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História Parece Mais Fácil Nos Filmes - More Than Yesterday


Escrita por: SheUsedToBeEmo

Notas do Autor


GENTE, quero, antes de tudo, agradecer as pessoas que sempre comentam, vocês sabem quem são vocês mesmos porque eu não lembro os nomes mas sei quem são. Enfim, Obrigadão :D

Capítulo 11 - More Than Yesterday


Sexta-feira.

   Sexta-feira. Quinquagésimo sexto dia de aula. Fazem cinco dias desde o meu impulso nervoso quase causador do meu fim. Cinco dias quase completos que não troco uma palavra sequer com Camila. A minha vergonha tornou-se deveras maior que o meu bom senso. Na segunda-feira eu não pude encarar aquela garota, a qual por um triz não beijei. Meu nervosismo por voltar a vê-la era tanto que acabei tendo consequências. Quando digo consequências, quero dizer um ataque de ansiedade causador de mais uma insônia que gerou uma dor de cabeça insuportável. Isso caiu como uma luva para mim, assim não precisaria inventar uma doença e faltar a aula. De qualquer forma, acabei convencendo os meus pais e não fui à escola. No mesmo dia recebi algumas mensagens das garotas.

Olha, Jauregui, você pode gripar, ter enxaqueca ou até mesmo quebrar todas as suas costelas, só não inventa de morrer, não gosto de funerais. Fica esperta. – Dinah.

 

   Dinah e sua delicadeza de sempre.

Você vai ficar bem, não se preocupa, estou rezando por você. – Allyson.

 

   O que as fez pensar que eu estava morrendo? Uma dor de cabeça não é indício de morte, não no meu caso.

Passo aí depois da aula. – Normani.

 

   Quando Normani manda algo assim ela quer dizer: vai me explicar essa doença. E antes de qualquer dúvida, não, Camila não mandou uma mensagem desejando-me melhoras e isso não tem a mínima importância para mim. Eu não estou nem aí para ela. Camila não faz diferença na minha vida e acho ótimo não ter mais uma mensagem dela ocupando a memória da minha caixa de entrada. Já basta ocupar meus pensamentos e até abalar meu sistema imunológico.

   Nunca pensei que a paix... calma, Lauren, respira fundo porque é isso mesmo. A paixão fosse tão complicada assim. Dizem que é algo incapaz de definir, mas eis aqui a minha teoria sobre a paixão. Há dois grupos de pessoas, o primeiro enquadra as pessoas vírus e o segundo agrupa as pessoas células hospedeiras. Veja bem, os vírus têm as células específicas nas quais se hospedarão e isso é devido a afinidade que as hospedeiras possuem com as proteínas dos vírus, o que as tornam receptoras do maldito. Entendeu, não é? Eu sou uma célula hospedeira atraída por certos detalhes de um vírus que apossou-se totalmente de mim. Sinto muito ao dizer isto, mas o material genético viral do vírus Camila dominou-me e eu realmente não tenho como expulsá-lo. Argh! Odeio ter que admitir, porém eu sou apaixonada por ela!

   Na segunda-feira estava esparramada no sofá da sala tentando assistir a um programa sobre moda quando escuto a campainha tocar. Quem poderia ser? Eu estava sozinha. Respirei fundo rezando para que não fosse um sequestrador, deixei o controle de lado e segui até a porta. Tocaram a campainha mais uma vez antes de eu abrir e revirar os olhos ao ver quem era.

   — O que você está fazendo aqui?

   — Sai da frente. — A garota me empurrou para o lado entrando em casa. Fiz o mesmo e tranquei a porta.

   — Tenho certeza que era para você estar na sala de aula.

   — A notícia que chegou até a gente foi que você estava doente. Qual é! — Exclamou tirando a mochila das costas, sentando-se no sofá. — Você nunca adoece, Laur.

   — A escola exagera. Eu só acordei com uma dor de cabeça, nada demais. — Expliquei voltando a me acomodar onde estava antes, porém sentada já que minha amiga ocupou a metade. — Mas como você conseguiu sair cedo? Ainda são... onze e dezessete.  — Conferi rapidamente o horário no celular.

