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História Passing Time - HSL - 6 - Problemas a serem resolvidos


Escrita por: urachiii

Notas do Autor


Hoje cheguei cedo!! Gostei muito de escrever esse episódio, então espero que vocês também gostem de ler!

Um recadinho: de tempos em tempos vou atualizar as fichas de personagens de acordo com a história, assim vocês podem achar informações sobre personagens novos e infos atualizadas de personagens já apresentados!

Boa leitura! ♡

𝐄𝐃𝐈𝐓: Remasterizado (𝟎𝟖/𝟐𝟎𝟐𝟑)

Capítulo 9 - 6 - Problemas a serem resolvidos


Fanfic / Fanfiction Passing Time - HSL - 6 - Problemas a serem resolvidos

EPISÓDIO 6

Problemas a serem resolvidos

 

Alana estava tendo uma manhã daquelas. Seu pai havia ido para o trabalho cedo, mas isso não significava que a casa estava em paz. Isaac, o segundo mais novo da família, se preparava para ir para a escola junto à menina.

Seu uniforme estava impecável - em marsala e azul escuro, os tecidos estavam perfeitamente alinhados. Seus cabelos ruivos, apesar de ainda enrolados, estavam bem penteados. O garoto não era nada feio - pelo menos quando calado.

- Ainda não acredito que você implorou para ir para aquela espelunca... - O cacheado desdenhou ao lado da irmã na mesa da sala de estar, tomando seu café. - Eles nem usam uniforme, deve ser uma bagunça.

A mesa era longa o suficiente para Alana desviar o olhar, o que ela fazia com frequência. Mas a sala estava bem iluminada - para sua infelicidade - e o garoto podia olhar fundo com seus olhos âmbar, examinando cada poro da irmã.

Apesar de ser apenas um ano mais velho, Isaac Davies era arrogante e se sentia no direito de inferiorizar a caçula sempre que podia. Era como se a cada segundo ele estivesse esperando-a escorregar e cair só para rir de sua cara - o que ele já havia feito diversas vezes na vida.

A irmã mais nova suspirou, comendo sua torrada lentamente. Estava dura - e não crocante, do jeito que ela gostava - e a manteiga havia acabado. Seu chá estava frio, amargando sua boca.

Isso que dá fazer meu próprio café.

- A grande maioria do país não usa, Isaac. E também... - Alana deu um sorriso maldoso. - Mesmo naquela espelunca, pelo menos não vou ficar presa no último ano para sempre que nem você.

- Você se vangloria tanto mas aposto que não vai sobreviver um ano naquele lugar. Se eu repeti ano passado, era porque minhas aulas eram realmente difíceis, diferente daquele playground que você chama de colégio.

Antes que a caçula pudesse responder, Stephanie, a mãe dos ruivos, entrou na sala de estar de maneira arrebatadora - era como se sempre que ela entrasse em um cômodo toda a luz se virasse em sua direção. 

A maior estava vestida de maneira elegante, um coque firme prendendo os cabelos loiros e um vestido social preto justo que acentuava seus olhos brilhantes e azuis e suas curvas suaves. A maquiagem era bonita, mas de um jeito natural - nunca exagerado - e os saltos faziam barulho contra o mármore impecável da casa.

Senhora Davies colocou uma mão de unhas bem pintadas em escarlate em cima da mesa de madeira lisa, atraindo a atenção dos dois irmãos.

- Alana é uma mulher decidida. Para qualquer lugar que ela vá, tenho certeza que fará coisas grandiosas. - Jogou seus cabelos com uma expressão severa, seus lábios vermelhos franzidos. - Então vire sua boca se for para falar da sua irmã desse jeito, ela já fez sua escolha.

Isaac revirou os olhos.

- Aquelas qualquerzinhas de Bunoffaire fizeram uma lavagem cerebral nela, mamãe. Estou te dizendo, daqui a pouco ela vai chegar aqui grávida ou drogada. Na pior das hipóteses, nem se formar vai.

- Cala a boca, Isaac! - Alana se levantou, empurrando sua cadeira para trás. - Sweet Amoris é uma escola muito boa. Eu prefiro mil vezes ficar lá do que em Saint Thierry com você e seus amiguinhos nojentos!

- Não levante a voz, Alana. - Stephanie a olhou assim como olhou para seu irmão mais cedo.

Um rubor subiu pelas bochechas da ruiva.

- Você que sai perdendo de qualquer jeito, cabeçuda. - O ruivo continuou comendo enquanto a irmã ia embora, frustrada. O barulho de seus pequenos saltos batendo com força no chão ecoaram pela grande e branca sala de estar. 

Alana pegou sua bolsa de marca e saiu de casa. Logo estava no jardim bem cuidado, a grama verde e brilhante sob o sol da manhã e várias mesinhas chiques de metal espalhadas pelo espaço.

- Martin, vamos! - Exclamou, chamando atenção do motorista de meia idade que esperava sentado perto do portão da garagem, debaixo de um guarda-sol, lendo o jornal diário.

- Sim, madame. - O homem mais velho se levantou de prontidão e fez menção de abrir a porta de um dos três carros que ocupavam o grande espaço.

- Não se preocupe, eu abro. - A ruiva sorriu, abrindo a porta do banco de trás do veículo.

Martin assentiu com a cabeça e rapidamente entrou no carro prata.

- Isaac vai me fazer cometer um crime de ódio, juro! - A mais nova suspirou no banco de couro.

- Paciência, madame. - O motorista a olhou pelo retrovisor do carro. - Com todo respeito, seu irmão tem um temperamento forte. Apesar disso, tenho certeza que a ama, só não tem jeito para admitir.

- É... - A menina olhou para baixo. - É esse o problema, mesmo…

=/=

Lola cochilava calmamente no ombro de Zöe - o ronco suave do motor da scooter era estranhamente calmante. O portão da escola já podia ser visto a alguns metros de distância, mas a de cabelos vermelhos não queria entrar.

- Você está tão sonolenta esses dias. - A morena ao guidão riu. As pontas de seus longos cabelos faziam cócegas no rosto da mais velha. - Já disse para não ficar na internet até tarde! Isso vai afetar suas notas e aí você não vai poder dar o fora daqui junto com a gente.

Zöe tirou seu capacete e estacionou perto do muro da escola, levando Lola a fazer o mesmo e descer.

- Eu voltei a tomar meus remédios semana passada. - A menor disse, arrumando a franja desfiada que fora atrapalhada pelo vento.

- O que? - A mais alta arregalou os olhos. - Então você não estava tomando antes?

Lola deu de ombros.

- Lola, eles são importantes! - Ela colocou uma mão na cintura, segurando seu capacete debaixo do braço livre. - É por isso que você se atrasou na quarta?

- Zöe, eu não quero que a minha felicidade dependa de drogas! - A falsa ruiva afirmou, num sussurro gritado. - Você sabe como eu me sinto quanto a isso… É uma opção minha tomar ou não. Eu me atrasei naquele dia porque…

A memória do sonho que a acordou naquele dia veio à mente da menina, repentino e sorrateiro.

