Julian Hopp
Todo o barulho de anteriormente agora havia se tornado um silêncio ensurdecedor. Ao longe era possível escutar alguns gatos miando, mas nada além disso conseguira ser ouvido. No canto da sala próximo ao sofá era possível ver o corpo de Julian estirado ao chão começando a dar indícios de que a mesma estava para acordar. Julian abriu os olhos e se viu ainda zonza com o que tinha acontecido, olhou os arredores da sala vendo se conseguia encontrar onde seu celular havia parado. Depois de alguns minutos ela conseguiu encontrar o seu celular e se espantou ao olhar suas notificações.
- “Meu deus! Se passaram duas horas desde que desmaiei. Laura já me ligou 3 vezes, preciso retornar e ver o que ela quer falar comigo. Com esse número de ligações ela com certeza deve estar muito preocupada, que droga!” – Pensou Julian.
Julian digitou o número de sua amiga e ficou aguardando enquanto o telefone chamava. O tempo entre os bips da chamada telefônica soavam como uma eternidade, por fim depois de apenas chamar ninguém atendeu do outro lado da linha. Julian então tentou novamente e se espantou ao ouvir o telefone tocar na direção da porta da sala.
- “Não estou louca, com certeza estou ouvindo o telefone tocar do outro lado da porta. Preciso ir checar isso agora!” – Pensou Julian
Quando se levantou e andou em direção da porta Julian se assustou ao ouvir batidas.
- Julian, abre a porta! O que está acontecendo? Te liguei 3 vezes, sou eu! Laura! Abre por favor. - Disse com a voz ofegante.
Julian apertou o passo e abriu a porta. Assim que sua amiga a viu ela rapidamente deu um forte abraço.
- Você me deixou assustada, sabendo da sua situação qualquer momento que a perco de vista já me deixa angustiada – Disse Laura.
Laura era uma mulher alta, tinha por volta de um metro e oitenta centímetros, seus cabelos eram negros como a noite e encaracolados como se fossem nuvens, sua pele tinha o tom que lembrava caramelo, seus olhos eram levemente puxados e semelhante a olhos de uma asiática, lábios encorpados com um sorriso largo que combinavam de com o negro de seus olhos. Laura era a melhor amiga de Julian e, principalmente, a única que sabia o que realmente aconteceu com Julian.
- Amiga, eu estive olhando aquelas informações que me perguntou e acabei descobrindo algo que me assustou profundamente. – Completou Laura.
Julian olhou para Laura e curiosidade era a única expressão que seu rosto conseguia passar.
- Vamos sentar no sofá e podemos conversar sobre isso.
Laura concordou com a cabeça e logo após Julian trancar a porta as duas foram em direção ao sofá.
- “Não acho que é uma boa ideia contar para ela o porquê de eu não ter atendido as ligações. Acho que foi bom ela ter vindo com essa surpresa, pelo menos não precisarei mentir para ela. Acho que a preocupação dela com o que tem para me contar vai sobrepor a curiosidade de saber o que aconteceu comigo.” – Pensou Julian.
Assim que sentaram no sofá Laura colocou a mão na sua bolsa e pegou seu celular. As informações que ela queria mostrar estavam compiladas em pastas que criou na nuvem.
- Julian a situação é mais emblemática do que imaginamos. Nós focamos nossas energias buscando explicações ao invés de buscarmos similaridades. Dei uma olhada em casos que foram reportados que pareciam com o seu. Pessoas sendo encontradas em becos sozinhas com furos no pescoço e que apresentaram casos de complicação clínica como você. O problema desses casos foi que as marcas no pescoço sumiram com o tempo, por isso o depoimento de muitos foi desacreditado. – Disse Laura nitidamente incomodada.
Julian estava extremamente extasiada com o que tinha acabado de ouvir e rapidamente perguntou.
- Mas qual foi a conclusão que você chegou com isso? Essas pessoas estão vivas? Laura, me diga o que está acontecendo!
Laura notou a inquietude de Julian e prontamente continuou explicando o que tinha descoberto.
- Poucas! Pelo que eu consegui resgatar foram mais de 20 casos similares ao seu só aqui em Liberty. O mais intrigante disso tudo é que todos ocorreram antes de você. Pelo que consegui descobrir apenas 3 dessas pessoas ainda estão vivas.
Laura pausou e deu um suspiro e fitou novamente o olhar de Julian.
- Pelo que parece depois que aconteceu com você os casos não se repetiram mais. – Disse Laura em tom desapontado
- O que foi amiga? Acho que isso que me contou é de extrema importância. Talvez tenha ligação com a criança estranha que eu tenho certeza que apareceu nesse dia. E se nesses outros casos essa criança não existiu? E depois do que ocorreu no meu caso algo tenha mudado? São muitas coisas que podemos pensar! – Disse Julian com evidente ânimo.
- Sim, você tem razão. Alguma coisa com certeza tem de diferente do seu caso para os últimos. Pelo que percebi a recorrência dos casos era de geralmente duas semanas a um mês e depois que aconteceu com você nunca mais se repetiu. Isso me deixa extremamente curiosa do que pode ter acontecido de diferente. – Disse Laura.
Depois que Laura terminou de contar tudo para Julian ambas continuaram conversando por quase uma hora sobre assuntos que já não tinham relação com o caso de Julian.
Com o passar da noite Laura sentiu que estava na hora de ir embora. Ela pegou o celular e pediu um carro para buscá-la. Pouco menos de 5 minutos depois ela já estava se despedindo de Julian e sumindo porta a fora.
Depois de se despedir de sua amiga Julian andou em direção ao sofá e sentou com um olhar distante processando tudo que sua amiga havia a dito.
“Com certeza isso tudo tem relação com essa criança misteriosa. Talvez ela seja a peça que está faltando para eu entender tudo que aconteceu aquele dia, mas para isso duas grandes perguntas precisam ser respondidas. Quem é e onde está essa criança?”
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