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História Pela primeira vez... - A reunião


Escrita por: DarkMegami

Notas do Autor


Oi, gnt.
Eu não postei semana passada por dois motivos:
Primeiro: meu afilhado nasceu! Péssimo momento no meio de uma pandemia, né? Acabou que eu tive que ficar no hospital direto já que estão mais restritos por conta do corona. Todo mundo está bem, relaxem.

A segunda: Por mais que eu tivesse conseguindo escrever não estava conseguindo postar. Minha casa ficou com a internet meio zoada (ainda está, só que menos. Tô criando coragem para ligar para operadora).

Mas vamos lá...

Capítulo 9 - A reunião


Capítulo 8: A reunião

—Você realmente acha que ele vai fazer isso?

—Um roubo, Abraxas. Se eu deixar ele entrar sem iniciação não funciona.

Estavam ambos no dormitório masculino da Sonserina. Tom e Abraxas estavam sentados frente a frente na cama do loiro há algum tempo, tentando resolver a questão de outro moreno.

—Ele é diferente, Tom. Você vai dizer "roube isso" e ele vai te convencer de que é errado com palavras. 

O moreno suspirou, dando um sorriso leve e encarando os olhos cinzas na sua frente. Malfoy tinha razão. Era um saco ter que admitir aquilo, mas ele estava numa leve enrascada… Harry não era igual aos outros, mas também, se fosse, ele não ia ter qualquer interesse nele. 

—Eu sei. — Concordou — Mas eu preciso pensar em algo que convença. 

—É óbvio que precisa! Todos fizemos alguma coisa, Avery quase foi cruciado, Walburga repetiu os Nom's em Poções para conseguir roubar do estoque de Slughorn e eu...

—Eu sei, eu sei. Essas coisas me parecem muito aceitáveis para medir capacidade e lealdade, mas Harry… ele não vai querer fazer nem uma coisa simples. Acho que se eu pedir para ele xingar um professor ele diz que não. 

—E é por isso que eu acho que ele não dura uma semana nas nossas reuniões.

—Você também achou que ele não ia aceitar e olha onde estamos agora. — Alfinetou. — Não vai funcionar, a menos que a gente forje algo novamente...

O garoto pausou, uma ideia tomando sua cabeça de supetão

—O que foi? — perguntou Abraxas, reconhecendo aquelas feições animadas como ninguém. 

—Ah, Abraxas. — Tom segurou o rosto do outro com o indicador e o polegar apertando seu queixo. — Parece que Harry teve um surto de raiva e colocou um corvino em coma. 

—Mas disso a gente já sabia. E na verdade foi você, não? — respondeu o loiro.

—Foi, mas agora o Corvino vai lembrar de Harry magicamente. 

—Avery sabe…

—Avery é um grandessíssimo inútil. — Tom pareceu zangado. — Eu vou cuidar disso pessoalmente, você cuide de calar a boca de Avery.

O moreno saiu do salão comunal, sentindo aquela euforia costumeira que sempre penetrava seu corpo quando o novo sonserino era seu alvo.

Harry era um grande mistério, cheio de inconsistências e instabilidades. Para Tom, desde a primeira vez que o garoto pisou no salão da Sonserina, ele sabia que tinha algo errado. E fosse por interesse ou por curiosidade, aquele garoto magricela começou a ocupar sua mente de uma forma que chegava a ser incômoda.

Ele queria desvendar Harry Smith, queria ele do seu lado. Obviamente o garoto, apesar de muito forte, não demonstrava a personalidade e astúcia das serpentes, mas ainda assim, algo nele atraia Tom como a luz atrai as mariposas. Riddle iria desvendar os segredos de Harry, e, se tudo desse certo, o garoto seria seu braço direito e escudeiro. 

Ele queria entender como Harry conseguia ser tão burro e ainda assim tão inteligente. Como funcionava a dualidade na mente e na alma dele. Porque, para Tom, ler pessoas e manipular elas era tão simples… fosse por medo, poder ou até mesmo beleza, todos caiam nos seus encantos cedo ou tarde. Mas ele não… ele parecia odiar Tom na mesma proporção que se aproximava dele e era um sentimento completamente sem motivo. 

