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História Pequena curandeira (Marcas de ontem) - Condomínio


Escrita por: Rainha_de_Mirkwood

Notas do Autor


E lá vamos nós!!! Mais um capítulo, esse bem de transição, já adianto.
Boa leitura!!!

Capítulo 23 - Condomínio


Arale estava já no recinto, tinha separado um vestido para a mortal. Havia o chá da tarde que estava servido.

— Como está? – estava impressionada com o pó branco no cabelo de sua senhorita, mas não deixou de observar a capa que parecer de estar bem enrolada ao redor da humana, até mesmo arrastava ao chão. – Vou preparar seu banho...

A cabeça da elfa fervilhava em ideias, sabia ser discreta e isso era um diferencial. O que o rei tinha feito dessa vez? Estava mais que ciente dos boatos que corriam, quase todos os dias alguém vinha perguntar sobre a humana, sabiam que ela estava a seu serviço, Arale sempre desconversava, fora instruída a espalhar que era uma curandeira de um reino distante, de uma linhagem nobre, era a ordem do rei, havia uma segunda parte do boato que devia espalhar em outro momento, por hora esse seria o suficiente.

‘Quanto tempo vai levar até ele possuí-la e a despachar?’ era esse o pensamento que povoava a mente da serva, tinha certeza que o soberano desejava tomar a mortal, a cobria de cuidados, até mesmo as vestes que a ela eram destinadas tinham que ser confeccionadas com o material mais nobre e com o melhor corte, essa chuva de mimos tinha um preço, embora pouco soubesse sobre Luna, ela certamente acabaria cedendo, ficava triste ao imaginar o quanto ela sofreria, no momento nutria a esperança de que ficasse mais tempo, era a pessoa menos exigente e mais acolhedora que já teve oportunidade de servir. Pensou em adverti-la para que não se entregasse ao elfo milenar, mas se ele soubesse que fez tal coisa, temia as sanções provenientes disso.

Teladriel havia visto pessoalmente a humana, processava ainda a aparência dela, era ridiculamente baixa, o cabelo parecia ser bem escuro, mesmo com toda aquela farinha isso conseguiu averiguar, os olhos então? Igualmente escuros, sua pele não era muito clara, um tom de moreno claro, além disso havia aquele quadril, era largo demais, o que havia de errado com o rei? Estava envolvida pela capa de Thranduil, deveria o monarca ser tomado de algum mal inexplicável. Como depois de ter para si as mais lindas elfas, poderia querer alguém tão... Ele tinha tido a melhor, que nesse caso era ela mesma. Decadência, era esse o termo que vinha a sua mente, mas ela resgataria o rei daquele delírio de que devia estar tomado.

Luna estava na banheira, já estava livre da farinha, pois previamente se lavou em água corrente, havia um chuveiro frio no local, que mais grata utilizou. Se perguntava como isso tinha acontecido, ela tinha beijado o elfo. Reconhecia sua parte de responsabilidade, afinal foi ela quem se aproximou em um primeiro momento beijando sua testa, outro ponto, ele a beijaria, estava claro como sol de meio dia, porém havia se adiantado em selar seus lábios, verdade que quem procedeu a tornar tudo mais voluptuoso fora o monarca. Uma libido mais que alta a tomou, nem mesmo a água fria do chuveiro tinha resolvido, agora dentro da banheira quentinha, não se conteve, deu-se prazer, precisava disso, pela primeira vez permitiu-se pensar no rei. Como ele se comportaria em um momento íntimo? Isso só podia supor, se era gentil ou intenso, difícil determinar, embora houvesse algum palpite. Talvez fosse um grande erro, ter a imagem do elfo nesse momento. Isso aconteceria novamente? Conseguiria ser sempre controlada perto do soberano? As conclusões a que chegava eram preocupantes, poderia sair extremamente magoada caso permitisse que além de seu desejo físico, surgisse algo sentimental, certa de que se conhecia, nunca sentia alteração em seu fogo sem antes ter seus sentimentos devidamente abalados.

Provara o sabor da pequena dama, Thranduil bebia vinho, em nada isso ofuscava o que ainda nele restara, nunca esteve tão feliz por ser milenar, duvidava que se tivesse a idade de Légolas tivesse conseguido se conter, sabia que com incentivo correto ela acabaria cedendo, contudo o respeito que por ela tinha, passava por cima disso, persuadi-la sem intenções definidas, estava fora de cogitação. Ele não a desejava para apenas uma vez, ou para poucas vezes, isso já estava entranhado em seu íntimo, a queria para si, sua companhia, a presença reconfortante, aquele olhar caloroso e ingênuo, as pequenas mãos curiosas, seu modo de falar despreocupado e levemente atrevido, até sua falta de senso em alguns pontos. Nome para o que sentia desconhecia e pouco se importava em nomear, sabia porém, que nunca sentiu isso ou nada levemente similar em séculos, inevitavelmente vinham comparações com a rainha, cada vez mais se assemelhava o sentimento e tudo que a envolvia.