- Porque… Eu acordei cedo e voltei a dormir. Perdi o horário, só isso. - Ela suspirou. - Me deixa, Zöe, eu estou bem!

Lola desatou a andar rapidamente pelo pátio, deixando a amiga para trás.

- Mas eu me preocupo com você… - A morena falou sozinha.

- Se preocupa com quem? - Alana chegou por trás.

- Hã? - Zöe deu um pulinho no lugar. - Ah. Só... estava falando sozinha.

- Sei...

- Bom dia, meninas. - Diana apareceu com Lis, vinda da direção do portão.

- Bom dia. - Zöe e Alana disseram em uníssono.

- Escutem. - A ruiva se colocou na frente das três. - Eu tenho um dia muito ocupado pela frente, mas antes queria fazer um adendo. - Suspirou. - Se acharem meu cadáver lá em casa, foi o Isaac. Podem denunciar pra polícia!

Zöe riu.

- Ele está implicando com você? - Ela cruzou os braços com uma expressão divertida. - O cara devia estar orgulhoso pela irmã ter passado com a maior nota do programa de troca! Enquanto isso, ele repetiu o último ano, que é literalmente o mais fácil do ensino médio inteiro.

- Não me faça rir, Zöe... - Alana bufou. - Isaac nunca ficaria orgulhoso de mim.

Diana colocou uma mão no ombro da amiga.

- Isaac é difícil, Alana, só isso. - A loira sorriu calorosamente. - Ele é orgulhoso demais para admitir que tem uma irmã sensacional.

- Didi tem razão. - Lis colocou a mão no ombro livre de Alana. - Você é talentosa, Lana. E é a mais inteligente de nós!

A ruiva abraçou as três amigas com força.

- Eu não mereço vocês. - Ela olhou em volta. - Cadê a Lola? Eu quero abraçar ela também.

Zöe limpou a garganta.

- Ela disse que tinha algo para resolver lá no prédio. - A mais alta disfarçou. - Não me deu muita satisfação, vocês sabem como ela é.

Lis arqueou uma sobrancelha.

- Deve ser algo importante.

- É, eu acho que é... - Zöe forçou um sorriso.

=/=

Lola andava pelos corredores claros sem um destino certo. Depois de algumas voltas, decidiu voltar para o fim do corredor principal, perto do pátio. A menina colocou sua cabeça nas mãos e suspirou. Não tinha vontade de andar por aí ouvindo conversas alheias, nem de irritar os estudantes do grêmio, nem de jogar nenhum jogo. Tudo que ela queria era esquecer aquele maldito sonho.

Seus pensamentos de repente foram interrompidos pela visão de um homem. Não parecia muito mais velho que os estudantes, mas se vestia de forma elegante e tinha um ar sério e maduro.

- Com licença, senhorita… - Ele olhou ao redor, parecendo perdido.

- Espera aí… - Lola franziu o cenho. - Você não é o vendedor da loja de roupas? Irmão do Lysandre?

O de cabelos pretos ainda tinha uma expressão confusa, mas esboçou um sorriso gentil.

- Sim, sou eu mesmo… - Ele estendeu uma mão. - Me chamo Leigh…

- Leigh Ainsworth. - Ela encarou a mão do mais velho, sem aceitar o aperto. - É, eu sei. Mas o que você está fazendo aqui na escola?

Sem graça, Leigh retraiu sua mão e a colocou em um dos bolsos de sua calça escura.

- Eu vim procurar a minha namorada, ela estuda aqui e discutimos há pouco tempo… Queria ver se consigo resolver nosso problema antes da aula começar.

- Sua namorada… - A de cabelos vermelhos olhou de cima a baixo para Leigh, desconfiada. - Rosalya, certo?

Ele arregalou os olhos negros mais uma vez.

- É… Você a conhece? Poderia lhe dizer que estou procurando por ela? - O moreno começou a falar rápido. - Não posso ir além daqui, já que não sou estudante.

- Eu não a conheço tão bem assim… Não temos intimidade.

O mais velho logo ficou cabisbaixo e soltou um suspiro cansado. Lola revirou os olhos.

- Mas já que você insiste, posso passar o recado, eu acho…

- Muito obrigado, senhorita! - O mais velho deu um sorriso grato, seus músculos relaxando.

- Por nada. - Dolores forçou um sorriso falso.

Leigh se afastou do corredor, esperando na porta do prédio. Lola suspirou e revirou os olhos mais uma vez.

- Agora eu entendo as meninas. - Ela colocou as mãos na cintura. - Essa escola dá uma vontade estranha de fazer caridade…

A garota caminhou pela escola até chegar na sala de ciências, no segundo andar, onde ela avistou de longe um emaranhado de cabelos platinados.

Rosalya não era uma presença muito forte em Sweet Amoris. Pelo que Lola percebeu, ela era uma estudante mediana, namorada de Leigh e cunhada de Lysandre. Só isso - a garota não conversava muito com outros alunos, mas parecia estar sempre por dentro das notícias mais relevantes da escola e era muito elogiada pelos colegas - principalmente pelas garotas - pela sua aparência.

- Ei, Rosalya. - Lola acenou, se aproximando da garota que estava jogada por cima de uma das mesas, parecendo desolada. - Você namora aquele cara que trabalha na loja de roupas, certo?

- É… Lola, certo? - A outra fungou. - Nós namoramos, sim… Mas estamos brigados.

Lola ficou desconfortável com a situação. A de cabelos platinados estava com os olhos vermelhos e marejados, como se tivesse chorado por um tempo.

Era mais fácil agir de maneira sarcástica e irritar as pessoas. Já consolar os outros… não era muito a praia da garota.

- Ele está te procurando, sabia? - A falsa ruiva cruzou os braços.

- Ora, ele é muito fechado! - Rosalya abanou as mãos e secou os olhos, sua voz embargada e trêmula. - Eu nunca sei o que ele está pensando ou sentindo por mim… Isso me deixa insegura.

Lola limpou a garganta.

E o que eu, de todas as pessoas, tenho a ver com isso?

- Entendi… Você devia conversar com ele sobre isso. Como eu disse, ele está te procurando.

- Não dessa vez! - A platinada fechou a cara. - É ele quem deve vir! Sempre sou eu quem perdoa tudo… Agora é a vez dele demonstrar o que sente por mim.

- Hm... - A outra garota franziu o cenho. - Como quiser…

Rosalya saiu da sala com lágrimas nos olhos. Lola suspirou. Ela não queria se envolver; era pessoal demais. 

Lola não se envolve, Lola observa.

Mas o rosto da colega de classe fez a garota ter pena - por mais que fosse um amor bobo de colegial, ela devia estar se sentindo muito mal com isso. E Leigh não parecia tão bem assim, também.

