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História Parece Mais Fácil Nos Filmes - Thursday


Escrita por: SheUsedToBeEmo

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA OBRIGADA POR ESSE TANTO DE FAVORITAMENTO!!!!!!!!!! É MUITO LEGAL E É LEGAL D+!!!!!!!!!!!!!!

Capítulo 62 - Thursday


Quinta-feira.

   — Camila, eu não quero ver!

   Dinah estava histérica no banheiro da casa dela. Nós duas nos trancamos lá com receio de alguém entrar e ver o que não deveria.

   — Cheechee, a gente precisa saber. — Tentei convencê-la, mas aquilo era difícil. Eu mesma estava me sentindo ansiosa e temerosa.

   — Ok! Você confere. Eu não tenho coragem.

   Ela fechou os olhos e esperou que eu conferisse. Abaixei a cabeça, olhei para o visor do objeto em minhas mãos e fiquei confusa.

   — Ah... Ok...

   Tudo teve início duas semanas antes desse momento do banheiro. Dinah ligou para mim 13 vezes seguidas, eu não podia atender durante o trabalho e quando finalmente retornei, ela parecia ansiosa demais. Corri para a casa dela e ao chegar lá encontrei-a na cozinha andando de um lado para o outro.

   — Cheechee? O que aconteceu?

   Deixei minha bolsa em cima do sofá e corri ao encontro da dançarina.

   — Eu acho que algo vai mudar a minha vida. — Respondeu.

   — O quê?!

   — Minha menstruação está atrasada.

   No momento em que escutei aquilo, senti o sangue sumir do meu rosto. Fiquei gelada.

   — Já aconteceu antes? — Perguntei, tentando manter a minha calma.

   — Não.

   O medo de uma gravidez começou a assombrar Dinah a partir daquele dia e quando sua menstruação não chegou em mais uma semana, eu decidi tomar uma atitude. Queria leva-la a algum ginecologista, até ofereci pedir alguma indicação a Alexa, mas Dinah não queria que aquele assunto fosse parar nos ouvidos de alguma das outras garotas. Nossa única alternativa era o teste de farmácia.

   Quando percebeu que não tinha saída a não ser fazer o teste, Dinah chamou-me para sua casa em uma tarde em que estava sozinha.

   Ficamos em silêncio por alguns minutos desde o momento que apareci.

   — Como vamos fazer isso? — Ela perguntou, mas eu não sabia como fazer aquilo. Eu namorava uma garota e nunca precisei saber se estava grávida ou não.

   Minhas únicas experiências eram fictícias.

   ­— A Juno tomou quase um galão de suco e fez um teste de farmácia. — Falei, lembrando do filme, já que na vida real eu não sabia como usar o teste. — Podemos tentar.

   Ela colocou as duas mãos sobre o rosto e suspirou.

   — Você vai comprar o teste?

   — Não.

   — Eu não tenho coragem de comprar um teste, Mila. — Disse de forma calma, apelativa. — Eu faço se você comprar.

   Como eu poderia negar um pedido da minha melhor amiga de infância?

   — Tudo bem. Eu vou comprar. Me espere aqui. Eu já volto.

   Com a cabeça fervilhando e sem saber o que fazer ao certo, levantei-me do sofá e fui a pé até a farmácia mais próxima, que nesse caso ficava a 3 quadras da casa. Andei de forma bem lenta, aproveitando o tempo para pensar na possibilidade de o teste dar positivo e Dinah estar, de fato, grávida. Era algo que eu não me preocupava até então porque fui adolescente e passei boa parte dessa fase sem beijar alguém. Depois do meu primeiro beijo, percebi que eu não iria precisar me preocupar com aquilo se todas as pessoas que eu beijasse fossem cópias exatas de Lauren. Quando percebi que apenas Lauren estaria em minha vida, concluí que engravidar acidentalmente seria algo impossível.

   Mas minha amiga estava com essa possibilidade e eu me preocupava porque era uma situação inusitada.

   Finalmente parei em frente à farmácia, entrei e fui direto ao balcão.

   — Vocês vendem teste de gravidez? — Perguntei a um dos atendentes.

   — Sim. Tem preferência por alguma marca?

   Marcas? Mas eu só sabia sobre o teste porque vi em um filme!

   — Apenas quero o mais eficaz... por favor.

   A atendente assentiu e sumiu entre algumas prateleiras, eu só esperava que fosse simples realizar aquele teste.

   No espaço de tempo entre minha espera e a volta da garota com o teste, o meu celular tocou.

   NAMORADA/NOIVA

   Sorri para o visor me preparando para atender, quando a garota voltou, encarei-a e ergui uma mão.

   — Só um segundo. — Pedi a ela, antes de atender a chamada. — Oi, amor!

   — Aconteceu alguma coisa?

   — É... Eu vou demorar um pouco para chegar em casa. A Dinah me chamou para falar bobagens sobre a vida nessa tarde de folga dela, tudo bem?

   — Claro. Mas... ah... Você pode trazer o jantar? Não tem nada aqui.

   — Posso. Eu vou chegar antes que você desmaie de fome. Não se preocupe.

   — Obrigada.  Realmente estou sentindo meus movimentos ficarem mais lentos. Não demore.

   — Bebe um pouquinho de água até sua super noiva salvar sua vida.

   — Querida, se eu beber mais um pouco de água vou virar uma alface.

   Ri da piada que Lauren fez, mas o olhar repreendedor da atendente me deixou um pouco sem graça.

   — Qual a porcentagem de água em uma alface? — Eu quis saber, não lembrava mesmo tendo lido aquilo no jornal que Lauren e eu compramos em uma das vezes que decidimos não usar o carro, mas o transporte público.

   — Acho que noventa e cinco ou seis.

   — E no corpo humano?

   — Algo menor que setenta.

   — Senhora?

   A atendente me interrompeu, trazendo-me de volta à realidade atual.

   — Amor, vou chegar antes que você parta para o mundo vegetal.

   — Estou esperando.

   — Eu te amo.

   — Obrigada.

   — Lauren...

   — Eu te amo.

   A atendente fez questão de demonstrar o semblante de tédio para mim, mas eu apenas sorri sem graça por ter esquecido onde estava, peguei o teste e fui para o caixa pagar.

   Eu não sabia como funcionava aquilo, então fiz como vi no filme Juno: no caminho para a casa de Dinah, comprei um galão de suco.

   Voltei e encontrei minha amiga devorando uma lata do salgadinho preferido de Normani. Uma briga iria acontecer assim que a outra dançarina sentisse falta da lata.

   — Por que demorou?!

   — Fui andando, Dinah. — Revirei os olhos, jogando a sacola com as compras para ela, antes tirei o galão de suco. — Mas, veja! Beba tudo isso aqui para podermos fazer esse teste logo.

   — É assim que se faz?

    Dei de ombros.

   — Eu não sei. Nunca precisei saber se estava grávida ou não.

   — Está aí uma vantagem de se namorar uma garota. — Dinah abriu a sacola da farmácia e pegou a caixinha com o teste. Limpou os dedos com a própria boca e deixou a latinha em cima da mesinha de centro.

   — Sim. — Concordei. — Mas se Lauren fosse um garoto, eu não teria muitas chances de surtar “Droga, cara! Acho que estou grávida!”.

   A garota riu do meu comentário e abriu a garrafa com o suco.

   — Ela continua dificultando suas investidas?

   Dei-me conta que há tempos Dinah e eu não conversávamos sobre coisas assim. Nossos encontros geralmente eram rápidos e envolviam todas as outras garotas, inclusive Lauren e se Lauren me escutasse falar sobre nosso relacionamento, eu teria que sofrer como as negações dela para qualquer pedido meu.

   — Não. — Respondi. — Ela melhorou muito nisso... Eu não posso mais reclamar sobre esse assunto.

   — Você não me contou!

   — Eu esqueci. E você não mora mais comigo, lembra? Você quis essa mudança.

   Eu certamente falaria sobre aquela mudança até o fim de nossas vidas, apenas para provocar Dinah.

   — Certo. Me conte sobre a evolução da Zangada.

   — E o teste?

   — Camila, eu preciso me distrair, estou nervosa. Me conte logo algo interessante!

