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História Pela Honra Do Rei - Verdade e Dor


Escrita por: anafelissimo

Capítulo 58 - Verdade e Dor


Após vários gritos de Dona outras detentas se uniram a ela gritando também, provocando um escândalo dentro da detenção da delegacia. Os gritos eram tamanhos que podiam ser ouvidos longe, até pelas pessoas que estavam na delegacia para resolver algum assunto. Assustados os queixantes e testemunhas presentes, começaram a perguntar o porque de tantos gritos, o que estava acontecendo. As ameaças e intimidações dos guardas que tentavam controla-las, foram inúteis para calar aquelas mulheres enfurecidas e revoltadas. Isso prosseguiu por quase quinze minutos até a tirarem dali, fazendo com que as presas se acalmassem e ficassem quietas. Mas Jennifer não foi para um pronto socorro ou enfermaria, ao invés disso um guarda a levou para a sala de Eiche. A colocada em uma cadeira e a deixaram esperando pelo investigador, mesmo com dor Jennifer tentou se manter calma firme. Sabia que nada adiantaria implorar por auxilio deles, provavelmente achavam que estava fingindo para chamar atenção e causar pena. Tinha que sair dali antes que fosse tarde demais, mas sua única chance era que a tirassem antes que fosse tarde. Rezava em voz baixa para Michael e Nicolas a tirassem daquele inferno, enquanto implorava a Deus que não a castigasse assim os seus pecados. Assustou-se com o som da porta batendo, quando Eiche entrou ele sentou por trás da mesa com uma pasta em mãos.

 -Você causou uma tremenda confusão. –Comentou com um tom de ironia. –Atrizes, atrizes. –Balançou a cabeça sorrindo.

 -Somos apenas seres humanos. –Disse com um pouco de dificuldade. –Não que vocês tratem os que estão presos aqui como tal.

 -E são todos pobres inocentes injustiçados. –Falou ironicamente. –E LaToya está em uma praia tomando daiquiris, enquanto conversamos.

 -Não posso garantir quanto a praia, mas ela não gosta de daiquiri. –Disse sem se importar em soar convincente, afinal já não se importava mais em convencê-lo. –Você pode perguntar a ela pessoalmente depois.

 -Isso é uma ameaça?

 -Não apenas estou sugerindo que a procure como se deve ao invés de arriscar vidas de oficiais com animais selvagens. –Afirmou lutando para se manter firme. –Não vão encontrar nada no rancho. –O encarou com raiva. –Nada!

 -Acha mesmo que conseguiu esconder tudo? –Deu a volta na mesa se aproximando dela. –Não deveria subestimar o trabalho da perícia. –Completou segurando seu queixo.

 -Eu não escondi nada, por que não tenho nada a esconder. –Afirmou encarando-o com asco. –Diferente de você.

 -Não vai continuar tão convencida quando as provas aparecerem. –Afirmou sentando na mesa diante dela. –Melhor ir se acostumando com as nossas instalações pois vai passar muito tempo aqui.

 -Vocês não têm prova de que eu fiz algo por que não tem nada para provar, mas o que estão fazendo comigo não vai ficar impune. –Disse se encolhendo de dor.

 -Quem acha que engana com esse teatro? –Perguntou irritado com a sua expressão de dor. –Estava planejando atuar como a pobre mulher sofredora em frente aos fotógrafos? Pois saiba que daqui você não sai nem por decreto.

 -Vai se ferrar! –Desviou o rosto com raiva.

 Na sala da coletiva de imprensa os jornalistas presentes e seus convidados, começavam a ficar impacientes estavam esperando muito tempo. Tinham chegado por volta das nove da manhã e até então não tinha acontecido nada fora as aguas e petiscos que foram oferecidos para todos. Apesar de eles serem profissionais estavam cansados de esperar, tanto que se perguntavam se não seria melhor irem embora. Nem ao menos sabiam por que foram convocados para aquela coletiva, já que quem a organizou aquilo não haviam dado nenhum detalhe sobre. Apenas lhes prometeram uma grande revelação sobre os Jackson e que esta provocaria uma reviravolta em seu último escândalo. Era justamente essa promessa de um furo gigantesco que fazia ficar ali e continuarem esperando mesmo sem ao menos saberem pelo o que aguardavam. A sua espera chegou ao fim um porta voz subiu no palco, avisando que preparassem os equipamentos para transmitir ao vivo. As câmeras e microfones foram ligados e apontados para o palco montado, enquanto os olhares curiosos se dirigiam à espera da grande revelação. Logo a curiosidade deu lugar ao mais completo choque, quando viram quem daria aquela coletiva subindo lentamente no palco.

