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História Passion and Pride - Capítulo 6



Notas do Autor


boa leitura, espero que gostem ♡

Capítulo 6 - Capítulo 6


Entre fitas, laços, tecidos e espartilhos, Raquel sentia tédio. Ao contrário de sua mãe e suas damas de companhia, que pareciam estar em um paraíso na terra.

Ela as via escolhendo cores e texturas para novos vestidos e se perguntava qual o motivo de toda aquela futilidade.

- Majestade, não deseja escolher mais uma cor? - Paula, uma de suas damas de companhia mais jovens perguntou, a mostrando um catálogo de papel que possuía tecidos impregnados nele, além do nome, cor e preço escritos ao lado em uma perfeita letra cursiva.

- Acho que o verde-limão está bonito. - Ela passou os dedos por cima da amostra de tecido. - Ou o azul turquesa, ou o rosa bebê...

- A senhora não parece muito animada, algo aconteceu? - A garota de belíssimos cabelos castanhos os colocou para trás, sentando-se no sofá vermelho ao lado da rainha e arrumando alguns amassados do vestido.

- Os assuntos políticos, os assuntos estatais... eles sempre acabam com o meu bom humor. E o meu chanceler nunca colabora para que eu esteja feliz.

- Papai sempre me disse que não deveriam haver mulheres agindo nesse ramo político e que para as mulheres apenas ficaram os laços, os espartilhos, a concepção de bebês... - Raquel revirou os olhos profundamente quando ouviu aquilo, queria entender por quantos séculos aquilo ainda iria durar.

- O seu pai é um idiota. - Raquel sorriu acariciando o rosto da garota jovem.

Ela era filha do arquiduque da Espanha e havia deixado o Sul para viver na corte, pouco depois de completar oito anos.

- Tem outra coisa que eu gostaria de falar com a senhora, majestade. - Ela pareceu um pouco apreensiva e Raquel se atentou. - Sei que já disse muitas vezes que me considera uma filha e...

- Eu considero, Paula. - Ela sorriu, segurando a mão da mais nova por cima da luva de mesma cor do vestido.

- E como eu não tenho mãe e... os meus dezessete anos chegaram. - Ela suspirou com certa agonia e Raquel franziu a testa de forma preocupada com o que viria. - Papai quer me casar com o arquiduque da Inglaterra...

- Meu Deus, aquele homem é um ancião. - Raquel arregalou os olhos, já havia encontrado o homem algumas vezes e ele estava à beira de seus sessenta anos.

- Eu sei, por isso vim aqui implorar para vossa majestade que...

- Não se preocupe, Paula. Um casamento de uma das minhas ladies com um estrangeiro, precisará da autorização da rainha. Eu jamais permitirei que esse casamento aconteça, viverá na minha corte até que eu arranje um marido decente para você.

- Obrigada, vossa majestade. Serei eternamente grata.

- Darei a minha palavra, você nunca precisará casar-se com um ancião. Ou com qualquer homem que possua mais de quinze anos a mais que você.

- Nem tenho como expressar a minha gratidão, vossa majestade. - Ela beijou uma das mãos da rainha.

- Vá escolher tecidos para os seus novos vestidos. Já é suficiente, você ainda é jovem demais para estar pensando em casamento. - Ela sorriu para a mais nova, que assentiu, se juntando as outras mulheres na sala de estar.

Raquel levantou o olhar para o lustre a base de velas, percebendo que aquele tinha um formato diferente dos outros e então ela voltou a olhar para o chão, dando-se conta de quanto a sua vida era luxuosa e entediante.

- Já estava mimando a sua pupila? - Andrés parou ao lado da porta, sem olhar para ela, só observando as moças decidirem cores para os vestidos.

- Se tenho condições, por que não? - Sorriu, dando de ombros. Raquel não possuía herdeiros e tinha um grande apreço pela menina, que havia perdido a mãe no dia que havia nascido.

- O pai dela vai surtar. - Ele finalmente desviou o olhar para a irmã.

- O pai dela pode explodir, eu sou a rainha. Estou em um cargo bem mais alto que o dele. - Olhou de leve para as unhas. - E eu decido o que acontece na minha corte. Eu posso passar por cima da autoridade do pai dela e todos sabem.

- Já está melhor do acontecido da manhã passada? - Ele perguntou sorrindo e Raquel sorriu também.

- A que acontecido se refere?

- Hum, você quase surtando na mesa de desjejum, majestade e depois seguindo para caminhar para o campo com um de seus pretendentes. Não te vi por quase um dia inteiro depois daquilo, me pergunto onde você se escondeu, eu diria que poderia estar em um dos quartos com os pretendentes, mas eles estavam bem aqui.

- Você realmente não possui nada melhor para fazer, milorde? - A loira perguntou, alcançando uma fita azul que estava no sofá. - Além de cuidar da minha vida? - Esticou a fita em linha reta e logo depois a soltou.

- Até teria... se a Alicia não houvesse me expulsado dos aposentos dela. Além disso, cuidar da sua vida é muito divertido.

- O quê? - Raquel virou o rosto para ele em completa confusão e zombaria.

- Poderá tirar as suas próprias interpretações, majestade. - Ele sorriu com certa malícia e a loira negou com a cabeça. - Sabe o que eu estava pensando... - O lorde começou com um leve sorriso nos lábios.

