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História Pardebi - Meet me at the top


Escrita por: Marurishi

Notas do Autor


Olá amoras!
O ano está acabando e este é o último capitulo de 2020... O próximo só em 2021! ;D

Tags para o capítulo: exposed, prova de amizade, revelação, ciúmes.
Boa leitura e nos vemos nas notas finais!

Capítulo 25 - Meet me at the top


“Meet me at the top

Won't stop.” [20]

 

Naquele final de semana, as duas amigas se encontraram no apartamento de Miyumi, que recebeu a mais nova com o semblante sério e nervosa.

 

— Nossa, Miy! Eu estou aqui toda empolgada e você com essa cara de velório? Tem certeza que encontrou seu irmão desaparecido?

 

— Óbvio que estou feliz, mas há vários outros fatores que me deixam preocupada.

 

— Ele te contou o que aconteceu naquela viagem?

 

— Sim…

 

Miyumi contou absolutamente tudo para Medora, desde o encontro na saída do shopping, a venda secreta do irmão para os Ampartavanis até a amizade com a família de Maros.

 

— Isso é uma coincidência incrível, não é? Eu poderia escrever uma fanfic de vocês com esses encontros aleatórios que se transformaram em relações de amizade e parentesco…

 

— Começo a perceber que nada disso é aleatório ou coincidência. Há algo bem mais importante — fez ar de mistério. — Você não ficou curiosa em saber como ele descobriu que eu era a irmã dele?

 

— Estava pensando nisso agora mesmo, mas creio que, assim como você o procurava, ele, sendo bem mais rico, tenha conseguido contratar profissionais bem mais eficientes.

 

— Nada disso… — sussurrou como se contasse um segredo. — Ele usou poderes paranormais para me encontrar!

 

— Ah, tá! Que legal! — Medora riu, mas imediatamente ficou séria e arregalou os olhos. — Não, espera… O QUÊ?

 

Miyumi gargalhou ao ver a cara de espanto da amiga. Logo, Medora tomou aquela risada como mais uma das piadas da amiga.

 

— Ahhhh, Miy! De novo eu caí numa das suas!

 

— Na verdade, isso não é uma piada. — O riso cessou. — Medora, isso é mais sério do que podemos imaginar, é verdade e preciso te contar outras coisas.

 

A seriedade e o tom de voz firme da amiga fez Medora crer que ela não mentia, nunca tinha visto Miyumi daquela maneira, como se enfrentasse algo além de suas forças.

 

— Certo — suspirou pesado. — Acho que estou preparada.

 

Antes da revelação, Miyumi serviu refrigerante junto aos vários petiscos e cupcakes comprados especialmente para Dora.

 

— Vou ligar para o Stefian e ver se ele pode vir aqui para te conhecer.

 

— Nossa! Assim tão rápido? — Sentiu um arrepio na espinha.

 

— Você não quer?

 

— Quero sim! Fico toda emocionada em saber que vou conhecê-lo, depois de tantos anos que você falou nele!

 

— Imagina então como fiquei ao constatar que ele é meu irmão desaparecido que eu quase acreditava ser fruto da minha imaginação.

 

— Posso imaginar!

 

Miyumi ligou e convidou o irmão para uma visita. Ele aceitou imediatamente.

 

— Ele vem! — anunciou encerrando a ligação com um sorriso feliz.

 

— E sobre a questão dos poderes paranormais dele, você viu? Ele te mostrou?

 

— Bem… Antes que ele chegue, eu preciso te contar uma coisa que escondi de você. — Suspirou pesado e seus olhos lacrimejaram. — Medora, se você quiser me odiar por isso e deixar de ser minha amiga, eu vou entender, mas quero que me escute até o fim.

 

— Credo! — Franziu a testa e riu nervosa. — Falando assim, até parece que você matou alguém da minha família!

 

— Quero que fique claro que nunca menti para você, eu apenas não contei algo sobre mim.

