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História Pequena curandeira (Marcas de ontem) - Desculpe-me


Escrita por: Rainha_de_Mirkwood

Notas do Autor


Mais um capítulo, esse contém uma música, boa parte dela pelo menos, traduzida.
Boa leitura!

Capítulo 43 - Desculpe-me


— Ah... – o fitou e fez manha – Sem camisola? – lamentou-se, carregava um pouco de sarcasmo e ironia em seu falar, embora a entonação fosse de claro divertimento. Corou um pouco ao ver a peça aberta, podia ver todo o abdômen bem definido do monarca, assim como seu tórax, sua pele era tão lisa, já o tinha visto antes sem essa peça, mas no contexto anterior a isso não deu atenção. Deu um passo a frente, levando a mão a um dos lados da peça.

Tinha alcançado seu objetivo, o rostinho rubro a sua frente entregava que sim. A viu tocar o tecido sentia um tanto de seu calor mesmo com a barreira do mesmo, tomou sua outra mão e levou de encontro a seu peito, sobre seu coração, seria possível sentir seus batimentos, ela ergueu o olhar de encontro ao seu, a viu sorrir.

— Está frio... – sentia a pele sob seus dedos e de certa forma seus batimentos, correu a mão de forma superficial descendo em um movimento lento de tórax a seu abdômen, a pele dele se arrepiava sob seu toque, era ótimo de se perceber, mas sendo comedida e desprendendo algum esforço, aproximou as bordas e começou a abotoar a peça, tinha que cooperar consigo mesma. Quando terminou o que fazia afastou-se e o analisou, ele ficaria bem no que quer que usasse. Tentou buscar coragem para perguntar, mas estava um tanto complicado – Pretende passar a noite aqui? – tinha percebido isso mais cedo, mas agora o vendo com sua roupa de dormir era inevitável esclarecer.

— Claro... – respondeu com simplicidade, ela estava lúcida e parecia bem o bastante para ficar sozinha, mas queria permanecer a seu lado, imaginou que ela poderia ter uma recaída e voltar a ter febre. Mas além de tudo isso queria gastar mais de seu tempo com ela.

— Ah... – era muito estranho pensar nele junto dela durante a noite, a ideia não era desagradável, mas era incomum. Foi em sequência trocar de roupa, teve dificuldade em abrir a parte posterior do vestido, novamente se perguntava o motivo de confeccionarem roupa assim tão complicada, sentiu dor quando forçou sua elasticidade, tinha duas opções dormir com aquele vestido ou pedir ajuda a Thranduil, o vestido apesar de ser lindo não era confortável o bastante para passar uma noite inteira com ele. Voltou ao quarto. – Pode me ajudar? – pediu um tanto constrangida.

O rei tinha em suas mãos o livro de antes, estava realmente distraído a sua espera, quando a viu retornar, ela deu as costas a ele, percebeu a que se referia, o cabelo brilhoso caía a suas costas, escondendo boa parte das amarras de ajuste do espartilho, afastou os fios com cuidado e correu a mão pela amarração, no final achou o laço que dava tanta dificuldade, não era apenas um laço, havia um nó que garantia que não se abrisse em nenhum momento, com relativa facilidade abriu essa amarra e viu afrouxar-se.

— Obrigada! – sumiu do quarto rapidamente, aquele dia estava tão surreal, passou tanto tempo na companhia do elfo, tinha sido bom em tantos sentidos, que só não duvidava da realidade pela parte em que tão mal passou.

Retirou a peça de modo mais lento que o habitual, tentava ser delicada em seus movimentos, já tinha entendido que exercer força ou estender de forma mais ampla causava dor. A peça deslizou até cair a seus pés, sentiu sua pele arrepiar, estava bem frio, logo começou a vestir a camisola, o tecido era quente aconchegante e se moldava a suas formas, era longa como os vestidos do dia a dia, havia também um casaco que fazia com não passasse frio, duvidava que essa peça pudesse ser considerada uma lingerie. Viu alguns de seus cachos bem destruídos, mas os revitalizou, agora já mais satisfeita com seu aspecto. Fez sua higiene oral. Voltou para o quarto e viu sentado em sua cama, em sua mão estava o livro que antes o vira ler.

