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História Passing Time - HSL - 9.2 - Provas do passado e do presente, parte 2


Escrita por: urachiii

Notas do Autor


AAAAAAH, EU VOLTEI!

Quero pedir MIL desculpas pelo atraso absurdo, tive um bloqueio horrível e me sentiria pior se entregasse coisa mal feita do que atrasada, então espero que entendam. Além disso, venho refazendo as capas da fic e isso tá gastando mais do meu tempo do que eu queria.

Bem, pelo menos na minha opinião de escritora amadora, esse episódio está legal e bem interessante - apesar de não ser lá tão gigante - já que entramos mais na cabeça de certos personagens e isso significa que o atraso não foi em vão!

Boa leitura, espero que gostem ♡

𝐄𝐃𝐈𝐓: Remasterizado (𝟎𝟖/𝟐𝟎𝟐𝟑)

Capítulo 14 - 9.2 - Provas do passado e do presente, parte 2


Fanfic / Fanfiction Passing Time - HSL - 9.2 - Provas do passado e do presente, parte 2

EPISÓDIO 9,2

Provas do passado e do presente, parte 2

 

O sinal bateu, liberando os alunos cansados para o intervalo. Apesar das provas terem pegado muitos estudantes desprevenidos, o grupo de garotas de Bunoffaire estava, em geral, relaxado.

Menos Alana, é claro. Sentada à sombra da árvore grande do pátio com as amigas, a ruiva suspirou de maneira pesada.

- Eu podia ter ido melhor. - A menina disse com a cabeça entre as pernas. - Fui pega de surpresa na questão onze.

- Você não foi pega de surpresa em nada. - Lola bufou, levantando o olhar de seu celular. - De todas nós, quem mais estudou foi você. Não havia nada naquela prova que você já não tinha visto!

- É, por favor pare de choramingar... - Zöe complementou, sem tirar a atenção do seu próprio aparelho eletrônico. - Tô tentando aprender o refrão de Chop Suey e você está me distraindo, princesa.

- Ainda obcecada por essa música? - Diana perguntou, olhando para a tela de soslaio. - Não sei como seu corpo aguenta todo esse trabalho.

- Eu tenho uma garganta forte e mãos mais fortes ainda. - A mais alta respondeu, ainda sem levantar o olhar.

- Foi o que ela disse! - Lola zombou, tirando gargalhadas das amigas.

- Haha... - Zöe imitou uma risada forçada, revirando os olhos.

- Bem, de qualquer jeito… - Diana continuou, agora virada para Alana. - Se isso faz você se sentir melhor, Lana, eu nem percebi que tinham questões no verso da página até os últimos dez minutos.

Alana arregalou os olhos.

- Isso não fez eu me sentir melhor, só preocupada…

- Pelo menos você não acabou como Melody. - Lis comentou. - Pobrezinha, ela estava tão nervosa…

Isso fez as garotas se lembrarem do tempo na sala de aula; Melody balançava as pernas, roía as unhas e parecia suar tanto que Zöe teve medo dela escorregar da cadeira para fora da sala.

- Não entendo porquê. - Alana tombou a cabeça. - Ela revisou comigo e com o Nath…

- Você percebe que acabou de se contradizer, né? - Lola riu. - Você revisou com a gente e estava tão louca quanto a cadelinha do representante.

- É verdade. - Zöe assentiu com a cabeça.

- Não fala assim da Melody! - A ruiva bufou. - E também, isso é diferente…

- Na verdade, não é... - Lis sussurrou.

Alana se levantou bruscamente.

- Quer saber? - Ela cruzou os braços. - Eu vou para outro lugar, estou me sentindo atacada aqui.

As meninas se entreolharam e reviraram os olhos discretamente.

Típico drama da princesa…

=/=

Depois de sair do pátio, Alana Davies andava de maneira descontraída pelo grande corredor principal e iluminado de Sweet Amoris. 