- Em quê, Andrés?

- Eu deveria cuidar melhor de seus candidatos a pretendentes, digo, você é a minha irmã, eu deveria estar atento em quem pretende se casar com você.

- O que você quer dizer com isso, Andrés?

- Que você possui outros candidatos interessantes além dos franceses. Tem o Duque da Itália, o barão da Prússia...

- O barão da Prússia tem vinte e seis anos, Andrés. Enlouqueceu? E você sabe que por questões políticas, eu prefiro a França. - Ela roçou os dedos pelo colar que estava usando, uma peça delicada. - Unir a França e a Espanha é o mais próximo que podemos chegar da Inglaterra. Eu só trocaria a França pela Inglaterra, mas o rei da Inglaterra é um Tudor, então... estou bem feliz com a minha cabeça em cima do pescoço.

- Tudo para você é política, hermanita? Não pensa em seu coração? No amor... em qual será o homem que você irá viver o resto da sua vida.

- Não, Andrés, eu não penso em amor. - Ela revirou os olhos com desdém.

Ela não queria se permitir amar um homem, e deixar que ele obtivesse poderes sobre ela.

- Então, por que está demorando tanto a escolher? Qualquer um deles te fará ter a França.

- O meu próximo marido será o rei da Espanha e da França, Andrés. Eu não posso escolher qualquer um deles. Um cargo desse porte é regado de muito poder e você sabe. Ele será o rei de duas nações. Eu preciso de um homem justo, de bom coração, que saiba lidar com política...

- Mas não seria melhor com um homem que você ame? Afinal, ele vai lidar não só com a Espanha, mas com você também. Você tem que pensar em você também, Raquel. - Ele a advertiu, Raquel costumava colocar o reinado da Espanha acima de sua própria felicidade.

- Vossa majestade... - Uma das criadas se aproximou com um buquê de rosas brancas nas mãos, a embalagem era rosada e Raquel franziu a testa ao ver.

- Diga, Julieta. - Ela olhou para a senhora de rosto rechonchudo e avermelhado, atentamente.

- Mandaram entregar para a senhora. - Ela estendeu o buquê para a loira que franziu ainda mais a testa enquanto o tomava de suas mãos, já havia um tempo que não recebia flores.

- Tudo bem, Julieta. Fico muito agradecida.

- A seu dispor, majestade. - Ela fez uma pequena reverência antes de sair.

- Hum, será que tem cartão? - Andrés perguntou com curiosidade e Raquel moveu as mãos pela embalagem, procurando por algo que identificasse o remetente. Achou um pequeno cartão branco, que ela abriu com um sorriso ao ver “Marquina”.

- É do Marquina. - Ela sorriu sem nem mesmo perceber, mas ao abrir, sua expressão tomou uma certa decepção. - É do Marquina mais velho. Ele mal pode esperar para me ver e outras coisas mais... - Ela deu de ombros, ela não sabia por qual motivo, mas esperava que as flores fossem de Sérgio. - Ele quer me encontrar, hoje à noite... daqui a pouco no caso, no jardim para darmos um passeio.

- Fico imaginando o chá que você deve ter dado nesses dois para deixá-los assim. - Andrés sorriu com malícia.

- Chá? - Ela indagou sem entender o significado da expressão. - Como assim chá? - Ela franziu a testa sem entender qual era o ponto que Andrés estava querendo chegar.

- É uma expressão que aprendi em minhas viagens. Diga-se de passagem, quando uma mulher é capaz de deixar um homem louco na cama, poderemos avaliar a qualidade do chá dela... e pelo visto o seu é bem potente.

- Ah, não, Andrés... Sabia que vindo da sua boca libertina só poderia vir esse tipo de coisa. - Ela revirou os olhos.

- Que cor vai querer as cortinas, majestade? - Mônica perguntou interessada e Raquel sorriu.

- A única parte de escolher cores que eu gosto. - Sorriu para o irmão. - Podem ser brancas, Mônica. Porém, gosto que as bordem com dourado.

- Certo, vossa majestade.

- Agora, eu irei me arrumar, tenho um encontro. - Olhou para o irmão que sorriu.

- Cuidado com a reputação. O cardeal Pietro está bem aqui na sua cola e não pretende ir embora tão cedo.

- Ele que se dane. - Sorriu e retirou-se do ambiente pelas escadas, fazendo Andrés negar com a cabeça.

[...]

- Está linda essa noite, vossa majestade. - Fabio disse enquanto sorria, olhando para o vestido preto em um tom quase transparente que ela havia escolhido especialmente para estar com ele, as mangas e os bordados eram formados por tons prateados, dando vida a cor. - Na verdade, está belíssima como todas as noites.

- Receio que mudaria de opinião ao acordar ao meu lado, milorde. - Ela brincou, caminhando devagar ao seu lado.

Ela levantou o rosto, olhando bem para o perfil dele e se sentia uma adolescente sendo disputada por dois homens. Era a primeira vez que ela vivia aquilo, ser cortejada, flertar, passear ao redor do jardim sem nenhuma pretensão...

Mas ela era uma adulta, e precisava de uma decisão.

Uma decisão que mudaria a sua vida.

