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História Pelo olhar dele - ACOTAR - Capítulo 17


Escrita por: AliceAlvaredo

Notas do Autor


Oi gente linda! Como prometido, voltei com mais um. Espero que gostem!

Capítulo 17 - Capítulo 17


Fanfic / Fanfiction Pelo olhar dele - ACOTAR - Capítulo 17

Para a tristeza dos guardas, Feyre havia completado a tarefa e uma pontada de alívio despertava em mim.

Fora isso, o dia terminava sem muitas novidades. Nos reunimos no salão para a última refeição e o tédio tomava conta daquele lugar. Ouvimos Amarantha cantar suas vitórias e infernizar a todos, mas nada fora do comum.

Tamlin era o ser mais apático de Sob a Montanha, uma estátua estava mais viva do que ele. Lucien pôde retornar ao nosso convívio e se encontrava tenso ao lado de sua mãe, enquanto jantavam.

As gêmeas haviam retornado do encontro com Az. Após o jantar, fui ao meu quarto, depois de ter sido dispensado pela ardilosa mais uma vez, pois ela investiria no primaveril como nas noites anteriores. Pelo menos para isso ele prestava. As irmãs já estavam nos meus aposentos quando entrei, estavam escondidas nas sombras, mas assim que fechei a porta elas se revelaram e deram início ao relatório. Eu sempre as ouvia com alegria em saber que todos estavam bem, mas uma dor explodia em mim por não estar lá junto deles.

Ao finalizarem, Nuala completou:

- Nosso mestre pediu para dizer que o general Cassian já está com o exército pronto. Ele deseja atacar para libertar o senhor.

Olhei para as gêmeas processando a informação. Toda vez Azriel mencionava um plano de ataque, nesses quarenta e nove anos ele não desistira de tentar me convencer, mesmo tendo ciência que seria inútil. Mor, Amren e Cass não sabiam que mantínhamos contato, mas ambos planejavam ataques, reunindo os illyrianos, a corte noturna e todo conhecimento possível.

Antes que elas completassem, intervi:

- Já temos a humana, ela será a quebradora da maldição.

- Nosso mestre previu que diria isso, - informou Cerridwen – e pediu para perguntar se você realmente confia nela.

- Com a minha vida. – Respondi tão automático, que até eu me surpreendi.

As duas concordaram com a cabeça e pediram licença para se retirarem. As duas iriam ao encontro de Feyre, como já era combinado.

Eu me deitei e tentei imaginar as estrelas. Há quanto tempo não podia admirá-las. Pensei no céu, na natureza, em Velaris, em minha família... quando me dei conta, lágrimas escorriam pelos meus olhos, a saudade me destruía. Me permiti sentir aquilo, me permiti sofrer mais uma vez. Depois de um tempo voltei a me acalmar e me agarrei mais uma vez ao pensamento que me fortalecia: Eles estavam salvos! Por eles, por Velaris, valia a pena.

*****

            Ao descer na manhã seguinte para tomar meu café, encontrei Helion no caminho, que me encarou por alguns segundos e então seguiu a diante. Ele não era um daemati, mas sabia que eu estava tentando algo para nos libertar. Aquele olhar transmitiu confiança e apoio. Não éramos tão próximos, mas sempre estivemos do mesmo lado, sempre pude contar com o Grão- Senhor da Corte Diurna.

            Sentei-me para tomar meu café. Eu procurava sempre ir num horário próximo a Amarantha, para envolve-la e saber de seus planos. Ela chegou mais mau humorada do que de costume e sem seu bichinho de estimação, o que esclareceu a todos o motivo do seu temperamento. Tamlin a recusava e isso a estava consumindo. Para aliviar a raiva e se vingar de seu amado, ela resolveu torturar uma Grã-feérica Primaveril, ali em cima da mesa de refeições. Lucien assistia a tudo e demonstrava mais emoção que seu Grão-senhor. Os demais outonais vibravam com a tortura. Embora me compadecesse pela fêmea, não conseguia evitar o conforto que surgia ao pensar que não era a humana ali.

            Ao terminar ela começou a se retirar do salão, com um riso estampado no rosto.

            - Rhys, meu querido. Me acompanhe, vamos brincar! – Ela disse num tom alto o suficiente para que todos ouvissem.

