História Partykids - O passado se chama Jung Hoseok

Sabe aquelas expressões faciais que só você e seu amigo entendem? Pois é, Taehyung e Namjoon eram esse tipo de amigos.

Sabiam exatamente o que a expressão do outro queria dizer. E nesse momento, Namjoon matou a charada. Pela cara que Taehyung estava, aquele só poderia ser o crush supremo daquela festa infantil que tanto ele falava.

– Oh, Min Yoongi, prazer. – Namjoon sorriu. – Eu sou Kim Namjoon, e esse é Kim Taehyung. – deu uma cotovelada forte nele.

– S-Sim. – ignorou a dor forte do cotovelo de Namjoon.

– O prazer é meu. – disse simpático.

– Bom, queremos saber o orçamento de um aniversário, de um garoto de 4 anos, aniversário dele. – apontou para Taehyung.

– Isso mesmo! – balançou a cabeça freneticamente.

– Qual o tema que vocês têm em mente? – indagou.

– Carros. – Taehyung disse.

– Tudo bem, temos alguns modelos e tudo mais. Vai haver brinquedos e incluindo o bufê? – anotou no computador.

– Tudo. – quase exclamou, Yoongi arqueou as sobrancelhas, tinha algo de errado com aquele garoto.

– E para qual dia vocês pretendem? – olhou para os dois rapazes.

– Dia 13 de outubro. – Namjoon achou melhor ele tomar as decisões, Taehyung estava muito fora de si.

– Hum, vou checar. – moveu seu mouse. – Está tudo lotado para esse mês.

– Quais as datas disponíveis? – o Kim mais velho perguntou.

– A partir do dia 15 de novembro.

– Pode ser, pode ser. – afirmou Namjoon.

– Precisam assinar uma papelada e me dizer em detalhes.

– A gente está com um pouco de pressa agora, poderia me dar seu número ou algum outro meio de mandar? – Namjoon coçou a nuca.

– Ah, lógico! – Yoongi pegou o cartão da empresa. – Tem meu telefone pessoal aí, qualquer coisa peçam meu e-mail e enviem por lá.

– Com certeza. – Taehyung murmurou.

– O que disse? – Yoongi perguntou.

– Nada!

– Enfim, obrigada Yoongi. – Namjoon se curvou e em seguida Taehyung também. – Logo entrarei em contato.

– Okay! Obrigado senhores. – se curvou e sorriu, esperando os dois saírem.

– Ufa. – Taehyung passou a mão na testa.

– Então é ele? – Namjoon passou a mão pelo queixo. – Interessante.

– Eu sei que você vai dizer várias coisas, como “Você tem péssimo gosto”, ou coisa pior, e… – antes que terminasse, Namjoon o interrompeu.

– Eu gostei dele. – deu de ombros.

– Oi? – disse surpreso.

– Acho que você escolheu bem dessa vez. – riu.

– Pelo menos uma vez na vida! – exclamou animado.

– Mas nem se anima muito, eu posso mudar de ideia. – ameaçou.

– Nunca nem falei nada. – sorriu.

A volta para casa, foi falante. Taehyung falava sobre todos os detalhes de Yoongi, e Namjoon teve que escutar. Mas ele relevou, aliás, não era muitas as vezes que Namjoon se agradava de alguém que Taehyung estava a fim.

– Eu preciso ir agora, Tae. Tenho coisas importantes para fazer. – parou em frente a casa de Taehyung.

– Obrigado por me acompanhar, Nam. – abraçou o melhor amigo. – Amo você.

Namjoon arqueou as sobrancelhas, afinal, Taehyung quase nunca dizia coisas como “Eu te amo”, ou “Você é meu melhor amigo”, eram raras, raras vezes mesmo. A última vez que Taehyung disse isso, foi no enterro da sua vó. Muito triste, eu sei.

Mas geralmente, eles eram os melhores amigos que se xingavam o tempo todo, mas quando precisavam de uma palavra de conforto, um estava lá para ajudar o outro. Era sempre assim.

Quando Taehyung se sentia mal, Namjoon o confortava, seja dizendo coisas, ou até mesmo indo para a casa dele assistir um filme brega que Taehyung estava querendo assistir para se desidratar em lágrimas. E vice e versa, Taehyung também ajudava Namjoon quando ele precisava.

– Também amo você. – retribuiu o abraço. – Aqui fora está frio, é melhor entrar para não pegar um resfriado. – avisou.

– Você quer entrar? Pois então quem vai pegar um resfriado é você. – Taehyung debochou.

– Minha imunidade é melhor que a sua, Taehyung. – riu. – Eu aguento, amanhã a gente se fala. – se soltou. – E de nada por conseguir o número dele para você. – entregou o cartão para o menor.

– Obrigado de novo. – Taehyung riu de volta. – Até amanhã. – pegou o cartão e se despediu, logo entrando em casa.

