-Isso é uma ameaça? –Jennifer perguntou sem qualquer sinal de medo ou receio.
-Apenas um aviso. –Disse sem alterar o seu tom frio.
-Não ficaria tão confiante em seu lugar querido. –Rebateu com um pequeno sorriu nos lábios. –Sabe bem do que sou capaz quando provocada.
Sem mudar a sua expressão Jennifer se ajeitou na cadeira apoiando a mão no rosto, enquanto Michael a encarava contrariado por ela tê-lo desafiado. Notou uma chama de raiva queimando em seus olhos, assim como a mandíbula travada e sua boca levemente contorcida para o lado. Não podia negar que ele ficava atraente de verdade quando estava com raiva, mas não estava no clima para desfrutar de seu charme e beleza. Na verdade, não queria saber de nada com ele depois do que aconteceu, sequer sabia quando estaria à vontade para retomar as suas funções de esposa. Mas ainda estava disposta a lutar por Michael e tudo que tinham construído juntos, não era capaz de abandona-lo naquele momento de dificuldade. Queria ajuda-lo a sair daquele abismo das drogas, mas se recusava a permitir que seus filhos crescessem com um pai viciado. A sua esperança era de que ele aceitasse fazer o tratamento na clínica, caso contrário Jennifer não teria escolha a não ser proteger seus filhos. O futuro deles dependia da decisão que fosse tomada, mesmo sem saber Michael tinha seu destino e o de todos que amava nas mãos.
Michael notou que não seria fácil intimidar Jennifer daquela vez, mas não podia deixá-la fazer a loucura de ir embora com as crianças. Por um momento sentiu falta da mulher fraca incapaz de desobedece-lo, a Jennifer de antigamente jamais teria coragem de bater de frente com ele. Aquela mulher na sua frente era quase impossível de se dobrar, mas ela não iria lhe dar ordens nem obriga-lo a se internar em uma clínica. Não podia deixar que ela o desrespeitasse daquele jeito em sua casa, ainda era o homem daquela relação e o chefe daquela família. Apesar de sua expressão calma ele estava borbulhando de raiva, tanto que podia sentir seu sangue ferver nas veias e a cabeça latejando. Jennifer estava levando-o ao limite do seu autocontrole com aquela discussão, mas não iria perder o controle e acabar explodindo na frente dela. A última coisa de que precisava era provar que estava fora de controle, precisava pensar com calma no que faria a seguir. Respirou fundo tentando colocar os seus pensamentos em ordem, tinha que agir com calma para convence-la a desistir daquela bobagem. Observou sua expressão calma e firme ao encara-lo, pode notar que ela estava mesmo disposta a enfrenta-lo de frente se fosse preciso.
-Está mesmo disposta a ficar contra mim?
-Sempre estive ao seu lado fazendo o possível para apoia-lo de todas as formas, mas não me peça para sacrificar as crianças. –O encarou revelando certo receio no olhar. –Farei o que for preciso para protege-los.
-Sabe que eu amo meus filhos e sou capaz de qualquer coisa para protege-los.
-Menos garantir que eles tenham um pai para cuidar deles. –Disse desviando o olhar.
-Eu estou bem e não vai acontecer nada comigo. –Afirmou erguendo um pouco a voz.
-Mesmo que não aconteça com você pode acontecer com eles. –Afirmou um pouco alterada. –Tem noção do que teria acontecido se algum deles tivesse entrado no quarto ontem? Como os teria afetado?
-O que aconteceu de tão grave ontem à noite?
-Você não lembra? –O encarou confusa.
-Não. –Admitiu ao se sentar tendo um mal pressentimento.
-Sorte a sua. –Disse desviando o olhar para a janela.
-Sorte a minha por que? –Perguntou sentando de frente para ela. –Aconteceu alguma coisa?
-E ainda pergunta! –Disse passando a mão pelo rosto.
-Foi alguma coisa que eu te disse?
-Quem dera se tivesse apenas falado. –Comentou mais consigo mesma do que com ele.
-Jenni. –Tentou segurar sua mão, mas ela recusou seu toque. –Me diz o que aconteceu ontem à noite.
-Eu... eu não quero falar sobre isso. –Disse secando uma lagrima que havia escapado.
-Jenni, por favor.
-Preciso ficar sozinha. –Completou se levantando. –Não dá mais.
-Espere.