- Eu já acordei ao seu lado e você estava lindíssima. - Admitiu ele com um meio sorriso e estava sendo sincero.

- Foi em dia de festa, isso não conta. - Os dois caminharam pelo amplo jardim, coberto por flores e iluminações feitas por lucernas nas paredes do castelo. Era um clima majoritariamente romântico, mas por algum motivo desconhecido, ela não se sentia assim.

- Gostou das flores? Pensei em enviá-las na cor vermelha, mas não sei se gostaria de tons tão fortes.

- Bom, eu tenho preferência por tons mais claros, você acertou. Principalmente as amarelas, porque me trazem uma sensação de felicidade.

- Então, da próxima vez, eu encomendarei as amarelas.

- Milorde... - Ela começou a andar de costas na sua frente e ele cruzou os braços atrás das costas.

- O que, belle? - A elogiou com o seu idioma nativo e ela sentiu as pernas bambearem um pouco.

Ela entendia muito pouco de francês, mas adorava ver algum homem falando algum idioma bonito que ela possuía pouco conhecimento.

- O que aconteceu naquela noite que ficamos bêbados... o que implica para você? - Sérgio se arrependia, mas ela não sabia o posicionamento de Fabio sobre aquilo tudo.

- Foi uma noite que eu não irei esquecer, majestade. - Ele sorriu malicioso e ela engoliu em seco. - Quer dizer, eu não me lembro de muito. - Ele riu um pouco e ela riu também. - Eu havia bebido mais de uma garrafa de vinho, bem mais... - Ele enfatizou a quantidade.

Fabio se aproximou um pouco mais de seu corpo, para aproximar a boca de seu ouvido e ela não recuou.

- Mas eu sei que possuí o privilégio de estar dentro de você... de tê-la em minha boca.

- Milorde... - Ela repreendeu, mas já estava de olhos fechados, apenas o ouvindo falar.

Sérgio jamais diria algo como aquilo tão facilmente e ela imaginou o que o faria dizer algo assim perto dela, de preferência em seu ouvido como Fabio estava fazendo. Afinal, ele era um homem peculiar, mas era um, e com certeza tinha desejos e pensamentos como aqueles querendo rondar a sua mente.

O simples pensamento fez a sua pele esquentar, e uma sensação de calor em seu ventre começar a surgir.

O que ela poderia fazer para que Sérgio sussurrasse algo parecido perto de seu ouvido?

Ela já o havia desviado de seus princípios na outra noite, mas o que o faria enlouquecer tanto?

- Está me escutando, majestade? - Ele iniciou uma trilha de beijos ao lado de seu pescoço e ela pousou as mãos em seus ombros, os massageando de leve, para afastá-lo um pouco dela.

- Sim... - Ela empurrou o seu rosto, para que ele a olhasse nos olhos.

Ela se repreendeu mentalmente, pois lembrou de Sérgio e de como ele havia a beijado na manhã anterior.

- Você é um libertino, sabia? - Ela sussurrou perto de sua boca, mas quando ele se moveu para beija-la, Raquel distanciou-se um pouco para trás.

- O que foi?

- Vamos com mais calma. Nós adiantamos demais as coisas e... eu quero conhecê-lo um pouco mais.

- Poderemos fazer isso depois que nos casarmos... - Tentou a beijar novamente, só que mais uma vez ela deu passos para trás. - Todos os casais que conheço se apaixonam depois do casamento. Reis e rainhas sempre se apaixonam após o matrimônio.

- Não, eles não se apaixonam, milorde. - Ela sorriu negando com a cabeça. - Eles apenas aprendem a conviver. Preciso conhecer muito bem o homem que irei me casar, pois eu sou a rainha da Espanha... há todo o círculo político que me envolve.

- Então, quer dizer que já tomou uma decisão?

- Não foi isso que quis dizer.

- Mas o seu coração... Ele diz algo?

Ela refletiu aquela pergunta, e concluiu que não sabia o que responder.

Ela os conhecia há poucos dias. Como ela, uma mulher que viveu anos com medo de se entregar a qualquer homem se casaria em tão poucos dias? Ou abriria o seu coração a possuir sentimentos?

- Eu não sei. Não ainda... Eu preciso de mais tempo, e vocês estão aqui há poucos dias.

- Eu entendo, majestade. Não fora isso o que eu quis dizer. Quero saber se o seu coração bate mais forte por um de nós dois.... Afinal, já houve sexo e...

- Milorde. - Ela sorriu, voltando a caminhar ao seu lado. - Eu não superestimo o sexo como as outras pessoas. - Ela deu de ombros. - Para mim é a camada mais rasa da intimidade. Em um relacionamento, o sexo para mim é apenas um complemento do que se sente. Quase todo mundo trata o sexo como se ele fosse o ápice da relação, mas eu nunca irei ver assim. - Ela sorriu um pouco e ele sorriu também. - Nós fizemos sexo, nem nos lembramos muito bem, e o que isso muda? Nada.

- Eu acho que entendo o seu ponto de vista. Você acha que o desejo pode existir por qualquer pessoa, mas outros sentimentos não...

- Sim, sexo é algo natural para quem gosta. Mas outros sentimentos não. A amizade, por exemplo... é construída com o tempo. Quero me casar com um homem que possa ser meu amigo também, não quero que ele me veja apenas como esposa... eu quero confiar no meu próximo marido, quero alguém que eu tenha certeza que não vá mentir para mim.

