios dele. — Quero dizer — limpei a garganta —, também sou incompreendida e recriminada, então posso imaginar como se sente.

Ficamos em silêncio durante algum tempo e eu me sentia menos tensa, estava disposta a fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para ajudá-lo e me sentia em débito por tudo o que, em tão pouco tempo, havia feito. Minha crueldade deveria ser recompensada em uma atitude benevolente e eu precisava ser coerente, aliás, havia oferecido minha ajuda – por mais que houvesse segundas intenções – e iria cumprir com a minha palavra. Eu iria ajudá-lo com a garota e dessa forma iria conseguir ao menos um pouco da confiança dele e sabia que acabaria descobrindo algumas coisas sobre o mesmo e, não que eu estivesse fazendo aquilo somente para matar minha curiosidade, pois ajudá-lo também era uma das minhas intenções, então eu estaria simplesmente matando dois coelhos com uma cajadada só e estava rezando veemente para que tudo desse certo.

— Então, como você vai me ajudar com a Melanie? — Questionou após um tempo e eu arqueei minha sobrancelha, porque além de não me parecer estranha, a garota loira tinha um nome que também não me era estranho.

“Melanie?” Questionei mentalmente. 

Forcei minha mente mais um pouco e... Bingo! A garota loira de grandes olhos verdes era a mesma que eu havia visto conversando com a garota ruiva na biblioteca e, lembro-me bem, a tal Melanie não havia demonstrado interesse algum diante das suposições da Bridgit que tentou convencer a amiga a se aventurar com a mesma à procura da casa do Creed, ou melhor, Justin e me perguntei o que teria acontecido se ao invés de mim, ela tivesse invadido a casa dele e quase não consegui refrear minha expressão de desgosto, contudo a contive de imediato. Sem dúvida ele ficaria completamente surpreso e não a trataria como havia me tratado, e toda aquela suposição começou a me frustrar novamente, trazendo a conhecida inveja que eu havia sentido da mesma quando o Justin estava olhando-a completamente hipnotizado, além do mais, eu reconhecia o quanto a Melanie era incrivelmente bonita e digna da adoração dele, no entanto boa parte de mim detestava aquilo fortemente.

— Qual é o nível de experiência que você tem com garotas? — Chequei, estreitando minhas sobrancelhas numa expressão questionável e ele umedeceu os lábios fitando o chão momentaneamente.

— Não tenho uma boa experiência. — Murmurou voltando seu olhar em minha direção e eu respirei fundo dando um passo para trás, em seguida retornei para o mesmo lugar. — Já pensei em pedir ajuda para o Nolan, mas ele tem umas ideias que eu sei que não dariam certo com ela.

Sorri pelo nariz.

— Ela parece gostar de música clássica, livros de romance e é completamente centrada. — Analisei após um tempo e ele me olhou surpreso. — Então, eu posso te dar umas dicas.

Ele franziu o cenho pensativo, ergueu uma de suas mãos até a mandíbula e coçou-a.

— Você tem experiência com garotas? — Perguntou e eu estreitei minhas sobrancelhas.

— Ouch! — Exclamei demonstrando-me ofendida e ele deu uma breve gargalhada, me encontrei brevemente hipnotizada pelo som musical de sua risada e quando ele olhou-me nos olhos fitei o chão completamente envergonha, lambi meus lábios e me movi involuntariamente. — Sou uma garota e conheço outras garotas, então obviamente tenho um grande conhecimento nesse quesito.  

— Eu estava brincando. — Disse sorrindo de lado e eu acabei sorrindo também, balancei minha cabeça observando o quanto aquela situação era estranha e divertida.

— Então, quando quer começar? — Indaguei e ele hesitou durante um tempo.

— Pode ser amanhã, se você quiser, é claro.

— Sem problema, erm... Pode ser na casa do Nolan?

— Na casa do Nolan. — Rebateu sorrindo sem mostrar os dentes e eu repeti seu gesto.

— Então, é isso aí... Até amanhã. — Falei, dando alguns passos para trás.

— Até. — Ele sussurrou e eu me virei caminhando despreocupadamente na direção do meu carro.

Sentia o olhar dele cravado em minhas costas e por mais que quisesse me virar para olhá-lo, eu sabia que não poderia fazer aquilo, pois seria algo completamente estranho e estúpido.

— Savannah? — Ouvi meu nome ser chamado por aquela maravilhosa voz rouca e me virei desesperadamente, em seguida xinguei-me mentalmente por aquilo. 

Aquela reação havia sido como se eu estivesse esperando que ele o fizesse, então rezei para que ele não houvesse percebido e aparentemente, devido a sua expressão neutra, ele de fato não havia. O mesmo deu alguns passos em minha direção, aproximando-se e eu respirei fundo, voltando a focar na beleza dele e no quanto ela me arrebatava.

— Que horas?

— Que horas o quê? — Rebati estreitando minhas sobrancelhas enquanto meus olhos voltavam a devorá-lo arduamente.

— Que horas vamos nos encontrar na casa do Nolan amanhã?

