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História Pequena curandeira (Marcas de ontem) - Prólogo


Escrita por: Rainha_de_Mirkwood

Notas do Autor


Bora lá, aqui começa a jornada!!!

Capítulo 1 - Prólogo


Luna se sentia cansada, depois de instaurada a pandemia estava muito mais difícil seu dia a dia. O ônibus em que estava voltando para sua casa estava com cinco pessoas dentro dele, sendo duas o cobrador e o motoristas e os outros três passageiros, cada um sentando de forma mais distante possível, usando devidamente as máscaras caseiras, todas as janelas estavam abertas de modo a deixar que a ventilação diminuísse o risco de transmissão.

Luna era uma enfermeira voluntária, não tinha muito tempo que havia adquirido o seu COREN, tentou por vezes a contratação em hospitais particulares, no entanto sem sucesso, também prestara uma prova para residência e infelizmente não tinha conseguido ser selecionada. A verdade era clara, sua falta de experiência em campo fazia com que não fosse contratada. Ciente disso se voluntariou a trabalhar em um hospital público como voluntária, após passar por ano completo de serviços prestados teria um certificado que comprovaria sua experiência e então poderia conseguir um emprego devidamente remunerado.

Estava abraçada a sua mochila, que repousava em seu colo, seu sono era grande, as noites mau dormidas estavam cobrando o seu preço. Por vezes adormecia, acordando ao sentir a mochila deslizar quase caindo, não carregava coisas de grande valor, na verdade a coisa mais cara ali era seu estetoscópio Littman, que apesar de ser um tanto caro duvidava que um ladrão comum soubesse seu valor, seu celular era de um modelo antigo e não suportava grande variedade de aplicativos, mas tinha o necessário para se comunicar. Tentou ficar alerta, logo chegaria o ponto em que finalmente desceria.

Quando finalmente conseguiu chegar em casa já estava muito escuro, ao abrir a porta tirou seus tênis ali mesmo sobre um tapete que tinha sido colocado exclusivamente para isso. Descalçou o par de luvas que usava e as descartou, indo em direção a área de serviço retirou a roupa toda ali mesmo, o frio a incomodava, mas mesmo assim aquela roupa estava contaminada, a jogou direto dentro da máquina de lavar, estava apenas de lingerie. Ligou a torneira do tanque e molhou bem as mãos e os braço, usando um sabonete líquido que tinha sido deixado ali para isso lavou suas mãos usando a técnica correta, a aprovada pela ANVISA, lavou seus braço até chegar ao seu cotovelo, é verdade que sempre colocava um casaco ao sair, diminuía o contato que tinha com superfícies não confiáveis tais como as do banco de ônibus.

Quando terminava de enxaguar as mãos ouviu a porta ser aberta, era sua mãe, que tinha chegado o plantão, sua mãe trabalhava como técnica de enfermagem e naquele momento era única que arcava com as despesas, o que deixava Luna frustrada, queria logo conseguir um trabalho remunerado e aumentar a qualidade de vida das duas, tiraria sua mãe daquele emprego com certeza.

- Estou perebenta, não chegue perto de mim! – sua mãe disse seguindo o mesmo ritual de tirar os sapatos a porta.

- Pode deixar, vou separar uma roupa para senhora, pode tomar banho primeiro. – respondeu e apressando para o quarto. Separou uma roupa para sua mãe, isso poupava tempo, assim como uma roupa para si mesmo, enquanto sua mãe não terminava seu banho vestiu o pijama da noite anterior, só para não passar frio enquanto esperava.

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Thranduil

Estava sentado em seu trono, não havia ninguém ali naquele momento e não haveria pela próxima meia hora, estava evitando ir para seu quarto ou outro lugar que o fizesse divagar. Sentia seu peito pesar e a saudades de sua falecida esposa estava mais cortante do que nunca, era doloroso falar nela, doloroso pensar, então sempre que possível evitava levar seus pensamentos a ela, fracassava com frequência é verdade.

Havia algumas semanas que o sentimento havia se intensificado, quando fechava os olhos via a face gentil o fitando, seu sorriso, era torturante, ao mesmo tempo que trazia dor por vezes sentia um resquício de alegria, a sensação era conflitante.