   — E eu preciso que você faça logo porque Lauren está morrendo de fome e eu tenho que levar o jantar.

   — Quando ela não está com fome? — Perguntou e eu dei de ombros. — Então me conte! Faça seu papel como amiga!

   Dando espaço e compreensão ao desespero de Dinah, resolvi adiar por alguns minutos o teste e distrair a minha amiga. Sentei-me ao lado dela.

   — Ok. Lauren não é nenhuma ninfomaníaca, mas nossa frequência aumentou. Depois de tantos anos ela finalmente tem ganhado confiança.

   Dinah abriu a boca, sem acreditar. Há tempos não parávamos para falar sobre coisas assim, então ela estava um pouco desatualizada.

   — Mesmo?

   — Sim. É claro que diversas vezes estamos no ato quente e ela de repente para e me explica que ninguém é perfeito, que eu mereço uma pessoa perfeita, mas que ela é tudo o que ela espera que eu queira ter... Você sabe, esses desabafos que ela faz.

   — Em momentos assim?

   ­— Cheechee, Lauren não é como a maioria das pessoas. Se ela desabafa em momentos assim, eu fico feliz. Certamente são em momentos desse tipo que a mente dela explode, então ela apenas me conta tudo. Eu escuto e digo a verdade.

   — Qual verdade?

   Aquilo já era muito. Eu não podia expor sobre Lauren mais do que ela mesma mostra às nossas amigas. As garotas sabem que ela é capaz de divagar em qualquer situação que a deixe nervosa, sabem da insegurança dela, isso era o que ela permitia que vissem, eu não podia ir além.

   — Chega. Vamos fazer o teste. Não vou ficar relatando minha intimidade de casal!

   — Eu relato tudo a você!

   Você precisa saber que Dinah é o tipo de amiga que conta até mesmo detalhes que você não quer ouvir.

   — Ok... Eu digo que a amo e que se eu não desisti dela quando ela era, realmente, uma pessoa quase inacessível não seria agora que eu deixaria ela ir. — Resumi de forma que não revelasse muito.

   — Ela acredita muito em você, sabia? E acho que você acredita muito nela.

   Sorri para o comentário.

   — Sim. À primeira vista a gente só consegue enxergar os problemas dela, mas eu estaria completamente perdida sem ter a Lauren para me apoiar. Digo, em tudo.

   — Eu fico feliz por vocês terem chegado tão longe. Você só é aparentemente como todas as garotas, mas você não é, Chancho. Você é tão psicótica quanto a Zangada, mas você disfarça.

   — Vou agradecer porque ser parecida com a minha namorada e noiva é um elogio. Obrigada. Podemos fazer o teste agora? — Pedi.

   — Não foi um elogio. Foi um agradecimento à garota que consegue rir de todas as suas piadas ruins e que sabe lidar com seu drama. Nunca pensei que alguém fosse a pessoa certa para entender você, mas você achou e isso é o que importa.

   Sorri ainda mais, me sentindo muito bem por Dinah confessar que Lauren e eu somos ótimas para nós mesmas da forma que somos.

   — Podemos fazer o teste?

   Finalmente consegui fazer com que a suposta grávida realizasse o teste. Ela bebeu boa parte do suco e quando sentiu que precisava usar o banheiro, fomos correndo.

   — Chancho, entra aqui, Normani ou Vero podem aparecer a qualquer momento. — Falou, mas eu não queria estar no banheiro enquanto Dinah fazia necessidades!

   — Eu espero aqui fora.

   — Camila, entra aqui porque estou nervosa!

   Foi assim que paramos dentro de um banheiro. Era uma situação muito íntima e bizarra ver sua amiga de infância fazer aquilo, mas eu não estava me importando, só queria o resultado logo.

   Dinah fez o que era necessário, entregou-me, sem olhar, o aparelhinho e vestiu-se. Assim que ela terminou, eu ousei devolver o aparelho para ela, mas ela rejeitou.

   — Camila, eu não quero ver!

   — Cheechee, a gente precisa saber! — Tentei convencê-la, mas aquilo era difícil. Eu mesma estava me sentindo ansiosa e temerosa.

   — Ok! Você confere. Eu não tenho coragem.

   Ela fechou os olhos e esperou que eu conferisse. Abaixei a cabeça, olhei para o visor do objeto em minhas mãos e fiquei confusa.

   — Ah... Ok.

  Ficamos em silêncio. Ela sentada sobre a tampa do vaso sanitário e eu encostada na parede em frente esperando algo aparecer.

   Esperei um minuto, dois... cinco minutos e engoli em seco. Olhei para a garota em minha frente, depois para o aparelho e então busquei a caixinha dele em cima da pia.

   — Chancho, estou grávida?

   Entreguei a caixinha a Dinah e pedi que ela lesse as instruções de uso mais uma vez em voz alta.

   — Pula para a parte do resultado. — Pedi quando ela começou a ler do início.

   Então ela leu, mas meus olhos presos ao visor do aparelhinho distraíram minha atenção.

   Eu balancei o teste, apertei, balancei de novo, mas o sinal de || não saía da tela.

   — Camila!

   — Dinah, confere pra mim mais uma vez. — Tentei ficar calma. — Um tracinho é...?

   — Negativo.

   — E dois?

   — Positivo.

   Não tinha como fugir daquilo. Eu seria a pessoa a anunciar. Mas como? “Parabéns, nova mamãe!” ou “Meus pêsames, nova mamãe!”?

   Sorri da forma que pude, olhei para a minha amiga e falei:

   — Hum... Dinah, você vai ser mãe.

   Os olhos da mais nova futura mãe abriram-se de uma forma assustadora, a boca dela entreabriu-se e eu esperei ela gritar ou falar algo, mas quando suas pálpebras fecharam, ela caiu para trás, desmaiada sobre o vaso sanitário.

   Joguei o aparelhinho no chão, para então socorrer o corpo que poderia cair a qualquer segundo. Apoiei a cabeça de Dinah em minha barriga e dei alguns tapinhas em seu rosto, sempre chamando seu nome.

   Levei alguns minutos para acordá-la, mas quando consegui foi o mesmo que não conseguir.

   — Camila, me diz que eu não ouvi o que ouvi! — Falou com dificuldade.

   — Não dizer o quê? Que você vai ser mãe? — Perguntei.

   Dinah revirou os olhos e voltou a cair, mas dessa vez consegui segurar sua cabeça. Já bastava ela ter a surpresa de que vai ser mãe, não precisava ter algum traumatismo também!

   Sem saber o que fazer, disquei o número de Lauren, mas sequer chamou. Devia ter descarregado. Pensei na melhor opção entre nossas amigas e a única que poderia me ajudar era Alexa, a médica.

   Esperei Dinah acordar para avisar a minha sugestão.

   — Vou ligar para a Alexa, ela vai nos ajudar da melhor forma.

   — Não! Não podemos contar a ninguém! — Ela gritou.

   — Mas, Dinah... Você tem um bebê em sua barriga. — Ela ameaçou desmaiar pela terceira vez, fui mais rápida e dei um tapa consideravelmente forte em seu rosto. — Não desmaie! Precisamos pensar sobre isso.

   Passei o restante da tarde e parte da noite com Dinah, traçando algum modo de ajuda-la. Se eu estava perdida com aquela notícia, você pode imaginar que Dinah estava muito pior. Ela não conseguia pensar em nada que fosse conexo. Soltava 5 xingamentos a cada 10 segundos. Chamava o meu nome apenas para repetir os xingamentos. Fiquei com ela pelo tempo que pude, mas assim que escutamos a porta ser aberta e Vero entrar acompanhada por Alexa, Dinah pareceu se recompor e sorriu para a nossa amiga, perguntando como havia sido o dia das duas. Olhei para ela sem entender a mudança súbita de comportamento, mas ela apenas digitou no celular e virou a tela para mim “não conte a ninguém!”. Concordei e avisei que precisava ir para casa.

 

 

   Ao abrir a porta, escutei um latido do Sparky e sorri ao vê-lo correr em minha direção. Fechei a porta do apartamento, jogando minha bolsa no chão e sentando-me ali mesmo para poder abraçar o meu filho.