E Tom gostava de Harry… era irônico, não? Porque usualmente, Tom não gostava de ninguém.

X--X--X

Acordar foi muito difícil. 

Desde que começara a espionar o colega de quarto, vinha dormindo realmente mal. Levantar cedo para o café se tornara uma grande luta  que — tinha que admitir — às vezes perdia. Ele gostaria muito de entender como Riddle tinha forças para ir perambular a madrugada duas noites por semana e ainda assim permanecer com aquele rosto de bebê, sem olheiras e marcas de cansaço. 

Todos que olhavam Harry achavam que ele estava adoecendo, inclusive Dumbledore já havia oferecido um chá ou outro que Harry veementemente negou. 

No entanto, naquela terça em específico, ele se arrependeu amargamente de não ter permanecido na cama.

As duas primeiras aulas da manhã ocorreram perfeitamente bem. Herbologia era extremamente interessante de se estudar e para DCAT Harry já tinha uma vocação, o que apenas deixava a professora cada vez mais animada com ele. 

Quando foi para o almoço, o jovem só esperava não dormir em cima de algo melequento e acordar com os alunos rindo da sua cara suja. Mas definitivamente, Harry não esperava todos aqueles olhares sobre si antes mesmo de alcançar a comida.

Foi andando até a mesa da Sonserina, entretanto, antes de sequer se aproximar, notou uma pessoa que não deveria estar ali.

Murta havia arranjado coragem não sabia de quem, mas estava sentada firmemente ao lado de Eileen, roendo as unhas, com os olhos marejados e, assim que o olhar cruzou com o do Harry, as lágrimas que se depositavam escorreram por suas bochechas. 

"Alguém morreu… meu Merlin, enquanto eu dormia acordado Tom assassinou alguém"

O garoto seguiu, um passo forçado de cada vez, até que atingiu enfim seu objetivo. Viu as amigas que estavam pálidas e assustadas chegando para o lado e sentou no meio das duas. 

—Harry… desculpa, Harry. Se eu soubesse…

—Não tinha como você saber, caramba.

—Mas eu podia ter tentado…

—Harry estava te defendendo!

—Alguém pode me explicar o que está acontecendo? 

Enquanto via as meninas se encarando, provavelmente tentando decidir quem daria a péssima notícia, todos os seus pelos se arrepiaram. Harry viu o olhar dos professores sob si… Dumbledore, Flitwick, Galatea e até Dippet o encaravam. 

Não.

Era pior.

Dumbledore parecia verdadeiramente desconfiado. Harry já tinha visto aquele olhar antes, quando o diário de Tom mostrou a memória do futuro diretor encontrando-o após abrir a Câmara Secreta. Desconfiado e decepcionado.

Não bastasse todo o peso de ser encarado pelos professores, mal conseguia distinguir qualquer palavra que diziam no salão. O burburinho estava direcionado a si, isso ele entendia porque — mesmo que tentassem disfarçar — os olhares dos alunos perfuravam seu corpo como flechas. 

Harry procurou Tom. Ele estava mais distante naquele dia em específico, sentado longe, inclusive, de Malfoy. 

—Harry… — Eileen segurou suas mãos, olhando fundo em seus olhos. — o corvino, lembra? Daquele pequeno… incidente. Ele lembrou quem fez aquilo com ele e contou para Dippet. Hogwarts não tem segredos, você sabe… então meio que…

—...todo mundo sabe que fui eu?

—Exatamente. 

O garoto bufou em horror. Assumidamente encarando cada rosto assustado, zangado e revoltado que compunham o ambiente do Salão Principal.

—E agora? 

—Agora Dippet deve chamar você para o escritório dele. — Eileen sussurrou. — Murta deve ser chamada também. 

O garoto não respondeu, sentindo a vergonha corar suas bochechas. Ele não acreditava que realmente fora pego num momento de total descontrole. 