Jennifer saiu deixando-o sozinho com os seus pensamentos e duvidas, realmente precisava de um tempo longe dele para descansar e se recompor. Simplesmente não tinha mais forças para continuar com aquela discussão, na verdade sequer conseguia olha-lo nos olhos depois do que aconteceu. Também acreditava que ele precisava de tempo sozinho para refletir melhor, talvez assim pudesse pensar com calma e tomar a melhor decisão. Michael permaneceu sentado sem se mover, antes de se levantar caminhando lentamente pela sala silenciosa e pouco iluminada. Parou observando alguns objetos de decoração na pequena estante com cristais, enquanto se perguntava o que havia sido feito com a sua vida. Observou uma bailarina de porcelana frágil e preciosa, assim como a sua felicidade só que diferente da estátua essa estava estilhaçada. Não sabia o que fazer para concertar as coisas com Jennifer, muito menos do que ela era capaz de fazer com ele agora. Se ao menos soubesse qual foi seu erro talvez pudesse concertar, mas por mais que tentasse não conseguia se lembrar de nada sobre aquela noite. Mas havia uma coisa da qual lembrava então pegou o telefone, tinha alguém que podia ajuda-lo a esclarecer o que aconteceu. Nervoso secou a sua mão suada na calça enquanto esperava alguém atender, deu-se conta de que poderia não gostar de saber o que houve.
-Residência de Elisabeth Taylor. –Uma voz feminina disse do outro lado.
-Alo aqui quem fala é Michael Jackson. –Se apresentou disfarçando o nervosismo. –Poderia passar para a Elisabeth?
-Só um instante senhor Jackson. –Esperou um pouco antes de ser atendido.
-Alo Michael. –Elisabeth disse do outro lado. –Que bom que você ligou estava preocupada.
-Oi Liz sobre que você ajudou Jennifer a cuidar da minha internação. –Não pode esconder que estava incomodado.
-Oh querido me desculpe, mas Jennifer me pareceu tão assustada que eu não pude dizer não. –Explicou de maneira doce.
-Tudo bem, eu sei que você só estava tentando ajudar. –Após uma breve pausa continuou. –E falando nisso Jennifer te disse porque eu precisava ser internado?
-Não chegamos a entrar em detalhes Jennifer estava tão nervosa que mal conseguia falar. –Explicou um pouco hesitante. –Levei vinte minutos para faze-la parar de chorar.
-E ela não disse o que aconteceu? –Perguntou mordendo o lábio nervoso.
-Não apenas disse que estava com medo e que precisava de ajuda. –Contou temendo o que poderia ter acontecido. –Cheguei a pensar em mandar alguém para a sua casa busca-la junto com os filhos. –Admitiu sem jeito. –Michael tem alguma coisa que você queira me contar?
-Não. –Respondeu sem entender o porque da pergunta. –Só estou tentando me situar quanto a situação.
-Sabe que eu sempre vou te apoiar e entender não importa o que tenha feito. –Afirmou em tom maternal. –Sou sua amiga e sempre vou estar aqui para o que for preciso.
-Jennifer está bem? –Perguntou lembrando dela.
-Sim ela só está um pouco nervosa. –Afirmou mesmo sabendo que era mentira. –Só precisa descansar. –Completou sem soar muito convincente.
-Tudo bem se eu conversar com Jennifer? –Perguntou com um tom estranho de voz.
-Claro. –Disse sem hesitar. –Quer que eu chame?
-Não depois eu ligo. –Recusou um pouco mais calma. –Quero de conversar com você primeiro. Então decidiu não se internar?
-Não eu não preciso fazer nenhum tratamento estou bem. –Garantiu com convicção. –Aquele foi só um incidente isolado, não vai se repetir.
-Tudo bem. –Concordou não queria contraria-lo. –Pode contar comigo se precisar de qualquer coisa.
-Eu sei Liz. –Disse de maneira doce. –Obrigado por ficar do meu lado.
-Disponha sabe que sempre estarei disponível. –Falou ternamente. –Cuide-se e da sua família não se esqueça que agora tem um bebezinho crescendo dentro de sua esposa.
-Pode deixar. –Disse entendo o que ela queria lhe dizer. –Eu vou cuidar bem deles.
-Tchau meu bem se cuida. –Falou antes de desligar.
