— Mas pai! – O pequenino Jimin esbravejava com um bico enorme formado em seus lábios.
— Sem "mas", Chimchim. – Yoongi, o pai do menino arrumou a alça da mochila do pequeno. – Porque é tão horrível voltar caminhando junto com o Jungkook? Ele é nosso vizinho, você não vai precisar andar mais.
— Porque ele é um pirralho! – Hoseok soltou uma risada ao ouvir o filho de apenas nove anos dizer aquilo. – Eu não quero que os meninos achem que eu ando com pirralhos.
Yoongi sorria abertamente enquanto assimilava as explicações do menino que estava de braços cruzados e nariz levantado tentando ser intimidador, mas apenas resultando em uma cena extremamente fofa para os dois adultos presentes na sala da casa.
— Jimin, você é um nenêzinho também. – O pai de cabelos ruivos pegou o filho no colo que tentou contestar, mas só conseguia rir ao sentir as mãos do adulto lhe fazendo cócegas, então o mesmo parou de abrupto. – Ou você não é mais meu nenê?
— Papai, eu sou um menino grande agora, já tenho quase dez anos! – Disse sorrindo ainda no efeitos das cocéguinhas.
— Nós estamos ficando velhos, Hobi, nosso bebê diz que já não é um bebê, acho que não vamos mais poder ter noites de sorvete com desenhos... – Yoon lamentava falsa e dramaticamente, sabia que isso era o ponto fraco de seu filhote.
— Ó, que horrível, não vou mais poder olhar One Piece enrolado na coberta de Totoro! – Hope entrava na brincadeira com o pequeno ainda no colo e já arregalando os olhos com as coisas que seus pais diziam.
— Verdade, teremos que dar um jeito na manta de Totoro, já que o Jimin não é mais um bebê... – O menino em questão já se debatia nos braços de seu pai repetindo a palavra "não" incansavelmente. – Talvez devêssemos dar ela para o Kook, já que ele é um bebê ainda.
— NÃO! – Novamente o bico se formava nos lábios da criança. – Não façam isso, ela é minha!
Os dois adultos estavam rindo até notar que os olhinhos do filho se enchiam de lágrimas.
— Que gritaria é essa? – Uma quarta voz ecoou. – Porque o Jimin tá quase chorando?
— Dada, o papai e o papa disseram que vão tirar minha coberta de Totoro! – O pequeno falou com seu queixo tremendo por segurar o choro. – E eu não 'tô quase chorando!
Taehyung olhou para os três meninos da sua vida e suspirou.
— Às vezes eu fico surpreso que nós conseguimos autorização pra pegar ele.
— Amor, a gente tava brincando com ele porque ele disse que não era mais nosso bebê. – Yoongi rapidamente se explicou.
— COMO ASSIM VOCÊ NÃO É MAIS NOSSO BEBÊ, JIMIN?!? – Taehyung dramatizou, não perderia a primeira crise de "quero ser grande" de seu filho e ele mesmo fingiu que iria chorar.
— Não dada, não chora. – E assim que o pequeno começou a chorar. – Eu a-ainda sou bebê de vocês!
— Chimchim, calma, dada tá sendo dramático. – Hoseok abraçou o menino que ainda estava em seu colo, colocando a cabeça do mesmo contra seu peito fazendo com que ele sentisse os pequenos soluços que saiam dos lábios cheinhos. – Você sempre vai ser nosso pequenininho.
— Isso meu amorzinho, nós não vamos dar sua coberta do Totoro para o Jungkook. – Yoongi se aproximou na frente de Seok, dando um abraço nele fazendo um pequeno sanduíche de pessoas.
— Você vai estar com os cabelos branquinhos e vai continuar sendo nosso nenê. – Taehyung se juntou ao abraço.
— Papais, eu amo vocês, mas vocês 'tão me sufocando. – A voz fina saiu abafada.
— Vocês ouviram algo? – Hoseok provou.
— Eu não. – O de cabelos azuis entrou na brincadeira mais uma vez. – Acho que é pra gente apertar mais.
— Também acho! – Tae aumentou a força que fazia nos braços que envolviam seus maridos fazendo com que um grito misturado em risadas fosse ouvido, então todos se afastaram e o menino foi posto no chão.
— Vocês quase me mataram! – Dizia indignado.
— Mas não matamos, então você tem que ir logo para aula. – Hope retrucou ao garoto.
Jimin percebeu que aquela afirmação era verdade então passou o olhar entre seu papa e seu dada para dizer em seguida:
— Me matem, rápido para eu não ir na aula.
Os três adultos caíram na risada. Yoongi logo pegou a chave do carro e levou o pequeno para sua escola. Ao chegar no local, quando Jimin já havia saído do carro, lembrou-o:
— Espere o Jungkook na saída, vocês vão andando juntos!