   — Fiquei com uma puta preocupação com você doente. Fui até a secretaria e fiz a Cassadee, a secretária, ligar para os meus pais para eles deixarem a escola me liberar e cá estou eu. — Apontou para si mesma sorrindo e eu fiz o mesmo. Confesso que foi um ato bonito da parte dela.

   — Obrigada, Mani, mas não precisava, sabe...

   — Claro que precisava! E fique feliz por eu ter evitado que a Ally viesse. — Ergueu as duas mãos para o teto. — Cristo dê-me paciência porque aquela baixinha me encheu o saco querendo vir aqui comigo para "acompanhar sua fase final". — Falou fazendo aspas com os dedos. — Agradeça a Dinah por convencê-la de que você não estava morrendo. — Ri com aquilo. — Mas enfim, tem algo muito errado com essa sua dor de cabeça. Me conta o que foi.

   Comecei a mexer no cordão do moletom que eu vestia.

   — Laur...

   — Nada.

   — Tem a ver com seu final de semana?

   — Pffft... — Neguei com a cabeça olhando para ela, mas o olhar ameaçador de Normani me assustou.

   — Ok, o que aconteceu na casa de Camila? — Fiquei um tempo raciocinando o que eu deveria falar ou não. — Fala logo, Lauren!

   — EuquasebeijeiaCamila. — Falei e mal pude me entender.

   — Você quer parar de agir como uma retardada? — Berrou já impaciente.

   — Eu.quase.beijei.a.Camila. — Respondi pausadamente.

   — Não!

   — Sim...

   — Calma, isso ainda está sendo processado por meu cérebro.

   Assenti e esperei algum tempo até ela falar algo novamente.

   — Isso é sério? — Concordei com a cabeça. — Será que você ao menos pode me contar como aconteceu? Eu realmente não acredito ainda.

   Aproveitei o momento e contei sobre tudo o que aconteceu na casa de Camila. Eu precisava desabafar com alguém. Aquilo tudo já estava me atormentando mais que o normal e não quero nem imaginar como eu estaria caso tivesse beijado-a mesmo. Bom, provavelmente eu estaria dentro de um caixão, mas ainda me revirando naquela caixa minúscula por não acreditar no que aconteceu. Enfim, espero não morrer por agora. Camila já é a minha agonia diária, a causa para meu retardamento, o motivo do meu silêncio repentino, a possuidora de 2/3 dos meus pensamentos e ainda quer ser o meu fim? Não, eu não aceito isso!

   — CARA, ENTÃO VOCÊ ASSUME MESMO QUE É APAIXONADA POR ELA? — A garota berrou.

   — Shhh! Não grita isso assim! — Reclamei olhando para os lados. Paredes não escutam, mas vai que, né?

   — Realmente é um grande avanço e estou orgulhosa de você. — Falou aproximando-se de mim para dar-me dois tapinhas no ombro, no mesmo instante a repreendi.

   — Para. Você não entende o quão ruim isso é? Ela certamente não vai querer mais olhar na minha cara.

   — A única coisa que não entendo aqui é o porquê de você não tê-la beijado. Há quanto tempo você espera por uma chance dessas? Anos, Lauren! E quando você pode fazer algo, simplesmente não faz. — A morena revirou os olhos colocando as pernas para cima do sofá.

   — Ela nunca beijou alguém antes, Normani!

   — E você não é tão experiente assim... — Espera aí, isso me ofendeu agora!

   — Só porque não fiquei com tantos garotos como você fez não significa que eu não saiba nada!

   — Você só ficou com um até hoje então sua sit...

   — Dois. — A interrompi mostrando o número com os dedos. Eu não me orgulho disso.

   — Que seja. Como eu dizia, sua situação não é tão diferente da dela. Você reclamou nas duas vezes. — Isso é verdade.

   — Culpa sua! — Rebati e Normani apenas riu.