- Que droga... - A avermelhada revirou os olhos e desceu as escadas, pronta para servir de pombo-correio.

Seguindo o corredor, pela fresta da porta de uma das salas de aula, Lola viu Lysandre, avoado como sempre.

- Ei, Lysandre. - Ela chamou, abrindo a porta. - Eu estava com seu irmão, Leigh. Ele e Rosalya estão brigados, ficou sabendo?

Lysandre franziu o cenho.

- Você é… - Ele fechou os olhos, tentando se lembrar. - Uma das amigas de Diana, certo?

- Lola. - A garota sorriu sem jeito.

- Como você sabe que Leigh é meu irmão? - Ele arqueou uma sobrancelha. - E que ele namora Rosa?

- Intuição feminina. - Lola mentiu descaradamente. - Então, você sabia ou não?

- Er… Não, eu não sabia. É raro isso acontecer. Espero que tudo se resolva rápido.

- Com certeza vai, relaxa.

A menina saiu da sala sem muita cerimônia. Mais à frente, Leigh estava sentado nos degraus principais.

Ao ouvir os passos atrás dele, o menino se virou com expectativa. 

- Então, alguma novidade?

- Bem, eu encontrei ela.

- E o que ela disse? - Ele se levantou, afobado.

- Ela quer que você dê o primeiro passo, aparentemente. - Lola coçou a nuca, com medo de dizer a coisa errada. - Disse que você é meio fechado… Que não demonstra seus sentimentos.

Leigh suspirou pesadamente.

- Eu admito que ela está certa… Não sou muito bom com essas coisas, mas eu gosto demais dela… - Ele se virou de maneira esperançosa para a menina. - Você tem uma ideia do que eu possa fazer para que ela saiba o que eu realmente sinto?

- Sabe, eu também não sou nada boa com esse tipo de coisa. - A de cabelos vermelhos cruzou os braços. - Mas... vou pensar e te digo, ok?

- Muito obrigado… - O moreno limpou a garganta. - Você não me disse seu nome…

- Pode me chamar de Lola. - Respondeu.

- Bem, muito obrigado, Lola.

- Por nada. - Ela descruzou os braços e sorriu, aos poucos menos resistente.

Logo depois, saiu do prédio e foi para o clube de jardinagem - Diana, a melhor conselheira do grupo (e também a mais romântica), com certeza estaria lá.

A intuição da menina estava certa. Diana, Lis e Violette estavam sentadas num banco, esboçando em cadernos e conversando de maneira quieta.

- Bom dia, Lola. - Diana sorriu. - Você esteve sumida hoje, está tudo bem?

- Estou bem, Di. - A outra sorriu. - Ei, Lis, Violette.

- Olá. - As menores cumprimentaram em uníssono.

- Então, o negócio é o seguinte... - Lola abriu as mãos, como se desse uma palestra educacional. - O irmão do Lysandre e a Rosalya estão tendo problemas de relacionamento. Alguém tem uma ideia de como reconciliar um casal em crise?

Diana arqueou uma sobrancelha.

- Rosalya…?

- É a do cabelo platinado bem grande. - Violette explicou.

- Ela é cunhada do Lysandre? - A loira perguntou para a amiga.

- Sim. Como eu já disse. Relacionamento, crise, ideias…

- Eu nunca namorei… - Lis deu de ombros. - Não faço ideia, desculpe…

- Hm… Ei, Castiel! - Lola chamou o menino que estava a alguns metros de distância.

O avermelhado foi até o grupo de braços cruzados.

- Se você brigasse com sua namorada um dia, o que faria? - Perguntou.

- Eu arranjava outra, óbvio. - Ele deu de ombros com um risinho irônico no rosto.

Lola revirou os olhos.

- Tenho que me lembrar de nunca mais perguntar nada pra você... - Ela se virou novamente para o trio de meninas. - Diana, algo em mente?

- Eu não sei do que a Rosalya gosta... - A loira fez beicinho. - Desculpe, Lola, eu gostaria de poder ajudar.

- Tudo bem, eu dou meu jeito. - Lola deixou os quatro colegas para trás.

No meio do pátio, em direção ao prédio principal, Nathaniel caminhava de maneira apressada.

- Representante! - A adolescente cantarolou.

O loiro se virou, já preparado para o furacão vermelho. Lola era bem na dela, mas quando se tratava do representante do terceiro ano, o papo era outro - o irritar virou um de seus hobbies preferidos em questão de dias.

- Você tem alguma ideia para reconciliar Rosalya e o namorado? - Ela colocou as mãos para trás de maneira inocente. - Eles brigaram.

- Lola, você devia pedir ajuda para uma das meninas da escola. - Ele corou. - Não conheço Rosalya bem e não sei tanto sobre esses assuntos…

- Vamos lá, Nath! - Ela insistiu. - Nem uma ideiazinha?

- Bom… - Nathaniel colocou a mão no queixo e pensou. - Eu sei que minha irmã gostaria de ganhar um presente bastante caro. 

- Ugh... - Lola revirou os olhos. - Duvido que Rosalya pense como ela. Mesmo assim, valeu por tentar!

A menina deu um tapinha no ombro do colega e entrou rapidamente no prédio principal.

- Lysandre! - Lola chamou entrando na sala de aula, assustando o platinado. Ela se sentou na mesa à sua frente e virou para ele. - Eu sei que você é bem quietinho e não é do tipo que gosta de se intrometer… Mas! - Ela levantou um dedo. - Meu tempo está acabando e descobri que não quero decepcionar completos estranhos, então…

- Então…? - Lysandre perguntou, na expectativa.

- Então eu preciso que você me dê uma ideia para ajudar seu irmão, já que Rosalya quer que ele dê o primeiro passo. Pelo que Diana nos falou, você é todo virtuoso e romântico…

- Diana fala sobre mim? - Ele corou.

- … Por isso... - Lola o ignorou. - Você é o único carinha nessa escola que poderia resolver a situação!

O platinado arregalou os olhos.

- Não acho que eu seja o único, mas… - Ele tombou a cabeça, assentindo silenciosamente. - Eu a conheço bem. Nada muito exagerado, a Rosa não é superficial… Só preciso de algo que signifique muito.

Lys pensou por um tempo.

- Já sei. - O garoto sorriu. - Maioria das garotas gostam de poemas. Posso escrever um no lugar do Leigh, sabe… Um poema para Rosa.

- Fofo! - Lola forçou um sorriso, disfarçando que na verdade achava aquilo uma breguice. - Sabe, eu gosto mais de ações, pessoalmente… Mas admito que se expressar por palavras pode ser bem profundo.

- Eu aposto que vai funcionar. - Ele destampou uma caneta e começou a escrever.

A menina o observou com atenção. Enquanto escrevia, apesar de concentrado, Lysandre não parecia pressionado e sim em paz. Ele realmente parecia ser tudo o que Diana dizia.