Outra vez escutou uma voz doce que cantava para ele, não havia uma fonte física para a voz, lembrava o timbre de sua esposa, mas ele sabia que não poderia ser ela.

Então sonhou, há muito tempo não sonhava, evitava como podia, sua esposa. Calen estava ali sorridente, seus olhos brilhavam em carinho para com ele, queria tocá-la, mas sabia que se tentasse ela se esvairia, era sempre assim. Outros sonhos vieram, mas esses eram mais confusos, a imagem de sua amada estava ali, sentia sua presença, mas o que viu não se parecia em nada com a elfa que possuía seu coração, desse sonho não conseguiu gravar grande coisa. Seu coração se alegrava nesses sonhos, mas o sentimento subsequente era terrível, um verdadeiro esmagar de seu coração.

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Luna se servia do jantar que sua mãe tinha preparado, a comida era simples, mas muito saborosa, sua mãe conseguia deixar tudo mais saboroso, era um verdadeiro dom. Conversou com sua mãe durante a refeição, ambas estavam tensas, viam o noticiário local apenas, evitavam outros, o excesso de informação que bombardeava de todos os lados tinha que ser contido, era melhor assim para saúde mental, especialmente se tratando de duas profissionais da saúde na linha de frente.

Mais tarde no mesmo dia pegou um dos poucos livros físicos que possuía, as crônicas de Nárnia, ela já havia lido antes, na verdade tinha perdido a conta de quantas vezes leu esse livro, era literatura infanto-juvenil, mas era reconfortante de ler, ficava mais leve ao ler sobre a justiça que precedia Aslam. O fato de Nárnia ser uma dimensão diferente da nossa e mesmo assim as crianças humanas para lá foram transportadas a deixava encantada, talvez fosse algo pueril de sua parte, mas não se importava. Sentia em si mesma uma sede por algo que não conhecia, uma inquietação, as últimas semanas pareciam acentuar tudo isso, ela sabia os efeitos que o stress podia causar ao corpo humano, mas não tinha muito o que pudesse fazer a esse respeito.

Arrumou-se para dormir, prendendo seu em seu típico coque abacaxi de modo a manter seus cachos e ondas, costuma dizer que seu cabelo era onducacheado, uma de suas principais vaidades era seu cabelo, depois que o aceitou e entendeu como funcionava nunca mais quis modificá-lo. Sua cama era tão convidativa, macia e quente, sorriu ao pensar nisso.

- Desliga logo a luz! – sua mãe disse, as duas dividiam o quarto, não porque não houvesse outro, mas por comodidade mesmo.

- Já vai! – disse pegando uma manta extra para por sobre a coberta.

- Vai nevar, é? – sua genitora riu de onde estava.

Deitou-se assim muito bem coberta e aquecida, pensou em Nárnia, em como seria bom se não tivesse que se preocupar tanto ao se deslocar para o hospital, na verdade sua cabeça estava cheia e tudo se misturava de forma a criar nexos estranhos. Demorou a pegar no sono, embora estivesse cansada sempre tinha dificuldade em adormecer.

Em seu sonho se viu em lugar diferente, era uma espécie de floresta, havia pequenos lagos, ou melhor poças de água límpidas ao extremo, Luna lembrou então do primeiro livro de as crônicas de Nárnia, sorriu com esse pensamento, aquilo provavelmente era um sonho, mas se era assim que mal faria passar por uma dessas poças? Logo acordaria e teria um dia comum em sua vida, aproveitaria como podia. Foi assim que pulou em uma, seus olhos fechados em expectativa.

O som do despertador a acordou de forma súbita, ela não lembrava de ter atravessado a poça, lembrava apenas de ter pulado. Eram 5h, tinha que se arrumar, ela tinha dobrado a carga horário, claro que isso constaria em seu certificado. Estaria trabalhando na triagem da emergência do hospital, o movimento era bem verdade tinha diminuído, pois as pessoas não buscavam mais o hospital com mesma frequência que antes, tudo por medo de ser infectado por outro paciente na fila de espera. Isso queria dizer basicamente que quem estava ali precisava quase sempre do serviço prestado. Estava devidamente aparamentada, mesmo assim fazer o exame físico por vezes era necessário, apenas anamnese em alguns casos não era o suficiente.