A fome que sentia passou, acompanhando de perto o sono e deixando apenas o medo e a vontade de se encolher. 

Cutucou um doce com o garfo, ignorando o chamado das amigas e tentando fingir que estava invisível. Ele já havia passado por algo assim antes, depois que contara sobre a volta de Voldemort, mas daquela vez era diferente. Não eram olhares raivosos por uma suposta mentira ou tabu, Harry realmente tinha feito aquilo, Harry realmente tinha deixado um garoto em coma por mais de uma semana, Harry era culpado.

E ser culpado era extremamente difícil.

Pouco antes do almoço acabar, um bilhete apareceu sobre a mesa:

Caro Harry Smith,

Gostariade pedir que comparecesse após o almoço na sala do diretor.

Ass: Dippet.

O garoto gemeu em descontentamento. Ele só fora até a sala de Dippet uma única vez, pouco depois de chegar no castelo, para receber as boas vindas do diretor. Dessa vez, porém, algo o dizia que essa visita não seria lá tão amigável.

Despediu-se das colegas ainda encarando o chão e se dirigiu o mais lentamente possível até o escritório, respirando pesada e fortemente antes de bater na porta e ser convidado a entrar.

O escritório de Dippet era muito diferente do de Dumbledore. Não havia aqueles objetos mirabolantes que encantaram Harry de início, muito menos uma fênix. Pelo contrário, o lugar era simples e bem iluminado, havendo apenas uma enorme estante cheia de livros, uma mesa com seus documentos organizados e os retratos dos antigos diretores perfeitamente alinhados na parede.

—Harry. — Dippet falou, olhando-o calmamente. — Sente-se.

O garoto achou extremamente estranho estar tendo aquela conversa com o baixinho calvo e não com Dumbledore, mas agradeceu o fato de que Armando parecia não gostar de invadir a mente de seus alunos. 

—Professor… — O garoto começou a falar, após negar um chá. — Eu posso explicar tudo. 

—Isso é bom, Harry. Eu realmente gostaria de ouvir. — Ele entrelaçou os dedos, focando os olhos castanhos no menino. 

—Então, então… é… como eu vou começar? Ah, sim, eu estava passando pelo corredor na saída das masmorras e vi ela lá estirada no chão e sangrando e…

—Não, Harry. — Armando balançou a mão, parecendo levemente impaciente. — Essa história Andreas já contou, ele bateu na menina você foi defendê-la, uma atitude muito nobre, garoto, muito, muito nobre. Eu quero saber a outra…

—Outra? — O rosto do moreno expressou sua confusão.

—Riddle me contou que você tem ido muito bem nas aulas e até no clube de duelos. Fazia tempo que eu não via Galatea tão animada com alguém… eu soube que vocês fizeram uma iniciação secreta — Ele sussurrou o final, o sorriso chegando aos olhos — me conta, como foi o duelo com Moody? 

Harry estava decididamente em choque. O olhar do diretor assumiu um tom muito mais brincalhão e interessante, e Harry quase podia sentir suas palavras sendo bebidas pelo ouvido do mais velho que ria e dava dicas a cada movimento que o moreno descrevia.

—Excelente, Harry, excelente! Não sabia que era tão habilidoso, oras. Parece que sua mãe fez um ótimo trabalho na educação domiciliar!

Um silêncio confortável abateu a ambos no escritório, o diretor ainda parecendo bem divertido e Harry tentando esconder sua incredulidade. 

Naquele momento de paz e confusão, Harry se lembrou de uma questão extremamente importante.

—Professor. — Chamou, tirando Dippet de sua imersão. — O senhor se importaria se eu falasse com o chapéu seletor novamente? 

—Claro que não! Ali está, ali no canto. — apontou seu dedinho rechonchudo para um lugar mais afastado.

Harry mergulhou a cabeça no pedaço de pano, entrando por alguns minutos numa discussão que acabou por se revelar inútil. 

