História Pazuru o kumitate naoshimasu - Capítulo 31

 "Você tem andado estranho, Taehy." Namjoon falou depois de um longo silêncio. Já havia algumas semanas que o mais velho observava que o mais novo andava cabisbaixo. Nem mesmo o emprego na livraria o fazia ficar plenamente satisfeito, e mesmo quando ele estava feliz por estar na companhia de si, Namjoon não podia deixar de perceber uma nuvem de tristeza pairando sobre o jovem Kim. Era como se faltasse algo. E de fato estava faltando algo: Min Yoongi.

    "Yoongi hyung parece me evitar desde que voltei... Sabe, hyung, ele disse que manteríamos contato, mas sempre que eu ligo, ou ele está ocupado, ou quem atende é o Changkyun que diz que ele saiu para uma aula e esqueceu o celular. Ele também tem sido muito seco ao responder minhas mensagens." Taehyung deu um suspiro. "Parece que ele não quer me ter por perto, que não quer falar comigo, e isso me machuca, porque eu gosto de conversar com ele, de ter ele presente."

    "Ele é muito importante para você, não é?" Namjoon perguntou desviando o olhar para a tela do próprio celular, e acomodando-se melhor na cama. oque fez Taehyung rir.

    "Não me diga que está com ciúmes, hyung? Ele é só meu amigo. Um amigo muito importante que me fez entender melhor quem sou eu. Não tem porque você ter ciúmes. Eu escolhi você, nunca se esqueça disso." O rapaz disse roubando os lábios do mais velho para si em um beijo carinhoso. Esses momentos de carinho entre ambos não eram incomuns, mas naquele momento, Namjoon sentiu que Taehyung queria compensar algo, mas ignorou isso e apenas se deixou perder na sensação inebriante que era ter os lábios do outro entre os seus.

    "Eu gosto de ouvir você dizer isso... Faz eu me sentir seguro." Disse ao encerrar o beijo.

    "Você sempre se sentirá seguro se depender de mim, hyung!" Deu um sorriso.

    "Falando em segurança..." Namjoon consertou sua postura. "E o Park? Ainda tem te perseguido?"

    "Eu não sei se perseguido é uma palavra adequada..."

    "Claramente ele te persegue, Taehyung. Ele reordenou os horários dele para poder estar lá no mesmo período que você; arrumou um emprego poucas quadras acima da livraria, e convenientemente almoça no restaurante vizinho ao seu trabalho. Eu sinto que ele quer te vigiar o tempo todo. E não pense que eu esqueci que mas de uma vez ele veio te visitar bêbado depois da meia-noite, e em dias que ele já sabia que eu não estaria aqui. Claro que ele te persegue."

    "Okay, talvez ele ultrapasse os limites e não tenha muita noção do que seja espaço pessoal, mas ele é uma pessoa boa, hyung. Só precisa aprender a lidar com seus sentimentos..."

    "Com suas obsessões, você quer dizer..."

    "Por que você não dá uma chance a ele? Por que vocês não se dão a chance de se conhecerem e serem amigos?"

    "Porque nós dois queremos exatamente a mesma coisa, e ele não pensaria duas vezes em te tirar de mim caso surja a oportunidade ideal."

    "Ele sabe que eu quero estar com você..."

    "Meu sexto sentido me diz que isso não o impediria de fazer uma loucura para ter você... Mas não vamos falar mais sobre isso, vamos só aproveitar esse momento juntinhos." Namjoon disse trazendo Taehyung para mais perto de si, algo fazendo seu instinto protetor falar mais alto.

-B-

Senhora Park, seu filho ultrapassou todos os limites...

Eu não tive outra escolha...

Me perdoe!

J. Jeongguk

    Jimin era uma pessoa intensa... Amava com intensidade, odiava com intensidade. Tamanha era sua intensidade que ela beirava a insanidade. Não, ele não havia feito uma loucura ainda quando seus pais notaram que o filho estava agindo estranho, mas todas as vezes que era questionado sobre isso, Jimin não entendia o que estava sendo insinuado. Óbvio que não estava descontrolado. Não é porque havia perdido o controle duas ou três vezes que ele era um desequilibrado. Claro que não. Seu desequilíbrio era totalmente compreensível, não? Afinal, quem se manteria em perfeito juízo quando o seu namorado, o amor de sua vida, vivia pendurado em outra pessoa? Ninguém.