 

— Se você me disser que tem poderes paranormais eu vou realmente te bater! — disse soltando o copo de refrigerante na mesa e encarando a  amiga seriamente.

 

— Então já pode começar…

 

Apenas o tic-tac do relógio de parede era ouvido, Medora sequer piscou, mas logo balançou a cabeça como se processasse aquela informação. Miyumi precisava explicar melhor:

 

— Medora, eu confiei em você sobre absolutamente tudo, tanto que você foi a única a saber sobre a busca pelo meu irmão, mas sobre esse poder, eu tinha muito medo que você achasse que eu era louca e se afastasse de mim — falou em tom de lamento, sem pausas. — Eu só tenho você como amiga de verdade, tenho minhas colegas da moda e as amigas do atelier, mas nenhuma delas é íntima ao ponto de saber meus segredos. Eu precisava achar meu irmão antes de falar dos poderes, porque se te contasse sobre isso, você poderia achar que eu era louca e poderia não querer ficar perto de mim.

 

— Você tem medo de perder minha amizade? — perguntou baixo, com os olhos marejados.

 

— Sim… E tenho medo que pense que eu sou louca, que imagino tudo isso.

 

Medora chorou.

 

— Miy, eu jamais pensaria isso de você. — Abraçou a amiga. — Eu seria a primeira a compreender o pavor de ter um poder estranho, eu convivo com isso todos os dias!

 

— Eu te admiro por isso! — Correspondeu o abraço e também chorou. — Você não está com raiva por eu nunca ter contado isso?

 

— No fundo, eu meio que desconfiava — falou limpando o nariz. — Porque toda vez que entrávamos nesse assunto você demonstrava interesse absurdo, mas, quando se tratava do seu lado, você desviava.

 

— Nem magoada por eu ter contado a Maros antes de contar a você? — Riu, provocando a amiga.

 

— Pois é… Eu deveria, mas em vez de estar magoada, estou mais encantada por você! Nunca pensei que encontraria outra pessoa com poderes paranormais! — Chorou mais e abraçou de novo a amiga. — Ah! Miyumi, estou tão feliz em ter te conhecido e ser sua amiga! Eu também tenho muito medo de te perder!

 

— Eu que sou mesmo uma garota de sorte! — Riu e enxugou as lágrimas.

 

Depois das emoções restauradas, Medora perguntou sobre o pintinho que Miyumi estava criando ocultamente no apartamento.

 

— Como ele está? Posso vê-lo?

 

— Claro!

 

Ambas foram para a lavanderia, onde havia uma espécie de santuário para a ave, que as recebeu com olhar arrogante, empoleirada elegantemente.

 

— Ele está ficando grande, estou desconfiada que não é um frango.

 

— Será um pato? Um cisne? — Medora tentava adivinhar.

 

— Eu acho que é um pavão…

 

A campainha tocou e ambas se assustaram.

 

— Ué, o porteiro não avisou? — Medora perguntou.

 

— Pois é… Mas deve ser o Stef. — Levantou-se ajeitando os cabelos e retocando o corretivo com os dedos para equilibrar a maquiagem.

 

Quando abriu a porta, Stefian estava parado com uma mão na cintura e uma cara de pouco amigos:

 

— Quanta demora! Pareceu-me que não queria mais a minha visita! — disse entrando e abraçando-a de maneira exagerada, como se estivesse se despedindo para sempre e não chegando para uma visita. — Ah, maninha, que saudades!

 

— Também senti saudades, e olha que nos vimos dois dias atrás! — Sorriu e apertou-o com mais força, soltando um gritinho de felicidade.

 

— Desculpe por não ligar, mas estou muito ocupado trabalhando nas pesquisas do Dr. Venk.

 

— Entendo, depois me conte tudo. Agora quero te apresentar para alguém.

 

Quando Stefian e Miyumi entraram na sala, Medora se levantou ansiosa. Ainda que se lembrasse do rapaz de cabelos platinados que vira meses atrás na estação, vê-lo de perto, e sabendo que era o irmão de Miyumi, era incalculavelmente mais emocionante.