   — Amor da mamãe! ­— Falei animada, segurando-o e tentando conter a animação dele. — Mamãe sentiu sua falta, também!

   Abracei-o em meio a lambidas. Foi então que senti cheiro de comida. Lembrei que eu tinha uma faminta para alimentar e tinha esquecido!

   — Amor?! — Chamei com um pouco de receio. 

   — Olá!

   Lauren estava de bom humor? Mas ela estava com fome e Lauren com fome não fala “Oi”, muito menos “Olá”. Será que estavam fazendo Lauren de refém? 

   Aquilo era realmente preocupante ou eu havia adquirido, com Lauren, a preocupação exagerada sobre tudo.

   Não levantei-me, deixei o Sparky ao meu lado, aproveitando para abrir minha bolsa com cuidado e procurar por algo pontudo. A coisa mais perigosa que encontrei foi a minha caneta. Ela teria que servir.

   Fiz um “tic” com a caneta e não esperei.

   — Se alguém raptou a minha noiva, quero avisar que estou armada e não vou pensar duas vezes ao ter que usar essa arma perigosa! Lauren!

   Fiquei em silêncio, aguardando uma resposta. O Sparky saiu do meu lado com o rabinho abanando e sumiu quando virou à bancada da cozinha.

   Resposta alguma.

   Esperei mais um pouco e então escutei alguns passos. Mantive meus olhos firmes no chão, pronta para ver botas de bandidos, mas tudo o que encontrei foi dois pés vestidos em meias cinzas.

   — Camila, o que está fazendo?

   Era a minha noiva?

   Calmamente segui meus olhos pela calça preta de moletom, pela camiseta roxa com a sigla NYU estampada — era minha camiseta! — e então aquele pescoço que eu conhecia muito bem. Minha noiva estava me encarando com os braços cruzados e um sorriso sendo contido por seus lábios presos entre seus dentes.

   — Amor? ­

   — Oi, Camzor.

   Eu me odiava por estar ficando tão apreensiva com qualquer situação estranha. Lauren havia passado para mim uma mania irritante!

   — Lo, você está bem?

   — Sim. Mas, e você?

   — Você não está sendo refém de algum bandido?

   — Não. Você está sendo refém de algum bandido? — Devolveu a pergunta.

   — Não! Mas você respondeu um “olá” e não está gritando de fome... Eu senti cheiro de comida e isso quer dizer que você está cozinhando!

   Lauren riu e descruzou os braços.

   — Camzor, eu só pensei: ela e Dinah devem ter esquecido do tempo. Então decidi fazer o jantar, mas é claro que antes comi um pouco de pipoca para não morrer de fome enquanto esperava o jantar. Peguei um pouco do seu sorvete de banana, mas prometo que compro outro.

   — Você cozinhou para nós? E sim, você vai comprar outro sorvete para mim.

   Lauren sorriu e abaixou-se, sentando de frente para mim, mas eu precisava sentir ela perto, por isso rapidamente sentei-me sobre as pernas dela, ela me abraçou com cuidado. Beijou meu queixo.

   — Uhum... Eu usei o livro de receitas que a Allyson te deu. Garanto que você vai amar a variedade do jantar hoje.

   — Você é incrível, noiva. Me beije agora mesmo! — Falei, sentindo que me apaixonei mais um pouco por Lauren, principalmente porque ela estava usando a minha camiseta e Lauren vestir minhas roupas ou pegar meu sorvete sem pedir era um passo enorme na relação.

   — Se você largar essa arma perigosa, eu beijo.

   Joguei a caneta para trás e agarrei o pescoço de Lauren, puxando-a para mim. Ela sorriu lindamente e então beijei os lábios mais macios e únicos que já provei.

   Só então percebi que um dia inteiro longe dela era muito para a minha capacidade pequena de suportar saudade.

   — Posso falar algo triste? — Ela perguntou querendo encerrar o beijo, mas eu não queria.

   — Não.

   — Mas, noiva... Parte do nosso jantar acabou de queimar. Se eu não levantar agora, nossos vizinhos vão chamar os bombeiros.

   E naquela noite Lauren fez arroz com ervilhas, purê de batatas, batatas fritas e as batatas assadas, que queimaram, mas minha incrível noiva fez salada para compensar as pobres batatas queimadas.

   Foi um dos melhores jantares que já tivemos.

 

 

   Eu era a única que sabia sobre a gravidez de Dinah, mas estava impedida de falar para alguém sobre aquilo. Por isso nossas tardes de quartas-feiras passaram a ser, por um mês, o nosso tempo para discutirmos o assunto. Era difícil chegar a alguma conclusão, já que todas causavam medo em Dinah.

   Ela tinha medo de contar aos pais, não sabia como contar ao cara que era o pai da futura criança e não sabia como contar às outras garotas. Da parte destas eu garantia a ela que a aceitação seria unânime, mas Dinah dizia que não podia arriscar assim, afinal, foi avisada muitas vezes sobre o risco de ter casos sem perspectiva de futuro.

   Em uma das tardes perdi a paciência com Dinah e decidi que ela iria sim contar ao caso dela sobre o bebê. Então ela marcou um encontro com ele para o dia seguinte.

   Deu a hora do almoço e meu celular tocou. Era Dinah falando que tudo havia dado errado e que precisava de mim. Larguei o meu prato em cima da mesa e saí do apartamento 1432 às pressas. Por sorte estava com o carro naquele dia. Cheguei à casa das garotas e bati na porta, escutei um “usa a sua chave”.

   Dinah, Normani e Veronica deixaram cópias da chave comigo, Allyson e Alexa, já que sempre pensavam que algo ruim poderia acontecer. Usei a minha cópia e entrei, encontrando Dinah encolhida no canto do sofá, abraçando as próprias pernas. Um edredom cobria o seu corpo e os seus olhos gritavam piedade ao encontrar os meus.

   — Cheechee... — Falei, fechando a porta e correndo para envolver Dinah em meus braços.

   — Chancho, foi péssimo!

   — Em uma escala de “meu filho vai ter um pai a meu filho vai ter pensão”, em qual nível se encaixa?

   — No nível: quero que aquele desgraçado vá se foder.

   Me surpreendi com aquilo.

   — Nossa escala foi quebrada! Mas o que aconteceu?

   — Ele não vai assumir.

   Aquilo, a princípio, não me parecia boa coisa.

   — Vamos precisar de algum advogado?

   — Não, Chancho... Ele está decidido a não assumir. Falei a ele que não queria casar, apenas que ele assumisse. Ele se irritou e isso me irritou, acabei mandando ele ao inferno e falei que meu filho não precisa de um pai e vim para casa ligar para você. Mas, o ponto é, o que eu vou fazer?!

   Pensando de forma completamente sensata, busquei palavras para explicar a Dinah o quanto ela não precisava que o tal caso dela assumisse a criança. Ela também não precisava que ele a ajudasse durante o momento da gravidez. Afinal, os dois nunca tiveram nada sério. Dinah estava, por sorte, existindo no século XXI, tinha o próprio emprego que a fazia ganhar o bastante para se virar, pagar as contas e ainda morava praticamente sozinha. Ela só precisava de algum tempo para pensar, conselhos e, principalmente, autoconfiança. E Dinah ser mãe solo apenas demonstrava o quão desnecessário é um pai que não quer assumir um filho e uma relação. Dinah seria mãe independentemente do seu estado civil e o bebê teria uma mãe independentemente do homem que não quis ser pai.

   — Cheechee, você vai ter esse bebê. Você é independente. Tem um emprego bom. Você consegue ser mãe solo. — Falei, não deixando brechas que dessem outras opções a Dinah, apesar de aquela ser uma decisão dela, ao fim.  

   — Mila, eu não sei ser mãe! Como vou ser mãe solteira?!

   — Solo. Mãe solo. O solteira não importa. Você não está pensando em não ter esse bebê, está? É fácil ser mãe solo! Quero dizer, não é fácil ser mãe em geral, mas você consegue!

   Apenas me lembrava que Dinah sempre se deu bem com crianças.

   — Não. Eu não deixaria de ter esse bebê. Só estou pensando em como vou contar aos meus pais que vou ser mãe, mas meu filho não terá um pai. O meu pai vai me matar, Chancho! Mas é claro que não quero não ter esse bebê. Você sabe que eu não faria isso!