Dippet reparou em sua cara amarrada após largar o objeto.

—Acha que foi sorteado erroneamente? — perguntou.

—Algo assim…

—Não, não… eu acho que você combina com a Sonserina, jovem. De um jeito estranho que eu não sei explicar, mas combina. Quer dizer, se eu precisasse sortear você agora seria Grifinória ou Lufa Lufa, minha amada casa, e, no entanto, ainda acho que seria uma perda catastrófica te tirar da casa de Salazar.

No fim, antes de sair do escritório, Dippet pediu um favor:

—Ah, Harry. Se vir Dumbledore por aí lembre-se de demonstrar estar consternado, tudo bem? — O velho sorriu. — Ele é meio piegas. 

O garoto devolveu o sorriso, porém, se o diretor estivesse mais atento, perceberia que não era igual a antes. E afinal, não tinha como sorrir tanto quanto antes porque o chapéu seletor havia dito que a espada de Grifinória estava sendo utilizada para um fim muito nobre e que Harry não conseguiria acesso a ela tão cedo. 

E isso era definitivamente um problema. 

Como mataria o basilisco, então?

Aquela pergunta martelou na sua cabeça até que percebeu estar entrando na sala de Feitiços, pronto para mais uma aula conjunta que ele odiaria.

E odiou…

Aparentemente o único que levou em conta que ele estava defendendo uma amiga foi Dippet porque os outros professores estavam terrivelmente hostis.

Após a aula seguiu para biblioteca, onde tinha combinado de encontrar Murta enquanto Eileen ainda se afogava em mágoas misteriosas.

—Murta. — Sussurrou, vendo a amiga remover os olhos do pesado livro que encarava durante alguns minutos a fio.

—Sim? 

—Se por acaso… — "Como vou perguntar isso?" — você encontrasse um… 

A verdade é que ele não fazia mais ideia de como agir. Estava por minutos tentando encontrar informações, mas não funcionou. Ele precisava resolver sua vida. Precisava! Tinha que entender como lidaria com todo o problema da Câmara Secreta e ignorar sua fama de raivoso.

Basiliscos não eram animais estudados em Hogwarts, na verdade, ele não teria sabido muito mais das serpentes se não tivesse sido atiçado por Tom Riddle. E, por mais que ele já tivesse lido todos os livros sobre animais mágicos, não achou nenhuma informação realmente importante. Nesse caso, a única ação que poderia tomar seria perguntar àquela garota pálida ali na sua frente. Murta, se tratando de informações, era mais inteligente que Hermione — não que Harry fosse deixar a castanha saber disso em algum momento. 

—Harry? Ia dizer algo?

Antes que os olhos voltassem para as páginas daquele livro esquisito, Harry chamou atenção da morena novamente:

—Um basilisco, por exemplo — falou, exibindo o melhor sorriso amarelo que pôde.

—Basiliscos? — Os olhos brilharam sob os óculos — Ah, eu adorei estudar eles. 

—Então você tem informações? 

—É claro! Eles estão descritos na segunda edição de Animais Fantásticos e Onde Habitam por Newt Scamander. Uma pena que Hogwarts não adote essa versão, sabe? Tem muitas informações preciosas lá! Quem diria que  deixar um sapo chocar o ovo de uma galinha resultaria numa serpente que pode petrificar as pessoas? Louco não é? 

"Isso eu já sabia…"

—Mas e se por acaso eu encontrasse com um basilisco e quisesse… matar ele? O que eu faria nessa situação? 

—Ah, Harry, seu bobo! — A garota riu, dando um soco no ombro do amigo. — Como se isso fosse possível, não há relatos desses monstros há 400 anos! É terminantemente proibido pelo ministério criar um. Fora que nenhum bruxo são faria isso, basiliscos, eles não distinguem seu criador… provável que só saísse matando todo mundo. 

—Hipoteticamente falando, Murta. Se você esbarrasse em um basilisco na Floresta Proibida, por exemplo?