Na suíte principal em frente a penteadeira Jennifer observava seu reflexo, seu cabelo estava preso expondo um hematoma no lado esquerdo da testa. Colocou um pouco gelo sobre o roxo no alto a testa, pelo menos o inchaço havia sumido apesar da região ainda estar bem dolorida. A sua cabeça estava uma bagunça com o que estava passando, tanto que nem ao menos parou para pensar sobre o que Michael iria achar. Apenas queria poder colocar tudo em ordem como fazia durante as crises e deixa-lo em forma para enfrentar a batalha que estava por vir. Por isso cuidou de tudo durante a noite sem ao menos avisa-lo, estava apenas tentando ajudar e tomar medidas para a sua proteção. Não conseguiu nada além de deixar as ainda coisas piores entre os dois, Michael nem sequer admitiu que tinha um problema ao contrário continuou negando. Aplicou corretivo e espalhou o pó compacto sobre a região para esconder, não podia aparecer com aquele rosto de jeito nenhum. Ainda levaria alguns dias para aquela marca desaparecer, até lá precisava cuidar para que ninguém visse aquilo não podia deixar que soubessem... Parou com o pincel na mão encarando a sua imagem no espelho, seus olhos arderam com as lagrimas que tomaram conta deles.
Eles não se encontraram no restante do dia Jennifer ficou na suíte principal, enquanto Michael preferiu se isolar não biblioteca para se recompor. A única movimentação na casa eram alguns funcionários, tomavam cuidado para não perturbar a paz no local ao cumprirem seus afazeres. Nenhum deles queria se encontrar com o outro depois do que aconteceu, tinham necessidade de um tempo sozinhos para pensar. Jennifer precisava de algumas horas de descanso mais que tudo, após uma noite em claro e a sua conversa estressante com Michael. Estava feliz por seus filhos terem ido passar o dia na casa dos avós, pelo menos eles estavam se divertindo longe de tudo aquilo. Precisava decidir o que faria quando eles voltassem para casa na manhã seguinte, não podia deixar que fossem afetados pelo o que estava acontecendo. Mesmo sentindo a falta dos filhos Michael sabia que era melhor mantê-los afastados, pelo menos até que as coisas se resolvessem entre ele e Jennifer. Estava sendo um dia extremamente melancólico para todos naquela casa, especialmente para Michael e Jennifer isolados cada um em um cômodo. Ambos haviam se recusado a sair ou atender quem quer fosse, apenas Jennifer se dispôs a fazer a sua refeição no quarto.
Sentado na biblioteca Michael refletia sobre sua perda de memória, por mais que ele tentasse não conseguia ter um lampejo de lembrança. Apenas pode presumir que foi grave pelo jeito de Jennifer estava, nunca a havia visto tão furiosa em toda a sua vida. Mas o pior foi o jeito como ela olhava com a mistura de desprezo e medo, aquilo o incomodava mais que a agua gelada no seu rosto. Não suportava que se sentissem assim quanto a ele muito menos Jennifer, precisava fazer algo para resolver aquela situação e voltar a ficar bem. Tocou seu ombro lembrando dos arranhões que tinha neste, percebeu que aquelas marcas foram feitas pelas unhas femininas. Além disso tinha aquela marca em seu abdômen e a forma como foi acordado, nada do que viu desde que acordou dava indícios de boa coisa. Se tivesse sido Jennifer que o agrediu significava que tiveram uma briga feia, nesse caso os seus problemas eram mais sérios do que imaginava. Tinha certeza de que ela jamais atacaria uma pessoa a troco de nada, o que significava que por alguma razão as coisas tinham saído de controle. Lembrou da forma como ela havia se referiu a noite anterior e que começou a chorar se recusando a tocar no assunto quando perguntou.
Passou mais algum tempo caminhando pelo cômodo sem nada para fazer, mas a verdade era que não queria sair daquela biblioteca tão cedo. Sabia o que tinha que ser feito para resolver a situação, mas não tinha coragem de encarar os seus demônios nem o que tinha além da porta. Não estava pronto para recomeçar a discussão que tinham interrompido, muito menos ouvir o que havia feito para deixa-la daquele jeito. Deu mais alguns passos pelo cômodo pensando no fazer, mas sabia que não tinha escolha a não ser enfrentar as consequências de seus atos. Era mais de cinco horas e não havia comido nada o dia inteiro, também não tinha o menor apetite para qualquer tipo de alimento. Mesmo que não quisesse precisava tomar uma atitude quanto aquilo, encarar Jennifer e o que aconteceu entre eles na noite anterior. Saiu da biblioteca indo em direção as escadas, enquanto repassava mentalmente o que diria e como deveria aborda-la. Nunca antes o corredor do andar superior lhe pareceu tão sombrio e assustador, enquanto seguia rumo a suíte principal de encontro a verdade. Ao entrar na suíte viu Jennifer dormindo reclinada sobre os travesseiros, tocou em seu ombro fazendo-a acordar e encara-lo um pouco assustada.
-Podemos conversar? –Pediu com a voz suave.
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