O elfo percebeu que se demorava, sabia que sem ajuda ela demoraria, mesmo tendo desfeito a amarração a suas costas. Ouviu seus passos antes mesmo de se voltar para olhá-la. Ela estava tão diferente... Vestia preto, até o momento já a vira usar várias cores, percebia que ela gostava muito de azul, também parecia ter algum gosto pelos tons cor de rosa, mas nunca antes a viu usar a cor preta. Engoliu seco, o contraste com sua pele era tão evidente, os cachos emoldurando sua face, seus olhos escuros, estava impressionado com o quanto a favorecia, o decote observou, era discreto, mas consideravelmente mais profundo do que todos os outros, era tão tentadora e nem parecia se dar conta disso. Seus olhos então se prenderam em seu pescoço por um instante, ele a tinha deixado marcada, voltou seu olhar a sua face.

— Ainda sente muito frio? – o tecido do casaco cobria as ataduras, se ela ainda estivesse com muito frio talvez ainda estivesse febril.

— Não tanto. – deu a volta na cama e subiu, postou-se a seu lado, estava curiosa – O que lê? – reconheceu o alfabeto que recém aprendera.

— Um livro de receitas... – sentia a seu lado, embora não houvesse nenhum contato físico, o cheiro dela alcançava suas narinas.

— Receitas? De que tipo? – curiosa estava, lembrava de ter pedido que ele algo cozinhasse.

— Nesse caso é sobre tortas assadas... – respondeu – Eu gosto de assar coisas, geralmente não vario muito, Légolas tem suas preferências bem definidas, então faço as que ele mais gosta e às vezes alguma que eu tenha vontade. Agora tenho que providenciar uma diferente que esteja dentro do que você goste... – havia mais uma pessoa em sua vida que queria agradar no momento, estava mais que feliz de a ter presente.

— Quer tentar algo novo? Mas tenho certeza de que costuma fazer deve ser delicioso, por isso mesmo gostaria de provar. – confessou, seu coração se aquecia em vê-lo planejar o que fazer para ela, antes até mesmo duvidava que ele aceitasse fazer algo para ela.

— Terá tempo para provar o habitual... – respondeu, tinha planos para um futuro próximo, muito próximo, queria ter uma refeição na companhia do filho e da pequena dama.

— Eu vou?! – a ideia a empolgou, já tinha se considerado um tanto ambiciosa antes quando pediu que cozinhasse para ela. – Falando nisso, não faço ideia do que fazer de sobremesa, vai sair algo no improviso!

Depositou o livro na mesa de canto, foi até a porta do quarto e abriu, chamou por uma serva que já estava ali como esperado. Pediu a Felicera que retirasse a mesa, em pouco minutos a serva voltava com outra mais jovem a auxiliá-la, percebeu o olhar curioso da mais jovem, que fitava Luna sentada na cama com curiosidade. Achou isso inconveniente, poderia incomodar a pequena curandeira, fechou a porta sabendo que não seriam interrompidos à partir dali. Já voltara para seu lugar de antes, logo ao lado da humana e a escutou dizer.

— Falta pouco para à hora dela... – comentou.

— A que se refere? – o que ela dissera fora meio desconexo.

— Logo dará a luz, o bebê já está encaixado. – se referia a elfa mais jovem, tinha observado a protuberância, era nítido também pela postura que isso aconteceria.

— Percebe isso dessa maneira? – quando ambas entraram no quarto nem mesmo tinha percebido que havia uma elfa grávida ali.

— Quando já está avançada a esse ponto sim. – explicou. Trouxe seus joelhos para mais perto de seu tronco, sentia um pouco de preguiça.

— Está cansada? – sua postura corporal parecia denotar isso.

— Um pouco, eu dormi tanto... – relaxou a postura – Dormi demais, não é? – voltou-se para ele, a princípio estranhara o tempo que ele tinha gasto consigo, mas agora parecia ainda mais fora do comum, estava com ela mesmo quando dormira por horas.

— É o que seu corpo exige para que se recupere. – compreensivo falou. Sem saber o que fazer ou dizer perguntou se ela queria dormir, com sua recusa pensou em algo um tanto egoísta. – Acha que consegue cantar? – já sentia falta do timbre tão acolhedor, a voz tão melodiosa.

