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História Pela Sarada 2 (Kakasaku) - Molhado por lágrimas


Escrita por: Yasmim2712

Capítulo 12 - Molhado por lágrimas


Dor, era tanta assim para rir no meio de toda aquela desgraça? A vida era difícil, mas no momento Kakashi só conseguia rir. Talvez de nervoso, ou seja pelo seu poder sobre a casa antes dominada pelo pai. Um pássaro livre, era assim que ele se sentia. Liberto do pai, sem mais restrições. 


Suas risadas pararam quando os céus gritaram, o som era ensurdecedor. Soou quase como um rosnar do pai e uma ação intimidadora das nuvens. Seus pés alcançaram o chão e seu corpo acompanhou o levantar, temendo o que estava por vir. Não tinha mais pra onde ir, a não ser lá… Logo ali. 


Mais uma vez ele esteve no corredor, mas agora ele conseguia ver sua imagem de criança correndo e chamando a mãe, enquanto o cheiro do almoço infestava a casa. Era prazeroso ver a mãe preparar a comida com tanto amor, o que Kakashi realmente não sabia era que só se fazia assim para ele. Sakumo? Não importava mais para ela naquela altura do campeonato. 


As lágrimas grosseiras acompanhavam o assoalho que se dobrava debaixo dos seus pés. Mas seu caminho parou, a abertura no teto o lembrou de coisas piores. Suas mãos tremiam, seu corpo todo suava frio e a saliva estaguinava em sua garganta. Em estado de choque o homem olhava para cima, ele não sabia se era ali ou a sala que lhe trazia seus piores pesadelos. 


Os olhos vermelhos do choro se seguraram por alguns segundos, o suficiente para abrir o espaço e descer a escada. O sótão, se tratava do lugar mais prazeroso para o pai. Onde seus castigos eram dados, seu sofrimento se espalhava pelo chão e os gritos atravessavam as paredes. Pior que sofrer era ouvir os gritos de desespero da mãe, que não era capaz de abrir a porta trancada pelo marido. 


Seus passos levavam seu corpo para cima e em sua cabeça o filme de terror se passava. Desde o seu sangue no chão até as garrafas de álcool do pai que alcançavam as paredes. A luz fraca da lua ainda aparecia no meio das nuvens escuras, dando alguma luminosidade ao lugar. O espaço cheirava como abandonado, o que de fato ocorreu durante anos. 


Mas é claro, a luz era pouca e sua mão foi obrigada a procurar a lanterna do celular no bolso. Kakashi já não tinha controle sobre o seu corpo, até mesmo a luz era difícil ativar. Depois de esforços consideráveis, o lugar foi iluminado e foi impossível não ranger os dentes e tentar segurar o choro. 


Se chorar vai doer mais


Ah mas é claro, não poderia faltar a típica frase do pai naquele lugar. O sussurrar ecoou em sua cabeça, atordoando até seu lado mais sombrio. Ele se viu perdido mais uma vez no desespero, se afogando nos seus próprios gritos de dor. Suas pupilas tremiam, suas pernas falhavam e nenhum membro do seu corpo respondia aos comandos. 


Suas mãos foram as únicas que conseguiram tocar a parede antes do seu corpo cair sentado no chão, sem forças. Aterrorizado, Kakashi olhava para o lugar se perguntando porque ali ainda era tão assustador mesmo sem o pai.


Seu olhar percorreu a sala minucioso, tentando deixar a visão embaçada e se lembrar de tudo sem dor — o que era impossível para Kakashi. As lembranças tenebrosas não lhe traziam só dor, a angústia vinha de brinde. Sem palavras, só bastava passar os olhos pelo lugar e o que realmente chamou a sua atenção foi a vara espinhosa largada no chão. 


Com uma coragem de fonte inimaginável, ele se levantou. Precisava confirmar as suas suspeitas, era uma necessidade extrema. A sua garantia veio quando ele chegou mais perto, era verdade. O objeto que lhe causava tanta dor em contraste com o pai, o culpado das cicatrizes e principalmente, dos seus traumas. A cauda de arraia estava lá, empoeirada e inútil. 


Ao empunhar o que torturava o menino que ainda vivia nele, de forma desumana, se sentiu empoderado. As lágrimas ainda desciam, mas agora eram controladas. Controladas pelo homem que tinha o controle, controle de si mesmo e de todos os seus traumas. Aquele lugar tinha a sua posse, não tinha nada a temer. 


