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História Pelas terras quentes da Califórnia - Pôr do sol em São Onofre


Escrita por: murilo_ribeirods

Capítulo 2 - Pôr do sol em São Onofre


Fanfic / Fanfiction Pelas terras quentes da Califórnia - Pôr do sol em São Onofre

Não havia muito tempo que o garoto e sua família havia chegado no local. Estava num chalé acima da praia. São Onofre tinha uma peculiaridade: o enorme paredão de pedra que ficava logo após a areia, fazia com que a praia parecesse um grande corredor com areias macias e conchas, algumas rachaduras entre os pequenos penhascos (tal quais permitiam o crescimento de plantas rasteiras, arbustos e flores) davam entrada para o local majestoso. As ondas azuis formavam desenhos vistos de cima,  vislumbradas pelo garoto de cima do rochedo. Apoiava em uma cerca de madeira, parecia estar ali há muito tempo, não queria pagar para ver. Era bom sair de San Diego, poderia ocupar sua tortuosa mente com alguma outra coisa. "Veja só" pensou ele enquanto sentia a brisa e constatava o reflexo da luz do sol brilhar nas águas, lembrou de uma frase que havia lido em algum lugar "Não fuja do que permanece  em você, o máximo que irá conseguir é construir uma realidade que parece colar cada vez mais" pensava consigo se não era verdade. Precisava pôr seus planos em dia, sim, a listinha com algumas carinhas felizes feitas por Karen havia deixado Alex mais empolgado, facilmente moldado pelos outros, a meses sentia sua personalidade se enrijecer ainda mais, realmente o som da água havia levado junto com as ondas os pensamentos de sua mente.
A depressão não é fácil para ninguém, seguia com dois anos de tratamento, estava consideravelmente melhor comparado a sua fragilidade emocional, sentia-se como um espelho quebrado em milhões de pedaços, que ainda sim, por serem muito pequenos ainda podiam refletir a imagem quando juntos, mas nunca parecia ser o que o garoto esperava de fato. Resolveu então deixar o local e pisar nas pedras arenosas e porosas, indo até chalé e entrando no mesmo.
— Alex, poderia pegar a revista para mim filho?
Seu avô pedia enquanto se arrumava na melhor posição na poltrona da sala que mais parecia ter vindo de um filme hippie, era fresco e cheirava a algumas ervas medicinais.
— Claro Vovô. 
Não se surpreendeu ao ver que a revista  se tratava do fim do patriarcado em muitos setores do mundo, era bom, quase nenhum de seus colegas da escola tinha ou teve um avô/avó assim, sentia-se privilegiado.
Foi até a cozinha, pegando alguns biscoitinhos de macadâmia que sua mãe estava preparando.
— Não faz um desses faz tempo. —comentou Alex.

— Quero começar bem.
Karen era a tal esperançosa minimalista, simplista, não precisa de muito para sonhar, nem de muito para fazer. Isso havia influenciado muito a vida do garoto, que desta vez, se dirigia até seu quarto para organizar melhor a cama e suas coisas. O mesmo tinha tons em azul-marinho, decorações com palmeiras e peixes, algumas conchas e veleiros em miniatura, nunca gostou de barcos desde que foi pescar com seu pai e um salmão voou em sua cara. Não pode deixar se perceber sobre a escrivaninha um toca fitas, estava deveras limpo, provavelmente o dono do local havia feito uma limpeza antes de receber os hóspedes (parte boa da Airbnb, de fato), não se surpreendeu quando apertou o play e uma versão remixada de "somebody that i used to know" versão anos oitenta começou a tocar, surpreendeu-se, o estilo antigo o agradava, era bom fazer uma viagem no tempo, porém não estava no clima, queria fazer sua primeira caminhada, talvez conseguisse enganar um desavisado, seu corpo magro, porém um pouco cheio guarda lembranças das corridas de manhã, iria fazer isso na praia desta vez, precisava ser um bom falso-crossfiteiro no final da tarde daquele dia, que graças a deus permanecia perto.
O tempo voou rápido de mais após atarefar sua mente com algumas coisas. Ao arrumar seu quarto, comeu algo e arrumou as roupas em seu armário, com as roupas de sua mãe, no quarto em que a mesma estaria, o guarda-roupa não era nem um pouco grande, mas a conveniência do quarto arejado era ótima por si só.
Karen não exitou em aparecer na porta, precisava conversar com Alex por alguns instantes. Assim o fez quando entrou em passos lentos e sentou na cama ao seu lado.
— Eu sei que não está sendo fácil, principalmente depois da...
— Terrice não tem nada a ver com isso, nem mesmo o Josh.
Seus dois relacionamentos antigos não haviam sido fáceis, Josh, seu primeiro namorado, havia se separado de Alex após descobrir que o jovem era bissexual, agiu de forma imatura demais para a situação, confundiu com indecisão uma coisa que o garoto já dava como certeza há muito tempo, isso o frustrara de mais, qual a tamanha dor que sentira na hora? não lembrava, só sabe que na época, o amava muito. Perder a virgindade com alguém que não entende quem você é e aparentemente não fez o menor esforço para isso não é nada bom. Terrice foi ligeiramente mais compreensiva, aproximou-se demais da família de Alex, porém não soube o ajudar desde que seu pai se foi. Não ter ninguém perto de si que não estivesse em prantos também não serviu de muita ajuda. 
— Filho... — Karen insistia — Estamos a apenas uma hora de casa, num lugar tão lindo como esse, não desperdice os sentimentos de três meses de férias. 
— Iremos ficar aqui sempre? No caso... até o verão acabar...
— Claro que não, podemos ir para Los Angeles ver o tio Cameron, a Califórnia não decepciona.
— Espero que não.
Mais tarde, perto do sol se pôr, Alex calçou seu chinelo e vestiu uma roupa mais fresca, o calor da Califórnia não havia começado, porém, poderia sentir a brisa fria típica da noite por conta do clima parcialmente desértico do local, o dia se escondia e do horizonte azul a lua surgia bela.
Assim o garoto foi, saiu do chalé descendo até a praia por um pequeno declive próximo ao local, pisando na areia enquanto ouvia as ondas do mar. Ao longe avistara um grupo de jovens surfistas ao redor de uma fogueira, provavelmente estavam em alguma outra casa próxima dali, resolveu seguir sentido contrário. O mar estava ficando alto e o sol tocava a linha do horizonte. As nuvens amareladas, misturadas com tons de azul, roxo e vermelho faziam um espectro fabuloso no céu, enquanto isso, seus pés eram molhados pelas ondas que vinham rasas, salgando-os. Não demorou muito para ele encontrar algum lugar para estender sua esteira na areia, deitando-se e logo se esticando, enquanto olhava para o céu azul que se tornava cada vez mais escuro assim como seus olhos, que se fechavam cada vez mais.
Tomou um susto ao acordar com alguém o cutucando, balançava seu ombro de forma forte, intencionalmente para o acordar.
— Hey? Cara você tá bem? — Perguntou um homem logo acima de seu rosto.

 



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