Então acelerou o carro sem dar tempo para seu filho negar a tarefa.
No fim daquela tarde o menino quase pensou em ir embora sem Jungkook, talvez diria para seus pais que ele esqueceu que tinha que esperar ou não havia achado o menor, mas logo ouviu o barulho de pés correndo e uma voz mais infantil que a sua gritar.
— Chimchim!
— Vamos logo. – Não percebia, mas estava com um bico tão enorme quanto o da manhã que passara.
Jungkook não se deixou abalar pelo humor do mais velho e apenas acenou com a cabeça e segurou as alças de sua mochila com suas mãozinhas. No caminho às vezes corria um pouco para alcançar seu amigo que, por ser mais alto, caminhava mais rápido. Talvez Jimin estava caminhando mais rápido que o normal propositalmente, mas o mais novo não pensaria ruim dele.
Uma coisa que o menino de nove anos percebeu é que o pequeno Jungkook continuava sorrindo, mesmo que ele tenha sido grosso e estar fazendo o outro quase correr durante toda trajetória. Jimin também notou que não sabia se isso lhe incomodava ou não.
No segundo dia o mais velho não estava tão bravo quanto no anterior, tinha conversado com os seus pais e eles haviam dado vários argumentos que Jimin não tinha como revidar, então aceitou que teria que continuar acompanhando o menino para casa. Ao ver o mesmo o humor mudou de novo, não para ruim, na verdade o menino de cabelos castanhos não sabia o que estava sentindo ao ver os olhinhos que pareciam ser jabuticabas levemente vermelhos e uma marca recém feita de mordida no braço. Incomodo, era isso que ele sentia, algo incomodava. Mas antes de pensar mais coisas ele ouviu novamente a voz.
— Chimchim!
Ji voltou à realidade e viu que o sorriso estava estampado no rosto de Jungkook, então ignorou o que havia sentido segundos atras e começou a andar, rapidamente olhando para checar se o outro estava o seguindo. No meio do caminho ele olhou de novo, apenas para ver que o de cabelos escuros olhava para frente sorrindo, ele tentou seguir o olhar do menino para descobrir o que o fazia sorrir e ao não achar nada emburrou-se e não olhou mais para trás até que chegasse em casa.
No terceiro dia Jimin nem ao menos se lembrava porque de ficar irritado pela tarefa de andar com Jungkook, já que tinha conseguido um nota boa em sua prova que resultaria em vários mimos vindo de seus pais.
— Chimchim!
— Oi Jungkook. – Ele respondeu ao chamado do mais novo pela primeira vez, fazendo o pequeno sorriso quase rasgar as bochechas do outro.
— Pode me chamar de Kookie. – O pequeno sussurrou aumentando o passo para ficar lado a lado do mais velho.
— Okay.
— Porque você 'tá feliz? – Indagou o Kim, que estava realmente surpreso por ouvir respostas de seu companheiro.
— Porque eu tirei uma nota boa na prova, então meus pais vão fazer o que eu quero! – Jimin sorria ao se gabar.
— Que legal! – Respondia animado. – Deve ser muito muito divertido ter três papais para fazer o que você quer, eu só tenho dois.
— É legal mesmo, mas o tio Namjoon e o tio Jin também são legais. – Depois dessa fala não houve mais conversas entre os meninos, mas isso não impediu o sorriso enorme de Jungkook de continuar em seu rostinho.
No quarto dia Jimin realmente não se importava mais em andar com Kookie até sua casa. Ele espera na saída do colégio até ouvir a voz extremamente infantil, que agora já não soava irritante para seus ouvidos.
— Chimchim!
Mesmo não se importando o mais velho não abriu a boca durante todo o caminho, mas viu que mesmo assim o outro estava sorrindo, por um momento ficou confuso e mau percebeu que já tinha chegado em casa.
No quinto dia Jimin estava com uma dúvida na cabeça: porque o pequeno sempre estava sorrindo. Ele havia parado pra pensar e não conseguia chegar em uma resposta, então cada vez ficava mais curioso.
— Chimchim!
Naquele dia o mais velho observou várias vezes Jungkook sorrindo. Não andou mais rápido que o normal ou tentou evitar o menino, apenas observou os lábios do mesmo, percebeu que os dentinhos de Kookie faziam ele parecerem um coelho quando sorria. Era fofo. Seus pensamentos foram interrompidos quando seu olhar foi notado pelo dono dos dentinhos, ele rapidamente olhou para frente como se nada tivesse acontecido, sentia suas bochechas ficando quentes, seus passos aceleraram e assunto nenhum foi puxado naquele aquele dia.