- Você tem opiniões muito fortes para uma mulher.

- Você acha que damas não possuem opinião?

- Possuem. Mas raramente expressam, e você não tem medo de expressar as suas. E eu entendi totalmente o seu ponto de vista.

- É interessante para um marido entender o ponto de vista da esposa. - Ela comentou com um sorriso.

Ela sabia que Fabio seria um bom rei, mas como ele havia exemplificado naquela noite sobre o seu coração, o dela não batia um pouco mais forte por ele e sim por seu irmão.

Mas ela não admitiria isso nem para si mesma.

- Sim, eu procurarei sempre entender o seu.

- Já me tomou como esposa, milorde?

- Eu tenho uma leve sensação que irá me escolher. - Ele disse, porém ela negou com a cabeça.

- Não tenha sensação de nada... - Ela sorriu e ele se aproximou mais, pousando uma das mãos em seu rosto, mas daquela vez ela não recuou, indo ao encontro dos lábios dele.

De dentro do castelo, na verdade de dentro da biblioteca, Sérgio se amaldiçoava por estar olhando os dois pela janela, atrás da cortina. Ver os dois se beijando apenas reforçava a ideia de que ela escolheria o seu irmão, já era uma batalha perdida e ele já não entendia porque estava insistindo em estar ali com os dois.

Sérgio não se importava com a coroa, o único motivo para ainda se importar com o trono e a hierarquia, era o pedido de seu pai para que ele desse continuidade a dinastia e não o seu irmão. Porém, para aquilo, ele precisava da decisão de Raquel.

Ele precisava que Raquel o escolhesse.

Uma parte sua, uma parte quase instintiva, queria brigar por Raquel, ir à luta, não por causa do trono francês e espanhol, mas porque gostava da forma com a qual apenas ela, o fazia se sentir.

Ele gostava de como era capaz de se transformar ao estar com ela.

Ele fechou a cortina e encostou-se na janela, abrindo o livro pesado que trazia entre as mãos.

Entre vários parágrafos, ele percebeu que uma chuva se iniciava, mas não deu atenção, já que ali na biblioteca havia uma lareira quente e ele poderia se manter bem aquecido.

- Eu irei para a biblioteca... vou... procurar um livro e ir dormir. - Sérgio ouviu a voz de Raquel atrás da porta.

- Não quer subir comigo? - Ele ouviu a voz de Fabio também e revirou os olhos, já que os dois resolveram atrapalhar a sua leitura, indo conversar na frente da porta da biblioteca.

- Não, milorde. Eu não estou no clima. Apenas irei procurar um livro e irei para os meus aposentos. Iremos um pouco mais devagar, se lembra? Eu não pretendo bagunçar ainda mais as coisas, mais do que eu já baguncei.

- Tudo bem, se quer assim. Tenha uma boa noite, majestade.

- Desejo o mesmo, milorde. - Ela empurrou a porta e entrou dentro da biblioteca, a fechando atrás de si e sem perceber que Sérgio estava ali. Ele resolveu não denunciar a sua presença, continuando a estar na janela, atrás de uma prateleira alta.

- Droga, o vestido todo molhado... - Ela resmungou totalmente irritada e ele deixou que uma risada nasal escapasse dele. - Molhado e pesado. - Ela reclamou mais uma vez e se sentou em um banquinho que estava ali, retirando os sapatos e os jogando no chão.

Ela se levantou na ponta dos pés e andou até uma das prateleiras, parando na parte de política e filosofia.

Sérgio esticou-se um pouco para ver o livro que ela havia escolhido, mas não conseguiu enxergar as letras em dourado.

Ela o abriu em um súbito movimento.

- Tudo em inglês, tudo em inglês... inglês ou latim. - Ela resmungou revirando os olhos e ele teve que controlar a risada mais uma vez, estava descobrindo um lado dela bem diferente da rainha gélida. - Por que todos temos que ser dependentes dessa língua?

- Por que é a com os maiores números de falantes não nativos, majestade. - Ele disse de uma só vez e ela acabou se assustando e deixando o livro cair de suas mãos.

- Milorde... - Ela passou os dedos pelo vestido, totalmente assustada.

- Eu te assustei novamente? Perdão. - Ele parecia ligeiramente envergonhado, então ela sorriu.

Já era a segunda vez que ele a assustava naquela semana. Duas vezes em uma semana era muito.

Deus, ela não se casaria com ele se continuassem desse jeito.

- Eu achei que estava aqui sozinha e você chega assim, falando de supetão... - Ela ia se abaixar para alcançar o livro no chão, mas ele foi mais rápido, segurando o objeto em mãos e a entregando.

- É um bom livro, sobre política, já o li. - Ele apontou para a capa. - A senhora não entende inglês ou latim?

- Acha que se eu entendesse estaria reclamando, milorde? - Ela ironizou, juntando os lábios de maneira zombeteira.

- Você é mal educada, vossa majestade. Eu só lhe fiz uma pergunta.

- Por que você está falando da minha educação? Eu sou uma rainha. Você quem deveria ter mais um pouco de educação comigo.