   Há uns quatro anos Normani decidiu que eu deveria beijar alguém, juro que reclamei o quanto pude. Eu não me importava, de verdade. Mas então estávamos na festa de aniversário do Sean, um ex-colega de classe. Cuja festa eu fui obrigada, por minha amiga, a ir. Enfim, num certo momento do aniversário ela se afastou de mim e falou algo para um outro colega nosso, o Paul. Minutos depois Paul veio até mim, sem Normani e, bem, você sabe o que aconteceu. Ele elogiou meus olhos, mas disse isso olhando para a minha boca. O quão detestável isso é? Céus! Ao chegar em casa escovei meus dentes sete vezes seguidas e utilizei o antisséptico bucal umas oito vezes. Eu detestei o beijo e também detestei minha amiga por duas semanas inteiras.

   — Culpa minha, verdade, eu assumo. Você disse que não gostou e eu achei que o problema fosse o Paul. Mas lembra que eu tentei reparar meu erro?

   — E só cometeu outro erro. Revirei os olhos.

   Um mês havia se passado desde o aniversário do Sean. Estávamos em um novo parque de diversões da cidade. Novamente eu tinha sido arrastada por Normani e obrigada a andar com aquelas pessoas insuportáveis de nossa turma. Ela chamou-me para ir na roda-gigante e prontamente aceitei correndo para pegar um assento. A morena disse que já me encontraria, mas quando alguém sentou ao meu lado e as portinhas foram travadas não era Normani quem estava ali. Era Keaton, um colega que já saiu da escola por ser um ano mais velho. Em desespero olhei para baixo procurando a maldita que se dizia minha amiga, encontrei-a acenando e sorrindo para mim. Apenas mostrei-lhe meu dedo do meio e percebi que Keaton falava comigo. Acho que não preciso narrar o que prosseguiu. Ele me beijou, eu detestei e detestei Normani por uma semana inteira. Só a perdoei porque ela mostrou-se arrependida de verdade.

   — Naquela época eu não sabia que você gostava de garotas, amiga!

   — Oh, eu não... — Espera, eu gosto de garotas?

   — Não o quê? — Encarou-me. Franzi o cenho e cocei a parte de trás do meu pescoço.

   — Eu não gosto de garotas, Kordei. — Eu não gosto, eu só sinto algo especial por uma. Certo?

   — Como não? Você gosta da Camila, Lauren!

   — E ela é a única. Isso não quer dizer que eu seja lés... uma garota que gosta de garotas. — Essa conversa está estranha e eu não quero prosseguir.

   — Você assume uma coisa e agora começa a negar outra? Que impossível você é!

   — Vai ficar para o almoço? — Mudei de assunto.

   — Vou. — Respondeu pegando o controle e aumentando o volume da televisão.

   Confesso que mordi a minha língua naquele dia para evitar não perguntar por Camila.

   Na terça-feira eu não pude escapar da escola, o que não significa que eu não podia escapar de Camila. Foi exatamente assim, com esse pensamento covarde, que meu dia iniciou-se. Passei na casa de Normani um pouco mais cedo gerando reclamações de sua parte por não ter tempo o suficiente para se arrumar. Agora me diz para quê se embelezar toda só para ir à escola e ficar sentada a manhã inteira? Isso não tem sentido, mas quem me escuta mesmo? Ninguém.

   Quando chegamos o pátio já estava cheio. Olhei ao redor conferindo se uma tal pessoa estava por ali, mas ela sempre chega um pouco depois. Ótimo. Suspirei aliviada voltando minha atenção para Normani que estava prestes a sentar em um banco.

   — Não, Mani. Vamos para a sala agora.

   — Por quê? Ainda está cedo e você parou com isso neste ano. — Ela sentou- se.

   — Mas hoje eu quero ir para a sala. — Falei impaciente.

   — Mas, Laur... — Ela disse colocando sua mochila em seu colo e apoiando seus cotovelos em cima da mesma. — Oh, não! — Falou um tanto alto. — Lauren Michelle, você não está fugindo do seu amor, está?

   Bufei e cruzei os braços olhando feio para ela.

   — Em primeiro lugar, eu estou evitando e não fugindo porque não fujo de nada. E em segundo ela não é o meu amor. Eu não tenho amor nenhum, entendeu?