Não importa o quanto suas amigas a dessem apoio, é como se ela nunca se sentisse suficiente de verdade. Mas parando para pensar, ela não sabia o porquê dessa onda repentina de drama antes das provas.

Uma silhueta grande no final do corredor fez a ruiva parar de pensar em si mesma.

 - Oi, Lysandre! - Ela acenou.

O garoto mais velho se virou com a expressão vazia de sempre no rosto.

- Olá, Alana.

- Como foram as provas? 

- Foram… - Ele coçou a nuca. - Bem, foram melhores do que pensei.

- Você não estudou?

- Geralmente estudo sozinho ou com Rosalya, quando ela insiste muito. - Explicou o platinado. - Mas hoje revisei com Diana.

- É, fiquei sabendo. - Alana deu um risinho. - Ela falou de você na festa de Melody sexta, bem como Rosa, sabia?

- Ah, é? - O platinado ergueu as sobrancelhas. - Por quê falaram sobre mim?

- Falamos sobre todos os rapazes, é natural…

- Imagino que isso aconteça durante festas de garotas, mesmo.

De repente a menor se lembrou de como exatamente a conversa no dia se desenrolou.

“Não comentem nada disso com o Lys, certo?!", Rosa tinha insistido.

Ah, não... Ela não devia ter abrido a boca. A verdade é que Alana podia ser bem inconsequente às vezes (de modo contrário à crença popular), então não percebeu para onde a conversa estava indo até estar no meio dela. O que diria para Rosalya?

Eu tenho que sair daqui agora…

A situação constrangedora se estendeu por mais uns segundos, até que Lysandre quebrou o silêncio.

- Então? O que aprenderam de tão interessante sobre mim?

- Ah, é… - Ela tentou arranjar uma desculpa, sua mente de repente num branco total.

No final, a garota falhou miseravelmente, suspirando de maneira pesada.

- Rosa contou que você tem uma tatuagem nas costas. - Soltou, derrotada.

O platinado arregalou os olhos.

- Ela disse isso para todo mundo?

- Desculpe… - Alana mexeu na saia rodada sem jeito. - Mas não se preocupe, ninguém vai comentar nada! - Ela abriu um sorriso inocente, tentando convencer o mais velho.

Lys fechou os olhos e balançou a cabeça com uma leve curva no cenho. Parecia decepcionado, e Alana até que entendia o porquê, considerando que ele era um rapaz tão reservado.

Eu realmente não devia ter abrido a boca… Mas já que estou aqui…

- Pode me dizer como é? - Deixou escapar, sem nem pensar duas vezes.

- É algo banal, não merece tanta atenção. Uma escolha dentre várias outras da vida, só isso.

- Na minha opinião, uma tatuagem não é algo muito banal…

- Escute, finja que Rosa nunca disse nada, ok? - O garoto suspirou. - Você devia esquecer tudo isso, Alana…

- Se você insiste… Eu vou esquecer que ouvi qualquer coisa, desculpe.

=/=

Alana não ia esquecer aquilo nem em um milhão de anos. Voltando para o pátio, ela conseguiu imaginar todos os designs possíveis de tatuagem que combinariam com Lysandre.

Um pássaro, talvez? Caveiras, já que ele gostava de rock? Flores? Eram tantas possibilidades que a deixavam cada vez mais curiosa… Ela só precisava de uma espiadinha, uma foto, qualquer coisa!

Perdida em seus pensamentos, a estrangeira não percebeu a silhueta à sua frente; assim o cheiro de perfume foi de nulo para estonteante de maneira bem rápida.

- Chegou na hora certa, ferrugem! - Ambre disse com uma expressão de nojo. - Estava te procurando.

Depois de ouvir o apelido, Alana pegou uma mecha de seu cabelo instintivamente. 

Quase que num instante, ela soltou os fios laranjas. Não era Ambre, de todas as pessoas, que a ia humilhar. Ela cruzou os braços e estufou o peito, na defensiva.