—Bom… — A garota pensou, coçando a bochecha. — Eu me esconderia e esperaria um galo cantar. É o jeito mais comum de matar eles… mas… 

—Mas… 

A garota se ajeitou na mesa, encarando os olhos verdes de Harry e demonstrando certa urgência na voz. 

—Uma vez… — sussurrou ela — eu li num livro trouxa… não sei se é verdade, veja bem, afinal, o que os trouxas saberiam de uma criatura mágica que nem o grandessíssimo Newt teria descoberto? 

—O que você descobriu? 

Harry se aproximou mais, ouvindo a voz da garota sair num sopro. 

—Se você fizer um basilisco ver o próprio reflexo, então ele morre. É irônico porque o olhar indireto petrifica a todos, mas aparentemente, isso é o suficiente para matar a cobra. 

A tensão no ar foi desfeita por uma risadinha da garota, que voltou a se sentar ereta na cadeira, enquanto seus olhos recomeçavam a percorrer o livro.

Contudo, antes que Harry pudesse inventar uma boa desculpa para pergunta dela — Qual o interesse nisso, Harry? — Tom puxou a cadeira que estava vaga, sentando-se ao lado da dupla. 

As maçãs do rosto de Murta avermelharam-se instantâneamente.

—Estou atrapalhando? 

—Ah, não, Tom… — Desviou os olhos. — Harry estava apenas me perguntando sobre…

—Um exercício! — interrompeu. — Um exercício de feitiços que eu não entendi muito bem… 

—Você não entender algo em feitiços é realmente novidade. — Tom sorriu ladino. — Eu definitivamente gostaria de saber qual feitiço foi esse que confundiu Harry Smith…. — Encarou os olhos verdes — mas não agora, estou levemente atrasado no momento. 

Harry respirou aliviado, enquanto Murta parecia meio perdida.

Tom mexeu no bolso da sua capa, pegando um trabalhado origami em formato de cabeça de bruxa com um chapéu. Entregou para Harry, sob o olhar curioso da amiga. 

—É isso, Harry, Murta. — Levantou-se, sorrindo para garota que corou novamente. O sonserino ainda balançou a cabeça, provavelmente bem consciente do efeito que causava nela. — Tem certeza que está tudo bem? Você me parece meio pálido. 

Riddle se retirou quando Harry confirmou que estava em perfeito estado de saúde e, mal fora embora, a morena de óculos debruçou-se novamente sobre a mesa, ficando próxima do amigo. 

—Eu nunca vou me acostumar com você tão perto de Tom Riddle! Ele é simplesmente…

—... Lindo, eu sei. E inteligente. E gentil. Você já disse isso algumas vezes. — Harry interrompeu a garota, enquanto desdobrava o origami e lia rapidamente. Seu coração deu uma falhada e ele resmungou irritado... era incrível como um dia ruim sempre tinha potencial para piorar.

X--X--X

O chão estava gelado, e seus dedos sendo arrastados por ali causavam arrepios em todo seu corpo. Harry sempre fora friorento e andar descalço pelas masmorras não entraria na sua listinha de atividades preferidas.

Mas era o que Tom Riddle havia dito que ele deveria fazer. Então lá estava. 

Suspirou, parando na porta de madeira escura, antes de virar a maçaneta e adentrar a sala, sentindo a escuridão abraçando seu corpo. Uma pequena e solitária chama afugentava a penumbra, quase perdendo a batalha, e lançava sombra nos rostos cobertos das pessoas que sentavam em círculo no chão. 

Harry seguiu vacilante até próximo dos outros, a escuridão não contribuindo com a sua já prejudicada visão, e sentou-se onde havia um espaço para se espremer.

—Boa noite a todos. — Tom, que estava do lado oposto de Harry naquela circunferência esquisita, começou a falar, removendo o capuz da cabeça.

O origami estava com instruções claras: "Vá descalço e com roupas pretas por baixo da capa sonserina. Certifique-se de baixar o capuz. Estarei o aguardando às 22:30". 

