História Paul Haddad - Bem-vindo!

Dia 11 de Abril de 2020

                Nuvens. Nuvens para todos os lados. Leon já fora chamado inúmeras vezes de “cabeça de vento” por vários outros, mas isso já era demais! Cruzando os braços, ele joga a cabeça para o lado – confuso como um filhote de Pastor Alemão.

                Seus olhos se fixam em duas ametistas diante dele. Uma pessoa se materializou bem diante dos seus olhos. Com um pulo, Leon se surpreendeu que o seu impulse o tenha feito flutuar ao invés de cais para trás. Ele estava totalmente sem preso nenhum.

— Uou! O que—?! Mas quem é...?!

— Esta é a sua casa de descanso.

— Descanso?

                Leon escaneia o seu arredor. Apesar de estranho, e de parecer ser um cenário tirado de um sonho, aqui era lindo, mesmo. Porém, nada disso diminuía a confusão que fizeram na cabeça do Agente ao ser transportado para cá.

— Afinal, o que está acontecendo?

— Ora, você morreu, é claro!

— Ah... AH?! EU O QUE?!

                Não era possível! Teria Leon sucumbido para um sono totalmente chapado de bebida e por isso, estava tendo o sonho mais louco de todos? Não, isso não era sonho! Ele, realmente, estava totalmente leve feito uma pluma e flutuando três palmos do chão! (Núvem?)

                Teria, então, ele caído nas garras de uma Arma Biológica e, finalmente, a sorte deixou de lhe sorrir?

                Ou? Ou...?!

— Como pode? O que aconteceu?! Deve ser um erro, eu não...!

                Com a serenidade de um anjo (porque a figura era um, aparentemente...), a pessoa diante dos olhos de Leon puxa um enorme livro marrom, abrindo-o diante dos olhos assustados e curiosos do agente, que imploravam por explicação.

— Aqui está seu nome -, Paul Haddad.

                Leon torce o nariz. A princípio, não reconhecendo o nome ou mesmo o significado dele para toda essa confusão. O Anjo sorrir delicadamente para a expressão de Leon que, com os olhos, exigia uma explicação sobre aquele nome mencionado pelo o Anjo que, aparentemente, imaginou que Leon soubesse o significado ao mencionar tão despretensiosamente o referido nome.

— Em espírito, você morreu. Em carne e osso, você foi divinamente representado por Paul Haddad em 1998. Desde então, outras almas vêm lhe dando voz e relevância, mas... Paul Haddad ainda é e para sempre será o seu primórdio...

                O anjo suspira com um longo pesar, seu sorriso não alcança seus olhos, que permaneciam tristes.

— E ele morreu...

                Os olhos de Leon lacrimejam, e é como se tudo fizesse sentido para ele assim, em um estalo. Sempre dizem que a morte é aclaradora, que ela te alivia e te amadurece até mesmo no seu último suspiro. Naquele momento, Leon sabia que era verdade... Ele estava morto, pois ele se sentia morto. O seu começo, seu início, se foi do mundo corpóreo. Leon fica reflexivo por longo tempo... Até criar a coragem de perguntar:

— Eu... Ele...? Bem... Qual foi a causa da nossa...?

— Câncer na garganta e um tumor nela, também. Aos 56 anos.

                Câncer? O coração de Leon se aperta. 56?! Isso é jovem!

— ... E as outras...? Ada, Claire, Sherry...? Como elas estão?

— Elas vão ficar bem, por um longo tempo. E se quer saber... Já sentem a sua falta. Você vai, para sempre, ser a peça que falta entre elas. Não importa quantos venham depois de Paul Haddad, nenhum jamais será o primeiro – o você.

                Leon suspira, olhando para baixo -, para aonde ele imagina que seria a terra, se é que todos aqueles contos sobre o “céu” fossem para ser acreditados. Os lábios de Leon se apertam, e a sua respiração fraqueja.

— ... Então... Eu morri, hm. Eu admito que eu não... Esperava por isso tão cedo. Mas, eu estou aliviado. Por que isso significa que... Eu posso ficar aqui esperando, não é? Pelos outros!

— Você planeja ficar aqui? No portão? — O Anjo demonstra surpresa. E então, Leon dá um sorriso honesto e caloroso.

— Yep! Sabe, eu sempre quis que -, se fosse para ser, que eu fosse primeiro! Por um lado, eu acho que estou feliz. Aqui, nada dói... Nem mesmo a saudade. Eu consigo ver todos daqui, mesmo.

                Desleixadamente, e já sentindo-se à vontade, Leon se senta na nuvem. Rindo para si mesmo,

— Espero que demore muito para elas virem, mas sabe... Quando a Claire vier, acho que ela vai estar uma fera comigo!

                O Anjo sorrir dolorosamente. O amargo sabor de ser o mensageiro divino, é que algumas pessoas acabavam por surpreender ele -, e por isso, ele tomava para si a dor daqueles que seriam machucados pela saudade. Aproximando-se de Leon, o Anjo se senta ao lado dele, olhando para aonde as nuvens pareciam abrir um portal de onde uma forte luz emanava -, acolhendo, aquecendo aos dois ocupantes do local.

— Vou ficar aqui com você um tempinho, também...

                Leon agradece com um sorriso aberto.

— Valeu cara. Ei... Esse Matthew Mercer e o Nick Apostolides parecem gente boa, também. Eles estão fazendo um bom trabalho me representando, não é?

                Um único cristal em forma de lágrima cai do rosto do Anjo. Acenando positiva, ele responde:

— Estão sim, Haddad, estão sim.