— Acho que sim... – buscou em sua mente algo que pudesse cantar naquele momento, mas nada havia tão a superfície. – Sempre que me pede isso não sei o que escolher. – confessou.

Sem conseguir entender o passado

Destruiu o esplendor

Aquelas gotas de lágrimas

Queimando meu peito

O amor flui através do céu e da terra

Para quem o coração está agitado?

Em todo o mundo, onde está localizado?

Onde guardar com segurança esses anos fugazes?

Ouviu a voz doce cantar, compreendia a dúvida que ela expressara sempre a assaltar quando pedia que cantasse, mas ela sempre conseguia com as letras somadas a sua voz melodiosa entregar alguma mensagem ou fazê-lo viajar e desconectar-se de si mesmo, ou ainda sentir-se ainda mais aterrado em seu próprio ser, era uma capacidade certamente conflitante.

Se o amor é muito desolado, vou sonhar com você.

Para resgatar todas as suas lágrimas.

Quão longe é esta estrada? Quanto tempo estas três vidas?

De mãos dadas até o fim da vida...

Vento e neblina, chuva forte e neve

Passo a passo acompanhando você

De mãos dadas, não tenha medo, não se preocupe com o amanhã

Quem tem medo do destino errante? Quem tem medo dos confins da terra?

Mesmo estando sentada ao lado do monarca o evitava olhar, sempre se sentia um tanto tímida quando para ele cantava, apesar de amar cantar tinha dificuldade de compreender o porque de sempre pedir que cantasse, mas o fazia. Sempre vinha a sua cabeça músicas que a constrangiam, sentia-se declarando para ele algumas vezes, porém acreditava que dificilmente a interpretaria desse modo, então tranquilizava.

Quantas ondas rochosas fazem o coração parar de balançar

Juntos relembrando o passado

Esperando você, o vento parou, a neblina se dissipou, a chuva parou, a neve derreteu

Adeus, ao luar perfeitamente bonito, ainda estou ao seu lado

Tinha curiosidade de onde vinha todo repertório que a mortal dispunha, até o momento tudo que cantara era novo, conhecia consideravelmente as músicas dos humanos, eram interessantes sem nenhuma sombra de dúvida. Ela dissera ter vindo de longe, desconhecia o caminho de volta, essa origem o deixava um tanto inquieto.

Luna mudou sua postura, agora que acabara a de cantar o fitou um momento, tinha a dúvida à ponta de sua língua, mas achava tão estranho de se perguntar que a segurava. Tomada de coragem pronunciou-se.

— Acha que não estou bem para ficar sozinha? – se a resposta essa pergunta fosse um sim seria estranho, afinal Arale poderia acompanhá-la ou outra elfa.

— Em parte sim... – foi franco e entrelaçou seus dedos aos dela, como mais cedo sentia a pequena mão contra a sua, poderia querer ficar sozinha, seria compreensível se  quisesse – Mas também quero passar mais tempo a seu lado. – voltou sua mirada para ela, tentava ser honesto.

Assimilou cada palavra pelo elfo proferida, seu coração se aquecia, queria algo dizer, porém não encontrou nada que fosse adequado, então apenas recostou sua cabeça ao ombro do soberano, ainda sentindo suas mãos entrelaçadas. Fechou os olhos e respirou fundo.

A pequena dama não o repeliu, ao senti-la apoiar-se em si considerou como sendo sua aceitação. Ela relaxara a seu lado, até chegou a cogitar que ela dormia, mas estava acordada. Ficaram assim por tempo considerável, até que ela realmente sentiu sono.

— Vamos dormir? – sugeriu então acomodou-se, ainda o fitava deitada a seu lado, os olhos dele estavam presos aos seus, cerrou seus olhos e entregou-se a inconsciência.

Thranduil permaneceu acordado, fitava a face adormecida da pequena curandeira, gostara tanto do dia que passou em sua companhia, dividir o leito com ela é algo que faria com prazer. Dormiria com ela, no sentido literal da palavra, tinha expressado melhor o que sentia, esperava que ela realmente tivesse compreendido que não era uma distração, que era importante para si mesmo e que sua presença era desejada. Quando confessou essa parte achou que haveria um questionamento, ou ainda que ela pudesse não querer mais estar a seu lado, mas tudo que ocorrera o levava a crer que ela também o apreciava. Era tão carinhosa na maneira que lidava com ele, mesmo que a percebesse hesitar vez outra. Encantadora...