Seu sangue parecia pulsar com nova força, a vida tomava cada parte do seu ser, não havia mais a aridez interna, o sangramento contínuo a que se acostumara, a dor que quase roubava sua alma imortal, tudo fora abrandado, lembrava do processo de cuidados que recebeu da humana, a forma como o manipulara, cuidara das feridas, o deixava limpo, era análogo tudo que se passava, recuperava-se a si mesmo. Em dado momento de sua vida tinha chegado à conclusão de que dele a felicidade fugia, por todos os lados possíveis, naquele instante essa ideia se esvaía. A alegria pouco a pouco mostrava sua face, dentro de si havia inúmeros receios, todos eles ofuscados por sua determinação de viver o presente.

Légolas estava na cozinha, seu pai havia avisado a ele que fosse para lá durante a noite. Achou a cozinha bagunçada demais para seu gosto, havia resquícios de farinha no chão. Antes a cozinha fora limpada da tragédia da farinha de forma superficial. Sobre a mesa havia um pedaço de papel e nele estava escrito.

“Sirva-se do doce, pode comê-lo até terminar!

PS; Arrume a bagunça.”

O recipiente de porcelana estava tampado, dentro havia o doce citado pelo rei, o príncipe não conseguiu deixar de o cheirar, maçã ele reconheceu. Com desconfiança provou a iguaria. Bem doce, a textura o agradou, de fato era saboroso, quando menos esperou já havia terminado com o conteúdo.

‘Até terminar?’ tinha tão pouco daquela guloseima, era cômico dizer que comesse tudo.

Que bela tarefa tinha pela frente, limpou toda aquela zona, seu pai não costumava deixar nada desorganizado e muito menos sujo. Queria a receita daquela sobremesa, depois se certificaria de a conhecer, aquela cozinha existia por um motivo, queria ter oportunidade de passar um tempo junto do pai, ambos sabiam cozinhar, embora não fosse um amplo cardápio, por vezes marcavam algo na cozinha, fosse apenas um chá, ou um jantar. As passagens secretas eram áreas onde podia se sentir em família e em total segurança, podiam ambos ser o que eram.

No dia seguinte Luna teve aulas de equitação novamente, estava melhorando e muito, isso a animava, veria Beorn, o agradeceria por tudo e recuperaria seu all star amado, sentia falta de seu jeans, pegaria tudo que tinha de seu na cabana.

Pouco antes do almoço, já um tanto cansada do treino matinal, se dirigiu até o jardim, tinha o livro consigo, leria antes da refeição. Debaixo da árvore se alojou, devorava cada palavra, depois retornava e as absorvia de forma diferente. Uma noz caiu em seu ombro assustando-a, ao olhar para cima nada encontrou, aquela árvore não dava esse tipo de fruto. Em pé deu a volta na árvore, seria Ivan?

No momento usava um vestido azul claro, sempre tirava a roupa de equitação quando chegava ao quarto, somente durante as aulas usava o uniforme fornecido, contava com três uniformes no momento. Depois de perceber que não havia sinal de esquilo, voltou a sentar-se, outra vez caíra algo da árvore. Sua curiosidade aguçada a fez ficar descalça, e um canto deixou seus sapatos, o livro não deixaria assim exposto, apenas deu um jeito de fixa-lo mais rente ao corpo, subiria na árvore, era grande e certamente a aguentaria bem. Fazia muito tempo que não subia em uma árvore, mesmo assim ainda tinha em sua memória como o fazer, havia de fato uma reentrância onde poderia encaixar seu pé e impulsionar-se acima. Suas memórias a faziam ter a certeza de que estava indo no caminho certo, embora fosse mais difícil agora do que antes. Já encima da árvore ficou maravilhada, o espaço era enorme, daria com tranquilidade para construir uma enorme casa na árvore.

— Dá para construir um condomínio de esquilos aqui, um condomínio de luxo... – se viu dizendo, havia três ninhos no local e dois deles com pequenos ovos. – Melhor, cabe uma Disney de esquilos. Com espaço para pássaros também. – procurando por um lugar para se sentar Luna encostou as costas em um grosso galho, estava muito bem apoiada, o livro em seu colo, era perfeito demais para ser verdade. Os passarinhos curiosos cantavam agitados. – Pedacinho de paraíso! – retomou empolgada a leitura, lia e relia, estava em órbita, aos poucos começava a sentir sono, então releu uma vez mais o poema, recostou-se melhor no galho, estava segura ali, então adormeceu.