   Eu já não sabia como ajudar. Estávamos decidindo sobre a vida de Dinah, do futuro bebê e de todos ao redor dela.

   — Você, antes de tudo, precisa contar para as garotas. Acho que elas podem dar alguma luz.

   Dinah concordou com a cabeça e suspirou, me empurrando para deitar e então deitou a cabeça em minha barriga. Não estava sendo fácil para Dinah.

   A primeira que escolhemos para contar, acredite ou não, foi Alexa. Como pontos que indicavam que ela era a melhor opção estava ela ser médica e poder nos guiar de alguma forma. Então, em uma tarde de folga da Alexa, que era coisa rara, resolvemos importunar a paz dela. Dinah não foi ao ensaio da peça que estava fazendo e eu consegui faltar a uma reunião do grupo de pesquisa. Fomos até o apartamento da médica que estava quase se tornando cardiologista e contamos tudo. A princípio, Alexa reclamou, mas quando ouviu as palavras “Dinah” e “Grávida”, pareceu realmente entender que o assunto era sério.

   — Alexa, o que você acha sobre tudo isso? — Dinah perguntou depois que contei toda a história.

   — A Cabello tem razão. Se tem medo de contar aos seus pais, crie um apoio para você. Acho impossível suas amigas serem contra essa gestação.

   — E se meus pais me rejeitarem?

   — Hansen, você não tem mais dezessete anos. — Alexa falou de firmemente. — Tem um emprego, paga seu aluguel e suas contas. Você tem como cuidar dessa criança. Ela pode não ter um pai, mas terá uma mãe e muitas... tias?

   — E um tio. — Lembrei.

   — Sim. Um tio.

   — Você seria uma dessas tias? — Dinah perguntou, certamente para irritar Alexa, mas a resposta que recebeu quebrou o seu jogo.

   — Você iria querer que eu fosse? — Alexa pareceu um pouco sem graça.

   Dinah sorriu e concordou com a cabeça.

   — Claro que sim. Uma tia médica seria incrível!

   Dessa vez fui eu quem sorriu.

   — Você vai ter Dinah Junior?!

   — Sim... Estou decidida.

   — Que bom que entendeu sua capacidade de ser mãe, mesmo não tendo planejado. — Alexa deu o assunto por encerrado.

   Eu ainda achava incrível como o tempo consegue mudar o cenário e manter o elenco. Alexa era nossa inimiga no colegial e por boa parte da faculdade. Alexa já quis namorar Lauren e até já beijou Lauren. Alexa já brigou com Dinah e sempre falou mal de todos nós. Então, a maturidade chegou para cada uma. Eu não odeio mais Alexa, que não me odeia e se envergonha por dia ter agido como uma cópia nerd e barata da Regina George. Ela agora namora Veronica, que é nossa amiga também, e ao invés de nos infernizar, nos ajuda.

  As palavras nunca seriam suficientes para demonstrar o quanto eu me assustava e amava essas reviravoltas ou, como minha noiva gosta de chamar, plot twist.

 

 

   Uma semana passou. Seguindo o conselho de Alexa, nosso próximo passo era contar para as outras 4 garotas. Eu digo “nosso” porque Dinah me colocou como sua escudeira nessa tarefa. Precisava ser muito cautelosa na hora de contar, já que a minha amiga depositava em mim uma grande esperança.

   Em uma tarde de domingo, Dinah chamou Lauren, Ally e eu para a casa dela e das garotas. Alexa já estava lá desde a sexta-feira. Minha noiva e eu aproveitamos que elas iriam almoçar em casa e fomos para lá já de manhã, cozinhar não era nosso forte. Ally foi a única que chegou depois.

   — Meninas, temos algo bem complexo a ser anunciado aqui e agora. — Iniciei o assunto.

   — Quem fala primeiro?

   — É você quem vai falar, Cheechee!

   Dinah respirou fundo e quando notou que tinha a atenção de todas as mulheres ali, falou sem rodeios.

   — Vocês serão, em alguns meses, tias.

   Alexa sorriu para nós, mas precisou ajudar Vero que engasgou com a cerveja que bebia.

   — Seremos o quê? — Vero perguntou.

   — Gente, Dinah Junior está a caminho! — Tentei ser animada para ver se elas se animavam junto.   

   — Dinah está grávida?! — Ally perguntou e eu concordei.

   O silêncio foi tudo o que tomou conta da sala durante bons minutos. Eu olhava para todas elas e não soltava a mão de Dinah. Alexa abria a boca, mas parecia desistir sempre. 

   — Vou beber uma aguinha aqui. Licença. — Lauren disse, indo diretamente para a cozinha.

   Fiz sinal de que iria seguir minha noiva e Dinah assentiu. Em seguida chamei todas as outras garotas para me seguirem, antes pedi que Dinah não se preocupasse e pedi que Alexa ficasse com ela.

   Minha noiva bebia uma quantidade exagerada de água que só indicava uma coisa: ela estava nervosa.

   — Era por isso que eu me preocupava com ela. — Lauren sussurrou assim que me viu. — Camila, ela está grávida! Ela nem tinha planejado o bebê!

   — Amor, não fique assim... O bebê não tem culpa. — Tentei acalmá-la, mas não pude deixar de pensar em como Lauren se sentiria quando eu a convencesse a ter filhos.

   — Não estou culpando o bebê, Camz. Só estou querendo falar um “eu avisei” de forma indireta, mas não de forma rude... É algo grande ser mãe!

   — Não podemos remoer o passado para consertá-lo. Nós duas e todas as outras garotas vamos ajudar a Dinah com esse bebê. — Falei olhando para todas as outras que estavam ali. — Lauren?

   — Você tem razão. O que podemos fazer agora é ajuda-la. Não tem um culpado nisso tudo. Foi um descuido dela e eu estou surpresa até porque... uma criança entre nós! Isso é muito. — Minha noiva disse, voltando a beber água.

   — Eu conheço a Dinah desde que eu era assim e sei que é importante tudo o que ela está alcançando profissionalmente. É por isso que peço, a todas você, por favor, vamos nos mostrar à disposição dela, caso contrário os pais dela vão obriga-la a voltar para Miami. Isso acabaria com a vida e carreira dela!

   — Mila, não precisa pedir. É claro que vamos ajudar. Sempre fizemos isso e agora ela precisa muito mais da gente. — Normani me confortou.

   — Dinah terá todo o nosso apoio por aqui, você sabe. — Vero disse, parecendo estar recuperada da surpresa inicial.

   — Você sabe, por mim, vai tudo funcionar com ela sendo mãe aqui em Nova Iorque. — Ally disse e eu sorri para elas.

   Voltamos para a sala e encontrei Alexa falando algo para Dinah que apenas assentia, provavelmente palavras de conforto.

   — Cheechee, temos um comunicado.

   — Qual? Vão me abandonar?

   — Nós quatro vamos assumir esse bebê com você. — Respondi.

   — Estamos dispostas a ajudar no que for preciso, amiga. Não podemos deixar que você abandone a sua vida. — Normani falou, sorrindo.

   — Espera. Vocês estão falando sério? — A futura mãe quis saber.

   ­— Sim.

   — Zangada, você não vai reclamar?

   Lauren pigarreou e coçou a testa.

   — Jane, eu reclamava da sua vida de casos porque temia que algo assim acontecesse, mas agora você tem um... — Então ela virou-se para mim. — são dois meses?

   — Sim, amor. — Respondi.

   — Então... você tem um embrião quase feto em formação dentro do seu útero. Não vejo como desaprovar algo assim. Ele não tem culpa. Ele nem consciência tem! Você errou? Sim. Mas não é um erro ter o seu... descendente biológico direto.

   Dinah sorriu e pediu um abraço a cada uma de nós.

  

 

   A pior parte da gravidez de Dinah foi contar aos pais dela. A princípio eles quiseram que ela voltasse para Miami, como já esperávamos, e ficasse sob os cuidados deles, mas Dinah, seguindo o conselho de Alexa, deixou claro que ela não estava pedindo ajuda, apenas avisando que teria um filho em algum momento do futuro. Gordon e Milika não acharam correto que a filha mais velha tivesse um filho sem um pai em uma das capitais mais movimentadas dos Estados Unidos. Dinah teve a paciência por dias para explicar, até quase convencê-los de que o melhor seria manter-se independente e criar a criança.