            Me coloquei em pé e mantive as mãos no bolso, tentando controlar o ódio que saia de mim. Fiz uma reverência com a cabeça aos outros feéricos que permaneceram e que me fuzilavam. Lucien ainda encarava a sua colega de corte.

            Ao adentrar a sala de reuniões, Attor me analisava. Ele tinha voltado de Hybern, após alguns dias fora, provavelmente com notícias. Amarantha não me deixou participar de nenhuma reunião importante, o que me fez pensar o que mudara.

            - Minha Grã-Rainha, tem certeza que o morcego merece participar dessa conversa? – Attor perguntou entre os dentes, me encarando, sedento de ódio.

            - DEIXE DE SER BESTA! – Amarantha ainda estava com muita raiva, embora tenha liberado parte dela na fêmea. – Meu querido Rhys, sente-se! – Seu tom era sínico como sempre, porém muito calmo do que aquele usado com Attor. - Guardas! – Ela gritou para os que esperavam atrás da porta e eu logo os reconheci. Guardas da prisão, que vigiavam a humana.

– Aquela insolente conseguiu completar algumas tarefas que meus soldados passaram ontem a ela, tarefas que ela não poderia concluir sozinha. Como, eu não sei, ainda, mas sei que alguém a ajudou. Então preciso que me faça um favor. – A bruxa falava para mim, enquanto se sentava.

            - Como minha rainha sabe, sou todo seu! – Minhas próprias palavras me embrulhavam o estômago, porém eu tinha que permanecer no jogo.

            - Assim que eu gosto! – Um sorriso malicioso surgia em seus lábios, enquanto Attor analisava tudo com curiosidade. – Mandarei ela a seu quarto, para umas tarefas simples. Eu deixo a humana a sua disposição, quero que ela seja seu brinquedinho.

            A Grã-Rainha apoio o rosto em suas mãos e os cotovelos sobre a mesa enquanto aguardava minha resposta.

            - Uau! Interessante. – Ela me olhava com cautela e divertimento. – Eu aceito o presente, mas com uma condição.

            - E qual seria? – Ela perguntou mais intrigada do que o normal.

            - Eu não quero ela só agora, quero usá-la por mais dias, até ela ser derrotada nas provas.

            - E por que tanto interesse assim na humana? – Era incrível como era fácil irritar a Amarantha, era só brincar com sua vaidade.

            - Oras, Tamlin! Seu bichinho de estimação me odeia. Eu odeio seu bichinho. Por que não mostrar a ele que o brinquedinho dele agora é meu? – sorri com vontade, enquanto dava sequência aos meus planos.

            Após uma longa gargalhada, ela continuou:

            - Como você é maravilhoso! Precisamos voltar a nos divertir! Faz tempo que não o fazemos.

            - Ah! Com certeza sou bem melhor que ele e você deve estar morrendo de saudades.

            Amarantha gargalhava novamente, enquanto Attor me analisava, como se tentasse descobrir minha verdadeira intenção.

            - Guardas, levem a humana até os aposentos do morceguinho. Façam ela retirar as lentilhas que acabei de implantar lá. – Os guardas assentiram, enquanto a ardilosa gesticulava com as mãos, os liberando da sala. – Meu querido, aguarde um tempinho e então vá até seu quarto. Brinque bastante enquanto não pode me ter. Receba como um presente por nossa aliança nesses últimos anos!

            - Farei muito bom uso! – Coloquei meu sorriso mais malicioso ao me levantar e me reverenciar a ela. Passei por Attor e dei uma piscadinha com um olho só, ele me retribuiu com um rosnado. Saí da sala gargalhando, triunfante com essa conquista.

            Pronto! A humana estaria sob meus cuidados e isso não despertaria a atenção de Amarantha. Para ela, Feyre era o meu novo divertimento.

*******

            Esperei duas horas e então atravessei para os meus aposentos.

            Feyre estava em pé, de costas para a lareira, toda coberta de fuligem, segurando com força atrás dela um espeto de metal. Eu me apoiei na cama e assumi minha forma habitual.

            - Por mais que seja maravilhoso ver você, Feyre, querida – não era uma mentira -, quero saber por que está vasculhando minha lareira?

            Ela dobrou os joelhos, se preparando para correr, para se abaixar, para fazer qualquer coisa que a levasse longe dali.

            - Eles disseram que eu precisava limpar lentilhas das cinzas, ou você arrancaria minha pele.