 

— Esta é Medora Chkviani, minha melhor amiga! Dora, este é Stefian, meu irmão desaparecido!

 

— Estou bem aparecido agora, obrigado! — Stefian retrucou, estendendo a mão para Medora. — É um prazer reencontrá-la, Dora!

 

— O prazer é todo meu, Stefian! — Sentiu um frio na barriga e seu rosto corou, ele era lindo demais e ela não sabia como agir diante dele.

 

Medora não queria parecer tão infantil, mas sua cara de abobalhada denunciava sua efusão. Finalmente pôde compreender por que o caracal dos sonhos da Miy tinha a pelagem platinada. Pensava se a amiga tinha feito essa ligação também.

 

Uma conversa amena regada a refrigerante de uva e chá de maçã verde se fez. Medora ouviu com atenção e emoção todos os detalhes revelados sobre o reencontro. Claro, a batalha na sala não foi mencionada, nem os assuntos relacionados a Kanth Lamazi.

 

Medora tinha muitas perguntas:

 

— Então o caracal de pelo platinado era uma pista? Você se apresentava assim nos sonhos da Miyumi para que ela viesse a te reconhecer caso vocês se cruzassem na rua?

 

Miyumi franziu a testa um pouco perturbada, já que chegou a fazer aquela associação também, mas acabou por descartar, pois mesmo que a cor fosse a mesma, tanto dos pelos do felino quanto do tingimento dos cabelos de Stefian, não era como se o encontrando na rua pudesse deduzir somente por isso… Se fosse o caso, todas as pessoas no mundo que aderiram à moda do platinado seriam potencialmente seu irmão.

 

Stefian também pareceu perplexo com aquela ideia, mas educadamente desviou o assunto:

 

— Eu não tenho o poder de entrar no sonho de ninguém.

 

— Ah! Então qual é o seu poder?

 

— Posso lhe mostrar, se desejar. — Sorriu com ar de superioridade.

 

Imediatamente Miyumi lembrou-se do que havia acontecido com Maros quando ele mostrou do que era capaz de fazer.

 

— Não, Stef! — falou nervosa. — Não precisa mostrar, pode apenas explicar como funciona.

 

— Ora, maninha, mostrar dá mais emoção. — Riu alto, encarando Medora.

 

A garota de cabelos azulados ficou séria e tensa pela forma com que era encarada, havia um brilho estranho nos olhos azuis de Stefian, algo que ela não conseguiu identificar se era graça ou maldade. Contudo, sentiu algo molhado dentro do seu sutiã, entre seus seios, imediatamente gritou e levou a mão para tirar o que estava molhando suas roupas. Levantou-se sacudindo-se e um saquinho de chá, que já havia sido usado, caiu no chão.

 

— Stefian! — Miyumi o repreendeu. — Que coisa deselegante!

 

Ele apenas riu alto novamente, se divertindo com a expressão de ambas as garotas.

 

— Wau! — Medora exclamou, espantada. — Isso foi incrível! Você consegue teletransportar qualquer coisa?

 

— Passagem da matéria através da matéria — falou e seu riso morreu. — Aporte, para ser mais específico. Apenas objetos pequenos e preciso que estejam próximos de mim, onde eu possa vê-los.

 

Não que aquela informação fosse de toda verdadeira, ele jamais revelaria o alcance total de seu poder, que não necessariamente precisava ver o objeto a ser aportado, sabendo onde se encontrava, podia simplesmente pensar nele. Todavia, era melhor guardar alguns segredos para si.

 

— Ou seja, você não consegue pensar em algo e trazer para si? — Medora já havia pensado na possibilidade real do poder, mas queria entender mais. — Você precisa ver o objeto e ver o receptor do objeto?

 

— Exato! — Riu alto com a perspicácia da garota. — Como o saquinho de chá abandonado na xícara, uma tampa de garrafa solta na mesa ou uma moeda em meu bolso.