   É claro que ninguém se convence em duas semanas, os pais dela não estavam gostando nada da situação de terem um neto sem pai, mas Dinah apenas pediu que eles tivessem calma porque ela mostraria o quão boa mãe solo ela seria.

   Rapidamente providenciei que Alexa marcasse uma consulta com uma ginecologista de confiança, assim ela fez, mas o problema é que todas nós queríamos entrar no consultório para ver. Houve uma disputa enorme entre eu, Lauren, Ally, Normani e Veronica, mas quem acabou sendo a acompanhante foi Alexa.

   — ... eu que tenho prioridade! Dinah!

   — Chega de discussão! — Alexa falou, fazendo o burburinho cessar. — Vocês ficarão aqui e eu, como médica, vou entrar com a Hansen.  

   — Ferrer, eu vou ser a madrinha. Eu vou entrar. — Normani disse e eu ri.

   — Normani, eu conheço Dinah há mais tempo. — Expliquei. — Eu serei a madrinha...

   — Dinah, eu sou muito mais responsável do que elas duas. — Ally disse.

   — Não vai ter madrinha nenhuma! Todas serão tias e é isso que vai bastar. — Dinah bradou. — Alexa, vamos logo, por favor. Elas vão me encher a paciência com isso.

   — Vamos, Dinah.

   — Calma! — Vero puxou a namorada pela manga do jaleco. — Você pode filmar? Nós queremos ver, Lex!

   Alexa, claramente, não conseguia fingir resistência aos pedidos de Veronica e eu pude comprovar isso ao ver que ela mudou a feição sisuda no instante em que a namorada tocou seu braço.

   — Tudo bem, meu bem. Eu filmo. — Respondeu carinhosamente, mas em seguida voltou a fechar o semblante. — Agora façam silêncio! Não me envergonhem no lugar que passo quase dia e noite!

   Não estávamos satisfeitas, mas precisamos aceitar que Alexa era a mais correta para entrar e acabar com nossa briga. A médica e Dinah sumiram de nossas vistas quando viraram à esquerda do grande corredor.

   Nossa ansiedade era perceptível, nos encarávamos a cada segundo contendo nossos sorrisos. Ninguém ainda era tia. Os irmãos de Lauren não tinham filhos ainda, nem minha irmã, muito menos os irmãos de Dinah.  

   — Quero fazer uma aposta... — Normani quebrou o silêncio.

   — Não. Sem mais apostas. Onze anos e eu nunca venci uma! — A que sempre perdia, respondeu.

   — Mas essa vale a pena! Eu acho que vai ser uma menina. — Normani tentou convencer.

   — Não... A Dinah tem cara de que terá um menino. — E Ally caiu em mais uma aposta.

   — Lauren? — A apostadora chamou.

   — Não vou participar. — Minha noiva falou. — Eu agora cuido das minhas despesas e cada centavo é valioso.

   — Vocês já estão juntando para o casamento? — Vero perguntou.

   Aquele era o momento perfeito para eu chamar a atenção de Lauren.

   — Você lembrou de abrir uma poupança para isso? — Questionei como quem pergunta o horário.

   — É... Ainda não...

   Suspirei e virei-me para as garotas.

   — Vocês estão de prova. Eu nunca vou casar. É sério.  Se eu morrer, lembrem que fiquei feliz ao noivar, ao ser pedida em namoro e também por ter conseguido passar tanto tempo com alguém e não casar.

   — Camila, não exagere. Em mais um ano teremos o dinheiro para algo... simples. Nem temos muitos amigos.

   — Vamos abrir uma poupança para isso. Amanhã. — Falei.

   — Faremos isso. Somos jovens, namorada... Digo, não tão jovens assim, mas ainda não somos velhas ao extremo.

   — Quase trinta, Lauren! E eu sou sua noiva...

   — Vamos casar antes dos trinta. Eu prometo. E você ser minha noiva não anula nosso namoro.  

   Decidi não falar mais nada sobre aquele assunto, só queria ver Dinah.

   Quando a consulta acabou, descobrimos que a futura mãe não quis saber se era menino ou menina, ela preferia que fosse surpresa, mas Alexa filmou tudo para nós. Em poucos minutos o vídeo estava nos celulares de todas e tudo que podia ser ouvido era uma disputa entre quem dizia que estava vendo ser menino ou menina. Alexa explicou que ainda não tinha como saber, revirou os olhos e mandou que saíssemos antes que fôssemos expulsas.

 

 

   Era fim de outono e Dinah já estava com 4 meses de gravidez. Nessa consulta, em especial, eu queria ser a acompanhante, mas não podia faltar uma reunião e a única livre durante a tarde era minha noiva. Lauren praticamente cantou vitória quando descobriu que seria a primeira a saber o sexo do bebê. Então ela foi, conversou com a médica enquanto Dinah se ajeitava para ir embora e descobriu se era menino ou menina, ela filmou para que víssemos depois, mas não nos contou o sexo! “Eu já sei quem ganhou a aposta e não vou dizer. Não, Camila. Não vou contar.”.

   5 meses chegaram e a barriga de Dinah começou a, por fim, ganhar forma. Ela reclamava de algumas dores nas pernas e choramingava sempre porque não podia usar mais suas calças jeans. Salto alto era outra coisa que virou inimigo de Dinah. Nesse mês Normani é quem foi acompanha-la na ginecologista e obstetra, mas a médica já havia sido informada por Alexa que não era para contar a ninguém sobre o sexo do bebê.

   6 meses e Dinah passou a investir em saias de tecido leve e croppeds, mas a verdadeira diversão de todas nós era sentir o bebê mexer na barriga. Ally dizia que havia puxado a mãe porque era inquieto. Dinah reclamava o dia inteiro com a própria barriga. Pare de me chutar! Já vai nascer e ficar de castigo!, ela dizia. Minha amiga precisava de mais atenção nesse período, por isso eu sempre estava em sua casa quando podia e Normani e Veronica tentavam ao máximo cuidar dela e atender aos pedidos noturnos de “estou com sede!”, “alguém me ajuda a levantar!”.  Nesse mês Ally foi a acompanhante e não conseguiu saber o sexo do bebê.

   7 meses de gravidez e Dinah precisou, definitivamente, sair da peça em que estava. Foi um dos piores meses. Dinah alegava dores de cabeça, enjoos e tontura. Alexa passou a dormir com frequência na casa das 3 garotas e sempre ajudava no que podia. Nossos diálogos eram basicamente:

   — Dinah, pare de reclamar e vá dormir um pouco.

   — Normani eu dormiria se conseguisse sentir sono! Eu nem consigo me virar!

   — Jane, sabia que o bebê já consegue abrir e fechar os olhos? Eu li que ele po-

   — Zangada, esse bebê já está de castigo antes mesmo de nascer. Não paparique!

   — Você quer alguma coisa pra tentar se acalmar? — Ally era quem tentava manter a grávida calma, mas os hormônios dela estavam uma loucura.

   — Quando voltei da consulta senti um cheiro de frango frito... Um balde de asinhas seria ótimo.

   — Vamos comprar agora mesmo. — Lauren disse.

   — Eu compraria uma lanchonete de asinhas só pra ver a Dinah dormindo por mais de três horas. — Vero disse.

   — Vocês estão reclamando de uma grávida?

   — Vamos, Michelle. Vamos!

   Nesse mês Veronica é que acompanhou Dinah e eu ainda não tinha conseguido ir, nem saber o sexo do bebê.

   8 meses de gravidez e a barriga estava enorme. Parecia uma bolha que poderia estoura a qualquer minuto. Dinah desistiu das saias e passou a investir em vestidos que deixassem sua barriga livre de elásticos. As contrações passaram a ser intensas, causando um alerta em todas nós, caso Dinah Junior resolvesse aparecer.

   — Alguém me ajuda a dormir! — Era o que Dinah pedia quando queria que rodeássemos ela com travesseiros, pois sua barriga incomodava muito à noite.