Thranduil estava na sala do trono, Teladriel tinha dado as caras novamente, mas dessa vez tinha uma desculpa esfarrapada, tinha dito ter curiosidade sobre a missão de Arale.  

— Majestade nunca vi um troca-peles, posso ir junto? Sou ótima arqueira... – ofereceu-se.

— Excelente... – Teladriel era jovem e não conseguia perceber quando o rei era irônico, tão pouco o elfo fazia questão de se fazer entender, era tedioso conversar que fosse trinta segundos com ela, o maior fato sobre era um só, era excelente em se enfiar em qualquer lugar que quisesse da forma mais discreta possível, como arqueira era pouco mais que medíocre.

— Posso?! – estava empolgada com a possibilidade, queria de verdade sondar a humana e saber o que diabos a mortal tinha para encantar o rei.

— Saia! – foi enérgico, iria para a biblioteca, ali sim a inconveniente não se atreveria a entrar.

Teladriel se retirou, consideraria aquilo como um sim, no dia marcado iria junto de Arale e da mortal, além disso era prima da elfa, sempre foram próximas, embora nas últimas três décadas tenham ficado um tanto distantes, cada uma realizava uma tarefa muito diferente da outra.

A hora do almoço aproximava, a elfa já estava pronta a servi-lo, mas observou que Luna não estava ali, então decidiu por procura-la no jardim. Quando ali chegou à cena que viu foi a mais inesperada, estaria alucinando? Deveria realmente estar vendo coisas. Légolas estava no chão e a humana estava encima dele. Sua visão era perfeita, não seria esse o problema.

Légolas estava passando pelo jardim naquele momento, tinha como objetivo outro ponto na ala nobre, mas achou bom passar por ali, fazia espairecer com maior facilidade. Estava próximo a árvore central quando viu um belo par de sapatos femininos, certamente tinha pés bem pequenos, a essa altura já sabia de quem se tratava, buscou com o olhar pela mortal, mas não se encontrava em canto algum, até que algo caíra da árvore, uma castanha, subiu o olhar curioso, não era esse tipo de planta, conseguiu ver claramente a imagem da humana.

‘Por que subiu ali?’ pelo que conhecia de humanos adultos, esse não era um hábito entranhado.

— Senhorita?! – chamou, mas não houve resposta imediata, então aumentando o tom a chamou.

Luna acordou em um solavanco, apesar de estar muito bem apoiada na árvore vacilou um segundo e despencou trazendo consigo o livro.

— Ai!!! – tinha doído, embaixo de si mesma viu o jovem elfo, o tinha derrubado.

Apesar dos bons reflexos acabou caindo, não em uma posição muito ruim, pois isso conseguira evitar, a mortal agora pesava sobre o elfo. Estaria machucada?

Por alguns segundos a enfermeira ficou imóvel, tentava ver se tinha algo errado consigo mesma, sua mão, havia um pequeno corte, causado pelo contato com uma das flechas que no momento o nobre carregava. Percebendo que o incomodava se retirou, estava um tanto constrangida.

— Está bem alteza? – perguntou o inspecionando visualmente, ele parecia ótimo, não havia um único fio de cabelo fora do lugar.

— Sim, mas e a senhorita? – perguntou depois de ver que havia um pequeno sangramento no dorso da mão da mortal.

— Ah, estou bem sim, isso é coisa pequena. – tinha percebido que ela tinha visto seu machucado.

Thranduil ouviu da biblioteca a humana, graças a sua excelente audição, quando foi verificar do que se tratava ela estava ajoelhada ao lado de Légolas, que por sua vez, se encontrava sentado.

— Dormia na árvore...

— Foi má ideia, eu sei, mas estava tão relaxada. – explicou-se.

— Humanas do lugar de onde vem, costumam subir em árvores? – curioso especulou.

— Não, nem homens, nem mulheres, pelo menos não em condições normais.

Já em pé Luna não sabia o que dizer ou como se comportar, queria ir almoçar e quem sabe tirar um cochilo, tinha sono, só depois teria sua aula.

— Eu devo ir... Foi bom te ver, apesar da inconveniência. – a humana partiu.

Então o príncipe notou que havia algo no chão, um livro, pegou o mesmo na hora.

Assistindo na sacada da biblioteca, Thranduil enrijecera ao ver o manuscrito nas mãos do filho. Se ele lesse...

— Senhorita Luna! – o príncipe élfico disse – Deixou o livro cair... – tinha espiado o título e aberto, sem muita atenção prestar.

A tensão do rei se dissolvia, por pouco, por muito pouco, o conteúdo era inadequado para seu herdeiro, ainda mais sabendo ele em posse de quem se encontrava o manuscrito.

Continua...


Notas Finais


O que você achou???

Vamos jogar, essa é a hora da verdade!!! Quem leu as notas finais escreva nos comentários a palavra chave; QUEDA


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