No sexto dia estava chovendo, o que fazia Jimin ficar emburrado, pois não gostava de ficar com a roupa molhada e mesmo que seu guarda-chuva de Totoro o cobrisse a água sempre dava um jeito de empapar o garoto.
— Chimchim!
Hoje a felicidade do menino que vestia uma capa de chuva do ursinho Ryan e pulava em pequenas poças d'Água realmente estava irritando o mais velho. Virou-se de costas e começou a andar para casa, sentiu que Jungkook corria para ficar embaixo do guarda chuva, mas ele realmente não se importava se o mais novo iria se molhar ou não, estava com raiva porque mesmo naquele estado o sorriso de coelho ainda existia.
No sétimo dia os sentimentos bobos voltaram a atingir o coraçãozinho do menino de cabelos castanhos claros.
— Chimchim!
A voz do pequeno saiu um pouco falhada e Jimin viu dois roxos, um em casa braço de Jungkook junto com seus olhos mais vermelhinhos que no dia onde uma mordida se localizava no braço direito. O mais velho franziu as sobrancelhas pensando como foram feitos aqueles roxos e como, mesmo parecendo doer muito, o sorriso de coelho continuava no rosto do outro.
— O que aconteceu? – Por um momento o sorriso do mais novo ameaçou desaparecer e Min sentiu que seu coração iria sair pela sua garganta, não queria que o sorriso desaparecesse.
— Uns meninos da minha turma, eu acho que eles não gostam de mim. – Deu de ombros, como se fosse algo normal e Jimin se pegou com vontade de chorar porque não havia razões para alguém não gostar do menor assim como não havia razões para ele tratar Jungkook mal desde o começo de suas caminhadas.
— Por que você continua sorrindo?
— Como assim? – Os olhinhos de jabuticaba estavam confusos com a pergunta inesperada do mais velho.
— Todos os dias, você sempre 'tá sorrindo, porque? – Jimin reforçou.
— Porque fazia tempo que a gente não brincava junto igual quando a gente era mais pequeno ainda, mas agora eu ando com você. – Para Jungkook aquilo parecia uma resposta fácil, enquanto para Ji tudo fazia seu peito doer.
— Mas... porque? – Ainda não havia entendido o sorriso do garoto, já que lembrava os dias que tinha sido grosso, ignorava, até aumentava o passo para o outro não o alcançar.
— No começo você 'tava bravo comigo, eu não sei porque, mas 'tava e mesmo assim você olhou pra trás pra ver se eu ainda 'tava lá. – Jungkook começou a explicação como se estivesse falando que dois mais dois resultava em quatro, mas Jimin ouvia como se fosse as difíceis divisões que estava aprendendo. – Depois nossos passos 'tavam indo ao mesmo tempo e você tentou descobrir o que eu achei legal, o que foi mais legal ainda. Teve o dia que você falou comigo também e eu fiquei mais feliz ainda porque você também sorriu. Ai teve quando você 'tava meio distraído, mas quando a gente andou você encostou em mim e sua camiseta era do Iron Man assim como meu tênis, a gente tava parecido. E o dia que você ficou olhando pra mim e eu olhei pra você e você tava sorrindo, mas ficou vermelho e parou de sorrir, eu não sei porque você fez isso, mas mesmo assim fiquei feliz porque você estava sorrindo. No dia da chuva você 'tava fazendo bico, era fofo e eu pude dividir um guarda chuva com você!
Jimin não sabia o que falar ou fazer. Achava que antes seus coração estava saindo pela garganta, agora sentia que ele iria quebrar seus ossinhos do peito e sair voando. Como alguém poderia machucar aquele pequeno menino parado em sua frente que apesar de tudo ainda gostava de si? Ele sabia que uma das coisas que ele sentia era raiva, mas algo que ele não sabia dizer o que era também estava utilizando a maior parte de seus sentimentos. Ele segurou a mão de Jungkook e antes de começar a andar falou:
— Você é meu Kookie e eu não vou deixar ninguém mais te machucar!
O clássico sorriso de coelhinho surgiu mais forte que todos os outros no rosto do pequeno e os dois andaram para casa de mãos dadas a partir daquele dia. Às vezes Jimin aparecia com um machucado ou os seus pais recebiam chamadas da diretora do colégio, mas Jungkook nunca mais apareceu com roxos ou mordidas em casa. Entretanto houve uma marca que fez Jin gritar e Namjoon rir quando ele voltou da casa de "seu Chimchim" com os lábios avermelhados por batom e a resposta que deu para os dois homens foi "Mas papais, a gente só tentou fazer o que vocês fazem!" e quando perguntado porque tentaram isso a resposta fez com que Seokjin quase chorasse com tanta fofura: "Porque a gente da popo em quem a gente ama"
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