   Nesse mês eu acompanhei Dinah, finalmente, e fiquei encantada ao ver Dinah Junior tão perto e quase pronto para nascer. Eu podia jurar que vi um menino, mas a médica não comentou nada, apenas indicou que a alimentação da grávida passasse a ser mais saudável e em menores quantidades, o que foi um martírio para a garota. Sempre estávamos tentando dormir na casa dela e quando eu dormia lá com Lauren, precisava largar minha noiva sozinha porque Dinah pedia que eu dormisse com ela.

   Mas um acontecimento interessante foi o foco desse mês, também.

   Certa noite, Veronica entrou eufórica em casa. Lauren e eu estávamos esperando Normani terminar de fazer o jantar e Dinah nos contava sobre a caminhada que fez durante a manhã.

   — Dinah está podendo sair? — Veronica perguntou.

   — Por quê?

   — Normani. Onde ela está?

   — Terminando o jantar. — Lauren respondeu.

   Vero olhou para a porta e agachou-se perto de nós.

   — Alexa tem uma pessoa para apresentar a Normani. — Falou baixinho. — Mas nem ele sabe que vai conhecer alguém.

   — Normani pode saber? — Perguntei.

   — Não! Você vai entender o porquê. Por isso Alexa teve a ideia de tornar tudo natural. Todos nós juntos e então eles se notam! — Ela explicou.

   — Cheechee, você quer ir?

   — Sim! Vamos! — Dinah animou-se.

   — Ei! Quem é esse rapaz? — Lauren perguntou e eu já sabia que um interrogatório estava por vir.

   — Ele trabalha no hospital em que Alexa está trabalhando, mas ele não é médico. — Vero continuava a falar em um tom baixo.

   — O que é então? De onde é? E a idade? Ele tem algum histórico? — Lauren perguntou e eu revirei os olhos.

   — Nossa. Olha só quem está falando isso! — Falei. — A que falou que eu deveria superar as novas fases da vida!

   — Você está enganada. Eu supero toda fase... mas é que, veja bem, a Normani precisa encontrar uma pessoa que a queira mesmo.

   — Amor, se a Vero e Alexa estão indicando é porque é algo bom. Vero?

   — Sim! Michelle, você vai entender o porquê de ele ser praticamente a alma gêmea dela! Vou avisar a Ally mais tarde por telefone. — Vero parecia animada com aquilo tudo.

   — Estão conversando sobre o quê? ­— Normani perguntou.

   — Sobre a minha fome. — Vero disse, piscando o olho para nós.

   Então, naquela mesma semana, numa sexta-feira, fomos para um jantar “casual”. Normani sequer notou algo estranho, até porque não tinha como notar. Teoricamente, era um jantar entre amigos e um amigo de Alexa.

   Assim que chegamos ao restaurante, encontramos Alexa e Veronica sentadas com um rapaz de cabelo castanho, uma barba bem rala e o cabelo adequadamente arrumado.

   — Amor, ele parece higiênico e não aparenta ser um folgado. É bonito! — Falei para Lauren.

   E ele realmente era bonito. Eu notei, Ally notou e Dinah também, já que nos entreolhamos rapidamente. Normani estava mais atrás, conversando com Caleb sobre algo que aconteceu com o cartão do banco dela.

   — Não adianta a beleza. — Minha noiva resmungou. — Quero saber sobre ele. Não vou deixar a Normani com qualquer um.

   — Você precisa parar com isso! Cala essa boca e vamos logo. — Ally disse.

   Chegamos à mesa e cumprimentamos os três. A melhor parte daquilo tudo era que todos nós estávamos ansiosos sobre o porquê de os dois, que não sabiam que estavam em um encontro, eram almas gêmeas.

   — Meninas, esse é o Kamron Bradbury. Ele trabalha no hospital. — Alexa o apresentou a todas nós, mas Normani estava mais interessada na conversa sobre o cartão.

   — Falaremos sobre o cartão depois. E aí, Kamron! — Caleb, que já sabia sobre o encontro oculto, falou estendendo a mão para Kamron, como se quisesse falar “Normani, repare nele!”, mas não adiantou.

   O tal Kamron parecia ser bem simpático, mas um pouco quieto. Fizemos nossos pedidos e várias conversas paralelas aconteciam na mesa.

   — Lauren, puxa assunto. — Falei para minha noiva.

   — Caleb, pergunta o que ele faz. Anda. — Minha noiva falou para Caleb, que estava ao lado dela.

   — Eu? Por que eu?

   Os dois eram péssimos para atitudes, então eu precisava esperar a discussão acabar.

   — Por que eu não sei introduzir um assunto e fingir ser casual.

   — Mas logo eu?!

   — Você sempre sabe o que fazer!

   Ele suspirou, bebericou o vinho em sua taça e ajeitou a postura.

   — Então, Kamron, você é médico de qual área?

   — Ah... não sou médico. — Ele respondeu.

   — Não? — Caleb perguntou, mas essa informação já tínhamos.

   — Não, não. Eu trabalho na parte financeira do hospital. Sou formado em economia. Até mesmo a saúde tem a sua parte capitalista. — Falou, riu rapidamente e voltou a comer.

   No momento em que ele disse isso todos nós, que estávamos na mesa, olhamos para Normani e Normani parecia petrificada ao olhar para o Kamron e o Kamron certamente não havia notado o silêncio geral, já que cortava o bife tranquilamente.

   Vero olhou para todos nós e levantou os polegares, sorrindo. Até mesmo Alexa sorriu. Assenti para ela e em seguida puxei Lauren pelo ombro.

   — Amor, a Vero tinha razão!
   — Acho que a Normani está, no mínimo, curiosa sobre ele. — Lauren comentou.

   — Ótimo! Faz alguma coisa! — Sussurrei para ela.

   — Você acha que daria certo? — Ela quis saber.

   — Lauren, imagina as conversas desses dois! Faz algo logo. É a sua amiga de infância!

   — Caleb, continua o assunto! — Ela cutucou o rapaz.

   — Ah... Entendi! — Caleb continuou. — Então quer dizer que você entende sobre o capitalismo?

   — Sim. Fui obrigado, talvez se eu não o conhecesse fosse melhor para mim.

   — Sabe o que é engraçado, Kamron? — Ally continuou o que o namorado começou. — Nossa amiga, a Normani, tem um interesse bizarro por esse assunto, não é, Normani?

   — Mesmo? — Ele perguntou, limpando a boca com o guardanapo e olhando diretamente para Normani.

   Normani parecia não estar ouvindo, então olhei para Dinah e Ally, mas temendo que Dinah falasse alguma besteira, pedi socorro a Ally.

   ­— Sim! Kamron, você não tem noção do quão curiosa sobre esse assunto ela é. Nossos ouvidos pedem ajuda!!

   — Por exemplo, no Natal do ano retrasado, nós duas demos um livro sobre isso para ela. — Alexa disse.

   — Ela comentou cada capítulo em nossas reuniões semanais. — Lauren completou.

   — Você está na área econômica também? — Kamron perguntou a Normani, mas a garota parecia não conseguir falar.

   — Não! Ela é dançarina, mas é uma daquelas garotas de datas. — Dinah disse e meu instinto dizia que algo desastroso viria.

   — Datas? — Ele quis saber.

   — Ela aprendeu sozinha. — Dinah respondeu.

  ­ — Autodidata. — Lauren a corrigiu.

   — Eu estava fazendo uma piada!

   Neguei com a cabeça querendo dizer “não estava”, Dinah riu e assentiu.

   — Você está bem? — Kamron perguntou diretamente a Normani.

   — O capitalismo roubou as palavras de alguém! ­— Dessa vez eu é que fiz uma piada.

   Lauren foi a única que riu da minha piada, ainda completou com um “essa foi muito boa, Camzor!”. E era por isso, também, que eu amava a minha noiva. Ela tinha um humor tão apurado quanto o meu!

   — Normani! — Vero deu um tapa no ombro dela.

   A amante do capitalismo pareceu acordar de algum transe e começou a falar.

   — Sim! Digo, é um assunto que muito me interessa... Por exemplo, a sua área deveria ser, no mínimo, gratuita em todos os sentidos! Mas as pessoas querem lucrar com doenças

   — Você tem razão! Assim como a alimentação. — Kamron completou.