- Pois para uma dama, a senhora é extremamente mal educada, sarcástica... e não sabe ser gentil. - Ela revirou os olhos ao ouvir aquilo tudo e ele continuou a olhando.

Às vezes parecia que os dois se odiavam.

Sérgio ainda a associava a assassinatos e arrogância.

Raquel ainda o associava a mágoas repentinas e a inexistente vontade dele de a ter como esposa.

Isto corroía um pouco do ego dela.

- Eu sou uma rainha, Sérgio. Eu tenho me preocupado com política e impostos desde que eu era adolescente, eu não tive tempo de estudar inglês... eu não era uma moça desocupada como as outras. E muito menos tive algum tempo para ser dócil como outras damas.

- Sinto muito... Não deve ter sido uma adolescência empolgante.

- A sua foi?

- Se a sua não foi, a minha foi bem menos. - Ele assumiu e ela sorriu de lado, abaixando um pouco a guarda. - É verdade que foi coroada aos sete anos?

- Não, foi com cinco. Mas minha mãe cuidava dos assuntos estatais, obviamente. Até que eu completasse dezesseis anos e começasse a tomar conta desses assuntos. - Ela deu de ombros.

- A sua biblioteca é bem grande. Gosto dela...

- Ah, é. Eu a trato como uma preciosidade, sempre incentivo os jovens da corte a estudarem, principalmente as meninas. - Sorriu.

- É digno de uma rainha. - Ele sorriu também, a olhando com certa admiração.

- Você tem passado muito tempo aqui? Você não sai muito do castelo, então imagino que...

- Sim, tenho passado muito tempo aqui. A senhora descobriu o meu esconderijo, vossa majestade. - Ela deu de ombros e voltou a abrir o livro, franzindo a testa mais uma vez. - Quer ajuda? - Ele perguntou cuidadosamente, com certo medo.

- Sim, se você puder... - Ele assentiu e parou ao seu lado. - Você fala inglês? O meu nível é bem leve...

- Sim, eu falo sim. Latim também. Deixe-me ver o primeiro parágrafo... I feel like the kings and queens don’t understand what is the most important thing about a reign. - Ele dizia tudo com propriedade e ela estava fascinada com a forma que ele pronunciava as palavras, com um sotaque perfeitamente londrino, como se houvesse vivido no país por muito tempo. - Bom, nessa primeira frase, ele disse que os governantes, reis e rainhas, não sabem o que é mais importante em um reinado.

- O que é mais importante? - Ela perguntou sorrindo e esperando que ele dissesse em inglês.

A voz dele era... insuportavelmente sensual de ouvir.

- The most important thing is compassion and the capacity of a great point of view about the people's necessities. Ele quis dizer que...

- Eu entendi. O importante é a compaixão e... as necessidades de seu povo?

- Sim, majestade, isso mesmo. - Ele assentiu.

- Você aceitaria me ensinar inglês no seu tempo livre? - Ela perguntou.

- Ensinar inglês?

- Sim... eu não sou muito boa e a maioria dos livros estão em latim ou inglês e na maioria das vezes, eu fico muito perdida com o que estou lendo. Já você parece possuir um conhecimento fantástico.

- Eu... - Ele hesitou por alguns segundos. - Tudo bem, vossa majestade. Podemos nos encontrar aqui mesmo?

- Sim, durante as noites. Neste horário?

- É bem tarde, já passa das onze. - Ele desviou o olhar para o relógio na parede.

- É um problema?

- Não.

- Ótimo. Então, você será o meu tutor de inglês a partir de amanhã. - Raquel mordeu o lábio inferior e ele não pode evitar descer o olhar para o gesto.

Céus, ela era muito bonita.

- Posso te recompensar de alguma forma se...

- Não é necessário, majestade.

- Hum, o que é “most"? Estive em dúvida com essa palavra.

- Use “what is" no começo da sua frase.

- What is “most"? - Ela perguntou e ele engoliu em seco.

- É um tipo de supremacia. Hum, por exemplo, o mais querido, o mais amado... então dizemos “The most". - Ele explicou e ela apenas assentiu, mas seu foco estava nos lábios dele e Sérgio quase tinha certeza que ela não estava prestando atenção em nada. - Está tremendo, majestade. - Ele apontou para os seus braços desnudos. Um trovão soou do lado de fora e ela olhou pela janela.

Os relâmpagos brilhavam clareando a sala e a temperatura só abaixava. Por alguns segundos os dois desviaram o olhar para a janela, vendo o evento da natureza.

- Está muito frio. - Ela respondeu, fechando o livro e o colocando de volta na estante. - E o meu vestido está molhado. - Assumiu e ele estreitou os olhos.

- E o que a senhora estava fazendo na chuva, majestade?

- Passeando com o seu irmão. Nem percebemos a chuva...

- Claro, estavam atracados na boca um do outro. - Ele limpou a garganta, se arrependendo de ter dito aquilo no mesmo segundo.

Sérgio estava com... ciúmes?

Como ele poderia estar com ciúmes dela? A mulher que gostava de brincar com a mente dele e a de seu irmão?

- Atracados? Milorde... - Ela revirou os olhos sem empolgação. - Apenas nos beijamos uma única vez. Por alguns poucos segundos... - Ela sorriu um pouco, lembrando de o ter empurrado em pouquíssimos segundos de beijo.

