História Pela Honra Do Rei - Notícias Desagraveis

 -O médico disse que Andrey terá alta amanhã. –Gregory disse chamando a sua atenção.

 -Que bom. –Disse voltando a si. –Onde está Anthony? –Perguntou notando a ausência deste.

 -Está no quarto com Andrey. –Respondeu sentando ao seu lado. –Deixei os dois conversando.

 -Acha uma boa ideia? –Perguntou claramente preocupado com o que poderia acontecer.

 -Não precisa se preocupar Andrey vai se comportar tem uma enfermeira acompanhando-os. –Explicou presumindo que ele estivesse temendo pela segurança de Anthony. –E pelo que pude ouvir antes de sair eles parecem estar se dando bem.

 -Andrey não ficou ressentido com o que Anthony fez?

 -Acho que ele está com mais envergonha de tudo o que fez com o seu filho. –Disse de maneira reflexiva, após uma pausa prosseguiu. –Sinto muito pelo o que aconteceu não fazia ideia.

 -Não precisa se desculpar Anthony está bem diferente de Andrey. –Afirmou permanecendo de cabeça baixa sentindo-se constrangido.

 -Não precisa ficar assim o que aconteceu foi um acidente e pelo que pude entender Anthony só estava tentando se defender.

 -Você é a última pessoa que imaginei ver defendendo Anthony.

 -Entendo muitos pais se recusa a admitir quando os filhos estão errados, preferem travar uma guerra contra o mundo a enxergar a verdade. Como advogado lido com pessoas assim o tempo todo, só não esperava que acabaria me tornando um deles mesmo sem ter intenção. –Afirmou com pesar na voz. –Eu sei que Andrey não é nenhum santo, tivemos uma conversa sobre o que aconteceu entre os meninos eu não fazia ideia de tudo que meu filho fez o seu passar.

 -Pelo menos Anthony está bem e inteiro diferente de Andrey. –Disse apoiando sua testa sobre os punhos. –Sinto muito por tudo o que meu filho provocou.

 -Não vou dizer que estou feliz com o que aconteceu e por meu filho estar aqui, mas entendo a atitude de seu filho e sei que ele não queria machucar ninguém. Apesar de um pouco inventivo e inconsequente Anthony é um bom garoto ele só está um pouco confuso não se preocupe.

 -Acho que você tem razão. –Disse se levantando. –Obrigado por sua compreensão e sabia que estou a sua disposição para o que precisar. –Completou lhe estendendo a mão.

 -Disponha. –Falou apertando-a. –Estou feliz por termos resolvido tudo da melhor maneira.

 Enquanto isso em seu escritório Jennifer tentava processar a sua surpresa, não podia acreditar que era mesmo o Toddy que estava do outro lado da linha. Mas sua voz era inconfundível além de irritante do jeito que se lembrava e a julgar pelo tom desta continuava sendo o mesmo sem vergonha de sempre. Toddy era o filho mais novo do tio Hans e o mais louco de todos primos e esta era uma razão para ele nunca ter ido visitar o seu pai em Los Angeles. Afinal ele não podia deixar Wisconsin sem que violasse a condicional, mas apesar dos seus deslizes sabia que Toddy tinha um bom coração. Além dele ser sem dúvida o cara mais divertido que conhecia depois de Michael, inclusiva achava que os dois seriam amigos caso se conhecessem melhor. Sorriu ao se lembrar a última vez que o viu ao visitar os seus tios nos anos setenta, fazia tantos anos desde aquele verão que tinha até se esquecido dele. Não podia negar que estava realmente surpresa com sua ligação repentina, afinal eles não conversavam desde que Hans o proibira de lhe pedir dinheiro. Proibição que Toddy tomou como uma ordem para ficar longe da sua prima rica, mas pelo visto havia enfim decidido desobedece-la a procurando depois destes anos. Aquilo era tão inesperado que pensou que ele deveria estar com problemas, afinal não pensava em nenhuma outra razão para ele procura-la.

 -Parece que lembra de mim. –Toddy falou feliz por ter sido atendido.

 -Oi Toddy. –Disse de maneira animada. –Como vai?

 -Muito bem prima soube que seu marido mandou construir um castelo para você no Kansas. –Comentou de maneira descontraída.

 -Isso foi uma fofoca de tabloide essa gente adora inventar histórias, mas conhecendo Michael não duvido que ele seria capaz disso. –Disse com bom humor. –Você ainda não me disse como conseguiu o meu número.

 -Pedi para a Mel precisava conversar com você.

 -Aconteceu alguma coisa?