   — Caramba, como você conseguiu mentir em cada palavra dessa frase?

   — Olha, fica aí mesmo. Tchau. — Eu disse virando-me para sair. — Droga! — Dei meia-volta e sentei-me correndo ao lado de Normani que apenas riu.

   Camila e Dinah estavam vindo em nossa direção. Odeio a Normani por ter enrolado tanto! Eu falei que deveríamos ir para a sala. Minha amiga já acenava para as duas e eu estava muito focada em uma pedrinha no chão.

   — Bom dia! Olha quem temos aqui! — Jane berrou fazendo-me olhá-la. — Já melhorou, Jauregui?

   — Já, Jane. Eu não viria doente, né?

   — Que bom porque nem me preocupei. — Falou aproximando-se de mim e em um segundo Dinah me abraçou pela cabeça fazendo meu rosto ficar em sua barriga.

   — Hansen! — Gritei, mas minha voz saiu abafada. — Me... solta. — Apoiei minhas mãos em seus braços e me desvencilhei. — Quando quiser me sufocar é só avisar antes.

   Me recompus ajeitando o cabelo enquanto as três riam. Três. Eu ainda não havia encarado Camila e estava com medo de até mesmo olhar para seus pés.

   — Você não parece ser do tipo que adoece. O que foi que você teve afinal? — Dinah perguntou sentando-se ao meu lado, mas Camila ficou de pé.

   — Dor de cabeça, a escola exagerou na justificativa, só isso.

   — Entendo, a escola sempre faz iss...

   — Laaaaaur! — Mal escutei me chamarem e senti um peso sobre meu corpo. — Você veio! Eu fiquei preocupada com você, sabia? Você se cuidou? Tomou remédios?

   — Allyson, me larga.

   — Ok. — Ela disse sorrindo, porém ainda estava sentada em meu colo de frente para mim me abraçando. — Fico feliz por você estar bem.

   — Foi só uma dor de cabeça, garota! E será que você pode levantar?

   — Ah, claro! — Riu sozinha e levantou. — Mas você sabe como são as doenças, não é?

   Alguns minutos se passaram enquanto Brooke, Jane e Normani conversavam sobre o que poderia acontecer se uma doença simples virasse algo terrível. Camila respondia apenas quando era chamada e eu estava muito entretida administrando minha Little Big City no celular. Qualquer coisa capaz de fazer-me evitar contato, mesmo que visual, com Camila estava sendo bem-vinda no momento.

   O sinal tocou, prontamente despedi-me das garotas e corri para a sala. Por impulso sentei-me no fundo. Era distante o bastante. Não demorou muito para a sala ser preenchida por aquele típico barulho de escola, resultado de um monte de gente falando, gritando e rindo ao mesmo tempo. Também não demorou muito para que Camila surgisse no meio daquela bagunça. A garota lentamente passou por algumas pessoas pedindo licença, colocou seu material na segunda cadeira da mesma fileira em que eu estava e, antes de sentar-se, virou-se para mim, mas logo abaixei a cabeça. Eu não podia olhar para ela.

   No intervalo mantive-me calada enquanto as quatro interagiam alegremente. Tentei fugir dizendo ir ao banheiro, mas Normani sacou minha intenção e sussurrou para que eu voltasse e não tentasse nenhuma gracinha. Apenas desisti de ir e continuei ali olhando todos e tudo ao meu redor, menos Camila.

   Quando, enfim, as aulas chegaram ao final naquele dia adiantei-me para sair antes de todos da sala. Alexa ainda tentou falar comigo, porém dispensei a garota alegando estar com pressa. Terça é o dia em que volto com Camila, mas hoje eu não poderia — nem que me forçassem — fazer isso. Olhei panoramicamente o pátio e não encontrei nenhuma das outras três garotas, com isso ajeitei a mochila nos ombros e caminhei até a saída, mas antes que eu sentisse o cheiro da liberdade alguém agarrou meu braço.

   — Você não vai com a Mila hoje? — Revirei os olhos e encarei a Brooke esperando por sua mãe perto da saída.