- Eu não me importo. Você pode o beijar quando achar melhor, você é livre, uma dama solteira, não temos nada... - Ele engoliu em seco, se perdendo em suas próprias palavras.

- E por que falou com tanta ironia?

- Oras, porque... porque... - Ela levantou uma das sobrancelhas esperando uma resposta e ele nem sabia por onde começar. - Essa situação não é boa. - Ele respirou fundo, desviando o olhar do dela. - Deveria subir para trocar o seu vestido. - Ele apontou para o vestido dela. - E secar os seus cabelos... - Desviou o olhar para os fios molhados, e quando fez isso, foi inevitável descer o olhar pelas gotículas de água no pescoço dela, no colo, entre os seios, nos ombros... pensou no quanto o seu irmão havia sido sortudo em beija-la, constatando o quão bonita ela estava naquela noite.

Ele não aguentou o que sentia, esticou os dedos de leve e tocou um dos ombros dela por cima da alça do vestido. Raquel não mostrou objeção, então ele passou a deslizar os dedos por seu colo, vendo o quanto a respiração dela aumentava enquanto ele fazia isso.

Um toque tão singelo e simples, estava fazendo a rainha tremer.

Sérgio não era um sedutor, seu irmão era, mas não conseguia causar em Raquel aquelas sensações.

A loira deslizou os dedos por sua camisa, de forma devagar e era interessante como aquilo era fácil para os dois.

Ele continuou deslizando os dedos até a parte superior de um dos seios dela, então ele levantou o olhar para Raquel buscando por uma confirmação para continuar, e ela apenas assentiu em meio ao êxtase.

Sérgio sorriu um pouco e afastou a alça do vestido, deslizando os dedos para dentro do espartilho e prendendo a ponta do seio dela entre os seus dedos esticados na pele dela.

- Hum... - Ela resmungou um pouco surpresa e ele continuou o mesmo movimento, percebendo o quanto o seio dela tornava-se rígido ao seu toque.

Ela o olhou por alguns segundos e o puxou para um beijo. Sérgio a surpreendeu, a pressionando na estante atrás dela e descendo uma das mãos para a curva de seu quadril.

Ele moveu as duas mãos para as suas costas e começou a puxar a cordinha que enlaçava o espartilho que ela estava usando. Raquel sorriu pela ousadia dele, pensando em provoca-lo, mas ele não a deixava falar, devorando a sua boca como se aquele fosse o fim do mundo e os dois fossem morrer no dia seguinte.

- Majestade... - Ele sussurrou, soltando a boca dela.

- Pode me chamar de Raquel. - Respondeu ela, e Sérgio quase perdeu a compostura ao vê-la ofegante e com os lábios vermelhos.

- A senhora é da realeza, não posso me dirigir assim com a... senhora.

- Sérgio... - Ela sorriu. - Nós estamos aos amassos na minha biblioteca, acho que podemos ficar um pouco mais informais, não é? E... você está me cortejando. Deve me chamar de Raquel...

- Sermos informais? - Ela assentiu para a pergunta e ele voltou a beija-la, porém ela se soltou, pousando as mãos no peito dele e o empurrando um pouco para trás.

- Sim, você está com a boca na minha, a mão em meu seio... - Ela desceu o olhar levemente para o gesto e ele afastou a mão. - Eu não mandei você tirar a mão. - Ela choramingou, alcançando as duas mãos dele e as colocando sobre os dois seios dela.

- Tudo bem, informais. - Ele voltou a beijá-la, apertando os seios dela. Mas Raquel o empurrou devagar, afastando-se um pouco dele.

- Ou você acha que ainda é cedo? Que ainda não devemos nos chamar pelo primeiro nome de forma tão natural?

- Talvez... - Ele a beijou mais uma vez, querendo terminar aquela conversa o mais rápido possível, mas ela parecia interessada demais em pronomes de tratamento.  

- Talvez é sim ou não?

- Por que temos que nos importar com isso agora? - Ele indagou e ela arregalou um pouco os olhos com certa surpresa.

- Está com pressa para alguma coisa, milorde? - Ela levantou uma das pernas, pressionando-a ao redor da cintura dele. - Achei que não quisesse fazer nada disso, já que não somos casados. - Ela provocou com um sorriso e ele respirou fundo.

- Eu acho que não faz muita diferença, já que o nosso comportamento não tem sido muito casto. - Ele a pressionou um pouco mais contra a prateleira e ela descobriu qual o ponto que desencadeava aquelas atitudes nele: a provocação.

Se ele fosse provocado, se deixava levar pelo desejo.

Ela fez um nota mental daquilo.

- Não? Mas da última vez estávamos bêbados e agora estamos bem sóbrios. - Ela levou uma das mãos para o pescoço dele, o acariciando com certa leveza, mas com um nível de malícia. Ele a segurou da mesma forma, imitando o gesto dela e quase a obrigando a olhar em seus olhos.

- É, isso é ruim.

- Por que, milorde? 