Meu filho, o único limite é você. 


Umas das últimas palavras motivacionais que recebeu da mãe voltaram em sua mente, aquilo não passava da verdade. Ele estava ali, com todo o controle, tudo na sua mão esperando por alguma decisão. As lágrimas foram secadas e a esperança dominou o coração de Kakashi por um instante, esperança de poder ser a última vez em sofrer com isso. Mas seria mesmo? Agora só dependia dele. 


A cauda espinhosa do animal astuto esteve em sua mão depois de anos submisso a tortura paterna e realmente parecia como uma espada levantada depois da Vitória de um guerreiro, o seu grito de guerra vinha diretamente da alma e a liberdade estava estampada no seu sorriso. 


Kakashi parou, conseguiu ver solto no ar as expressões serenas da mãe esboçando orgulho, era simplesmente fantástico. Quem dera que em um lugar como aquele ele poderia se sentir tão leve quanto agora? Era como… Como se depois de todos aqueles anos as correntes tivessem sido soltas das suas costas de vez, as lágrimas caiam com gosto. 


A alegria e a emoção satisfatória foram contidas dentro daquele cômodo, pois ele sabia que onde os pais morreram era o último e pior lugar a ser enfrentado. Kakashi sentia suas emoções como uma montanha russa e já como o esperado, suas forças só duraram até chegar onde ainda tinha as faixas da polícia. Seu corpo caiu ali mesmo, a dor não podia ser explicada.


As lágrimas salgadas eram provadas por ele, seu peito ardia com tanta dor, a falta de ar quase sufocava o homem perdido no passado e o seu desespero de tornava assustador aos olhos de um qualquer. Quem levava os fios prateados na cabeça jurou vingança se, de algum modo, o pai ainda estivesse vivo. Para Kakashi chegava a ser engraçado que tudo morreu ali; o sofrimento da mãe, a mediocridade do pai, o sentimento dele de ser uma criança feliz e normal, tudo, menos ele mesmo.


 O Hatake bem que queria dizer que aquela criança morreu lá, o lado bom dele morreu lá, mas não morreu. Ele carregou aquele menino e todos os seus traumas por mais de 30 anos, seria demais para um homem daquele? Uma coisa era certa, todos os maus tratos, agressões e desprezo não deveriam ser dirigidos a nenhuma criança. O resultado? Um adulto machucado por traumas da infância. 


E agora ele estava lá, de joelhos no assoalho se lembrando do sangue que banhava as suas mãos. Naquele instante dividido entre a dor e a superação, ele foi capaz de pensar na filha e o futuro pesadelo que ele interrompeu. A família que criou, os sorrisos que propôs a elas e a mudança de vida da família Uchiha — embora nem todos saíram satisfeitos. 


Por outro lado, embora Kakashi tenha interrompido uma tragédia, não foi capaz de aniquilar completamente o estrago da vida em que a menina levava. O pânico tão grande em ver o sangue do professor — e futuro pai em suas mãos era totalmente compreendido por Kakashi naquele momento — . 


" — Sakura, quantas vezes eu já falei pra jogar o resto da comida no lixo? Entope a pia, olha isso!Apontando para a sujeira do poço e os insetos que saiam de dentro, Kakashi deixava a sua indignação à mostra para a esposa. 


— O que eu posso fazer? Eu já te pedi pra comprar uma válvula! — Já sem paciência e suado, Kakashi suspirou. 


— Ah, sim. E você quer que eu saia do trabalho pra comprar isso? — E aquilo parecia mais uma briga boba, mas aos olhos de Sarada as coisas eram mais graves. 


— Papai… — Tentando reprimir os adultos, a sua voz levava seu medo às brigas e lembrava Kakashi dos traumas com os pais. 


— Filha, pega a mangueira, por favor. — Kakashi se conteve ali, mas depois de pegar a mangueira e a faca as coisas desandaram. — Que merda! 


Sentindo o dedo arder, o Hatake deixou a faca de lado e viu o sangue pingar para o chão. Só depois que prestou atenção viu os olhos da morena marejados, aquela expressão estática deixava claro o terror que era lembrado e o pânico da menina viera — até mesmo em um simples corte."


Aquele era um tempo difícil, mas ele sabia. Era agora ou nunca. 


Notas Finais


Um bônus, Quem não gosta? KKKK


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