Taehyung suspirou assim que entrou em casa. Quase gritou? Quase sim, mas não podia assustar sua mãe achando que a casa estaria sendo assaltada.

Antes de salvar o número do seu crush supremo, Taehyung teria que ver como estava Jimin. Ele saiu e então agora teria que ver se ele estava melhor, e claro, cuidar dele.

– Mãe? Jimin? – disse alto.

– Aqui encima, hyung. – ouviu a voz suave de Jimin.

Subiu as escadas, indo para o quarto de Jimin. Sua mãe estava dormindo ao lado do pequeno, que fazia um carinho em seu cabelo.

– A mãe dormiu? – indagou o mais velho.

– Ela estava muito cansada, hyung. Aí eu contei uma história pra’ ela. – Jimin sorriu sapeca.

– É? E que história seria essa? – sentou na cama.

– É dos três porquinhos, a que você me contou um dia desses. – disse orgulhoso.

– Você poderia me contar?

– Uhum. – se ajeitou na cama e começou a contar a história para Taehyung.

Yoongi estava voltando para casa. Se sentia culpado por deixar seu dongsaeng na mão.

Quando chegou no local, suspirou pesado abrindo a porta. Jungkook estava deitado no sofá, dormindo como um anjo, estava todo encolhido. Provavelmente estava com frio.

– Aish. – resmungou Yoongi. – Olha o que você me faz passar, Jungkook. Vai ficar com torcicolo e talvez resfriado.

Era assim, Yoongi demonstrava sua preocupação com uma forma nada delicada. Ele não sabia se expressar, mas quem o conhecia, sabia sim que ele tinha sentimentos, e eram fortes. Afinal, Jungkook era seu melhor amigo, e ele o amava incondicionalmente.

Caminhou até o quarto, pegando cobertas e um travesseiro fofo. Era seu travesseiro, mas ele não hesitaria de emprestar ele para Jungkook.

– Irresponsável mesmo. – ele ajeitava Jungkook no sofá ao mesmo tempo que o xingava. Isso sim era uma demonstração de amor.

Jungkook se virou no sofá, estragando toda a estrutura que Yoongi havia criado.

– Ah, caralho. – revirou os olhos. – Se continuar assim, serei obrigado à te deixar cair no chão. – tentou mais uma vez.

Finalmente teve vitória, mas suas costas estavam lhe matando.

– É, terei um problema de coluna muito em breve. – se espreguiçou e estralou as costas. – Uh, isso tudo me deu uma fome. – foi até a cozinha.

– Merda, eu deveria ter ido comprar alguma coisa no mercado. Bom… – observou Jungkook. – Ele ainda está dormindo, então, acho que dá tempo.

Foi no quarto, colocando um moletom quente, pois lá fora estava um pouco frio (quando digo pouco, é muito). E assim, saiu de casa.

Sabe quando você fica com um pressentimento ruim? É, Yoongi estava com um, mas levou isso mais como uma possível dor de barriga. Bizarro.

Foi até o mercado mais próximo, entrou e sentiu um calor confortável. Como era bom ter aquecedor em todos os locais. Mas ele lembrou que esqueceu de ligar para Jungkook dormir mais confortável, mas dane-se, Yoongi ignorou e foi até a sessão de lámen.

Pegou alguns ingredientes para fazer um verdadeiro lámen de qualidade. Sua barriga roncava. Só faltava uma cerveja para completar.

Foi até a parte de bebidas e buscou umas latas de cerveja, uma para ele e outra para Jungkook. Pelo menos ele já era de maior e podia tomar.

Levou tudo para o caixa, mas no meio do caminho, quase derrubou tudo no chão. Se deparou com Jung Hoseok comprando alguma coisa que no momento, não tinha importância alguma.

Ficou paralisado, estava praticamente na frente de Hoseok. Sua pressão deve ter abaixado bruscamente, estava estático. Não era apenas Jung Hoseok, era seu passado obscuro.

Iria sair depressa para evitar qualquer tipo de contato. Mas foi em vão.

– Yoongi? – ouviu a voz de Hoseok, depois de longos e dolorosos anos.

Prendeu a respiração por alguns segundos e arregalou os olhos, trêmulo, logo respondeu.

– Hoseok… – respondeu de volta, como se fosse a coisa mais dolorosa para se dizer.

– Faz muito tempo. – parecia feliz em reencontrar Yoongi.

– É… – sussurrou, não estava nada confortável com aquilo.

– Eu vi Jungkook esses dias, ele cresceu bastante! – apenas Hoseok estava legal conversando com Yoongi.

– Ele me disse. – o pálido balançou a cabeça.

– Continuam muito próximos. – disse desconfiado.

– Ele é meu melhor amigo. – Yoongi não esperava que seu reencontro com Hoseok fosse assim, pensava que iria xingar ele até o Jung chorar como um bebê, mas vendo agora, estava tão indefeso na frente dele, como anos atrás.