- O que deseja? E onde estão suas capangas?

- O que eu desejo, gracinha, é esclarecimento. - Um sorriso perverso surgiu no rosto da loira. - Quer dizer que você e suas amiguinhas vieram para cá com as piores das intenções, hum? Pretendem aproveitar que vocês finalmente têm um pouco de testosterona no seu espaço pessoal depois de sair da seita que era aquele internato e dar mole para todos os caras possíveis, pelo que ouvi.

A pele da mais nova esquentou. 

Do que é que essa maluca está falando?

- De onde você tirou essa conclusão ridícula, Carello?

- Um passarinho me contou umas coisinhas… A cara rachada com o Lysandre, a pé grande com o Castiel, a emo com aquele bobão do fundo de garrafa... - Franziu o nariz, se aproximando. - Não preciso dizer com quem você sobra, né… Não gosto nem de imaginar o tipo de sanguessugas que vocês são! É nojento.

Alana ofegou, indignada. Não conseguia nem registrar as palavras da outra, de tão absurdas que soavam. Dane-se a classe, Ambre não merecia nem o esforço que ela fazia para se segurar perto dela, depois disso tudo.

- Primeiro: não é do seu interesse o que eu e as meninas fazemos, então pare de tirar conclusões erradas com essa sua mente podre! Segundo: você precisa tomar cuidado com o jeito que fala das minhas amigas, ou o resultado não será bonito…

- Ah, não se preocupe. - A loira ignorou a ameaça, com o ar de superioridade de sempre. - Errada ou não, você não faz o tipo do meu irmão, nem de longe! Sem falar na Zöe, que nunca se olhou no espelho… Aquela ridícula jura que Castiel vai preferir um treco feio como ela ao invés de... Bem...

Isso fez Alana gargalhar.

- Tá aí uma coisa que você não sabe mesmo…

- Eu sou irmã do Nath, conheço ele melhor que você, pode ter certeza!

- E quem disse que estou falando do Nathaniel? - Segurou a risada. - Acontece que seu passarinho não sabe fechar o bico e acabou dizendo mais do que devia sobre você e Castiel… E depois de uma conversinha com o próprio, me parece que até pensar em vocês dois juntos o enoja.

Ambre arregalou os olhos com o rosto vermelho de raiva.

- Pois trate de guardar tudo isso para você! - Bateu um pé no chão. - Isso é uma história antiga e não quero ouvir vocês falando disso! Tudo isso só tem a ver comigo, Castiel e Nath. Se eu pegar você falando por aí sobre, vou fazer da sua vida um inferno!

A ruiva enrolou uma grande mecha do cabelo num dedo de forma inocente, tombando a cabeça como um cachorrinho abandonado.

- História antiga? - Ela se fingiu de boba. - Que história? Bia só comentou que sabe o porquê de você gostar tanto do Castiel, nada mais.

A cor saiu do rosto maquiado de Ambre quase que instantaneamente.

- Ela… Parecia tão sem graça que achei que…

- É, parece que seu maior dom é se entregar. - Alana deu de ombros com um sorriso vencedor. - Quer me contar essa tal história enquanto dá tempo ou quer que eu descubra sozinha?

- Deixe isso quieto, sua intrometida! - A loira rosnou, indo embora com pressa. Seus saltos batiam contra o chão de forma irritante.

Aqueles sapatos são um desperdício nessa garota.

- Melody deve ter mais informações sobre isso. Agora o problema é pessoal… - Alana falou sozinha, como se planejasse um plano infalível. 

- Ei, Alana! - Iris acenou para a outra ruiva, se aproximando. - Você está com uma cara…

- Ah, oi, Iris. - A garota foi despertada de seus pensamentos. - É que eu preciso falar com a Melody, sabe onde ela está?

- Poxa, que pena! Ela foi para casa... Deve voltar antes do recreio acabar, para fazer a outra prova. - A de olhos azuis coçou a nuca. - Talvez eu possa te ajudar no lugar dela?