Depois de alguns minutos, o poema estava pronto.

- Aqui está. - O colega entregou o papel com palavras muito bem escritas em caligrafia elegante. - Pode entregar para o Leigh.

- Valeu, Lysandre. É legal da sua parte ajudar seu irmão.

- Gentileza sua também em o ajudar. Fico contente de ver que algumas pessoas não se preocupam só com elas mesmas.

Lola sorriu, sem graça. Receber elogios sempre a deixava meio desconfortável, mesmo que lhe desse alguma satisfação por dentro.

Ela deixou a sala, pronta para fazer a entrega.

O irmão de Lysandre estava no final do corredor, ainda sentado nos mesmos degraus. A garota tocou em seu ombro, com cuidado para não o assustar.

- Toma, entregue esse poema para a Rosalya. - A de cabelos vermelhos estendeu o pequeno papel dobrado.

- Mas eu não posso entrar, esqueceu?

- Ah, é mesmo. - Lola passou uma mão no rosto, já cansada de andar para lá e para cá. - As aulas começam daqui a pouco, você não pode entregar a ela depois?

- Desculpe, Lola, mas eu tenho que trabalhar, não posso esperar o recreio… - Leigh suspirou. - Você poderia, por favor, entregar para ela agora?

O olho direito da menina tremeu. Apesar de ser bastante inteligente, suas notas eram bem medíocres; os professores a conheciam há menos de um mês e a maioria já não gostava dela. O mais sensato a se fazer seria chegar cedo na aula e fazer seu melhor para se concentrar por algumas horas.

- Claro que entrego, não se preocupe. - Ela escolheu se forçar a dizer.

Leigh juntou as mãos, como se agradecendo a uma deusa; não, era só Lola mesmo.

- Muito obrigada!

- Por nada. - A menina sussurrou por entre dentes cerrados.

Lola seguiu o corredor mais uma vez no dia, encontrando Castiel parado de braços cruzados.

- Então, você já namorou alguém? - Ela perguntou para o menino, sem expectativa, só por curiosidade. - Não me parece o tipo de cara que quer relacionamentos sérios.

O falso ruivo riu, levemente corado, se entregando sem querer.

- Que curiosa! Quer se voluntariar para o papel?

- Nos meus pesadelos, quem sabe. - Lola riu, vendo no rosto do colega de classe que ela tocou em um assunto interessante. - Sério que alguma vez uma garota conseguiu te suportar na vida?

- Por que? Ficou surpresa?

- Até demais. Te vejo depois. - Ela deixou Castiel sozinho, indo em direção à escadaria.

Rosalya estava sentada nas escadas como mais cedo, mexendo no celular com uma expressão triste no rosto.

- Alguma novidade do seu boy? - Lola perguntou, fingindo de boba.

- Não, nenhuma... - A platinada suspirou. - Parece até que ele não se importa com a nossa briga!

- Bem, deixe-me te surpreender então! - A outra menina esticou a mão com o pequeno papel, sorrindo. - Eis um poema de seu amado.

Isso até que tá começando a ficar divertido.

Rosalya pegou o poema, receosa.

 

“Rosa branca como as nuvens,

meus pensamentos são feitos de você

Os sentimentos, por mais que não óbvios

estão aqui como sempre

E se algum dia não mais te ver

não terei escolha a não ser morrer”

 

Fosse entregue para a mesma, a avermelhada teria achado a atitude meio brega. Muito fofa, com certeza, mas brega. Mas mesmo pensando assim e não conhecendo bem o casal, ver o relacionamento dos dois em crise a deixava com um vazio no peito; ela queria ver tudo acabar bem no final - por mais incrível que pareça, ela tinha um coração, afinal.

- É um lindo poema... - Rosalya interrompeu a linha de pensamento de Lola. - Mas eu tenho certeza que alguém o ajudou. Leigh nunca faria algo do tipo sozinho, eu o conheço bem… 

- Talvez ele tenha mudado para que você o perdoe? - Lola forçou.

A verdade era que juntar Rosa e Leigh estava sendo cansativo - apesar de estar ficando interessante - e Lola só queria que eles ficassem bem logo para que ela tivesse paz. Por mais que ela entendesse a namorada do garoto, achava que não aceitar de uma vez o poema era um pouco dramático da parte dela.

- Lola, eu não sou burra, essa letra não é dele.

A avermelhada suspirou.

- Vou atualizar ele, então... - Ela se virou para ir mais uma vez até o mais velho.

=/=

- Ela realmente não quer te perdoar… - Lola coçou a nuca. - Eu entreguei o poema e ela logo percebeu que não era seu.

Leigh suspirou, derrotado.

- Eu realmente pensei que funcionaria. Vamos ter que achar outra coisa. - O rapaz deu a ela um olhar de desculpas. - Lola, eu sei que estou pedindo demais de você. Tem certeza que ainda quer me ajudar?

- Tenho que ir para a aula daqui a pouco, mas isso não me impede de tentar resolver isso enquanto tenho tempo.

- Não consigo contar quantas vezes te agradeci hoje. - O moreno riu, sem graça.

- Aproximadamente cinco vezes. Guarde mais desses agradecimentos para daqui a pouco, ok? Com certeza vou arranjar alguma ideia melhor.

A menina andou rapidamente até o pátio, faltando pouco menos de dez minutos para o começo da aula. Uma nova ideia já se formava em sua cabeça - para um situação clichê, deve-se ter uma solução mais clichê ainda.

- Obrigado, Lola! - Leigh falou alto, rindo.

- De nada! - Ela respondeu, ofegante.

=/=

- Lis! - A de cabelos vermelhos chegou ao espaço do clube de jardinagem rápido. 

As três meninas já estavam de pé e juntando suas coisas para irem até a sala esperar a aula começar. A menção de seu nome fez Lis arregalar os olhos, surpresa.

- Eu tive uma ideia! - Lola pegou a menor pelos ombros. - Flores, certo? É a coisa mais óbvia que se tem! Aposto que Rosa vai adorar. E não conheço ninguém melhor para fazer um buquê do que você.

Violette e Diana olharam para a morena.

- Podem ir sem mim, vou fazer o buquê em menos de cinco minutos. - Lis sorriu, determinada.

As duas assentiram.

- Boa sorte com os dois, Lola. - Diana acenou. - Tenho certeza que o buquê ficará lindo.

- É! - Violette assentiu. - Lis é muito talentosa…

A dupla foi para a sala de aula, deixando Lola e Lis fazendo um buquê.

- Você vai usar rosas? - A de cabelos vermelhos indagou.

- Sim! Elas são a representação física da paixão e do amor. - A menina cortava flores das roseiras delicadamente. - E também, Jade replantou algumas rosas brancas há um tempinho. Isso é bom, já que um buquê misto é perfeito para um pedido de desculpas.

Depois de ter reunido as rosas brancas e vermelhas, Lis tirou a fita rosa claro de seu cabelo curto e amarrou em volta dos caules.