 -Não eu tô bem. Mas sabe eu estive pensado que faz um bom tempo que não vejo meu velho e nem o resto da família. E como o natal tá chegando e o pessoal sempre se reúne na sua casa, queria saber se tudo bem eu participar da festa com vocês este ano.

 -Por mim tudo bem, mas enquanto a sua...

 -Não se preocupe eu não estou mais em condicional sou um homem livre para ir vir. –Afirmou animado.

 -O tio Hans vai gostar de saber disso. –Falou feliz por ele não estar mais tendo problemas com a lei, pelo menos por enquanto. –Quer que providencie suas passagens?

 -Não precisa não eu me viro com a viagem, só preciso de um lugar para ficar.

 -Não se preocupe vou mandar prepararem um quarto para você no rancho.

 -Obrigado prima.

 -Não precisa me agradecer vai ser um prazer te receber para as festas.

 -Pode contar com isso nos vemos no natal tchau. –Disse antes de desligar.

 Após a sua conversa com Gregory e pagar pelas contas hospitalares de Andrey, Michael voltou para casa junto com Anthony por volta das quatro da tarde. Respirou fundo havia sido uma das conversas mais difíceis da vida sem dúvida, mas por sorte o problema já tinha sido resolvido da melhor maneira possível. Durante o trajeto reparava em Anthony sentado ao lado no banco de trás, enquanto este mexia distraidamente no zíper da mochila sobre seu colo. Estava tão calmo que nem parecia ter criado tantos problemas para todos, problemas dos quais ele ainda não se livrou diferente do que podia estar imaginando. Indiferente de suas desculpas não iria deixa-lo escapar sem uma punição, afinal Anthony tinha que aprender a arcar com as consequências de seus atos. Só não sabia como faze-lo perceber de fato o quão grave tinha sido o que fez, já que a visita a no hospital Andrey não parecia tê-lo deixado tocado a princípio. Assim que chegaram em casa o deixou com a babá e foi para o estúdio no porão, precisava adiantar o seu trabalho e de um tempo sozinho para pensar melhor. Sentado junto a mesa mixagem permaneceu imóvel refletindo sobre Anthony em como faria para lidar com suas complicadas questões emocionais e mentais. Por mais que tentasse simplesmente não conseguia entende-lo nunca pode, os seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do telefone próximo.

 -Alô. –Disse com desanimo se reclinando na cadeira. –Oi como vai?... Desculpe estive ocupado durante todo o dia... mudando de assunto. Encontrou a pessoa que pedi? ... –Sorriu satisfeito com a resposta. –E ela tem boas recomendações? ... E a disponibilidade? ... Excelente organize os documentos e avise que o trabalho começa em fevereiro com direito a todos os benefícios. Isso é tudo obrigado. –Completou antes de desligar, finalmente as coisas estavam funcionando direito pelo menos naquele assunto.

 Lisa estava ensaiando com Phillip e a equipe de produção durante todo o dia, parando apenas por uma hora para que os músicos saíssem para almoçar. Enquanto a cantora e seu arranjador preferiam comer no estúdio e aproveitar esse tempo para discutir as ideias que tinham para as canções. Sentados no sofá do estúdio eles comeram e conversaram sobre música e respectivas vidas profissionais como cada um decidiu que trabalharia com aquilo. Lisa estava se divertindo como a muito tempo não fazia e em pleno trabalho, Phillip a deixava à vontade para conversar livremente sobre o que pensava. Tanto que acabou esquecendo os perigos que aquele homem representava para seu autocontrole e integridade moral desde a primeira vez em que se viram. Estava tão integre aquela conversa agradável que ela só retomou a realidade, quando a equipe chegou fazendo-os retornar ao trabalho. Aquele estava sendo um dia agitado e bem produtivo para todos no estúdio e parecia que continuariam noite a dentro gravando as novas faixas para o álbum. Lisa estava muito inspirada e entusiasmada com as ideias que tinha para o seu álbum, especialmente por Phillip estar a incentivando a ousar mais nas canções. Nem de longe parecia o mesmo homem impaciente e autoritário de antes, tanto que poderia trabalhar a noite inteira com ele sem o menor problema.

 -Muito bem Lisa. –Phillip disse pelo microfone do outro lado do vidro. –Ficou incrível.

 -Gostou mesmo? –Perguntou tirando os fones se ouvido.

 -Sim, você se superou venha ouvir. –Chamou fazendo-a sair da cabine de gravação sentando ao seu lado para escutar a música.

 -Nossa. –Disse surpresa após ouvir os primeiros versos. –Nem parece que sou eu mesma.