– Ah, você não me deve mais explicações, Yoongi. Mesmo que eu quisesse muito voltar com você. – acariciou a bochecha do mesmo, nesse momento, Yoongi sentiu um nojo imenso de Hoseok. – Espero que me perdoe.

Ele engoliu em seco, havia várias coisas entaladas em sua garganta, ele queria poder as dizer, mas ainda não tinha coragem suficiente.

Apenas se afastou de Hoseok, como um gato com medo, e saiu de lá. Era a única opção, fugir.

Sempre fugiu de Hoseok, mesmo depois do término, ficava com medo do rapaz e olhava para todos os cantos da rua, com medo de estar sendo seguido.

Atordoado, pagou as coisas, até mesmo não pegou o troco. Saiu em disparada, correndo e olhando para trás, seu coração pulsava fortemente dentro do peito.

Adrenalina e medo. Yoongi odiava sentir medo, e por sentir raiva de sentir medo, mais ele sentia. Era irônico. Chegou em casa ofegante.

Quase não conseguiu colocar a chave no trinco. Fechou a porta e ficou parado do lado de dentro.

– Ei, hyung? – Jungkook se levantou e imediatamente foi até Yoongi. – O que aconteceu? Você está mais pálido que o normal. – tocou na testa do mais velho. – E está mais gelado que um congelador de geladeira.

– E-Eu vi o Hoseok. – quase não conseguia dizer, seus lábios tremiam.

– Calma, vamos sentar. – pegou as compras da mão dele, e colocou no balcão da cozinha. Colocou um pouco de água e deu para ele. – Vem. – acompanhou o mesmo até o sofá, que estava ainda estático.

– Ele falou comigo, Jungkook, eu… – não conseguia terminar, estava em choque.

– Hyung, calma. – segurou os ombros do mais velho.

– Eu só… – não conteve as lágrimas, encostou a cabeça no ombro de Jungkook, e chorou alto.

– Shhh. – acariciou os cabelos negros de Yoongi. – Já acabou, huh? Eu amo você, amo muito. – o apertou contra si.

– Eu também te amo muito, Kookie. – soluçou. Fazia muito tempo desde que viu Yoongi chorando.

– Yoon. – levantou sua cabeça, o rosto de Yoongi estava todo vermelho, com lágrimas marcadas, era muito doloroso para Jungkook. – Vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você. – enxugou as lágrimas com o polegar.

– Obrigado por tudo. – confessou.

– Eu que agradeço. – apertou as bochechas de Yoongi. – Quer deitar um pouco agora?

– Acho que não vou conseguir. – se encolheu nos braços de Jungkook.

– Eu faço cafuné, Yoonie. – deu um sorriso.

– Ah, nem vem! – se afastou. – Olha, você me respeita, entendeu? Eu vou tomar um banho. – riu.

– Volta logo, meu mel. – disse ironicamente. Os dois caíram na gargalhada.

Taehyung batucava seus dedos contra a mesa, o celular estava do seu lado, mordia os lábios incansavelmente.

Sua mente estava uma confusão. Mandar ou não mandar uma mensagem para Yoongi?

E o que iria digitar? O que mandaria? Estava apreensivo. Merda, não pensava que era tão difícil assim mandar uma simples mensagem.

Se Namjoon estivesse, iria dar cada tapa na sua nuca até ele enviar a mensagem. Era só pensar em Namjoon que ele ficava confiante.

“– Coragem Taehyung, é só uma mensagem, ou você prefere que eu quebre sua cara até você mandar?”

Se arrepiou só de imaginar a voz de Namjoon dizendo essas palavras. Tomou um pingo de coragem e pegou o celular, desbloqueando e pegando o cartão preto com letras holográficas e um número com o nome que fazia seu coração disparar.

Colocou os números lentamente com seus dedos freneticamente. Salvou o número com “M.Y”, uma grande bosta? Sim, mas ele colocou um coração para deixar mais harmonioso.

Atualizou a lista de contatos e procurou o número recém adicionado. A foto do perfil era linda. Quase lambeu a tela, mas corria o risco de sua mãe ver e achar que ele estava ficando louco. E ele estava louco, mas por Min Yoongi.

Digitou e enviou a mensagem, já esperando uma mensagem de volta. Desesperado? Talvez.

Yoongi terminou o banho e secou os cabelos com uma toalha fina e sentiu seu celular vibrar.

– Vem fazer o lámen, hyung. – ouviu Jungkook gritar, impaciente.

– Um instante. – desbloqueou o celular e clicou na mensagem. Era de um número desconhecido.

Número desconhecido:

Olá, eu sou o Taehyung, o de hoje mais cedo. Para resolver as coisas da festa, e quem sabe algo mais. ;).

Yoongi fez uma careta de leve.

Algo mais? O que ele queria dizer com aquilo?