O rei adormeceu em algum momento, ainda fitava o rosto da mortal.

Luna acordou ainda estava bem escuro, haviam poucas velas acesas, o elfo estava junto de si, bem junto, um braço dele lançado sobre sua cintura, sentia a respiração lenta e calma de quem em paz repousava, a face do imortal estava muito próxima a sua, era possível sentir em seu cabelo e pescoço seu ritmo respiratório, olhando para cima a humana viu o dossel, estava deitada de barriga para cima e o sentia a envolver, moveu-se um pouco e sentiu que ele apertara um pouco sua cintura a trazendo mais junto de si mesmo. Procurou relaxar, ainda tinha muito sono e nem mesmo sabia o quanto faltava para o alvorecer.

Em seu sono o elfo sentia um aroma delicioso, o buscava com afinco, era de sua pequena dama, disso tinha certeza, por isso tanto desejava encontrar, até pensar ter achado a fonte de seu perfume, sentiu-se aquecer o calor dela podia sentir. O sonho não era dotado de imagens, apenas seus sentidos e raciocínio eram preservados e perdia-se em por ela caçar. As horas passaram e o soberano despertou, viu-se abraçado ao corpo feminino, estava muito colado a ela, o cheiro que tanto sentia em sonho era agora justificado, praticamente a abraçava, com sua face enterrada entre os fios escuros de seu cabelo, de certa forma tocava de leve no pescoço da mortal. Sorriu satisfeito, infelizmente já não contava com tanto tempo disponível, mas aproveitou aquele momento, sem se mover manteve-se nessa posição por um breve período, então de forma delicada se desprendeu de seu corpo, tinha cuidado para não acordá-la. Fitou-a, parecia tão serena em seu sono, os cachos de seu cabelo espalhados, até mesmo adormecida conseguia ver nela doçura, ficou por longos minutos a fitando, até que teve que sair dali.

Dirigiu-se diretamente ao banheiro do quarto, preparou seu banho e relaxou dentro da banheira. Aquele dia seria longo, conversaria com elfas que acompanharam a humana, faria seu julgamento.

Luna despertou e viu-se sozinha, tinha sonhado tudo isso? Questionava-se seriamente, não havia sinal do rei a sua vista. Se fora um sonho tinha sido dos mais doces de sua vida. Esfregou os olhos, estava com tanta preguiça. Pôs-se de pé, era hora de começar seus cuidados diários, dirigiu-se ao banheiro e quando entrou percebeu que não estava sozinha.

Thranduil já tinha terminado seu banho, secava seu cabelo usando uma toalha branca para tanto, o espelho que ia do chão ao teto refletia sua nudez. Conseguiu ver uma extremamente sonolenta humana, ela o fitou por um instante com expressão neutra, parecia nem perceber o que via. Virou-se ficando frente a ela.

A princípio cogitou que estivesse delirante, tinha visto as costas nuas do elfo, eram largas, os ombros também largos, tentou situar-se, então ele se virou e ainda estática o contemplou. Seu sangue pareceu ferver, sua face ardia, certamente enrubescera. Devia ter se desculpado e saído do ambiente de cara, mas não conseguiu, não de imediato, ia dizer algo, mas palavra alguma saiu, então sacudiu a cabeça tentando colocá-la no lugar, que era em seu pescoço e não no corpo perfeito a sua frente, encontrou sua voz e disse.

— Desculpe-me... – saiu do ambiente de forma apressada. Tinha visto muito dele, muito mesmo, se perguntava como podia existir tal tipo de beleza.

Thranduil achou interessante as reações da mortal, ela pareceu demorar um pouco  para entender a realidade, em si mesmo não havia a mínima sombra de pudor, não quando era ela. Achou graça quando ela se desculpou e saiu do ambiente, não conseguiu conter o riso, era cativante sua timidez.

Continua... 


Notas Finais


O que você achou?

A música do capítulo é a abertura de um dorama chinês chamado Eternal Love, tem no netflix quem quiser assistir.
Chama-se Three Lives Three Words.

Vamos jogar, essa é a hora da verdade!!! Quem leu as notas finais escreva nos comentários a palavra chave; SOMBRA


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