            - Eles disseram? – perguntei com um sorriso felino. Ela não podia saber dos meus planos, pois senão estaria tudo arriscado.

            - Devo agradecer a você por essa ideia? – ela sibilou preocupada.

            - Ah, não – cantarolei – Ninguém descobriu a respeito de nosso pequeno acordo ainda, você conseguiu ficar calada. A vergonha a está sufocando? – A pergunta foi espontânea, como se algo me ferisse ao pensar que ela tinha vergonha de mim.

            Ela trincou o maxilar e apontou para a lareira com uma das mãos, a outra segurava o atiçador de ferro atrás dela.

            - Está limpo o suficiente para você?

            - Por que havia lentilhas na minha lareira para início de conversa?

            Ela me lançou um olhar inexpressivo. Ah! Como eu gostava de vê-la irritada!

            - Um dos afazeres domésticos de sua amante, imagino.

            - Hum – eu disse analisando minhas próprias unhas, tentando esconder o corte que aquelas palavras abriam em mim. – Aparentemente, ela ou seus comparsas acham que vou me divertir com você.

            - Ou é um teste para você. Disse que apostou em mim em minha primeira tarefa. Ela não pareceu satisfeita com aquilo.

            Garota esperta!

            - E por que Amarantha iria me testar?

            Voltei meu olhar a ela, que me encarou de volta, sem desviar o olhar, sem medo de mim.

            - Você mentiu para ela. Sobre Clare. Sabia muito bem como eu era.

            Me sentei na cama apoiando os antebraços nas coxas. Clare!! Ainda sentia a dor dela. Carregarei comigo para sempre a morte dessa inocência.

            - Amarantha faz os jogos dela e eu faço os meus – Por eles! Por Velaris! Repetia a mim mesmo. – As coisas ficam bem entediantes aqui embaixo, dia após dia.

            - Ela o deixou sair para a Noite da Fogueira. E, de alguma forma, escapou para deixar aquela cabeça no jardim.

            - Ela me pediu para colocar a cabeça no jardim. E quanto à Noite da Fogueira... – A olhei de cima a abaixo, ela era o motivo, mas não podia saber disso. - Tive meus motivos para sair naquela noite. Não pense, Feyre, que isso não me custou nada. – sorri para ela, mas sei que meu sorriso não chegava aos olhos, pois naquele dia havia perdido outra parte de mim quando entreguei aqueles feéricos a Amarantha, naquele dia perdi parte da minha bondade. – Vai soltar esse atiçador, ou devo esperar que comece a empunhá-lo em breve? – Mudei de assunto antes que saísse do controle.

            Feyre mostrou o atiçador, mas não o soltou.

            - Um esforço de coragem, mas inútil. – Me peguei feliz em ver como ela era corajosa. Tola! Mas corajosa.

            - Como você ainda tem tanto poder e os outros não? Achei que ela tivesse tomado o os poderes de todos.

            Ergui uma sobrancelha analisando a pergunta dela. Ela reconhecia os meus poderes, mas não estava com medo de mim? E ainda estava curiosa sobre isso.

            - Ah, ela levou meus poderes. Isto... – Eu acariciei sua mente com minhas garras daemeti. Ela recuou um passo, se chocando contra a lareira e então a liberei. – Isto é apenas um resquício. As sobras com as quais posso brincar. Seu Tamlin tem força bruta e o poder da transfiguração; meu arsenal tinha uma variedade muito mais mortal.

            Ela sabia que eu não estava blefando, sentira uma fagulha do meu poder em sua mente. Infelizmente aquele poder era muito pouco.

            - Então, não pode se transformar? Isso não é uma especialidade dos Grão-Senhores?

            - Ah, todos os Grãos-Senhores podem. Cada um de nós tem uma fera inquieta sob a pele, rugindo para sair. Enquanto seu Tamlin prefere pelos, acho asas e garras mais divertidas.

            - Pode se transformar agora, ou ela também levou isso?

            - Tantas perguntas de uma pequena humana. – Ao ver ela curiosa sobre mim, deixei a vaidade tomar conta.

            Deixei que a escuridão que pairava ao nosso redor começasse a se contorcer, girar e se acender quando fiquei de pé. Aqueles olhos azuis me penetravam e quando parei a transformação, eles piscaram incrédulos.