   — Hoje não, preciso chegar em casa mais cedo... e, bom, Camila ia demorar um pouco. Mas faz um favor para mim e avisa a Normani que já fui, ok? Tchau. — A garota apenas assentiu soltando meu braço deixando-me ir embora.

   Quando já era noite minha amiga ligou para mim e, como sempre, desliguei antes que ela terminasse seu discurso sobre eu estar agindo erroneamente com a outra garota. Tudo o que eu menos precisava era escutar sobre Camila.

   Na quarta-feira coloquei em prática o meu plano do dia anterior. Cheguei cedo com Normani e fui direto para a minha sala. Estava decidindo qual seria o melhor lugar longe de Camila para me sentar quando senti uma mão tocar meu ombro.

   — Laur! — Ainda de costas forcei um sorriso e virei-me já sabendo quem era.

   — Oi, Alexa!

   — Hum, chegou cedo hoje. — Sua mão ainda estava em meu ombro. Tira, Alexa! Não te deixei me tocar!

   — Ah, para achar lugar, você sabe.

   — Sei sim. — Falou sorrindo abobalhadamente. — Então, vai guardar alguma cadeira para a Camila? — Isso realmente não é da sua conta.

   — Não... Hoje não.

   — Ah, ótimo!

   — Ótimo? — Semicerrei os olhos um pouco confusa com sua exaltação.

   — Digo, pode vir sentar comigo, é um bom lugar...

   Estava prestes a dizer não, porém lembrei-me que a Cabello odiava a Ferrer e nesse caso esta seria um belo repelente para aquela lá.

   — Claro!  Sorri sem mostrar os dentes enquanto eu podia ver toda a dentição de Alexa.

   Céus, como ela é estranha. Camila também é, mas... Mas nada, Camila está sendo bloqueada de meus pensamentos agora mesmo.

   Dito e feito. Camila chegou quando a aula já havia começado, mas para meu desagrado a maldita sentou-se perto do Austin. Outra vez aquilo! Ela só podia estar declarando uma guerra contra mim.

   Os dois passaram a aula inteira cochichando alguma coisa que eu podia jurar ser comentários engraçados. E eu perdi toda a aula olhando aquela palhaçada ao mesmo tempo em que roía a parte traseira do meu lápis. O gosto do grafite e da madeira já estavam tomando conta da minha boca, porém aquilo não tinha importância, uma vez que eu estava tentando fazer uma leitura labial nos dois e descobrir qual o assunto tão engraçado que o imbecil contava para a maldita. Quem ele pensa que é para fazê-la rir daquele jeito? Preciso ter uma séria, e talvez mortal, conversa com o Mahone.

   — Laur, Laur!

   — Hum? — Alexa, sentada na minha frente, me chamou e encarei-a.

   — Você ouviu o que eu disse?

   — Não...

   — Para de morder esse lápis. — Riu para mim e então me dei conta do que estava fazendo.

   — Oh. — Retirei o lápis todo mordido da boca e limpei a mesma. — Me distraí.

   — Notei! Mas enfim, eu tinha perguntado se você quer ir comigo para o grupo de estudos depois das aulas de hoje. — Belo programa para convidar alguém, hein?

   — Ah, vão estudar o quê?

   — O assunto da prova de Química da próxima semana. Temos que estar preparados! — Desculpa, mas minha preparação começa e termina um dia antes da prova.

   — Aham, acho que vai ser legal. — Sorri para ela.

   — Então você vai? — Os olhos da garota quase brilharam com a pergunta.

   — Vou sim.

   — Ótimo então! — Sorri mais uma vez antes da garota voltar-se para o professor outra vez e eu e encarar os dois patetas do outro lado.

   Minha raiva era tanta que mal vi as aulas passarem, com certeza teria problemas no final do ano com as notas e culpe Camila por isso, aproveita e manda ela fazer as provas por mim também. Garota idiota e maldita.

   O sinal mal tocou e eu já estava no corredor indo para o refeitório com o meu lanche em mãos quando notei alguém andando do meu lado. Encarei os pés da pessoa subindo meu olhar aos poucos.