- Pronto. - Ela entregou as flores para a amiga e se levantou, limpando os joelhos sujos de terra. - Espero que ela goste.

- Lis, você é perfeita! - Lola deu um beijo rápido na bochecha de Lis. - Muito obrigada.

A morena sorriu e pegou suas coisas.

- Agora vou para a sala. É bom ver você se enturmando, Lola.

Ela foi embora, deixando a outra parada, com o buquê em mãos.

- Bem, agora é hora de juntar aqueles dois!

Lola foi até Leigh e mostrou o buquê.

- Tcharam! - A falsa ruiva bradou e balançou as flores na frente do moreno. - Não tenho tempo para os agradecimentos agora, mas estou te mostrando a obra-prima por respeito à amiga que fez.

Ela não deu a chance do vendedor de roupas responder; foi rápido até a escadaria.

- Rosa, oh, Rosa... - Lola cantarolou. - Tenho mais um presente de Leigh para você.

Rosalya ofegou ao ver as flores vermelhas e brancas. 

- Oh! - A platinada exclamou, pegando o buquê. - Que buquê lindo… Você poderia agradecê-lo para mim, Lola?

- Por que não agradece você mesma? - A menina sugeriu, como quem não quer nada. - Ele parece realmente arrependido, Rosalya… Tenho certeza que já teria vindo aqui há muito tempo, se pudesse.

E além do mais, minhas pernas estão cansadas.

- Eu já disse que quero que ele dê o primeiro passo…

- Mas ele deu! - Lola se forçou a se sentar na escada ao lado de Rosalya, ignorando o ranço que tinha pela proximidade, ainda mais com alguém sem muita intimidade. - Ele não veio pessoalmente porque não pôde, mas teve todas essas ideias e tentou fazer algo que te agradasse, não foi? 

Ela não comentou o fato de que na verdade as ideias não foram bem dele, achou que não vinha ao caso.

- É, foi… - A outra menina suspirou, levemente corada. - Sabe, Lola… Eu não quero abusar de você nem nada. Realmente quero falar com Leigh, mas percebi há pouco que perdi o anel que ele me deu e não posso ir lá sem ele...

- Ele te deu um anel?! - A avermelhada arregalou os olhos.

- Deu…

- E você perdeu?!

- Perdi! - Rosa colocou as mãos na cabeça.

- Rosalya, com todo respeito... - Lola fechou a cara. - Você é maluca?

Isso deve ter custado uma fortuna! Quem perde um anel de namoro?

- Você… - A outra menina fungou, ignorando a pergunta. - Pode me ajudar a encontrá-lo?

- Encontrar um anel… No meio de uma escola desse tamanho…?

- Provavelmente está no pátio; é onde mais fico, tirando a escadaria.

Lola bufou, frustrada.

- E lá vamos nós procurar o pedaço de metal no meio do pátio enorme, então.

- Ah, obrigada! - Rosalya abraçou a outra menina, aliviada.

Lola estava tensa por baixo da platinada, totalmente desconfortável com a ação repentina.

- De nada. - ela se soltou rapidamente.

A dupla ia em direção ao pátio, até que Rosalya congelou.

- Como vamos até o pátio com o Leigh ali?! - Ela puxou Lola para trás de um armário, olhando para os ombros largos do namorado, que estava de costas..

A de cabelos vermelhos grunhiu, revirando os olhos. Ao olhar para o chão perto dos seus pés, ela avistou o anel de pequenas pedrinhas reluzentes.

- Não vamos precisar ir até o pátio, felizmente! - Ela pegou o pedaço de metal. -  Não queria procurar um negócio desse tamanho no meio das moitas.

- Muitíssimo obrigada! - A platinada colocou o anel no dedo anelar. - Peço mil desculpas por todo o trabalho, Lola. Agora tenho que ver o Leigh!

- Boa sorte. - Lola sorriu.

De trás do armário, a menina viu o casal conversando depois de Rosa ir na direção do namorado de modo acanhado. Ela poderia ter ouvido tudo, se quisesse, mas preferiu ignorar a conversa por respeito à privacidade de ambos - coisa que a adolescente não fazia sempre.

Eles se abraçaram e se beijaram de modo apaixonado por alguns segundos, até que a namorada apontou na direção dela. Leigh se virou e avistou Lola. Ela corou e saiu de seu esconderijo não tão discreto, indo até os dois.

- Tudo está bem entre nós agora. - Rosa olhou para o mais velho com afeto. - Graças a você, é claro. Mesmo não me conhecendo bem, você ajudou tanto...

- Muito obrigada por todo seu trabalho, Lola. - Leigh sorriu, sincero.

- De nada, eu... Estou feliz por vocês dois. - A menina respondeu, sem jeito.

- Apesar de ser um pouco embaraçoso… - Rosalya esfregou suas mãos. - Posso te dar um presente de agradecimento! - Ela mexeu em sua bolsa e tirou quatro fotos de estilo polaroid, o papel já meio amarelado pelo tempo. - Aqui estão quatro fotos de uns rapazes. Você pode ficar com todas e mostrar para as suas amigas, não vou usá-las para nada mesmo… Meio que estava procurando uma desculpa para me livrar delas.

Lola estranhou e Leigh arregalou os olhos.

- Por que você tem fotos de outros garotos? - O namorado indagou, assustado. - Inclusive do meu irmão!

- Não é nada desse tipo! - A namorada se defendeu. - Eu tirava fotos deles escondida aqui na escola, há um tempo atrás. Eu vendia para outras garotas, mas eu parei porque... Bem, é esquisito pra caramba. Essas quatro sobraram, só isso.

- E você as manteve na sua bolsa? 

- Eu nunca tiro nada da minha bolsa, só coloco. - Rosa deu de ombros. - A essa altura do campeonato você já devia saber disso, Leigh.

Lola gargalhou, meio sem graça.

- É, eu confesso que isso é estranho para caramba.

- Então... - A menina mostrou as fotos para a outra. - Essas fotos são de mais ou menos um ano atrás. Tem do Nathaniel, do Thomas, do Castiel… Não sei se vai reconhecê-lo, ele não tinha cabelo vermelho na época. E finalmente, do Lysandre! - Ela deu uma cotovelada brincalhona no namorado, que fazia beicinho.

- Bem, obrigada… Eu acho. - Lola pegou as fotos, receosa.

Que coisa mais esquisita…

- Eu que agradeço! - Rosalya deu um beijinho na bochecha da menina, o que mais uma vez a deixou desconfortável.

- Tchau, Lola! - Leigh acenou.

- Tchau, garoto das roupas. - Ela acenou de volta.

O casal saiu do corredor de braços dados.

Lola se sentou perto de uma fileira de armários, já que tinha mais alguns minutos até o sinal bater. Ela observou as fotos - eram bem diferentes entre si, mas todas tinham algo em comum: espontaneidade. Era meio óbvio, considerando que foram tiradas sem aviso prévio.