            A humana ergueu um pouco o atiçador de ferro.

            - Não é uma transformação completa, entende – estalei as garras afiadas que substituíram meus dedos. Abaixo do joelho, escuridão manchava minha pele, mas as garras reluziam no lugar dos dedos dos meus pés. – Não gosto muito de me render totalmente ao meu lado primitivo.

            Ela ainda me encarava com fascínio, então ofereci mais um pouco, revelei minhas imensas asas membranosas e pretas. As fechei cuidadosamente atrás do meu corpo. A garra solitária no ápice de cada asa despontava acima dos ombros.

            Por um momento achei que Feyre me olhava com admiração e antes que eu me descontrolasse, virei o pescoço e tudo sumiu com um lampejo – as asas, as garras, os pés – deixando apenas minha forma feérica para trás.

            - Não vai fazer nenhuma tentativa de elogio?

            - Você já tem uma opinião muito forte sobre si mesmo. Duvido que os elogios de uma pequena humana importem para você.

            Soltei uma gargalhada diante da audácia dela, mesmo enquanto tudo em mim se reverberava buscando um elogio dela, buscando sua opinião.

            - Não consigo decidir se deveria considerá-la admirável ou muito burra por ser tão ousada com um Grão-Senhor.

            Como se ela não conseguisse manter a boca fechada, ela perguntou:

            - Sabe a resposta para o enigma?

            Cruzei os braços.

            - Está trapaceando?

            - Ela não falou que eu não podia pedir ajuda.

            - Sim, mas depois de espancar você até que caísse, ela ordenou que nós não a ajudássemos. – Balancei a cabeça, tentando apagar aquela lembrança horrível. – Mesmo que eu quisesse ajudar, não poderia. Ela dá a ordem, e todos nos curvamos. – Limpei um fiapo do meu casaco preto, precisava voltar ao meu papel. Era engraçado como era difícil me manter nele perto da amante de Tamlin. – É bom que ela goste de mim, não é?

            Feyre abriu a boca para insistir, mas eu a impedi.

            - Não desperdice seu fôlego. Não posso lhe dizer, ninguém aqui pode. Se ela ordenasse que parássemos de respirar, teríamos que obedecer. – franzi minha testa ao pensar em como estávamos presos a Amarantha.

            Estalei os dedos e toda fuligem, sujeira e cinzas sumiram da pele dela, a deixando tão limpa como se estivesse tomado banho.

            - Pronto. Um presente, por ter coragem de sequer perguntar.

            Ela me lançou mais um olhar inexpressivo, mas indiquei a lareira, que estava impecável, enquanto o balde estava cheio de lentilhas.

            Os guardas de Amarantha haviam chegado e eu não queria que eles ouvissem nossa conversa. Então abri a porta, mesmo sem sair do lugar, e gesticulei para que eles entrassem.

            - Ela cumpriu o afazer. Levem-na de volta.

            Os guardas a agarraram e meu ódio fervilhou em mim. Tentando me controlar, exibi os dentes em um sorriso, que era qualquer coisa menos amigável, e entrei em suas mentes frágeis e sem nenhuma proteção. Eles pararam de imediato ao meu comando.

            - Chega de afazeres domésticos, chega de trabalhos – ordenei em um ronronar. Os olhos amarelos dos guardas ficaram vítreos e inexpressivos, enquanto eu os comandava. – Digam isso aos demais também. Fiquem longe da humana e não a toquem. Se tocarem, deverão pegar as próprias adagas e se estripar. Entendido?

            Eles deram acenos de cabeça zonzos e entorpecidos, eram tão fracos que nem lutaram um pouco se quer contra o meu poder. Os guardas piscaram e esticaram o corpo, enquanto Feyre tentava esconder a tremedeira. Os guardas então chamaram Feyre, sem tocá-la.

            Eu sorri para ela e sussurrei conforme ela saía:

            - De nada.

            Assim que ela se foi, fechei a porta, suspirei em alívio e só conseguia pensar que dera tudo certo.

            Me sentei na cama, pensando em tudo o que acabara de acontecer, mas o cheiro dela, que permanecia no quarto, ainda me descontrolava, mesmo assim eu não conseguia sair de lá, como se algo me prendesse ali. Então me rendi e fiquei enquanto era possível.

 

 

 

 

           

 

 


Notas Finais


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