Agradeceu por não ter feito nada de errado e estar conseguindo se camuflar bem naquele meio.

E lá estava Harry, se sentindo um praticante de seita burro porque sentia frio e provavelmente ficaria resfriado se tia Petúnia estivesse certa em dizer que o resfriado vinha pelos pés. 

—Boa noite. — murmurou um coro e, um a um, foram retirando os capuzes. Harry fez o mesmo.

Havia cerca de quinze pessoas ali, muito mais do que Harry acreditou que teria. Ao lado direito de Tom estava Abraxas com seus inconfundíveis cabelos loiros amarrados em um coque. Do lado esquerdo, Avery, que, apesar de fingir estar sereno, bastava uma análise mais cautelosa para perceber que estava inquieto. Havia também Walburga e Alphard sentados lado a lado mais a esquerda, e Harry ainda identificou Rosier que estava no último ano de Hogwarts e parecia bem mais perigoso que o próprio Tom. 

—Estamos aqui hoje para apresentar também nosso novo membro, Harry Smith. — O moreno acenou com a cabeça para todos. 

—O garoto que desmaiou um corvino por mais de uma semana. Inacreditável, não é? — falou Avery, e, surpreendentemente, Harry só viu raiva nos seus olhos e não a admiração que recebia dos outros. 

"O corvino deve ser amigo dele", pensou Harry, se sentindo subitamente bem envergonhado. 

—Sim, Avery, inacreditável. — Respondeu Abraxas. 

O ar havia ficado pesado ou era imaginação da cabeça de Harry? 

—Nós não estamos aqui apenas para engrandecer Harry. — Voltou a dizer Tom, e o respeito que possuía era claro, já que todos se calaram imediatamente. — Estamos aqui também para uma reunião emergencial.

"Emergencial?"

—Nosso diretor sumiu e aparentemente nem Dumbledore nem o palerma do Dippet vão contar o que aconteceu. Então espero que vocês tenham conseguido informações com suas famílias. Walburga?

—Sim, senhor. — A voz irritante soou, parecendo muito mais educada naquele invólucro de mantos negros. — Meus pais disseram que o professor Slughorn fez contato com eles alguns dias após sair de Hogwarts. 

—Fez contato sobre o que? 

Harry sentiu o coração acelerando. Fazia quase dezesseis dias que o professor estava fora e a cada um deles Eileen parecia mais e mais doente. Se ele pudesse explicar para garota o que estava acontecendo com o pocionista, talvez ela ficasse mais tranquila. 

Apurou os ouvidos. 

—Dinheiro. — A menina respondeu simplesmente — Slughorn precisava de dinheiro.

—Mas ele é um produtor renomado. Ele conseguiria dinheiro vendendo poções facilmente se estivesse tão afundado em dívidas.

—Sim, é verdade. — Alphard tomou a dianteira. — Mas ele não queria dinheiro para ele. Uma tradicional família puro sangue estava passando certas necessidades e mesmo querendo ajudar, o caso era tão sério que Slughorn iria a falência antes de conseguir tirar eles da miséria.

Um silêncio sepulcral permeou a masmorra. Se Harry se sentia afoito, mal conseguia imaginar o que Tom estava pensando naquele momento. Slughorn teria pedido dinheiro emprestado e sido morto por não pagar? Por que simplesmente não voltara depois de ajudar?

—Ele veio a nós também. — Abraxas disse, com a mesma voz arrastada. — Pediu uma quantia bem expressiva. Disse ao meu pai que era importante para manutenção do sacramento familiar bruxo. Deu um discurso irritante do quanto as sagrado vinte e oito precisavam ajudar aquelas famílias que se esforçavam para não sujar o sangue ainda mais, apesar de terem cometidos erros passados. Segundo meu pai, ele parecia verdadeiramente desesperado. 

Tom olhou nos olhos de cada um dos seus capangas naquela sala. 

—Rosier? Nott? 