Chutei-me mentalmente após o papel de ridículo que eu havia passado e desviei meu olhar fitando o chão momentaneamente. Onde que eu estava com a cabeça, afinal? Era óbvio que ele só poderia estar falando sobre aquilo! Umedeci meus lábios e fingi que estava pensando na resposta para a pergunta dele, mas na verdade estava me espancando mentalmente por ter agido de forma vergonhosa novamente.

— Pode ser no final da tarde quando as ruas estão vazias. — Sugeri olhando para os lados e notando o quão deserta aquela rua se encontrava, olhei para a Starbucks e observei os poucos clientes que haviam lá dentro.

— Tudo bem, então! Vamos, acho que meu carro está estacionado próximo ao seu.

Assenti veemente e sorri de lado antes de me virar voltando a caminhar novamente, naquele momento com ele ao meu lado. Atravessei a rua mantendo meus passos calmos e sentia o olhar dele em minha direção em alguns momentos, senti o celular vibrando em meu bolso e peguei-o, era uma mensagem da Lauren.

Me dê um sinal de vida. Lauren, xoxo.

Sorri de lado e revirei meus olhos, Lauren era uma tola.

Um sinal de vida lol xoxo, Sav.

Guardei o celular em meu bolso novamente após perceber que ela demoraria a me responder e já estava me aproximando do meu carro, avistei a caminhonete do Justin perto e olhei-o por minha visão periférica notando o mesmo analisando o chão e analisei-o, guardando alguns vestígios de sua aparência e quando finalmente chegamos próximos aos nossos carros, ele deu uma breve analisada em minha Range Rover e sorriu de lado, olhou-me divertido e eu ri, balançando minha cabeça negativamente.

— Tchau, Justin. — Me despedi, caminhando na direção do meu carro, fitando-o antes e me deparando com o mesmo olhando-me enquanto mantinha um sorriso no canto dos lábios.

— Tchau. — Sussurrou e inexplicavelmente sua voz soou mais rouca do que o normal.

Balancei minha cabeça tirando as ideias, apressei meu passo na direção e desativei o alarme do carro, adentrando o mesmo sem hesitação, coloquei a chave na ignição – daquela vez utilizando o cinto de segurança – e tirei o celular do meu bolso observando no visor que havia outra mensagem.

Idiota! Está fazendo o quê? Vem aqui na lanchonete.

Respondi a mensagem da Laurie avisando que em poucos minutos estaria chegando lá – até porque a mesma não ficava tão distante de onde eu estava – e depois olhei para onde a caminhonete do Justin antes se encontrava, notando que ele já havia ido embora. Um sorriso de ponta a ponta se alastrou por meus lábios quando eu me lembrei de tudo o que havia acontecido durante nosso encontro que, apesar de ter começado extremamente perturbador, felizmente terminou tranquilo e eu mal podia esperar para começar a ajudá-lo e então iria conhecê-lo melhor. O plano se passava em minha mente e eu já estava arquitetando algumas estratégias, enquanto me encontrava a caminho da lanchonete e, após tantas tentativas falhas, àquela era a primeira vez em que eu estava me sentindo realmente confiante.


Notas Finais


Hey, paranoicassss :D heuhuhe
E aí, leitoras mais lindas do universo, como vocês estão? haha (isso não é bajulação para não levar bronca, é a mais pura, verdadeira e extrema verdade, aceitem u.u) então, então, então.. Como vocês sabem vou viajar, era para ter ido na semana passada, mas houve alguns imprevistos para a minha mãe e ela adiou a viagem para dia 22, não se preocupem, porque vou dar um jeito de postar a história direitinho, pode ser que role uns atrasos (como está acontecendo agora, nenhuma novidade rs), mas estarei atualizando sempre que der! E olha só Savannah e seus planos mirabolantes huehue ela não deixa escapar uma! Acho que agora rola uma amizade, né? Vamos só ver no que tudo isso vai dar! Enfim, 335 favoritos DDD: CARALHO (me perdoem pelo palavreado), surtei legal quando entrei aqui e vi esses favoritos, a felicidade é tão grande que eu até chorei no ombro da minha mãe e ela ficou pedindo para eu deixar de ser besta! (ela não entende essas coisas), mas então, muito obrigadooooooooooooooo! Muito obrigado por isso, sério, estou mega feliz que Paranoid esteja dando certo e vocês são as causadoras disso, pois a história não seria nada se eu não tivesse cada uma de vocês me incentivando e me motivando a dar sempre o meu melhor! Sério, eu já amo cada uma de vocês, já tenho um amor enorme por cada paranoica (Creedlieber, podre eu sei! haha) e já nos tornamos uma família, uma linda família unida por Paranoid e vocês estão me trazendo uma felicidade imensa! Obrigado por cada comentário, obrigado as leitoras que estão acompanhando desde a primeira vez que eu postei e obrigado para as novas leitoras também, pois todas vocês tem o mesmo valor para mim! <33 Espero sinceramente que gostem do capítulo e deixem seus lindos comentários motivadores, vou tentar postar o próximo mais rápido, porém peço para que sejam pacientes. É isso aí minhas princesas paranoicas, fico por aqui com essa nota final imensa (que eu espero que vocês leiam) e nos vemos no próximo capítulo! ;)
Zilhões de beijos, xoxo ;* (ps: depois respondo os comentários divos)


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