Era cerca 9h quando na sala entrou um homem idoso, seus olhos eram firmes, usava uma máscara caseira branca e estranhamente sua barba ia muito além do que a máscara poderia abarcar, eles tossia muito e quase não conseguia falar, pelo nome que tinha sido passado pelo sistema seu nome era Jerônimo, tinha 74 anos, embora olhando assim ela podia duvidar se era essa mesma sua idade.

- Como o senhor se sente? – perguntou.

- Não muito... – pausou para tossir – Bem.

- Há quanto tempo está tossindo? – perguntou Luna seriamente preocupada, um homem idoso teria sérios problemas se adoecesse em meio a esse turbilhão da pandemia.

A entrevista seguiu por pouco tempo, logo a enfermeira calçou um par de luvas e se aproximou de Jerônimo, estava com seu estetoscópio a mão e fez a ausculta que infelizmente revelava que ele não estava nada bem, sua temperatura também estava elevada, o classificou com pulseira laranja já o colocando para dentro, não tinha porque deixa-lo lá fora na fila esperando ser chamado. Antes de se despedir Jerônimo disse algo.

- Deve estar sendo difícil para você, lidar com tudo isso. Mas as coisas vão mudar, você sabe, não é? – então ele piscou para ela.

Achou estranho ele tinha dito uma frase um tanto grande e sem nenhuma alteração na voz, mas deu de ombros assim que ele se virou. O plantão seguiu de forma normal, mais um idoso de classificação de risco laranja, uma criança com aparente fratura devidamente encaminhada.

Naquela noite teve o mesmo sonho, era o mesmo lugar e os pequenos lagos, ou seriam poças, ela preferia imaginar mini lagos, novamente lembrando de Nárnia se dirigiu a um que ficava próximo a uma árvore tão alta que mesmo olhando para cima não sabia determinar se tinha fim, entraria nessa mesmo, claro se o despertador não interrompesse tudo, amava sonhos lúcidos.

Mas dessa vez o despertador não tocou, ela sentiu-se descer lentamente algo como afundar na água de forma lenta e gradual. Quando deu-se por si estava em uma floresta, mas não havia nenhuma poça ali, as folhas no chão rangiam debaixo de seus pés, reconheceu seu all star de couro branco, era confortável e o EPI perfeito. O vento frio da noite arrepiou-a por completo, os sons da mata a deixaram inquieta, que tipo de lugar era aquele? Tentou volitar como fazia em seus sonhos lúcidos e não conseguiu, não estava projetada e sabia disso.

Buscou pela luminosidade da lua para se orientar, mas ela não estava cheia naquele momento. Ao longe ouviu o que pareciam patas de algum animal, o som não era nada amigável, tratou de correr dali, chegou à borda da floresta, mas devido a pouca luminosidade caiu de um barranco, o baque em suas costas a fez engolir o fôlego, seus olhos lacrimejaram.

 

Thranduil

Aquele dia tinha sido longo, excessivamente longo, embora não se cansasse como um mortal, ainda assim o achou extenuante. Por vezes sentia que estava desconectado do aqui, gozava de perfeita saúde, mas os devaneios estavam mais frequentes, respirou fundo saindo da sala do trono finalmente.

No jardim de inverno sentou-se em um banco de madeira, o céu estava espetacularmente lindo, as estrelas sorriam para ele. Faziam companhia de alguma forma. Ouvira o canto novamente naquele dia, o riso fluído de Calen, não era ela, ele sabia que não podia ser ela, a melancolia que advinha disso o embalava.

Seria melhor se ele conseguisse se ocupar em algo mais substancial, talvez se saísse e caçasse, ir em missão junto de alguns de seus mais confiáveis elfos. Estava decidido faria isso, com sua mente cheia da atividade física e do dinamismo que nunca conseguiria dispor da mesma forma dentro dos afazeres burocrático, isso ajudaria, ele tinha certeza disso. 

Continua...


Notas Finais


O que acharam???


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