- Porque quando estava bêbado, a desejei como um louco, então culpei o álcool. - Ele abaixou um pouco a cabeça. - Só que agora, eu me encontro totalmente sóbrio e a sensação é a mesma. Ainda a desejo como um louco, majestade, como nunca desejei uma dama. E vê-la com o meu irmão, me deixa um pouco confuso porque eu não sei se esse desejo é recíproco, não sei se naquela noite, você apenas quis ter a certeza do que queria...

- Olhe em meus olhos, milorde. Nesse momento, o desejo parece recíproco ou não? E se eu já soubesse o que queria porque não tomei uma decisão até agora?

- Talvez goste de brincar com o coração de lordes. - Ela moveu a perna de sua cintura e o olhou ainda mais profundamente.

- Olhe para mim, milorde. Foque apenas em meus olhos. Você acha que eu o desejo agora, ou não? - Ela insistiu mais uma vez na pergunta, acelerando todos os pensamentos dele.

- Olhando para você, Raquel... - Pela primeira vez, ele disse o nome dela inteiro e ela sorriu ao ouvir. - Eu quase não consigo me concentrar porque você é bonita demais. - Ela riu quando ele disse isso e Sérgio sentiu o seu rosto ruborizar.

- Mas não consegue distinguir o que eu sinto? O jeito que eu olho para os seus lábios e que tento tocar você, em qualquer oportunidade... - Ela deu de ombros. - Você se sente do mesmo jeito, não é?

- Sim, majestade.

- Então, mostre-me o desejo que você está sent-... - Ela nem conseguiu terminar de falar porque ele foi a encontro da boca dela, com fúria, gana, e o tão inflamável desejo que ele afirmou sentir.

Era quase uma guerra, ele a beijava com tanta vontade que ela pensava que a qualquer momento pudesse tocar o céu. Quando ele roçou as mãos pelas saias de seu vestido, ela o empurrou por alguns segundos, respirando de forma ofegante.

- Aqui não. Por mais que a ideia de ser fodida contra uma prateleira seja interessante... poderemos derrubá-la, milorde e o meu corpo ainda treme de frio. - Ela sorriu, e ele nem teve muito tempo de pensar, já que ela o puxou pela mão e o levou até o tapete na frente da lareira. - Aqui parece ser melhor.

- É... parece. - O lorde concordou.

- Vem... - Ela começou a se ajoelhar no tapete, o puxando para se abaixar junto e ele fez o esperado. Sérgio voltou a beijá-la e ela até se surpreendeu com a pressa que ele possuía, ele desamarrou todos os laços do vestido e começou a retirar por seus ombros, beijando a pele que descobria, a deixando apenas de espartilho.

Raquel também se empenhou nas roupas dele, abrindo o cinto que ele estava usando e em seguida o botão da calça, mas antes que ela continuasse, ele a empurrou para deitá-la no tapete e deitou junto, por cima dela.

- Faz aquilo...  - Ela sussurrou em seu ouvido, o arrepiando por completo. - Que fez naquela noite...

- O quê? - Aquela noite era uma lacuna em branco em sua mente.

Ele não sabia o que havia feito com ela.

- O que fez com os dedos, em... eu nunca conheci um cavalheiro que soubesse fazer aquilo. Sabe, aqui... - Ela guiou a mão dele para a coxa dela, o fazendo acariciar a pele com os dedos. - No meio das minhas pernas... você conhece um ponto específico.

- Oh... - Ele percebeu do que ela falava e então começou a afastar a saia para cima, por sorte, naquela noite só se compunha por duas. Ele acariciou a perna dela devagar e subiu até a coxa novamente, começando a aproximar-se de seu sexo. - Você sabe fazer sozinha? - Ele perguntou e a questão fez o corpo dela arrepiar.

- Sim, milorde. É claro que eu sei... eu já sou uma mulher e não uma garota.

- Eu imaginava, mas é que você pode me ensinar melhor o seu ritmo.

- Você aprecia assistir?

- Não. Quer dizer, eu acho que sim... - Ele enrubesceu totalmente e ela sorriu. - Mas não é isso, eu gostaria que você me contasse...

- Só que... por incrível que isso pareça ser, você fez melhor. Quer dizer, a sensação é melhor quando você faz. Não é tão bom quando faço com os meus próprios... isto é algo mental também.

- É? - Ele perguntou bem surpreso. Mas iniciou movimentos com os dedos pelo clitóris dela, a fazendo suspirar de antemão.

Sérgio moveu os dedos exatamente no ponto de prazer dela, assim como havia visto em um livro, onde contava que aquele simples ponto era o causador do prazer na mulher e só possuía essa utilidade.

E era uma utilidade e tanto.

Com os anos, ele esqueceu de muita coisa que leu, mas não daquilo. E quando ela fechou os olhos, apreciando todo o prazer que sentia, ele agradeceu aos céus por ter uma boa memória.

- Ah... - Ela jogou a cabeça totalmente para trás, mas segurou os cabelos de Sérgio, os puxando na direção oposta.

Com a outra mão, ela segurou o pulso de Sérgio, guiando com precisão a forma que ela gostava.

- Um pouco mais devagar... - Ela sussurrou rouca e ele fechou os olhos por alguns segundos, mas voltou a abri-los direcionando o seu olhar para baixo.

Especificamente para a mão dela em seu pulso e o meio das pernas de Raquel.

Ela estava nua da cintura para baixo e ele estava apreciando muito olhar os próprios dedos se movendo naquela parte específica do corpo de Raquel.