 Havia um grande grupo de jornalistas e fotógrafos acampados em frente à delegacia, estavam à espera de algum furo ou exclusiva da polícia. Sabiam que Jennifer Jackson tinha sido detida lá dentro e que uma foto dela algemada sendo transferida deixaria um paparazzo rico. Tinha uma ansiedade crescente entre os presentes, aquela história era tão macabra que prendia o público pela morbidez. Eles não se importavam se uma vida poderia ter sido cruelmente tirada, apenas queriam garantir a maior audiência possível para a cobertura.  Muitos jornalistas conversavam com os membros de sua equipe, enquanto aguardavam qualquer coisa interessante acontecer. Nesse momento um comboio com sete SUVs pretas chegou na delegacia, afastaram-se dando passagem para os veículos. Assim que estacionaram em frente ao prédio a porta do veículo do meio foi aberta e Michael saltou deste usando óculos escuros um chapéu e terno preto. Ele foi seguido por Clark e um grupo de mais vinte homens, os dois junto a Michael usavam terno e os demais sobretudo.

 Ignorando toda a chuva de fleches e perguntas dos reportes que os cercaram, seguiram para o interior da delegacia desaparecendo pelas portas desta. No interior desta Michael foi na frente até a recepção, onde uma guarda que estava nela encarou aqueles homens assustada. Parecia uma invasão prestes a acontecer, tanto que a moça acenou para dois policiais próximos ajuda-la. Não havia ninguém além de oficiais e alguns funcionários circulando àquela hora, mesmo se houvesse não ficariam para ver o que aconteceria. Mesmo com a evidente tensão entre os que o cercavam Michael e seus guardiões se mantinham calmos como se estivessem entre amigos. Como Los Olivos era uma cidade pequena não haviam muitos policiais, tanto que o grupo deles era muito maior que o efetivo. Os oficiais estavam assustados com a ideia que acontecesse um confronto, sabiam que se houvesse o reforço não chegaria a tempo de ajudar. Do lado de fora a mídia aguardava ansiosa por notícias, sem fazer a menor ideia do que estava acontecendo lá dentro. Na recepção Michael olhava com divertimento para moça o encarando assustada, não podia negar que era divertido como tinha deixado a todos receosos. Conteve seu sorriso ao ver que tinham entendido seu recado, esperava que não fossem tolos e fizessem alguma besteira.

 -Boa tarde. –Disse quebrando o silencio entre eles.

 -Boa... boa tarde senhor. –A mulher disse tentando recobrar o autocontrole. –Em que posso ajudá-lo?

 -Vim buscar a minha esposa. –Falou enquanto o homem ao seu lado abria uma maleta.

 Eiche ainda estava conversando com Jennifer quando interfonaram da recepção, lhe avisando sobre a “invasão” que aconteceu na delegacia. O seu primeiro impulso foi correr para trancar a porta, mas outro agente que não sabia sobre o ocorrido apareceu impedindo-o. Eiche mal teve chance de mandar ele sair do caminho, ele estava nervoso e falando muito rápido que estavam com problemas. Disse que Sneddon estava tentando falar com ele a quase meia hora e que era para ele ligar em canal apontando para a televisão na sala. Confuso Eiche virou olhando para a mulher sentada atrás dele, pode jurar que a viu sorrir ao perceber quão perdido estava. O fato era que não fazia a menor ideia do que estava acontecendo, foi quando lembrou da televisão e decidiu ver do que ele falava. Andou até o aparelho sintonizando no canal que o homem disse, logo surgiu a imagem de LaToya dando uma coletiva para toda a imprensa. Eiche ficou pálido e sem palavras diante daquela imagem, parecia ter perdido todo contato com a realidade diante daquela imagem. Achou que fosse uma gravação anterior ao seu desaparecimento, mas estava escrito ao vivo logo abaixo na imagem.

 -Senhora Jackson quando as agressões de seu ex começaram? –Um jornalista lhe perguntou.

 -Desde o primeiro dia. –LaToya respondeu um pouco reflexiva. –Sempre que eu me negava a fazer alguma coisa ou ele estava de mau humor, na verdade não lembro de um só momento que não tenha sido agredida.

 -Por que você nunca procurou ajuda? –Outro jornalista perguntou.

 -Jack me mantinha sob constante vigilância, tirou todo o dinheiro da minha conta, grampeou o telefone e sempre que eu saia o segurança ia junto. Teve uma vez em que tentei denuncia-lo quando fui parara no hospital, devido a uma cadeirada que levei na cabeça. –Disse tocando na região em que foi golpeada. –Mas o Jack alegou legitima defesa e todos acreditaram nele sem duvidar. –Completou com a voz embargada.

 -Como conseguiu escapar do cativeiro? –Uma repórter perguntou.

 -Minha cunhada Jennifer descobriu a situação em que eu estava e me enviou ajuda. –Explicou pondo a mexa de cabelo atrás da orelha. –Passei as últimas semanas passando por tratamento para me recuperar dos traumas físicos e mentais que sofri.

 -Então você não foi sequestrada por Jennifer Jackson?

 -Isso é um completo absurdo a única pessoa que me manteve como refém e me torturou por anos foi Jack Gordon. –Afirmou com a expressão séria. –Jennifer me salvou.