- Acho que não vai machucar jogar conversa fora. - Alana riu. - Eu só queria saber como Nath era quando criança. Castiel deu a entender que ele era meio travesso.

- Eu não estudei com eles quando era menor, sinto muito…

Um silêncio perdurou por alguns segundos, até que Iris arregalou os olhos e abriu um sorriso gentil.

- Sabe, eu tive uma ideia! - A ruiva juntou as mãos. - Se Nathaniel fez algo marcante no passado, isso deve estar registrado na ficha escolar dele, certo?

Alana arqueou as sobrancelhas. 

Pensando na ideia de Iris sobre como se vingar de Ambre e como aquilo não fez efeito algum, ela percebeu que talvez entrar na sala dos professores escondida só para esclarecer algo que não tinha absolutamente nada a ver com ela não era uma ideia muito melhor vinda da colega. Então, é claro, usando todo o seu bom senso, respondeu:

- Quer saber? Isso é uma ótima ideia!

Bom trabalho, Alana.

=/=

Se espreitando agachada contra uma fileira de armários, Peggy observava com atenção os passos rápidos e brutos da diretora, que estava estressada como sempre. 

Ela sabia que o corpo estudantil estava planejando algo, só precisava de provas - e era lá que elas estavam: na sala dos professores.

- O que você está fazendo? - Ela ouviu de maneira sussurrada em seu ouvido.

A de cabelos curtos pulou de maneira assustada, se virando rápido para trás.

Alana estava atrás da mesma fileira de armários azuis, olhando para a colega de classe com um olhar indecifrável, até mesmo para Peggy - ela ia dedurá-la? Dar uma bronca?

- Não te interessa! - Respondeu de maneira grossa. - Não vou dar satisfação para uma pessoa falsa como você.

- Disse logo Peggy Cartier, de todas as pessoas. - A ruiva revirou os olhos. - Olha só, eu tenho algo a fazer na sala dos professores e tenho certeza que você sabe como entrar lá, então vou ser bem direta. Me deixe entrar com você e aí não conto para a diretora que você tem uma cópia clandestina da chave.

Peggy arregalou os olhos. Ela sentiu a tão falada chave queimar dependurada no colar contra seu peito coberto.

- Como você sabe disso?! - Deu um grito sussurrado.

- Então você realmente tem uma cópia! - Alana riu de alegria. - Eu só joguei verde, bobinha.

O rosto da menor enrubesceu de raiva.

- Então, vai me deixar entrar com você ou não? - A ruiva se aproveitou do silêncio.

- E o que é que eu ganho?

- Hm… - Alana colocou um dedo no queixo, fingindo pensar. - Considerando que a senhora Shermansky estava querendo expulsar um bocado de alunas novas só pela ideia de não acharem seu cachorro e teve que atrasar as provas duas semanas porque um aluno pegou o envelope nessa sala, me pergunto o que ela vai fazer com alguém que entra e sai daí quando quiser sem permissão…

- I-Isso foi uma ameaça? - Peggy gaguejou.

- Pode apostar que sim. - A outra sorriu de maneira maliciosa. - Então, o que diz?

O barulho dos saltos curtos da diretora estava cada vez mais distante, abrindo espaço para a dupla se infiltrar.

Peggy suspirou e saiu de seu esconderijo perto do chão.

- Se pegarem a gente por causa de você eu juro que te jogo do telhado.

=/=

A sala dos professores estava vazia, como esperado. A luz da janela entreaberta refletia nas poltronas laranjas, fazendo os olhos de Alana arderem; ela nunca foi muito com a cara daquela decoração. Era incrivelmente feia.

- O que você vai olhar? - Peggy perguntou com expectativa, já fuçando em tudo quanto é canto da sala.

- Vou confirmar algo em uma das fichas de estudante. - Alana respondeu, se ajoelhando para abrir os armários baixos.