 

— Deve ser divertido sacanear os inimigos. — Dora riu com a ideia. — Eu adoraria naquela galinhada de domingo, aportar os ossos roídos dentro da bolsa daquela minha prima insuportável!

 

Os três riram da ideia.

 

— Coitada da sua prima! — disse Miyumi, juntando o saquinho e limpando o tapete.

 

— Sim, uma ótima ideia, Medora. — Stefian concordou. — Estou adorando seu senso de humor, gosto de pessoas como você, nunca há tédio!

 

— Obrigada! — Sorriu, corando. — Não consigo dizer o quanto estou feliz e emocionada por encontrar pessoas como vocês. É incrível saber que, de repente, há mais paranormais ao meu redor do que eu poderia sonhar!

 

— Obviamente, isso é algo que fica entre nós, somente entre essas paredes. — Stefian falou calmo, mas havia um tom hostil. — Ninguém deve saber sobre nada do que comentamos aqui, nem mesmo que Miyumi é minha irmã.

 

— Claro, fique tranquilo, eu sei muito bem guardar segredos! — Medora uniu as mãos e fez uma reverência, como sinal de promessa. — Prometo que nada do que sei será revelado, jamais!

 

— Não será, eu sei. Confio em você, Medora. — Stefian completou com um charme adicional. — Você acaba de se tornar alguém importante para mim.

 

Medora não conseguiu evitar de ficar vermelha e Miyumi riu da situação. Para quebrar o clima, ofereceu mais refrigerante para a amiga e chá para o irmão.

 

O assunto mudou e tornou-se mais comedido. Até que Medora perguntou, sem escrúpulos:

 

— Miy, você tem direito na fortuna dos Ampartavanis?

 

Stefian gargalhou e Miyumi quase engasgou com o salgadinho. Apesar de sentir uma emoção suspeita ao pensar no quanto seu irmão era rico, preferia não demonstrar tanta empolgação, mesmo que já tivesse ficado claro o quanto gostava do luxo.

 

Assim que se recompôs, respondeu:

 

— Dora, teoricamente, eu não tenho absolutamente nada a ver com os Ampartavanis, pois fui adotada pelos Dzlieris.

 

— Podemos nos casar, assim você teria direito legítimo em tudo o que me pertence. — Stefian falou simplista, como se fosse uma ideia natural e óbvia.

 

— Stefian! Que absurdo! — Miyumi falou chocada, mas, no fundo, sentiu seu coração acelerar e seu rosto ficou vermelho, se condenando por achar aquela ideia interessante.

 

— Não acho, pois como bem mencionado aqui, legalmente não somos irmãos, já que você foi adotada por uma família e eu sou filho “legítimo” de outra. — Fez aspas com os dedos, lembrando da condição secreta a respeito da adoção.

 

— Ainda que você tenha sido adotado em segredo pelos Ampartavanis e isso não possa jamais ser revelado, continuamos sendo irmãos de sangue e nós dois sabemos disso — Miyumi rebateu.

 

— Eu também sei e isso é incesto — Medora falou alto, mas sua expressão não parecia nem um pouco chocada. — O que não é ilegal no nosso país.

 

— Não, mas é imoral — completou Miyumi.

 

— O quão moralista você é, maninha? — Sorriu turvo. — Você nunca fez algo imoral, ou até mesmo ilegal em nome de algo maior?

 

Miyumi não gostou daquele comentário e fechou o sorriso, não tinha a consciência limpa. Medora percebeu o clima tenso e também ficou em silêncio, observando as bolhas gasosas no seu copo de refrigerante. Porém, logo Stefian riu e voltou a sua postura amigável.

 

— Ei, calma, garotas, isso não é uma proposta séria. — Bebeu dois goles do seu chá. — Visto que moral é uma questão de cultura. O que é imoral para nós, pode ser normal para outras pessoas de outros países, ou de outros mundos.