    Esse era o problema do Park. Ciúmes... Ele era ciumento demais. Ou talvez a palavra certa não fosse ciúmes... Já fazia certo tempo que o ciúmes de Jimin havia deixado de ser saudável para ser algo absolutamente doentio, e Kim Yugyeom sabia disso. Cada dia mais percebia que seu namorado apresentava um comportamento explosivo, e às vezes violento. Choi Youngjae, seu melhor amigo, sempre era o alvo principal dos ataques do Park, e não importava quanto Yugyeom ou Jeongguk tentassem interferir, Jimin sempre acusava o amigo de acobertar as traições do namorado.

    Para Yugyeom, a situação ficou insustentável numa noite em que ele havia saído com seus pais. Ele havia comentado com Jimin dias antes, inclusive o convidara, mas o mais velho declinou ao convite, o que foi a deixa para que Jeongguk acompanhasse o amigo em chatíssimo jantar de negócios, afim de não deixar o amigo completamente sozinho. Jimin sabia do jantar, mas a informação de que o melhor amigo e o namorado estariam num restaurante italiano, no centro da cidade, com o senhores e a senhora Kim, simplesmente se esvaíram de sua mente ao ver a mensagem que Youngjae enviou para o Kim na parte da manhã. Não era nada de mais, apenas um "Te espero aqui em casa", mas que aos olhos de Jimin eram praticamente uma declaração de amor. A raiva que sentiu foi tão intensa que a mensagem a seguir, um pedido de desculpas por mandar a mensagem para a pessoa errada, até passou despercebida.

    Ligou para Yugyeom imediatamente, mas o mais novo não atendeu... Como poderia? Seria indelicado sair da mesa no meio do jantar apenas porque seu namorado queria falar consigo, mas não conseguiu evitar. Na quarta ligação, discretamente, pediu licença e foi ao banheiro. Antes mesmo de colocar o telefone no ouvido já podia ouvir os gritos e a respiração ruidosa do mais velho. Ele estava possesso, Yugyeom tinha certeza.

    "Então o Choi está te esperando na casa dele. Já chegou aí? Como se sente sabendo que eu descobri sua traição? Você podia ter sido mais inteligente, meu amor... Devia ter excluído o histórico da conversa. Além de traíra é burro, Yug?" despejou seu veneno, ou melhor, despejou sua raiva.

    "Do que você está falando, Jimin? Eu estou aqui no restaurante com meus pais e o Kookie. Poderia ser com você, mas você declinou a atender meu pedido para que viesse comigo, não foi? Outra coisa, você não acha que é invasivo demais você ler minhas mensagens? Como conseguiu a minha senha?" Yugyeom respondeu com um tom de voz calmo. Já estava acostumado com os rompantes do namorado, rompantes esses que estavam se tornando cada dia mais frequentes.

    "Sua maior preocupação é como eu consegui sua senha? Devia ser me explicar essa traição... Eu sempre desconfiei de você com aquele cara, mas vocês, todos vocês diziam que eu estava sendo paranoico, não é?"

    "Park Jimin, me escute... Eu amo você, juro que amo e que jamais te traí. Se você viu essa mensagem, também viu que em seguida Youngjae mandou outra mensagem explicando que mandou para a pessoa errada, não é? Mas você não se importa. Quer me colocar em uma redoma de vidro onde apenas você tenha acesso. Quer que eu viva para você, por você e apenas com você. Eu não aguento mais isso... Eu não aguento mais ter que te dar satisfações de cada passo que eu dou, Jimin... A sua falta de confiança em mim cansa." falou se escorando no espelho do banheiro. O rosto avermelhado indicava irritação, mesmo que mantivesse o tom de voz controlado.

    "O que você quer dizer com isso?" Jimin perguntou desconfiado. Em dois anos de relacionamento, aquela era primeira vez que Yugyeom dizia algo do tipo.

    "Que eu cansei... Eu estou terminando com você, Jimin. Eu não aguento ser vigiado o tempo todo. Você não confia em mim, e eu tenho medo de você quando está transtornado. Nossa história termina aqui." disse decidido. Pela primeira vez ele decidia impor sua vontade, e estava sentindo-se bem com isso. Sabia que se precisasse confrontar Jimin pessoalmente a coragem se esvairia, e ele acabaria sendo convencido pelos beijos doces e toques firmes do mais velho a continuar naquela relação doentia.

    "Yug, você não pode me deixar assim... Eu te amo, eu não posso viver sem você! Por favor, vamos... vamos conversar, sim? Podemos resolver isso juntos." Jimin tinha o tom de voz mais controlado agora, mas foi a vez do mais novo perder o controle. Quantas vezes já havia escutado que eles podiam conversar e resolver os problemas? E todas as vezes eram iguais. Ele apontava o que o incomodava, Jimin jurava que ia mudar, eles faziam amor, e no dia seguinte as coisas estavam exatamente iguais.