 -Tem progredido muito esses últimos dias. –Phillip falou fazendo alguns ajustes na mesa de sonoplastia.  –Estou impressionado. –Completou se levantando. –Acho que por hoje é só.

 -Vamos ter aula de dança essa noite? –Perguntou ficando de pé animada.

 -Não vou poder ensina-la, hoje tenho um encontro. –Respondeu pegando seu casaco sobre a cadeira. –Amanhã podemos ensaiar.

 -Está bem. –Deu um sorriso amarelo sentindo-se sem jeito. –Até amanhã.

 -Até amanhã. –Disse antes de sair deixando-a parada no meio do estúdio.

 Sem ter mais cabeça para gravar o Michael decidiu subir e se unir a família, afinal sequer havia ido conversar com Jennifer sobre Anthony quando chegou. A verdade era que não tinha ânimo para falar sobre seu dia desgastante, havia passado horas resolvendo os problemas e precisava descansar a mente. Fora isso ainda teria que contar a Jennifer sobre a vinda de Nancy no natal, afinal não poderia deixar que ela chegasse no rancho sem qualquer aviso prévio. Pensou que o problema com o Anthony havia sido mais fácil de resolver, pelo menos nenhum dos envolvidos puxou uma tesoura para os demais. Mesmo com alguns pequenos detalhes para resolver antes de seguir, precisava contar a Jennifer sobre a expulsão e como Anthony iria estudar. Temia que ela se opusesse a ele ter aulas sozinha em casa, mas indiferente da opinião dela acreditava que aquilo era o melhor a se fazer. Suspirou vendo que não adiantava nada ficar sentado adiando a conversa, desligou a mesa de mixagem antes de levantar apagando a luz do estúdio ao sair. Na sala encontrou Jennifer no sofá com Ashley em seu colo e Thomas ao lado, enquanto Macaulay jogava vídeo game sentado sobre o tapete próximo. Como o Phillip passaria aquela noite fora e Anthony estava de castigo, seria os cinco no jantar esta era a rotina da família a um tempo.

 -Boa noite Michael. –Jennifer sorriu ao vê-lo.

 -Boa noite querida. –Se inclinou lhe dando um selinho.

 -Não te vi chegando.

 -Tinha muito trabalho para fazer no estúdio.

 -Como foi com o diretor e os pais dos meninos?

 -Papai. –Thomas chamou estendendo os braços. –Me dá colo.

 -Deu tudo certo. –Disse pegando-o no seu colo. –Anthony pediu desculpas e me comprometi a pagar pelos prejuízos e o tratamento de Andrey.

 -Ainda bem que tudo foi resolvido sem briga, Anthony parecia animado quando o vi. –Disse ajeitando Ashley no colo.

 -Ele deve ter gostado do passeio. –Falou sentando ao seu lado.  –Como foi o seu dia?

 -Tranquilo aproveitei a tarde para ficar com as crianças.

 -Que sorte. –Sorriu ao observar a caçula brincando com sua boneca favorita.

 O jantar transcorria tranquilamente conversaram sobre assuntos divertidos e seus planos para a festa de natal junto com a família que teriam no rancho. Os natais em Neverland eram muito conhecidos entre seus amigos e família, tanto que os convites eram disputados por pessoas de fora do seu círculo. Michael amava a alegria e o clima familiar das festividades desde pequeno, mas sua mãe pela religião não o deixava comemorar o natal nem as demais festas. Talvez fosse por isso ele fazia questão de comemora-lo o máximo que podia, queria compensar e dar a seus filhos tudo que não pode ter quando criança. Esperava que o clima fraternidade se mantivesse durante a festa aquele ano, apesar dos imprevistos e as surpresas pouco agraveis que surgiram recentemente. As crianças em especial eram as mais animadas em participar de todas as festas e passeios podendo brincar junto com os primos e amigos por quase o mês inteiro. Depois que as crianças foram dormir Michael decidiu conversar com a Jennifer, afinal havia adiado demais aquele assunto e era hora de enfrentar a fera.

 -Oi amor. –Sorriu ao entrar no quarto com uma taça na mão. –Achei que fosse gostar de algo doce. –Disse mostrando o sorvete de morango com cauda o favorito dela.

 -Obrigada querido. –Se ergueu lhe dando um selinho, antes de pegar a sobremesa.

 -Hans avisou que Charles e a família virão para o natal. –Disse torcendo para ela não surtar.

 -E quando a vassoura da Nancy pousa? –Largou a colher fazendo uma expressão de raiva.