 

— Você gosta de mencionar outros mundos — Miyumi aproveitou para mudar o assunto. — Poderia nos contar sobre essa sua teoria?

 

— Não é teoria, é uma lembrança bem viva na minha mente.

 

— Wau, essa parte da história eu quero saber também! — interveio Medora, curiosa.

 

— Tudo ao seu tempo, Medora. No momento, basta aceitar tal possibilidade.

 

— Miyumi me contou que, quando crianças, vocês tinham uma palavra secreta que podia abrir portas para outros mundos.

 

— Você confia bastante em Medora — disse encarando a irmã. — Isso é algo que não deveria revelar para qualquer um.

 

— Contei apenas o fato, mas nunca mencionei a palavra.

 

— Verdade, Stefian, ela nunca me disse nem a palavra e nem o seu nome.

 

— É uma palavra somente nossa — Miyumi falou nostálgica. — Foi graças a ela que tive a certeza que você é meu irmão, de verdade.

 

— Esse argumento é tão inválido, já que poderia não ter sido eu a pronunciá-la, pois tenho certeza que Maros reconheceria caso a ouvisse. — revelou e observou ambas as moças se sobressaltarem.

 

— O que Maros tem a ver com nossa palavra secreta? — questionou Miy, intrigada.

 

— Porque não é somente nossa! — Soltou a xícara sobre a mesa de vidro espelhado. — Agora que Maros me permitiu acessar as pesquisas do seu pai, posso garantir que o Dr. Venk a escreveu diversas vezes em seus estudos e teorias.

 

— Quer dizer que você não inventou essa palavra e na verdade ela sempre existiu e está associada à paranormalidade?

 

— Absolutamente! Pardebi é o nome do gene que causa a paranormalidade.

 

Aquela revelação as deixou abismadas e questionaram por mais informações. Para o absoluto desespero das moças, Stefian não quis revelar mais nada sobre aquele assunto, alegando que deveriam saber de uma coisa de cada vez para conseguir lidar corretamente com todos os fatos.

 

Despediu-se, pois já estava tarde e retornou para o hotel onde estava hospedado, deixando as moças curiosas e encantadas.

 

“You better meet me at the top

At the top of the world.”[20]


 

Naigel teve que controlar seu ciúme quando Stefian anunciou que Maros trabalharia para ele. O irmão mais novo sempre subestimou Maros pela escolha da profissão, pois julgava que profissões ligadas a  trabalhos domésticos eram inferiores. Além de não suportar a ideia de que Maros era o Daekh favorito de Stefian.

 

Evidentemente, Maros iria ficar no hotel junto a Stefian e isso significava estar perto dele também. Quando o moreno chegou no hotel e o cumprimentou, Naigel não dissimulou o sorriso falso e imediatamente o provocou:

 

— Papai ficaria feliz em saber que você conseguiu um bom contrato. — Fez uma careta de desdém. — Apesar de ainda ser um contrato de empregado doméstico.

 

— Naigel, não dificulte nossa relação com provocações desnecessárias. Papai nunca teve esse tipo de preconceito.

 

— Claro, você sempre foi o favorito dele! — Deixou transparecer toda sua mágoa e ciúme.

 

— Não é verdade, ele sempre amou nós três da mesma maneira. Acontece que você não compartilhava do mesmo gosto pela ciência, enquanto eu o auxiliava.

 

— Ciências… — bufou e saiu de perto. — Como se paranormalidade fosse uma ciência.

 

— Naigel, por favor — implorou. — Não vamos brigar por coisas que discordamos. Estamos aqui por um propósito maior que nossos egos.

 

— Finalmente você falou algo que preste! — Cruzou os braços. — Estamos aqui por algo maior, então não fique no meu caminho e não atrapalhe o meu trabalho.

 

— Não se preocupe, não tenho interesse em te atrapalhar — falou tentando amenizar a ira do irmão. — Stefian nos contratou para funções diferentes.