    "Agora você quer conversar, Jimin?" deu uma risada seca. "Quantas vezes eu quis conversar e você apenas prometia que as coisas iam mudar, sem escutar o que eu realmente queria dizer? Quantas foram as vezes que eu acreditei em você, porque eu te amo, e no dia seguinte você estava agindo da mesma forma? Se eu aceitar conversar dessa vez, vai acontecer como todas as outras: nós vamos terminar na cama, fazendo um sexo maravilhoso, mas no dia seguinte nossa relação continuará sendo um lixo. Eu não quero mais isso."

    "Yugyeom..."

    "A culpa deve ser minha. Eu não soube impor os limites no começo... Eu pensava 'o hyung sabe o que está fazendo', mas você claramente não sabe, Jimin. Você deixa suas emoções falarem alto demais e beira a insanidade por isso. Você me sufoca e me apavora com seu jeito perseguidor. Você está em todos os lugares, e quando não está, dá um jeito de saber o que estou fazendo e com quem estou fazendo... Você matou nosso relacionamento, não dá mais."

    Silêncio.

    Jimin não respondeu nada... Por um instante Yugyeom cogitou voltar atrás e dizer que podiam tentar começar de novo, desde que Jimin soubesse enxergar os limites, mas não teve tempo para isso.

    "Tudo bem Yug. Você quer terminar comigo? Sem problemas... Mas se você não ficar comigo, com o Choi você também não vai ficar. Você é meu até eu dizer que não quero mais, entendeu?"

    "Não, não sou... Eu não sou mais sua mercadoria, seu brinquedo, seu seja lá o que for. Eu vou viver minha vida, e você não será mais parte dela. Aceite você ou não, acabou."

    Jimin não respondeu, também não deu tempo para que Yugyeom falasse mais nada. Apenas desligou o telefone e saiu de casa decidido a fazer valer sua palavra. Se Yugyeom não ficaria consigo, com Youngjae também ele não permitiria. Estava transtornado que não pensou nas consequências dos seus atos quando colocou fogo na casa da família Choi. Pensava apenas em vingança, mas não foi bem sucedido. Um vizinho viu o que acontecia na casa vazia e chamou os bombeiros e a polícia. Jimin foi levado em custódia e o incêndio foi contido antes que estragos maiores pudessem ocorrer.

    Agora que a raiva havia cedido, Jimin se deu conta do que estava fazendo e se desesperou. Quando foi que havia perdido a sanidade assim? Como ele não havia percebido o que estava acontecendo consigo. Agora, tomado pelo choque de seus atos, recordou-se de quantas vezes alterou a voz para o ex-namorado, ou de quantas vezes o agrediu, mesmo sem ter a intenção de agir assim. Ainda era menor de idade, então precisou que seus pais fossem até a delegacia. Obviamente ele seria punido pelo seu crime, mesmo que o senhor Choi garantisse que não registraria uma queixa, já que a família Park se comprometia a arcar com todos os prejuízos, mas ele mesmo se puniria eternamente.

    Na ocasião, sua mãe conseguiu conversar com ele, o mostrar que embora ele tivesse tido atitudes abomináveis, ele não era uma pessoa ruim, apenas precisava de um tratamento, e foi por isso que ele optou, uma "clínica de repouso". Jimin partiu para esse seu retiro disposto a voltar a ser o rapaz amável, compreensivo e companheiro que sempre fora, mas não sem antes se desculpar com as pessoas que ele tanto prejudicou: Yugyeom, Youngjae e Jeongguk. Desses três, apenas Jeongguk permaneceu ao seu lado durante todo o tratamento. Visitava-o todos os fins de semana, cuidava dele, protegia ele, se apaixonou por ele. Jimin nunca retribuiu os sentimentos do amigo, em parte porque o via como um irmão mais novo, e nunca tentou se apaixonar pelo mais novo porque tinha medo de se tornar aquele monstro de novo.

    O jovem Park deixou a clínica dois anos após o incidente com os Choi. Estava recuperado, embora soubesse que poderia ter recaídas a qualquer momento se não se policiasse, mas estava confiante de que não voltaria a ser a pessoa que havia sido durante um período de sua vida. Estava disposto a ser a melhor pessoa que pudesse ser a fim de não machucar as pessoas que lhe eram preciosas. E ele realmente conseguiu manter sua promessa por um tempo, pelo menos até ver Kim Taehyung namorando Kim Namjoon.

    Aquela foi a razão pela qual Jimi caiu tão fundo. Ele amava Taehyung, mas sabia que Taehyung não podia amar a si, e se ele não ficasse consigo, ele também não permitiria que ele ficasse com Namjoon.