   — Alexa? — Enruguei a testa ao ver o sorriso da garota.

   No mesmo instante Camila passou ao meu lado esbarrando em meu ombro, mas sem olhar para mim. Espero que tenha sido sem querer.

   — Laur! Estava pensando se você não quer ir lanchar comigo e com o pessoal do grupo de estudos. Sabe? Para conhecê-los...

   Não era uma má ideia e eu precisava pensar rápido.

   — Acho que seria bem leg...

   — Ah, te achei! — Allyson apareceu em nossa frente. Me achou? — Você estava demorando e vim te procurar. Vamos, Lo.

   "Demorando"? "Lo"? Tem algo estranho acontecendo hoje e preciso que alguém me explique isso urgente.

   — Allyson, não é? — Ferrer perguntou e a baixinha assentiu sem dar muita importância

   — E você é...?

   — Alexa. — Sorriu ofendida. Claro, todos sabiam quem era a Ferrer, como Brooke não? — Então, como eu ia dizer, acho que a Laur vai comigo hoje, para o lanche.

   — Vai, Jauregui? — Meus olhos saltavam de uma para a outra sem saber o que mandar minha boca dizer.

   — Vai! — Alguém cala a boca da Ferrer?

   — Acho que não, temos coisas para resolver. Ela pode ir outro dia com você. Semana que vem, quem sabe? — Brooke agarrou em meu braço e antes que eu raciocinasse algo me puxou. Apenas acenei para Alexa, que deu de ombros.

   Quando chegamos na mesa as outras três já estavam lá e pararam de falar nos encarando.

   — Tive que rebocar essa quase traidora. Ela ia lanchar com a Alexa, acreditam? — Então você a conhecia já?!

   Nesse momento ousei olhar para a Cabello por um segundo e a encontrei arqueando as sobrancelhas para mim. Isso soou como um alerta de perigo e rapidamente desviei o olhar.

   — Sério, Jauregui? Eu ia te estapear até a carne viva. Temos que resolver nosso programa do final de semana. Todas livres? — Jane perguntou e concordamos.

   Ao fim de tudo decidiram ir para a casa de Camila. Eu apenas concordei porque ainda arranjaria uma forma de fugir disso.

   Durante o resto do dia não troquei nem mais um olhar com a idiota.  E quer saber sobre o grupo de estudos? Uma droga! Saí antes que terminassem o terceiro exercício. Alexa pareceu se chatear, mas prometi ir em algum outro. Pura balela, eu não iria nunca mais me juntar àquela gente insuportável. Eu devia ter escutado a Normani e não ter nem aceitado a ideia de Alexa.

   Na quinta-feira não houve nada de muito interessante e não, Camila e eu não nos falamos. Tive que ser sincera com a Ferrer e falar que eu não gosto de grupos de estudos, a garota até que reagiu bem

   — Então você só foi para ser legal comigo?

   — Tipo isso...

   — Ah Laur... — Ela sorriu de um jeito fofo que me assustou. — Era só dizer que não gostava, eu entenderia perfeitamente.

   — Que bom. Mas valeu a intenção, né?

   Depois disso ela começou a falar sobre coisas que eu fingia estar interessada em saber. Meu ouvido era de Alexa, mas meus olhos estavam totalmente fixados em Camila e Austin. Os dois já estavam sendo ridículos conversando assim.

   E eis que agora é sexta-feira. Eis que estamos — Dinah, Allyson, Normani e eu — no pátio sendo impedidas de ir embora pois a Jane está nos lembrando sobre o nosso encontro de amanhã.

   — Não quero ver vocês nem um segundo atrasadas, entenderam?

   — Você já disse isso pela sétima vez em menos de cinco minutos, amiga. — Normani explicou sendo apoiada por Allyson e eu.

   — Certo então estão entendidas. Mas vocês viram a Camila? Aquela garota demorou demais.

   — Não vi, não. Vou indo. Tchau e até amanhã. — Brooke disse abrindo os braços. — Venham cá, um abraço em grupo. — Fingi estar olhando para o outro lado, porém os braços da Jane bruta me arrastaram para aquela palhaçada.