- Vocês cinco são tão intrometidas quanto eu, mesmo... - A outra garota riu de maneira seca. - Não entendo porquê crucificam só a mim.

- Prefiro poupar palavras quanto a isso…

A frase morreu na garganta da estudante. Finalmente, o objetivo da ruiva se cruzou com seu olhar - a ficha de Nathaniel Carello apareceu perto de outros papéis. 

A foto do aluno era como de qualquer outra: sem expressão e com um fundo branco entediante. A única diferença era a falta da preocupação de sempre nos olhos do mais velho, que parecia mais jovem e relaxado por debaixo dos fios amarelos e arrumados. Uma de suas bochechas parecia um pouco inchada, mas talvez fosse só gordura de criança.

Alana ofegou, chamando a atenção de Peggy.

- “Resultados perto de serem satisfatórios; aluno muito turbulento; se diverte perturbando a sala; agitado na hora dos intervalos”... - Ela sussurrou para si mesma.

- É o quê? - A outra arqueou uma sobrancelha do outro lado da sala. 

- Nada… - A garota respondeu sem tirar o olhar da folha de papel e tirou uma foto rápida. - Já acabei o que precisava fazer. - Se levantou do chão. - Eu esqueço que você esteve aqui se fizer o mesmo, ok?

Com esse último aviso, deixou Peggy sozinha na sala.

Andando pelo corredor, a adolescente não pôde evitar o surgimento de um sorrisinho vitorioso nos lábios rosados. 

Não é como se ela tivesse duvidado de estar certa em algum momento, mas era satisfatório ter provas concretas contra Nathaniel. 

Ela nem precisava falar da descoberta para o representante já que tinha matado sua curiosidade, afinal. Mas pensar na reação do loiro quando perceber que nada pode ser escondido de Alana a deixava com um sorriso ainda maior no rosto. 

Esse era o resumo de sua vida, de qualquer jeito - mostrar para os outros que é capaz.

A porta do grêmio se abriu antes que a ruiva o fizesse. Nathaniel deu de cara com a colega de classe, parecendo cansado como sempre.

- Ei, Ala...

A menor interrompeu e empurrou o loiro de volta para a sala, o deixando confuso.

- Mas que… - Ele balbuciou.

Ela pegou a gravata de Nathaniel com um sorriso convencido no rosto

- Eu encontrei provas contra você, representante! Agora não dá para negar o seu passado mais.

Nath riu sem jeito, apoiado na mesa grande do grêmio estudantil. As mãos de Alana pressionavam contra seu peito, o deixando nervoso - de um modo agradável, mas ainda assim nervoso.

- I-Isso é sobre o que estávamos conversando mais cedo…? - O rosto do representante se contorceu numa expressão mista de completa confusão e um pouco de entretenimento.

- Yes! - A de olhos verdes soltou a gravata azul do superior e colocou as mãos pequenas no quadril, estufando o peito.

O garoto engoliu em seco, olhando para a silhueta potente da garota, agora com as orelhas totalmente vermelhas.

- E…? - Ele se forçou a dizer.

Não era uma situação tão provocativa assim vista de longe, mas Nathaniel se sentia tanto ameaçado quanto atiçado. O olhar firme de Alana em seu rosto fazia ele sentir um tipo de medo e ao mesmo tempo atração inexplicável.

- E... Eu olhei as avaliações da sua ficha escolar! - Veio a tão esperada resposta, seguida de um risinho orgulhoso.

Todo o clima criado pela mente do mais velho pareceu escorrer por um ralo. Sumiu no ar. Simplesmente evaporou, junto com seu meio-sorriso.

- Você o quê?! - Ele perguntou indignado, se levantando rapidamente da mesa. - Mas que burrice! Isso é grave, Alana, são informações confidenciais!

As mãos da menina escorregaram do apoio de seu próprio corpo. Seu sorriso diminuiu, mas sem sumir completamente.