   — Isso também. Como esse arroz em nossos pratos. Não poderia estar em um cultivo comum? — Normani disse.

   Kamron olhou para Alexa e sorriu.

   — Eu sempre digo isso. A Alexa sabe! — Ele comentou.

   Lauren riu e comentou comigo que aquilo era algo que ela nunca viu antes.

   — Sim. No almoço ele sempre come o arroz e fala do plantio até virar mercadoria. — Alexa concordou.

   — Kamron, por que você entedia o almoço da minha namorada dessa forma? — Vero perguntou, brincando.

   — Você não acha interessante? — Ele perguntou.

   — Elas não se importam com coisas... — Normani foi quem respondeu. 

   O restante do jantar Kamron e Normani pareciam envoltos em uma bolha, Alexa e Vero estavam entre eles e até precisaram trocar de lugar para que os dois conversassem sozinhos sobre aquele assunto que não nos interessava tanto.

   Ao final da noite, Dinah e Vero gritaram um “troquem logo os números!” e Kamron, meio arredio, pediu o número de Normani.

   — Vocês já sabiam que o Kamron ia? — Normani perguntou quando estávamos indo deixar ela e Dinah em casa. Eu estava no volante e Lauren ao meu lado.

   — Normani, a Alexa teve a ideia e Vero armou tudo isso para vocês se conhecerem. — Dinah contou.

   — Alexa?

   — Sim.

   — Preciso ligar para ela!

   E desde aquela noite mais uma pessoa passou a fazer parte do nosso círculo de pessoas.

 

   9 meses. Dinah Junior começou a dar sinais que estava perto de nascer. As reclamações de Dinah giravam em torno das dores nas costas e nos seios, que provavelmente já estavam produzindo leite. Sempre ficávamos com ela quando possível, mas em um sábado ela simplesmente disse que queria ficar sozinha. Fui contra aquilo, já que Normani tinha um encontro com Kamron e Vero iria dormir na casa de Alexa.

   Não teve jeito. Acabei concordando e ficando em casa com Lauren. Tomei um banho quente e demorado, planejando ter uma noite mais quente ainda com a minha noiva, até mesmo dei um pouquinho mais de ração ao Sparky para que ele dormisse na sala.

   — Amor... — Falei, entrando no quarto, coberta apenas por uma toalha.

   — Espera um pouco. — Lauren estava vidrada no notebook. — Algum aluno conseguiu meu número. Estou bloqueando.

   — Lauren. — Eu queria que ela me olhasse.

   — Você acredita que a mensagem dizia “profesora, eu estou precisando de aulas particular. Está disponível?”. Eu posso responder? Claro que sim! Camz, preste atenção aqui se estou correta: Aluno(a), não sei quem é você, mas com tantos erros que vi nesse e-mail, já estou decretando que sua professora eu não quero mais ser. E não estou disponível!

   Após escutar a reclamação dela, me atentei, verdadeiramente, a uma única palavra: disponível.

   — Espera. Estão dando em cima de você?! — Perguntei.

   — Pelo final da mensagem, eu acho que sim.

   Se até mesmo Lauren, que era lerda, notou, eu estava certa.

   — Isso já aconteceu antes por e-mail e eu não estou sabendo?!  

   — Não, Camzor. Você sabe que eles têm medo de mim, não sabe? — Ela disse, calmamente. — Só interagem com as aulas.

   — E fora delas?

   Meu ciúme já começava a querer gritar, mas eu apenas pensava “não se troque com adolescentes”.

   — Não acontece nada. Tudo o que sei são murmúrios e coisas que os outros professores falam.

   — Quais?

   Eu queria me trocar com adolescentes, mas não podia. Não podia.

   — Coisas bem sem utilidade para nossas vidas. Sabia que os alunos mudam o olhar para você quando sabem que sua professora namora uma mulher? E eu não sei como, mas eles já viram você. É como se olhassem para mim e vissem um Vogon

. É estranho! — Ela disse, ainda sem me olhar. — Eu nunca comento sobre minha vida com eles, mas Veronica é professora de outra escola... Informações são trocadas e... Não sei. Não sei mesmo.

   — Não gostei disso. — Confessei. — Na segunda-feira você pode me esperar. Vou buscar você dentro do colégio.

   — Vai? — Ela riu.

   — Sim. É bom saberem que você tem uma namorada e noiva. A propósito, já viram seu anel?

   Ela suspirou e digitou algo.

   — Camzor, alunos reparam em tudo. Você já é uma mulher e é madura também, não dê ouvido a crianças.

   — Hum... Lá fora eu posso até ser, mas é impossível ser madura com você. Talvez se a gente tivesse se conhecido por agora, seria diferente. Mas ficamos juntas no final do que seria a nossa parte infantil da vida... — Falei.

   — Acho que ignorar é melhor do que responder. Eu vou ignorar. — Ela disse, dando de ombros e digitando mais alguma coisa.

   — Tudo bem. Agora olhe para mim.

   — Só um segundo. Estou excluindo e limpando a lixeira. Não sou professora de quem erra assim! Preciso conseguir outro emprego! Sabe sua meta de casar antes dos trinta? A minha é deixar de ser professora antes dos quarenta.

   — Lauren...

   — Eu acho que os alunos deveri- — Ela finalmente me olhou e parou de falar quando me viu apenas de toalha.

   — Larga esse computador. — Falei, pronta para tirar a toalha.

   — Ok. Você fica muito sedutora assim.

   Uma das coisas que eu mais amava em Lauren era que eu poderia aparecer seminua ou nua para ela todos os dias, mas ela sempre iria ter a reação surpresa que tem desde que nos conhecemos.

   — Então vamos aproveitar o meu momento sedutor? — Perguntou, me aproximando dela.

   — Sim. Faremos isso. Eu vou apenas guardar isso aqui. — Falou, segurando o notebook e se preparando para levantar.

   — Eu guardo para você, amor...

   — Preciso desligar. — Avisou. — Essa energia sendo gasta deve diminuir o tempo útil da bateria.

   — Eu desligo, amor.

   — Coloca em cima da mesinha, mas longe da garrafa com água. Pode ser um perigo!

   — Lauren, cala a boca! — Fui um pouco rude, mas fiz tudo o que ela disse.

   — Mas e o...

   — Basta. — Avisei, deixando o notebook sobre a mesinha do quarto e voltando para a cama.

   — Ok. Tudo bem.

   Por fim, senti-me feliz ao ter meu plano muito bem executado, só me restava aproveitar.

   Tirei minha toalha e nem precisei falar mais nada, Lauren já estava me puxando para a cama. Mordi meu lábio inferior e fechei meus olhos para sentir os lábios dela sugarem a pele do meu pescoço, em questão de segundos minhas mãos estavam deslizando pelas pernas descobertas da minha noiva. Ela vestia apenas uma camiseta grande e roupas íntimas. Levantei a camiseta dela e posicionei meus dedos para tirar a calcinha dela, mas antes eu precisava provar os lábios daquela mulher que me enlouquecia.

   Puxei Lauren para um beijo ardente e que poderia durar muito tempo.

   E meu celular tocou. Tentei não ouvir, mas o som estava irritante. Lauren grunhiu e saiu de cima de mim. Levantei-me e peguei o aparelho.

   — O que foi, Ally?

   — Camila, corre para o hospital. Lauren e você!

   — Vai nascer?  

   — Sim! Estamos quase chegando lá.

   Encerrei a chamada e suspirei, ansiosa com o nascimento, mas decepcionar com meu plano fracassado.

   — Agora apoio Dinah colocar esse bebê de castigo! ­— Comentei e Lauren apenas riu.

   — Vamos. Teremos tempo depois. — Roubou um beijo meu e me entregou algumas peças de roupa.

 

   Quando chegamos ao hospital encontramos Caleb e Kamron na sala de espera. Dinah Junior ainda não havia chegado ao mundo fora da placenta. Estava dando algum trabalho à mãe, pois Dinah xingava muito ao fazer força para o bebê sair. Lauren e eu nem ouvimos a enfermeira gritar que a sala estava superlotada, entramos e fomos protegidas por Alexa. Veronica e Normani precisaram sair da sala porque estavam quase desmaiando. Ally e eu ficamos, uma de cada lado, apoiando Dinah. Lauren também estava assistindo, mas bem quietinha no canto com uma cara de assustada. Ela havia pesquisado muito sobre parto e aposto meu salário inteiro que ela estava criando um passo a passo mental e vendo se a internet havia dito a verdade para ela.