- Agora um pouco para o lado... - Ela mordeu o lábio inferior e ele abaixou um pouco mais o rosto, a puxando para um beijo.  - Pressione um pouquinho... - Ela sussurrou nos lábios dele, de forma totalmente ofegante. - Suave... - Ela sorriu e ele moveu o dedo exatamente como ela pediu, a arrancando um gemido profundo.

Ele não conseguia retirar os olhos dela, a cada gemido que ela deixava escapar, ele só conseguia se excitar mais e mais.

- Agora... - Ela sorriu, acariciando os ombros dele com as duas mãos. - Coloca um de seus dedos dentro de mim... - Ele abriu um pouco a boca, excitado com as ordens dela e inseriu o dedo indicador dentro dela.

- Você está...

- Muito molhada? Sim... - Ela assumiu com um meio sorriso e Sérgio sorriu também, inserindo mais um dedo dentro dela. Dessa vez o dedo médio.

Raquel suspirou e jogou a cabeça para trás de uma só vez.

- Majestade... - Paula entrou pela porta em um súbito e inesperado movimento. A garota arregalou os olhos ao ver os dois no tapete, Sérgio separou-se de Raquel no mesmo segundo e a cobriu com o vestido, para que não vissem o espartilho dela.

A atitude fora tão cuidadosa que ela quase esqueceu da presença de Paula por alguns segundos, já que o primeiro pensamento dele, havia sido cobri-la.

- Perdão, majestade. Eu a vi entrando aqui há algum tempo e achei que estava sozinha... - Ela olhava para o chão, o teto, as prateleiras, cortinas, menos para os dois.

O rosto dela estava corado, quase da mesma cor que o tapete vermelho.

- Tudo bem, Paula. O que você queria? - Raquel perguntou um pouco entediada.

Ela estava quase lá. Sérgio iria fazê-la chegar lá com os dedos.

Isso era surpreendentemente incrível.

- Bom, um navio foi encontrado na fronteira com Portugal e ele parece ter sido assaltado e... o seu chanceler está te procurando para... saber quais as medidas que a Espanha irá tomar. - Ela respondeu com a cabeça abaixada.

- Já entendi, milady. - Ela assentiu. - Pode nos olhar, estamos vestidos... - Ela sorriu e a garota desviou o olhar para os dois, mas voltou a olhar para o chão com um meio sorriso.

- Lorde Marquina... - Ela cumprimentou, porém o olhar que deu a ele fora de medo e descontentamento.

- Milady... - Ele respondeu um pouco confuso com o olhar que ela lhe dava.

- Eu vou me retirar. - Ela completou a sentença, fez uma tímida reverência e saiu da biblioteca tão rápido quanto havia entrado, fechando a porta com uma batida forte.

- Fomos flagrados por uma criança. - Sérgio negou com a cabeça, prendendo um pouco da respiração.

O rosto dele estava ainda mais corado que o de Paula e Raquel ainda tentava decidir qual dos dois havia se constrangido mais.

- Ela tem dezessete anos, não é uma criança.

- Para mim, ainda é. Podia ser a minha filha... - Ele disse e ela riu contidamente. - Você viu o olhar que ela me deu? Parecia que eu estava te machucando... - Ele a olhou de forma tímida.

- Garotas da idade dela não sabem o que estávamos fazendo... não sabem como funciona.

- As mães contam poucas coisas para as filhas, não?

- Ela não tem mãe. A mãe dela morreu no parto. E sim, as mães contam pouquíssimas coisas para as filhas.

- Por isso o olhar dela...

- Irei conversar com ela amanhã e esclarecer que você não estava me machucando...

- Okay... - Ele sorriu. - Eu ficarei grato.

- O que você estava fazendo estava bem longe de machucar. - Ela suspirou e ele desviou um pouco o olhar, evitando a olhar nos olhos.

- Me desculpa, mas eu vou ter que ir ver o que o meu chanceler deseja... - Ela revirou os olhos, começando a vestir o vestido de forma apressada.

- Tudo bem... - Ele assentiu, voltando a colocar o cinto e Raquel praticamente amaldiçoou os portugueses por atrapalharem um momento tão bom.

O que custava terem demorado mais uma hora?

- Amanhã nos encontraremos aqui depois que todos dormirem, milorde? - Ela sorriu e ele assentiu com veemência.

- Me ajuda a fechar... - Ela se referiu ao vestido e ele assentiu mais uma vez. Os dois levantaram e ele fechou o vestido com cuidado, deslizando os dedos pela pele do começo de suas costas e deixando um beijo leve em seu ombro. - Se continuar com isso, irá me fazer ficar e eu tenho assuntos políticos para resolver.

- Não é a minha intenção, majestade.

- Não quer que eu fique?

- Sim, mas a senhora possui deveres. - Ele respondeu inocentemente e ela abaixou a cabeça, mordendo o lábio inferior levemente, mas voltando a olhar para Sérgio.

- Até amanhã. - Ela disse animada e quase eufórica, estava empolgada para vê-lo como uma adolescente se sentiria.

- Diga: See you tomorrow. - Sérgio pediu a despedida em inglês e ela sorria enquanto assentia.

- See you tomorrow, milorde.



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