—Ele pediu a minha família também. A gente deu uma quantia. Mas minha mãe não quis dizer por carta quem eram os necessitados. — Falou Nott. Era um garoto mirrado, não tanto quanto Harry, mas decididamente pequeno. O garoto havia visto ele poucas vezes e não fazia ideia de que era alguém minimamente poderoso.

—Pois eu sei. — A voz grave de Rosier fez o coração de Harry pular ainda mais no peito. 

—Então diga! — chiou Avery.

—A família para quem Slughorn pediu dinheiro foi a daquela menina, Eileen Prince. 

—A família da Eileen? — Harry perguntou, completamente surpreso. 

Tom o encarou, apesar de Harry não saber muito bem diferenciar o que ele queria transmitir. 

—Você não sabia? — Walburga debochou. — Parece que você não é o único a guardar segredo dos seus amiguinhos. 

Rosier ignorou totalmente a pequena briga e continuou falando:

—Os Prince têm negócios no ramo de poções para beleza, mas aparentemente não souberam lidar bem com a guerra. — O garoto falou, olhando diretamente para Tom. O tremular da chama no seu rosto fazia ele parecer verdadeiramente um comensal — O negócio faliu, eles caíram em desgraça e foram obrigados a se mudar de Golden Hill para Wise Old e dividir sua vida com trouxas sem qualquer luxo…

—Espera. — Uma garota falou, aproveitando que Rosier dera uma pausa. — Wise Old… não foi o bairro misto que Grindelwald atacou alguns dias atrás? Aquele que era considerado o emblema de resistência do Ministério da Magia?

—Perfeitamente. — Tom falou, olhando mais uma vez para Harry. 

O segundo estava em choque. Não precisava ser um perito em linguagem corporal para ver que ele estava decididamente confuso e assustado. 

"Slughorn foi ajudar os pais de Eileen que moravam no bairro atacado por Grindelwald?" 

Sua mente dava voltas e voltas ao redor da informação. Eileen estava devidamente distante e parecia muito preocupada por todo aquele tempo. Será que aquilo era mesmo verdade? 

—E o que aconteceu com os pais de Eileen e Slughorn durante o ataque? 

—Aparentemente não estavam mais juntos, Grindelwald atacou o centro do bairro e os pais de Eileen moravam mais pela periferia. A casa dela e dos vizinhos quase não foi atingida apesar de um ou outro seguidor dele ter aparecido por lá. Já o professor Slughorn…

—O que houve? — Harry questionou, se sentindo verdadeiramente assustado. 

Rosier olhou-o nos olhos.

—St Mungus. Ele aparentemente pretendia voltar para Hogwarts e foi pego no fogo cruzado. Foi gravemente ferido, mas nenhuma sequela permanente. Eu mandei meu elfo até lá hoje e estou aguardando respostas. 

Harry respirou fundo, deixando o alívio entrar em seus pulmões. Ele estava bem e estava vivo. Fazia uma semana desde o ataque, então ele provavelmente estava para receber alta. Ficaria tudo bem, ficaria tudo bem… 

A gangue de Riddle ainda conversou sobre outros assuntos, inclusive sobre como iam agir para defender Harry em caso de ataques da Corvinal. Mas o moreno não podia ligar menos… a família de Eileen estava mal, e Harry se sentia um péssimo amigo por não ter perguntado mais.

—Essa reunião se encerra aqui, cavaleiros. Rosier, aguardo suas informações acerca do estado de saúde do diretor Slughorn. Aturar Dumbledore sem ele por perto está sendo detestável.

Harry levantou-se em seguida, acompanhando o movimento de todos os outros ali. O chão das masmorras ainda estava frio e ele reparou que, dentre aquelas pessoas, somente Tom e Abraxas usavam sapatos. 

Foram se dirigindo um a um para saída, mas Harry não pôde deixar de ouvir a resposta de Rosier:

—Sim, senhor, lorde Riddle.

 


Notas Finais


É isso.
Tô tentando escrever o próximo mais rápido pra tentar postar no sábado ou domingo e aí a gente compensa a falta de sexta passada kk obg pelo apoio!


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