Nathaniel estava debruçado em cima de folhas espalhadas numa mesa, rodeado por lápis, canetas e marca textos. Muito provavelmente estava estudando de maneira árdua para um teste antes de desmaiar de exaustão. Suas olheiras denunciavam seu cansaço e seus cabelos apontavam para todos os lados possíveis. Pelo menos ele parecia em paz enquanto dormia. 

Thomas estava em pleno ar, fazendo uma cesta com a bola ainda em mãos. Seus longos cabelos escuros estavam um pouco mais curtos do que atualmente e pareciam flutuar. E apesar de seu rosto não ser um dos mais agradáveis - estava suado e contorcido numa expressão de concentração -, a atenção de quem via podia ser desviada para seu abdômen, que era revelado por um espaço pequeno onde sua camiseta subia e ondulava no ar.

Castiel olhava para algo em seu celular enquanto ria. Ele realmente estava diferente - cabelo preto, jaqueta marrom e um chaveirinho engraçado de gatinho japonês na ponta do telefone. Lola reparou em um anel preto de compromisso no dedo anelar dele. Podia ser só um apetrecho, uma escolha de moda, mas a lembrança da conversa deles mais cedo fez ela perceber que era muito provável ele estar saindo com alguém na época.

A foto de Lysandre foi a mais chamativa e engraçada para a adolescente - o garoto usava uma roupa estranha em vermelho, também de estilo vitoriano como no seu dia-a-dia, mas muito mais pomposa. Ele agarrava o microfone de maneira firme, cantando em frente a luzes brilhando em azul, verde, amarelo e vermelho. Estava no meio de um show, o que explicava sua expressão apaixonada. Honestamente, para ela parecia que ele ia era comer o microfone.

O sinal bateu, começando oficialmente o dia de aula. Lola já estava cansada, mas até que foi divertido juntar a colega e o namorado; aquilo a deixou satisfeita, de um jeito meio estranho.

Ela se levantou e entrou na sala de aula no fim do corredor.

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Depois de alguns horários, o recreio estava a menos de uma aula de distância.

Os alunos já estavam sem interesse graças à tediosa aula de matemática, então todos ficaram contentes quando professora Estella decidiu dar uma pausa para ir ao banheiro.

- Vocês perceberam como Nathaniel e Castiel estão de mau humor hoje? - Alana comentou com as amigas ao redor.

- Nathaniel meio que sempre está de mau humor. - Lola riu. - Mas Castiel não estava assim mais cedo, eu conversei com ele e ele tava de boa.

- O Nath nem sempre está de mau humor, sabe... - Alana enorolou uma mecha do cabelo num dedo sem perceber, olhando para o nada.

- Vou ver o que o Castiel tem. - Zöe interrompeu a amiga e se levantou de sua cadeira, indo até o lugar do colega.

- E eu vou falar com Nath. - A ruiva também se levantou, indo para o lado contrário da sala.

As três restantes se encararam, sem ter muito o que fazer.

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O roqueiro estava murmurando e rabiscando em sua mesa com uma cara fechada.

-Ei, tudo bem? - Ela chamou a atenção do garoto. - Você tá com uma cara…

- Claro que sim! - Ele se virou para a morena com um sorriso mais que forçado. - Está tudo perfeito! Minha cara não quer dizer nada, só estou fazendo hora... Agora cai fora.

- Castiel, um rapaz adorável, a educação em pessoa. - Zöe balançou a cabeça e revirou os olhos. - É sério, o que houve? 

- Duas cordas da guitarra dele arrebentaram do nada. - Thomas contou, sentado na fileira ao lado. - Tá com essa cara azeda já faz uma hora.

- Cala a boca! - O de cabelos vermelhos deu um tapa no braço do amigo antes de dirigar sua atenção para a garota ao seu lado mais uma vez. - Saber disso te ajuda em alguma coisa, por acaso?

- É só comprar outras, ora! - A menina franziu o cenho, confusa. - Não entendi o mau humor por causa disso.

- Ideia genial, Zöe. - Ele ironizou. - Como não pensei nisso antes?

- Para de ser chato e me fala logo qual é o problema! 

Castiel corou, desviando o olhar e mexendo em seu lápis de maneira inquieta.

- Eu… Meio que não tenho dinheiro para comprar cordas novas.

- Ele gastou o resto da mesada com o CD novo da ex ontem. - Thomas comentou novamente, se segurando para não rir. - Espero que tenha percebido que essa carniça não valeu a pena agora.

- Eu já não mandei você calar a boca, cara?!

Zöe arqueou as sobrancelhas.

- Que decisão inteligente da sua parte... - Ela riu, meio sem graça. - Você podia ter falado antes. Eu posso comprar para você, não se preocupe.

- Eu não estou te pedindo nada. - Castiel cruzou os braços, seu rosto ainda um pouco vermelho.

- Não precisa pedir.- Zöe sorriu. - É para isso que amigos servem.

Thomas deu um sorriso enigmático em direção aos dois.

- Você gostou do álbum, pelo menos? - A de cabelos negros perguntou, querendo saber mais sobre essa tal ex.

- Nem um pouco. - Castiel sorriu bobo, mas cobriu com a mão não muito tempo depois.

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- Nathaniel? - Alana cutucou o representante, fazendo-o desviar o olhar de seu caderno. - Você me parece mal. Desculpe, eu nem cheguei a perguntar se estava tudo bem entre você e sua irmã.

- Não, não está… - Nathaniel suspirou. - Estou vivendo um verdadeiro inferno por causa da Ambre, desde que ela foi suspensa da escola por culpa minha…

- Nath, ele teve o que merecia! - A ruiva colocou a mão por cima da mão do loiro, mas tirou rapidamente. - Não é justo você sofrer por causa disso.

- É verdade, mas você tem que admitir que ela tem boas razões para ficar com raiva de mim.

- E também tenho que admitir que você tinha razões mais que válidas para expulsá-la daqui por um tempo! - Ela colocou as mãos na cintura.

- Isso não muda nada para a Ambre. - Ele deitou a cabeça de lado no braço. - Ela nunca vê as coisas da minha maneira. E nunca vai.

Alana mordeu o lábio inferior e baixou o olhar, sentindo pena do representante.

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- Ele estava com um humor de cão por causa de duas cordas da guitarra que arrebentaram. - Zöe informou, se sentando perto das amigas. - Então eu vou comprar umas cordas novas para ele no recreio.

- Porque você vai fazer as vontades do Castiel? - Alana também se sentou. - Ele te trata tão mal...

- Não trata, não! Ele só é... peculiar... - Zöe defendeu. - E você, porque você faz tanto as vontades do Nathaniel? Ele é um folgado!

- Ele não é folgado, ele é meu chefe. - A ruiva rebateu.

- E o Castiel não me trata mal de propósito, ele só é ranzinza.

