Quando o ar nos falta Peeta encosta sua testa na minha, eu encaro seus olhos e vejo o quão brilhante eles estão, sorrio para ele me afastando de leve.
— Acho melhor irmos jantar. – Digo, coro um pouco quando encaro seus lábios, inchados e vermelhos pelo beijo que acabamos de trocar.
— Se você quer... – Ele diz se aproximando mais de mim.
— É melhor... – Digo.
— Vai primeiro, daqui a pouco eu apareço. – Ele diz, vindo até mim. Eu esperava que ele beijasse meus lábios, mas não. Peeta me dá um simples e carinhoso beijo na testa, em seguida sorrindo para mim. Retribuo o sorriso lhe dando um rápido selinho e saindo pela porta sem ser vista.
Ando pelos corredores atônica, tentando assimilar o que acabou de acontecer. Entro no vagão onde será servido o jantar e todos se viram para mim. Por um momento penso que talvez eles tenham o poder de ler mentes e tenham descoberto o que acabou de acontecer. Mas aí me lembro que essa vergonha é somente a minha consciência me lembrado que talvez eu tenha feito algo errado.
— Docinho. – Haymitch diz sorrindo.
— Boa noite pessoal. – Digo, me sentando ao seu lado enquanto Haymitch me acompanha com o olhar.
— Não viu Peeta? – Ele pergunta tomando um pouco do vinho que foi servido antes do jantar.
— Não, você foi ao quarto dele? – Pergunto me fazendo de inocente.
— Sim, mas não o encontrei lá. – Ele diz, com uma expressão séria no rosto.
— Haymitch, depois quero que você me conte direito sobre essa história dos flashbacks do Peeta. – Eu o encaro e ele me olha surpreso. — Por que vocês não me contaram?
— O garoto pediu para não te dizer nada. Ele não quer que você se culpe. – Ele diz sussurrando.
— Mas é claro que eu me culpo. – Digo baixo e com tristeza. — Todos sabemos que isso é minha culpa.
— Não, não é.
— É sim. E é muito feio da parte de vocês não me contarem nada, ainda mais depois de... – Paro de falar quando vejo Peeta entrando no vagão e se sentando ao lado de Haymitch.
— Você está bem garoto? – Haymicth pergunta para Peeta, que lhe abre um sorriso alegre.
— Melhor impossível!
— Parece que estamos muito contentes hoje. – Diz Effie, com o sotaque da Capital bem atacado.
— Falta quantas horas até chegarmos no Distrito 7? – Pergunto encarando meu prato.
— Chegaremos lá pela manhã. – Diz Effie sorrindo. — Katniss, é bem provável que Plutarch Heavensbee esteja lá amanhã. Então por favor Haymitch, certifique-se que o arco de Katniss não esteja por perto. – Ela diz de forma séria e todos caem na gargalhada.
— Hey! – Digo me fazendo de ofendida. — Eu jamais faria isso.
— Sabemos. – Diz Haymitch ainda sorrindo.
*-*
Quando termino de comer, espero um pouco e vou para meu quarto, eu já tinha tomado banho então deito em minha cama, mas não sinto nem um pouco de sono, decido então ir até o último vagão, olhar o céu me acalma de certa forma.
Assim que abro a porta sinto meu corpo gelar, Peeta está deitado sobre o braço esquerdo no sofá, e pelo o que eu estou vendo ele encara o céu. Tudo está escuro, exceto pela luz da lua.
— Oh, me desculpa, eu não sabia que você estava aqui, quer dizer, não sabia que tinha alguém aqui...
— Tudo bem. – Ele vira a cabeça para o meu lado e sorri. — Não conseguiu dormir?
— Alguma coisa desse tipo. – Digo sorrindo. — E você?
— Alguma coisa desse tipo. — Ele diz, voltando sua atenção para o céu. — Venha, sente-se aqui.
Fico congelada por alguns instantes, não quero que se repita o que aconteceu mais cedo.
— Eu não mordo não, Katniss. – Ele diz, e pela claridade da luz da lua o vejo sorrir.
Aproximo-me sentando perto de sua cabeça. Daqui tenho uma visão linda do céu. Mas tenho uma visão ainda mais linda do rosto de Peeta.
— É lindo. – Digo olhando o céu estrelado.
— Ah, obrigado. – Diz Peeta sorrindo.
— Não estou falando de você, Peeta.
— Nossa, essa doeu. De verdade! – Ele diz fingindo tristeza.
— Você é lindo também. – Quando tais palavras saem de minha boca, sinto vontade de pegá-las de volta.
— Wow, Katniss Everdeen me elogiando? – Ele diz com uma voz animada. — Vai chover porquinhos cor de rosa com bolinhas brancas. – Ele diz e não consigo conter uma gargalhada.
— Não exagera Peeta. – Digo, evitando olhar em seus olhos.
— Tudo bem, eu sei que sou perfeito e que sou seu sonho de consumo. – Ele diz, e posso imaginar que está sorrindo. Ele está querendo me deixar constrangida, e para ser sincera, está conseguindo.
— Eu não disse isso. – Digo olhando em seus olhos.
— Disse sim.
— Bom, aquilo foi diferente. Eu já disse que estava sob pressão. – Digo sorrindo.
— Então, você mentiu para mim? – Ele diz, fazendo cara de cachorro molhado.
— Sim, mas você me obrigou. – Digo.
— Então quer dizer que eu não sou seu sonho de consumo? – Ele pergunta com voz de inocente.
E esse é Peeta Mellark, o único ser humano que consegue me deixar completamente sem ação, eu devo estar agora parada, fixada em seus olhos e deixando um sorriso bobo escapar dos meus lábios.
— O céu está tão bonito hoje. – Digo, olhando para o céu novamente.
— Está tentando mudar de assunto, Srta. Everdeen?
— Peeta...
— Você está corando? Estou te deixando constrangida? – Ele diz, e solta um sorriso de lado.
— Acho melhor eu ir dormir, não dá para falar com você hoje. – Digo me levantando.
— Hey, não precisa ir. Vou me comportar. – Ele me encara.
— Está bem. – Sento-me novamente.
— E então?
— E então, o que? – Digo confusa.
— Você estava corando, aquilo foi um sim? – Ele pergunta.
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