 As perguntas prosseguiram sobre os detalhes dos abusos e como tinha sido salva, nunca antes ela tinha sido de fato ouvida por alguém sobre o assunto. Apesar de alguns repórteres estarem sendo maliciosos, insinuando que ela seria culpada pelas agressões a maioria foi gentil. LaToya respondia pacientemente as perguntas, enquanto nos bastidores Nicolas assistia satisfeito com o que estava vendo. Mesmo não tendo sido da forma tranquila e natural que eles planejavam, LaToya tinha voltado e Jennifer estava livre de qualquer acusação. Em choque Eiche desligou a televisão antes de se afastar dessa, arrastou seus pés pela sala sentando-se na cadeira apático. Simplesmente não podia acreditar no que estava acontecendo era impossível, tanto que levou um tempo para voltar a realidade. Um pouco tonto ergueu os olhos com a sala girando ao seu redor, ainda levou alguns segundos para se situar novamente na situação. O policial e Jennifer o encaravam com cara de expectativa, aguardando que abrisse as algemas ou dissesse alguma coisa. Logo o som de vozes e passos se aproximando chamaram a atenção deles, Michael e os seus homens estavam chegando rápido. Indiferente daquela entrevista eles estavam em maus lençóis e pelas vozes do lado de fora a cabeça de alguém ali ia rolar. Vendo que o Eiche não se movia o policial se adiantou pegando as chaves e se aproximou de Jennifer abrindo as algemas que ela estava usando.

 -O que está fazendo? –Eiche perguntou voltando a realidade.

 -O que você acha? –Perguntou terminando de solta-la. –Está um caos lá fora essa mulher tem que sair daqui antes que as coisas saiam de controle.

 -Você não pode fazer isso ela está a nossa custódia.

 -Sob que alegação? –Perguntou ajudando-a a se levantar. –Acorda Eiche a casa caiu isso não é mais uma detenção, mas um sequestro se quer morrer peitando aqueles homens faça sozinho. –Completou antes de saírem.

 Sentindo-se um pouco tonta Jennifer precisou ser amparada pelo policial, enquanto saíram da sala de Eiche a passos lentos e hesitantes. Assim que saíram no corredor eles se viraram dando de cara com Michael e os seus seguranças que andavam rapidamente em sua direção. Jennifer sorriu aliviada ao vê-lo ele finalmente tinha ido busca-la, parecia que o sol voltou a brilhar após meses de inverno. O policial que estava ao seu lado soltou o seu braço se afastando um pouco, deixando claro que não ia impedi-los de leva-la em embora que não precisavam atirar. Michael correu em sua direção abraçando-a ternamente junto ao seu peito, estava aliviado em tê-la de volta em seus braços a salvo. Tudo o que queria era leva-la para casa para junto de sua família, já tinham aguentado demais daqueles abusos não ia tolerar mais tinha acabado. Mas logo toda alegria deu lugar a um medo ao notar sua expressão e tristeza no seu olhar era claro que tinha alguma coisa errada. Tocou no seu rosto frio e pálido sentindo o coração apertar pela angustia, parecia que ela havia passado semanas e não algumas horas presa. Fechou sua mão em punho ao lembrar o que passou, imaginando o que eles teriam feito com a Jennifer naquele lugar.

 -O que te fizeram? –Perguntou com garganta apertada.

 -Me leva pro hospital. –Pediu antes de apagar.

 Michael a pegou no colo correndo o mais rápido que podia com ela nos braços, sendo seguido de perto pelos homens que os acompanharam. Michael logo surgiu em frente à delegacia com Jennifer nos braços, chamando a atenção dos paparazzi que os fotografavam sem trégua. Estes foram ignorados por Michael que passou como uma flecha, entrou correndo em um carro que partiu quase os atropelando. Apesar de ter sido rápido alguns deles conseguiram tirar as fotos, então estes analisavam o material que haviam conseguido. Como o vestido que Jennifer usava era de um azul muito claro, então a mancha vermelha na barra deste podia ser vista nas fotos. Sem se importar com que tinham fotografado ou publicariam sobre o que aconteceu, no banco Michael permanecia com Jennifer no colo. Dor e raiva se misturavam em seu interior pelo que passaram, tanto que mal conseguia pensar direito tamanha a angustia que o oprimia. Enxugou o suor frio da testa de Jennifer sentindo sua pele gelada, enquanto rezava para ela e o seu filho ficarem bem. Secou a lagrima de angustia em seu rosto que havia deixado escapar, olhou para a frente procurando pelo hospital que parecia inalcançável.

 -Michael. –Jennifer o chamou com a voz fraca ao acordar. –O meu bebê eu não quero perde-lo.

 -Calma querida vai ficar tudo bem. –Disse tentando tranquiliza-la, enquanto afagava os seus cabelos.  –Aguente firme. –Completou lutando para não chorar.

 



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