 

   — Vamos, Cheechee! Coloque Dinah Junior no mundo! — Tentei motivar minha amiga.

   — Estou.tentando!

   A testa de Dinah era puro suor e Ally tentava enxugar om uma toalhinha.

   — Faça esse bebê sair e então você deixa ele de castigo pelo resto da vida por ter feito você passar por esse momento! — Continuei sendo muito motivadora.

   — Ele.já.está!

   Dinah grunhia e gritava, eu segurava uma mão dela e acariciava seu cabelo. A médica repetia as instruções, calmamente, para ela. Lauren parecia hipnotizada com aquilo tudo e Alexa apenas mandava Dinah ser forte.

   Foi tudo muito rápido. Dinah deu um grito agudo, a média disse que estava vendo a cabeça do bebê e em poucos segundos um choro cortou os grunhidos.

   — NASCEU! — Ally foi a primeira a ter reação.

   Todos os olhares voltaram-se para o bebê que choramingava bem pouco nas mãos da médica e logo em seguida das enfermeiras.

   — Cheechee! Você é uma mãe! Eu te amo! — Falei, sentindo-me emocionada e beijando a testa encharcada da minha amiga. Ela sorriu e eu entendia que estava sem forças.

   Lauren tinha as duas mãos sobre a boca e os olhos arregalados. Ela parecia petrificada. Minha noiva nunca pensou que iria presenciar um parto, devia estar sendo uma surpresa para ela.

   Dinah, finalmente, pegou o bebê nos braços e sorriu largo, encostando o rosto no rostinho do recém-nascido. Alexa chamou Vero e Normani, que entraram na sala quase chorando.

   A mais nova mãe olhou para cada uma de nós e sorriu, deixando algumas lágrimas escapar.

   — Você está de castigo pelos próximos vinte anos de sua vida por ter feito a mamãe ser uma louca por nove meses. — Ao escutar minha amiga falar isso, fui eu quem começou a chorar também. Ela estava se sentindo mãe e o bebê estava ali com ela!

   Chamei Lauren e ela veio, em câmera lenta, olhar o bebê. A médica e enfermeiras falavam algo, mas apenas Alexa

   — Vocês estão vendo o que eu estou vendo? — Normani perguntou.

 

   “— Ok. Podemos começar as trocas? — Normani perguntou.

   Estávamos sentadas no chão em forma de círculo. Organizamos os presentes por nome de cada uma ao centro para facilitar.

   — Eu começo! — Ally ergueu o braço e correu para pegar um presente. Olhou atentamente, escolheu uma caixa azul e abriu animada, mas ao retirar o presente em si, seu sorriso virou uma cara de desgosto. — Um par de meias?

   — De nada, Ally. — Dinah falou rindo e só então Ally olhou o nome no papel de presente. 

   — Certo, Dinah. Eu deveria ter olhado o nome.

   — Não reclame. São meias pro inverno! — Falou sem parar de rir enquanto eu ria junto. Minha amiga era muito engraçada!

   — Obrigada. — Ally forçou um sorriso.

   Normani foi a próxima e escolheu o de Lauren, alegando querer deixar o de Dinah para o final.

   Lauren e eu não estávamos nos falando em nosso primeiro Natal em Nova Iorque. A gente não namorava e parecia que nunca namoraríamos.

   — AMIGA, QUE LINDO! — Exclamou e virou-se para abraçar Lauren. — Eu te amo!

   — De nada. — Sorriu.

   — Você me ama, não ama? — Normani perguntou.

   — Não vou responder isso, mas eu comprei esse gato idiota pra você. 

  — Você me ama... — Concluiu sozinha e voltou a sua posição anterior enquanto Dinah abria uma embalagem. 

   — Zangada, um novo tapa-olhos para dormir?! — Ela riu. — Eu te odeio, mas amei isso aqui!

   E assim seguiu as trocas de presentes com uma coisa bem evidente: os embrulhos, meus e os de Lauren, eram apenas 3 enquanto os das outras foram 4. Com isso pude confirmar que ela não comprou um presente para mim. ÓTIMO!

   — Jane, você deu meias a todas! — Lauren reclamou ao abrir meu segundo embrulho. — Até o da Brooke foi melhor.

  Ally havia dado xícaras para todas.

  — Olha, Cheechee, é verdade. — Concordei, rindo. — Até as xícaras com palavras motivadoras da Ally foram mais legais do que suas meias...

   Ela, além dos suéteres, deu uma xícara com palavras motivadoras para cada uma de nós. Terrível, eu sei, mas foram melhores do que as meias...

   — São meias de Natal! — Dinah tentou se defender.

   — Elas são apenas vermelhas, Dinah. — Normani observou.

  — Estão vendo? O Natal é vermelho e frio. Vocês vão estar na moda natalina e aquecidas. — Ela tentou argumentar, mas acabou rindo sozinha.

   — Certo, gente. — Ally encerrou vendo que Dinah não cederia. — Agora vamos lá... — Olhou o nome no embrulho e abriu com pressa. — Obrigada, Laur! — Agradeceu olhando o cachecol.

   — Desse pedaço de pano você não reclama. — Dinah não desistia.

   — Dinah, ele tem renas do Natal. — Allyson revirou os olhos.

   — Ok. Mas minhas meias combinam com o suéter.”

 

   Olhei para todas nós ali ao redor de Dinah e do bebê. Era muita novidade e eu podia dizer isso em nome de todas. Alguns anos atrás nós discutíamos para descobrir de quem era qual presente, agora ansiávamos saber o sexo do bebê. Eu, juro, nunca pensei que presenciaria isso. Quando pulamos de Dinah nos surpreendendo com meias para Dinah nos surpreendendo com um bebê?!

   — Ally perdeu a aposta! — Normani disse. — É uma menina!


Notas Finais


Gente, hoje eu quero muito falar sobre algo que é bem importante, ao menos eu acho k. Então, se não for muito e errado, quero pedir a vocês que pratiquem o respeito e a tolerância. Sei que não sou ninguém para pedir isso, mas eu tenho noção de que isso aqui vai ser lido por umas 200... 300 pessoas (?). Não sei, algo assim. E por ser algo da internet, qualquer pessoa pode acabar tendo acesso. Não é que tenha acontecido diretamente comigo, mas eu tenho visto muita intolerância em todas essas redes sociais que vocês sabem quais são. Se você não gosta de uma música, um filme, um livro, uma fanfic, qualquer coisa! Por que você sente a necessidade de chegar até a pessoa que NÃO te perguntou nada e distribuir críticas ruins gratuitamente? Eu já disse uma vez e repito: há uma diversidade de gêneros literários, musicais, cinematográficos e tudo o mais por aí. Vai lá atrás do que te agrada e para de julgar como inferior o gosto do outro. Isso é feio (a meu ver). O que não acrescenta, não deve fazer falta, mas nem todos estão prontos para pensar assim. Liberdade de expressão é uma coisa que tem que estar atrelada ao respeito, certo? Você não é melhor do que ninguém, assim como ninguém é melhor do que você. Quando alguém chegar e PEDIR a sua opinião, forneça-a com toda a sinceridade, mas se a pessoa não quiser, guarde pra você ou resmungue para a parede.
Não sou ninguém para falar ou pedir algo, como já supracitei, mas eu acho que é válido falar sobre coisas desse tipo que vejo por aí — e não são poucas — em muitos lugares.
Não estou apontando dedos, tudo bem? Não estou pedindo que mudem, mas que pratiquem porque sou humana e erro e vocês são humanos e erram, mas estamos aqui para caminharmos sempre para o bem comum. E caso alguém queira falar algo diretamente comigo, deixo aqui uma outra rede social, a do pássaro: camzcamzra.
Até breve e saudações =D/

PROMETO QUE EM BREVE VOCÊS SE LIVRARÃO DESSA FIC. UM POUCO MAIS DE CALMA. hheuehueheueh.


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