- Bem, você me obrigou a fazer isso! Mentiu para mim…

- Por uma razão! - Nathaniel colocou a cabeça nas mãos e suspirou, abaixando o tom de voz. - Se eu menti é porque tem uma razão, Alana… Só porque não te dei o que quis, isso não te dá permissão para fuçar por aí sobre minha vida, ainda mais de um jeito que pode te prejudicar. Isso me parece uma coisa que alguém como a Peggy faria... - Balançou a cabeça, desapontado.

- Ok, desculpa! - Alana olhou para os pés e cruzou os braços abaixo do peito, de repente um pouco envergonhada, mas achando ruim ele a ter comparado com Peggy.

As consequências de suas ações não eram sempre agradáveis, ela sabia disso. Mas mesmo assim, ver Nathaniel decepcionado com ela não era legal.

- Se te conheço bem, você está se perguntando porque eu menti para início de conversa... - Nath também cruzou seus braços, agora parecendo menos bravo. Suspirou mais uma vez e se sentou em uma das cadeiras do grêmio.

Isso atraiu a atenção de Alana. É claro que ela ainda estava curiosa, ela não podia evitar.

- Bom, então você me conhece bem. - A menina puxou uma cadeira e se sentou, apoiando sua cabeça nas mãos.

- É que essa época não é um período do qual me orgulho… - Nathaniel começou depois de alguns segundos.

- Ah, todos somos agitados quando criança, Nath…

- Eu não era só agitado, quem dera fosse. - O de olhos dourados riu de maneira seca. - Eu fiz coisas terríveis. Coisas das quais não me orgulho.

Ok, isso foi só um pouquinho assustador.

- “Terríveis” como? - Ela engoliu em seco. - O que houve?

Nathaniel balançou a cabeça mais uma vez e fechou a cara, parecendo em negação consigo mesmo.

- Desculpe, mas isso não é da sua conta. Pare de ser intrometida, pode ser?

Alana arregalou os olhos, surpresa. 

Por que isso, do nada? Foi até aqui que todo meu esforço me levou?

Logo sua descrença se transformou em raiva.

A ruiva grunhiu e agarrou seus cabelos, frustrada.

- Eu não te entendo, por que é que você é tão complicado?! - Ela pisou com força no chão de cerâmica. - Desde quando eu cheguei, toda vez que acho que nós temos um momento legal; que nós ficamos mais próximos como amigos, você muda em um segundo! Será que custa tanto você se abrir comigo? - Seu sotaque ficava cada vez mais aparente, quanto mais irritada a garota ficava. - Até quando vai guardar as coisas para si? Até que magoe alguém como quando falou de Lis?! É isso que você quer?

O representante se assustou com o surto repentino, apoiando suas costas totalmente na cadeira, como se tentasse ficar o mais distante possível de Alana.

- Eu não vou me intrometer em mais nada, não se preocupe! - Completou, amarga.

Incomodada, a menina foi até a porta em passos pesados, pronta para ir embora. Então sentiu um puxão no pulso.

- Me desculpe... - O garoto disse em uma voz pequena. - Por ser tão fechado. Eu vou te contar o que aconteceu, mas por favor não espalhe isso por aí.

Alana tirou seu pulso da mão do loiro gentilmente, ainda desconfiada, com medo de que ele pudesse mudar de um momento para o outro, como fez das últimas vezes. Então percebeu que seus cílios tremiam levemente,e seus lábios estavam franzidos, como se tivesse algo entalado em sua garganta.

- Eu não vou.

Ela segurou as mãos do representante como fez mais cedo, antes da prova. Era exatamente como Zöe havia dito no mês anterior, na detenção - ele precisava se impor quando se sentia exposto, vulnerável. Era seu mecanismo de defesa; o clássico jeito Nathaniel de ser.