- Nem isso. - Diana entrou na conversa. - Eu acho que ele não é confortável com os próprios sentimentos, por isso é grosso; para não parecer vulnerável. Isso o faz parecer um tanto cabeça dura, também.

- Parece uma outra pessoa de cabelos vermelhos e olhos cinzas que eu conheço... - Zöe deu uma olhadinha para Lola, que estava mexendo no celular. - Vocês são praticamente uma cópia um do outro, se for parar para pensar.

- Você me ama tanto que não consegue ter uma conversa sequer sem me meter no meio, é isso? - A própria deu um sorrisinho irônico, sem levantar o olhar.

- Exatamente, como adivinhou? - A morena riu, logo depois se virando para Alana. - E então, que bicho mordeu o representante, Lana?

- Parece que a Ambre está dando trabalho em casa por causa da suspensão que levou. - A menina explicou. - Queria fazer algo para deixá-lo com um humor melhor.

- Dê algo que ele gosta. - Lis sugeriu. - Você o conhece bem, certo?

- Nós conversamos sobre coisas pessoais algumas vezes, mas nada especial… Tipo, falamos de irmãos e notas, mas nada tão profundo assim.

- A Melody o conhece há mais tempo que você. - Lola desviou sua atenção para a conversa, finalmente. - Por que não pergunta para ela?

- Boa ideia!

Alana se levantou e foi rapidamente até a mesa de Melody antes da professora voltar.

- Melody! - Ela se ajoelhou em frente a sua mesa e sussurrou para que Nathaniel, que sentava logo atrás, não ouvisse. - Você não tem uma ideia de como melhorar o astral do Nath? A Ambre está azucrinando a vida dele.

- Bem… - Melody parou para pensar. - Ele gosta muito de gatos, não sei se você sabe disso.

- Obviamente eu não vou dar um gato para ele… - Ela arqueou uma sobrancelha.

- Não, Alana! - A outra menina riu baixinho. - Estou sugerindo algo como uma lembrancinha de gato, tipo uma pelúcia, um chaveiro ou algo assim. Tenho certeza que ele vai gostar.

- Ah, sim, boa ideia, Mel! Ele me parece um garoto sensível, vai entender esse tipo de coisa. Muito obrigada.

- Por nada.

Alana voltou para seu lugar assim que Estella entrou em sala.

- Melody sugeriu algo relacionado à gatos. - Ela contou para as amigas em sussurros enquanto a professora dava a introdução da aula. - Eu sei costurar, mas não tão bem ao ponto de fazer pelúcias, como ela disse...

- Ah! - Lis teve uma ideia. - Violette é boa em costura, você pode pedir ajuda para ela no recreio.

- Sério? - Alana sorriu de orelha a orelha - Perfeito!

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O sinal para o recreio tocou, fazendo os alunos se dispersarem. O grupo de cinco meninas estava saindo da sala, até que a professora Estella as interrompeu.

- Diana. - A voz suave e fria da mulher chamou a aluna. - Preciso ter uma conversa particular com a senhorita. Fique aqui, por favor.

- Sim, senhora. - A loira sinalizou para as meninas seguirem para o pátio sem ela. - Imagino que isso seja sobre a situação na sala dos professores…

- É sim. - A professora se apoiou em sua mesa. - Não sei o que a senhorita estava fazendo lá, Diana, mas sei que é difícil chegar em uma escola totalmente nova. Dá vontade de agradar os veteranos, não? - A mulher sorriu. - Eu preferi acreditar naquele momento que você tinha a melhor das intenções. Ainda acredito, considerando que o envelope sumido de repente voltou para o lugar. Curioso, não?

Diana arregalou os olhos.

- Não sou boba, menina. - Estella balançou a cabeça. - Eu sei que algum aluno o pegou. Mas, enfim… - Ela saiu da mesa e colocou as mãos na cintura, agora mais séria. - Essa conversa serve para eu lhe fazer uma recomendação: não se meta mais em assuntos assim. Não te garanto que alguém verá suas intenções assim como eu vi.

- Sim, professora. - A aluna acenou com a cabeça. - Muito obrigada...

- Agora vá aproveitar o recreio com suas amigas. - A mais velha fez um sinal com a mão, dispensando a loira. - Se for possível, faça uma carinha mais triste, tenho uma reputação a manter!

Diana saiu da sala, cabisbaixa porém com um sorrisinho nos lábios. Ela foi para o pátio onde Lola, Alana, Zöe, Violette, Kim e Lis estavam lhe esperando.

- Levou uma bronca, foi? - Kim sorriu de maneira brincalhona com os braços em volta de Violette.

A loira coçou a nuca.

- Mais ou menos isso…

- Bem, agora que você está aqui vamos para o centro fazer umas compras. - Explicou Zöe.

- Vamos à loja que meu pai trabalha para comprar as coisas necessárias para o gatinho de pelúcia. - Violette complementou.

- E comprar as cordas do Castiel. - Lola adicionou, fazendo um pop barulhento com uma bola de chiclete logo depois.

- Parece que vamos ter um recreio bem movimentado! - Diana arregalou os olhos.

O grupo de meninas saiu, indo para o centro.

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A loja de instrumentos musicais Serenade era abarrotada de guitarras, violões, teclados e afins. Kim olhava as baterias com Violette enquanto Diana e Alana inspecionavam os violinos. Lis e Lola acompanhavam Zöe em sua jornada atrás das cordas perfeitas.

- Qual dessas devemos levar? - Lis coçou a bochecha. - São tantas! 

- Eu sempre uso as da Butterfly Quality. - Zöe pegou um pacote estampado com um fundo preto e uma borboleta dourada. - Mas será que ele também usa?

- E tem diferença, por acaso? - Lola deu de ombros.

- Não, Lola. - Zöe ironizou. - Elas são marcas diferentes à toa.

Depois de pensar consigo mesma por mais alguns minutos, por fim levou as cordas Butterfly Quality até o caixa.

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Depois de saírem, as meninas foram até Goësbriand, a loja especializada em costura mais próxima. Nas prateleiras, fitas, tecidos e roupas embelezavam o espaço.

- Oi, papai! - Violette cumprimentou o caixa, um homem grisalho com olhos azuis e caídos.

- Vivi, Kimmy! - Ele sorriu para a filha e as colegas. - E amigas… Olá, meninas, o que desejam?

- Pode me dar um kit básico de costura, estofamento de pelúcia e um metro sortido de tecido cinza claro, escuro, preto e branco, por favor? - Alana pediu educadamente.

- Para já. - Armando deu um sorriso gentil e foi até os fundos da loja.

Depois de um tempo, o pai de Violette voltou com duas sacolinhas.

- Vão ser dez euros, por favor.

Alana entregou o dinheiro e pegou as sacolas.

- Muito obrigada!

- Eu que agradeço! - Armando sorriu. -Tchau, meninas. Tenham um bom dia na escola!

- Tchau, papai! - Violette se despediu. 