   — Vocês são impossíveis! — Reclamei quando Allyson resolveu se despedir mais uma vez. As outras duas me ignoraram e continuaram a falar sobre a demora de Camila.

   Pensando bem, isso era verdade. A Cabello está 9 minutos atrasadas. Coisa boa não pode ser. Eu devia ter ficado na sala e ter saído apenas quando ela saísse. Aquela idiota não pode ficar descuidada assim, ao menos não por mim. Existe algum mecanismo de vigilância que ande 24h com a pessoa? Caso não exista irei mandar fabricar um.

   — Gente! — Bem na hora, querida. Onde estava? Com quem? Fazendo o quê? Por que não avisou?

   — Nossa, Mila, demorou! — Você não tinha ido embora, Brooke?

   — Ah, é que eu estava lá... — Apontou sorrindo para o prédio.

   — E que cara é essa, hein? Alguma coisa teve. — Normani brincou e meu sangue estava quase parando de circular com essa suposição.

   — Vocês não vão acreditar. — Suspirou e mordeu o lábio inferior antes de continuar. — O Austin me chamou para ir ao cinema hoje à noite.

   — Como?! — Questionei sem sentir as letras atravessarem meus lábios. Eu estava incrédula.

   — Um encontro, Jauregui. — Hansen explicou e eu apenas balancei a cabeça. — Mas, Mila! Você vai? Tem que ir. Seu primeiro encontro!

   — Realmente! Isso é ótimo.

   — Aaaaah, vem cá! Isso é lindo e...

   Parei de escutar tudo o que diziam. Encontro? Um encontro do tipo romântico? Com o Austin? Com alguém que... que não seja eu?

   Eu não merecia escutar algo assim. Ela que fosse para esse encontro. Bom para ela, só para ela.

   — Legal. Hum, podemos ir agora, Mani? — Falei baixo. Minha voz não queria sair. Meu emocional estava abalado.

   — Claro. Conte-me tudo amanhã, Mila! Tchau para vocês.

   Nem me dei o trabalho de me despedir delas, mas não pude evitar olhar para o ser mais adorável da face do planeta Terra. No momento em que nossos olhares se encontraram ela parou de sorrir e abaixou a cabeça. Logo puxei Normani pelo braço.

   — Dá para acreditar nisso? — Perguntei enquanto seguíamos para casa. — Digo, em um dia eu quase a beijo e na mesma semana ela vai para um encontro com outra pessoa.

   — E a culpa é toda e inteiramente sua, Laur. Desculpa, mas é a verdade.

   — É, eu sei. Deixa pra lá, não é? Eu não ligo. Ela pode ir. Eu... eu, bom, eu realmente não me importo com isso.

   — Ok.

   Era mentira. Eu sabia e minha amiga também. Ficamos em silêncio absoluto até chegarmos em minha casa. Nos despedimos e entrei indo direto para o meu quarto. Não queria comer, nem beber, nem ver TV, nem tomar banho nem nada. Tudo o que eu precisava era apenas deitar em minha cama e olhar para o teto.

   Estava sentindo uma coisa estranha. Não era a ansiedade ou o nervosismo que sempre senti ao saber que veria Camila no dia seguinte. Era algo mais... mais dramático, algo melancólico e sem graça. Não sei como se chama essa sensação, mas posso definir assim: imagine uma praça vazia em um dia frio de inverno, um dia cinza. Não há ninguém na praça além de você, então você encontra um banco e percebe que ele vazio se torna melancólico demais. Entendeu? Bancos de praças são bonitos quando pessoas estão sentadas neles. É assim que me sinto, quase que vazia de reações, porém cheia de pensamentos. Pensamentos que se embaralham entre si como se fossem formigas amontoadas entrando em um formigueiro.

   Enfim, eu só desejo que Camila tenha um ótimo primeiro encontro.


Notas Finais


Faça de mim sua caixinha de reclamações e digam o que estão achando :D. E agora, de verdade mesmo, a fic já está chegando ao fim, pessoal. E GENTE, relevem os erros, por favor. Ok, saudações !


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