- A verdade é que eu era um péssimo irmão. Se Ambre é do jeito que é hoje, não há ninguém mais culpado que eu. - O garoto suspirou, sua respiração trêmula. - Meus pais me tratam de maneira diferente até hoje por causa disso, e para ser honesto, eu não os culpo…

- Eu sei melhor que ninguém o que é ter irmãos insuportáveis e você não tem cara de ter sido um… - Alana tombou a cabeça. - Tipo, uma vez Charles, o mais velho de nós quatro, colocou um sapo morto na minha bolsa de balé. Eu simplesmente não consigo ver você fazendo uma coisa dessas.

Nath riu suavemente.

- É, eu nunca botei um sapo na bolsa de Ambre, mas eu sempre puxava seus cabelos, fazia ela cair no chão… Uma vez eu a joguei do escorregador do nosso playground favorito. Foi horrível, ela quebrou o pulso e nunca mais quis voltar lá… - Sua expressão ficou amarga e triste. - Enfim, acho que ela se apaixonou pelo Castiel no dia em que quebrei sua boneca preferida. Era de porcelana, então Ambre sempre tomava muito cuidado com ela. Foi aí que ele entrou em cena.

A ruiva soltou uma risadinha nasalada.

- Não me diga que ele defendia sua irmã! 

- Castiel nunca foi de se intrometer nos problemas das pessoas, não… Mas naquele dia, estávamos brincando no mesmo parque, então ele viu tudo. Ele pegou a boneca e pediu a seus pais para que a consertassem. Desde então, acho que Ambre começou a se apaixonar cada vez mais, o que é no mínimo preocupante, considerando sobre quem estamos falando. 

- Castiel, consertando uma boneca? - Alana cruzou os braços. - Isso me parece folclore.

- Sei que parece invenção, mas é verdade. - Nathaniel riu. - Conhecendo ele do jeito que conheço, o cara deve ter tido um motivo. Ele é complicado, mas não é impossível.

- Hm… - A ruiva colocou uma mão no queixo. - Quem será que eu conheço que também é assim?

O loiro revirou os olhos, um leve sorriso nos lábios.

- Acho que foi a partir daí que comecei a mudar; quando percebi que Ambre gostava mais dele do que do próprio irmão… Acho que até hoje ela se sente assim. Afinal, tem aquela boneca até hoje. Remendada e velha, mas…

Ele suspirou pesadamente.

Alana colocou uma mão no ombro de Nath, o olhando com ternura e um sorriso gentil.

- Se te serve de consolo, eu acho que você é o melhor irmão que a Ambre poderia ter, Nath. Pelo menos agora você é, e é isso que importa. O agora.

- Obrigado, Alana. - Ele coçou a nuca, corado. - Enfim, depois de ver toda a sua obstinação não pude te deixar sem respostas. Por favor, não conte para ninguém sobre isso, sim? Ambre não gosta que toquem no assunto, e eu prefiro que os outros não saibam o tipo de pessoa que eu era…

- Não se preocupe, prometo que não vou contar.

Dessa vez ela ia se esforçar para ficar de bico fechado. Já era um feito e tanto fazer Nathaniel se abrir desse jeito, ela não ia arruinar tudo.

O sinal tocou, sinalizando mais uma prova que cairia na cabeça dos alunos.

- Mais relaxada para a prova de matemática? - O representante olhou para Alana com um risinho debochado no canto da boca. - Você e Melody pareciam nervosas na prova de história.

- Ah, não estou nem um pouco nervosa. - A ruiva estalou seus dedos à frente de seu rosto, como se estivesse se preparando para uma maratona. - Matemática eu tiro de letra!

- Gosto mais da Alana de matemática do que da Alana de história. Confiança cai bem em você.

O comentário tirou um sorriso tímido da menina.

- Vamos para a sala, então?

- Vamos.

A dupla saiu da sala do grêmio, prontos para mais uma prova.

 


Notas Finais


O jeito que a Alana e o Nath são surtados juntos é diferente...

Obrigada por ler!! ♡


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