 

— Óbvio! Eu cuido dos negócios, você serve o café e limpa o chão. — Cruzou por Maros empurrando-o com o ombro e saiu da sala sem olhar para trás.

 

Stefian entrou sem aviso e foi direto para seu quarto. Estava feliz pelo rumo dos acontecimentos. Conquistando a amizade de Medora, era mais um paranormal para sua equipe, ainda que a garota fosse a menos desenvolvida de todos até aquele momento.

 

Ouviu o telefone tocar na sala, mas não se preocupou, apenas estranhou uma ligação tão tardia.

 

Naigel atendeu o telefone e logo sua expressão mudou, enrugou a testa e demonstrou aflição:

 

— Não é possível! Como aconteceu tão rápido?

 

Maros se preocupou e se aproximou.

 

— Sim, entendo, vou ir o mais rápido possível. Não há nada que possam fazer por ele?  — Fez uma careta de desgosto. — Claro, entendo, obrigado.

 

Quando desligou o telefone, virou-se para Maros com os olhos enraivecidos.

 

— Está feliz agora? É tudo culpa sua!

 

— Do que você está falando? — questionou sem compreender.

 

— Papai piorou de tal forma a entrar em coma.

 

— Oh, não! Ele parecia estar respondendo tão bem ao tratamento!

 

— Claro que não, você foi contra o tratamento de choque e as sessões de psicoterapia por métodos eletro vasculares!

 

— Naigel, não seja ridículo! Isso seria ainda pior para ele!

 

— Poderia ter sido um meio de fazê-lo recuperar parte da consciência!

 

—  Ou tê-lo matado mais rápido.

 

Stefian não suportou mais aquela discussão ridícula e entrou na sala com o olhar irado:

 

— Calem-se os dois e me expliquem o que está acontecendo.

 

— Meu pai está em coma, a situação é grave e os médicos acreditam que o quadro não pode ser revertido — Naigel disse com pesar na voz.

 

— Mas que droga! — esbravejou Stefian, pensando no quanto aquilo era ruim para seus planos.

 

— Acredito que Maros, pela condição física, não esteja apto para uma viagem tão longa. Peço, por gentileza, uma dispensa para cuidar dos assuntos referentes ao caso.

 

— Naigel, não seja tolo! — repreendeu-o. — Maros é o mais velho e responsável pela família, principalmente pelo pai que não responde mais por si. Sendo assim, ele deverá ir, e não você.

 

Naigel suspirou pesado, contrariado. Apesar de ser verdade, ele odiava sempre estar atrás do irmão, odiava ainda mais a predileção óbvia que Stefian tinha por Maros. Caso o pai viesse a falecer, era Maros quem precisaria assinar as autorizações e por isso cedeu, mas avisou:

 

— Eu ainda quero ir ver meu pai. E precisamos avisar Nadhia.

 

Stefian lamentou aquele fato, certamente não era algo bom perder Dr. Venk daquela maneira, mas já não podia fazer nada além de continuar custeando todas as despesas clínicas.

 

No primeiro dia útil da semana, os irmãos partiram para a cidade onde estava internado seu pai. Nadhia, a irmã mais nova que estudava em outro estado, foi avisada da situação, mas não poderia retornar de imediato, até porque não havia nada que ela pudesse fazer.

 

A partir daquele dia em diante, o Dr. Venk seria mantido vivo através de aparelhos. Era decisão dos filhos optarem pela eutanásia, todavia, eles optaram por manter os aparelhos ligados na esperança que ele pudesse um dia acordar.

 

“And if you wanna chase the sun

You better meet me at the top.” [20]

 


Notas Finais


[20] Música tema: Meet me at the top - Unsecret feat. Butterfly Boucher

Obrigada a todos que aqui chegaram, deixem-me saber o que estão achando, e o que não estão gostando ou não entenderam também! Amo os comentários de vocês!

Obrigada, Ana, por continuar comigo, você mora no meu ♥

Até breve, nos vemos em 2021!
Bjsss


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