- Bom trabalho! - Kim acenou.

O resto das meninas se despediram.

- Então, Kim... - Alana puxou assunto - O pai da Violette parece gostar muito de você. Vocês são amigas há muito tempo?

- Ah, sim! - A morena sorriu. - Eu e o pai dela estamos ainda mais próximos desde que começamos a…

- Desde que começamos a frequentar a casa uma da outra! - Violette interrompeu, nervosa. - É que não tenho muitos amigos próximos, então papai tem uma relação especial com Kim.

- Ah, sim. - Diana acenou com a cabeça, um sinal silencioso para que as amigas não tocassem mais no assunto.

Chegando na escola, o grupo se separou. Alana e Violette foram para uma das salas de aula costurar e Zöe foi entregar as cordas para Castiel, enquanto Kim foi para o ginásio e Diana, Lola e Lis foram lanchar no clube de jardinagem.

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- Você sabe costurar um pouco ou muito, Alana? - Vi perguntou, preparando os materiais em duas mesas juntas.

- Minha mãe tem uma linha de roupas, então tenho um conhecimento geral… Sei desenhar modelos e costurar um pouco, mas não ao ponto de fazer uma pelúcia.

- Vamos fazer um modelo, então. Costuramos depois.

- Ok! 

Alana e Violette começaram a desenhar, conversando sobre diferentes tipos de pontos e sobre como queriam o gatinho de pelúcia.

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Zöe encontrou Castiel mexendo impacientemente em sua guitarra, sentado na escadaria.

- Aqui estão suas cordas. - Ela balançou o pacote. - Ainda bem que vêm mais de duas, já que prevejo mais um desastre acontecendo com você mexendo nela desse jeito.

- Eu não vou ser estúpido o suficiente para estourar mais cordas. - Castiel riu.

Ao final da frase, uma das cordas que o garoto dedilhava com tanta força se rompeu, fazendo um barulho engraçadinho.

- Pode repetir? - Zöe zombou.

O falso ruivo suspirou e pegou o pacote da mão da amiga.

- Butterfly Quality! - Ele sorriu ao ver a marca. - Até que você não é tão burrinha assim.

- São as que eu sempre uso, não foi difícil escolher. - Cruzou os braços e tomou o pacotinho de volta. - Agora, não há uma palavrinha mágica que você está esquecendo?

- Abracadabra? - Castiel deu de ombros.

Zöe bufou e virou de costas. Quando a morena fez menção de ir embora, sentiu uma mão firme em seu pulso.

- É… - O garoto estava levemente corado e com um sorriso grato no rosto. - Obrigado.

- Doeu? 

- Hã? - O sorriso saiu do rosto do menino, dando espaço à confusão

- Me agradecer, ora! - Zöe deu uma risada leve. - Doeu?

Castiel riu, nervoso, e soltou o pulso da menina.

- Só um pouquinho.

A morena riu mais uma vez e voltou para o pátio com um sorriso besta nos lábios.

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- Está perfeito, Violette! - Alana segurou na mão o pequeno gatinho cinza de pelúcia.

- É para você? - A de cabelos roxos perguntou enquanto arrumava os materiais.

- Não, vou presentear Nathaniel para tentar alegrá-lo um pouquinho. - Ela olhou para seu relógio de pulso. - Inclusive, vou agora mesmo. Muito obrigada, Vi, você é muito talentosa!

- Não tem de quê!

A ruiva saiu da sala de aula e foi em direção ao grêmio com a pelúcia atrás das costas.

Nathaniel estava, como sempre, arrumando papéis e trabalhando.

- Ei, Nath… - Ela pegou alguns papéis da mesa e colocou em uma estante, ajudando o representante.

- Ah, Alana. - O loiro deu um sorriso cansado. - Algum problema?

- Não, não! Muito pelo contrário… - Alana sorriu. - Eu não tenho certeza se você vai gostar, mas já que você não me parece muito bem, tenho uma coisinha para você.

A menina tirou a pelúcia de trás das costas e a estendeu para o menino.

- Um gatinho? - Nathaniel sorriu, genuinamente dessa vez. - Muito gentil, principalmente porque não posso ter um de verdade. Muito obrigado, Alana!

- Não gosto de ver meus colegas de baixo astral…

- Sinto muito se te deixei apreensiva. - O sorriso continuava em seu rosto, maior a cada palavra da garota. - Estou muito melhor agora. Mais uma vez, obrigado…

- Por nada, chefe! - Alana acenou e saiu da sala, deixando Nathaniel para trás, examinando o gatinho.

=/=

Depois do final das aulas, o grupo se juntou novamente para ir embora.

- Lola! - Uma voz estridente chamou por trás.

As meninas interromperam a conversa e se viraram para ver quem chamava a garota.

Rosalya estava perto da entrada do prédio principal, acenando para a de cabelos vermelhos. Lola saiu de perto das amigas por um instante e foi em direção à garota.

- Me sinto obrigada a te agradecer de novo. - A platinada riu. - Você me ajudou muito hoje, Leigh e eu até almoçamos juntos no recreio. Estava pensando, quer sair para fazer compras comigo qualquer dia?

Lola pensou bem. Já há muito tempo, os únicos amigos próximos da garota eram as meninas que ela conheceu em Bunoffaire. Era difícil para ela criar laços afetivos sinceros, mas não faria mal tentar…

Eu espero…

- Apesar de eu não gostar muito de fazer compras, seria legal passar um tempo junto com outra garota que não é uma das meninas. Não me leve a mal, eu gosto muito delas, mas… - Ela balançou a cabeça. - Enfim, é, vamos sair juntas qualquer dia desses.

- Legal! - Rosa sorriu. - Vou indo então. Até amanhã, Lola!

- Até…

A de cabelos platinados foi embora, fazendo barulho com suas botas no chão de pedra.

Lola se juntou às outras de novo.

- O que ela queria falar? - Alana indagou.

- Ela me agradeceu por um favor que fiz mais cedo. - Ela explicou. - Me chamou para sair qualquer dia desses.

- Isso é ótimo! - Zöe sorriu. - Finalmente estamos nos enturmando pra valer.

- Eu achava que já estávamos enturmadas… - Diana colocou uma mão no queixo.

- Verdade. - Lis concordou. - Eu sou amiga da Vi, Zöe do Castiel e da Kim, Alana do Nathaniel e da Melody… Estamos nos saindo bem!

- Vocês entenderam. - A morena riu. - Se a Lola está começando a sair com outras pessoas, então já praticamente fazemos parte da escola!

- Cala a boca! - Lola riu, dando um empurrãozinho no ombro da amiga.

O grupo foi embora, conversando de maneira descontraída.


Notas Finais


Tcharam! Adorei entrar nos pensamentos da Lola, já que até agora, tinha feito ela um pouco extrovertida, quando na verdade ela é meio antissocial.

Espero que tenham gostado, muito obrigada por ler! ♡


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