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História Pequenos contos - Memórias esquecidas


Escrita por: Aislyn

Notas do Autor


Eu já tinha visto essa frase que coloquei na história, não tenho certeza de onde, mas só quando topei com ela novamente esses dias, foi que me veio a ideia pra escrever num conto.
Também pensei em fazer uma longa com essa mesma ideia, mas com outro casal, talvez outro fandom, mas ainda estou trabalhando nisso...

Boa leitura

Capítulo 4 - Memórias esquecidas


Ouviu a porta de entrada ser destrancada e olhou naquela direção com estranheza, mas não com medo. Só duas pessoas tinham a chave de sua casa e ambas de extrema confiança. Porém, o horário tardio para uma visita o deixou receoso.

 

Mikaru deixou o notebook onde trabalhava de lado, a televisão ligada por mero comodismo, apenas para suprir um pouco o silêncio e a solidão da casa vazia, caminhando até o hall de entrada onde encontrou um rapaz de longos cabelos negros retirando os sapatos, alheio o suficiente para não notar sua presença.

 

– Aconteceu alguma coisa? – nem um ‘boa noite’, um ‘senti sua falta’ ou perguntar como ele estava. Mikaru não passava por essas formalidades. A presença do namorado ali, sem um aviso prévio, era o suficiente para deixá-lo em alerta.

 

– Ah, Mikaru. Oi… – só então o visitante ergueu o olhar, sorrindo de leve enquanto se aproxima e depositava um beijo em sua face, ainda sob um olhar perscrutador.

 

– O que aconteceu, Katsuya? – Mikaru repetiu a pergunta, dessa vez com um pouco menos de paciência, os dedos bagunçando os fios claros em sinal de nervosismo. Não se importava de receber visitas do namorado, mas ele costumava ligar ou mandar uma mensagem antes, apenas para conferir se estava em casa e não na empresa ou numa viagem de negócios.

 

– Hm? Nada… Por quê? – Kastuya afastou um passo, só então reparando no olhar analítico que recebia. Teria ele feito alguma coisa errada?

 

– Você não avisou que viria e não costuma aparecer aqui durante a semana, quando precisa levantar cedo para trabalhar.

 

– Ah… é sua casa… – olhando ao redor, Katsuya notou, constrangido, que não estava na casa dos pais. Havia feito todo o percurso até a casa do namorado em modo automático.

 

E aquela distração deixou Mikaru mais preocupado ainda. Não que o namorado fosse a atenção em pessoa, ele tinha seus momentos dispersos, mas aquilo foi um pouco exagerado. Pegou-o pela mão, puxando em direção à sala e direcionando-o até o sofá, onde Katsuya se acomodou confortavelmente. A seguir, Mikaru pegou a mochila dele, deixando-a em outra poltrona antes de voltar e se sentar ao lado do namorado, pegando sua mão mais uma vez.

 

– Tem alguma coisa te deixando preocupado? Problemas no curso ou em casa?

 

– Não, nada. De verdade, Mikaru. Está tudo bem. – Katsuya sorriu envergonhado, só agora se dando conta da confusão que fizera por ter se distraído, se sentindo culpado por deixar o namorado preocupado – Eu me distraí com algo que vi no curso e pensei em você por conta disso, em como reagiria. Acabei vindo parar aqui sem notar.

 

– Ah… e que coisa é essa? – Mikaru não parecia muito convencido daquela explicação, achando que o garoto estava tentando distraí-lo para desconversar de algum assunto mais delicado, mas então Katsuya se levantou, procurando algo no bolso da mochila e voltando para o sofá, se acomodando ao seu lado, deitando a cabeça em seu ombro.

 

– Isso aqui. – estendeu-lhe um papel, que foi pego e lido rapidamente, um vinco se formando entre as sobrancelhas de Mikaru.

 

“Se você fosse passar por uma cirurgia no cérebro amanhã e o médico dissesse que você vai perder todas as suas lembranças, o que você me diria hoje, antes de me esquecer para sempre?”

 

– Eu diria que você está livre. Que pode seguir com sua vida, terminar seus estudos e procurar alguém melhor. – Mikaru deu de ombros, devolvendo o bilhete para um inconformado Katsuya, que o encarou desapontado.

 

– Esqueci que não faz o tipo romântico. – suspirou dramático, deitando no colo do namorado sem fazer cerimônia.

 

– É algo bem estranho pra você esquecer.

 

– Bom, eu diria tudo o que sinto por você. Talvez até escrevesse em uma carta, pra ter certeza que você nunca esqueceria, assim poderia ler sempre que sentisse minha falta. Mas tenho certeza que não ia demorar muito pra eu me apaixonar de novo e tentar te reconquistar.

 

– Que sentimental… – Mikaru revirou os olhos, demonstrando sua aversão àquele tipo de demonstração de afeto, mas outro gesto seu o contradisse; os dedos passeando pelos cabelos do namorado, acariciando-lhe o topo da cabeça.

 

Katsuya não retrucou novamente, pois sabia que não tinha muito a seu favor para dizer e que fizesse Mikaru mudar de ideia. Não é que o loiro não gostasse de romantismo, talvez só não estivesse no clima, optando por parecer distante, ridicularizando sua ideia.

 

– Já que estou aqui, se importa se eu passar a noite? Acho que não consigo pegar o último trem.

 

– Claro, sem problemas. Ligue para os seus pais enquanto vou arrumar o quarto de hóspedes pra você. – Mikaru sorriu de canto, dando-lhe um tapa no ombro, indicando que ele deveria se levantar para deixá-lo arrumar a cama.

 

– Não seja cruel. – Katsuya encarou-o em tom pedinte, não se movendo um centímetro do lugar até ter certeza que Mikaru o deixaria dormir consigo no mesmo quarto.

 

– Vamos, garoto. Ou prefere ficar aqui no sofá?

 

– O que eu te fiz?

 

– Hmm… me atrapalhou num projeto, me trouxe um bilhetinho que, com certeza, conseguiu com alguma amiga da sua classe e agora está tentando me chantagear com ele, pra falar coisas que não quero te dizer no momento.

 

– E quem disse que foi uma amiga quem me passou o bilhete e não algum professor? Isso quer dizer que está com ciúmes?

 

– Dúvido que algum professor usaria isso como tema de aula. Então foi algum de seus colegas. E não, não estou com ciúmes. Você não me dá motivos pra isso.

 

– Ok, desisto por hoje. – Katsuya se sentou, erguendo as mãos em rendição. Mikaru estava irredutível. Pegou o celular no bolso, discando para o telefone de casa, ouvindo atentamente apenas até a segunda chamada. Na terceira sentiu os braços de Mikaru envolvendo-o pelos ombros, sua cabeça se apoiando ali, próxima a seu pescoço, enquanto os lábios roçavam em seu ouvido, sussurrando:

 

– Eu não faria essa cirurgia, se pudesse evitar. Mesmo com tudo de ruim que já passei, não gostaria de esquecer você, entre outras coisas boas que já me aconteceram. Mas, se ela fosse realmente necessária, então meu último pedido seria que você não desistisse de mim. Pediria que você passasse por tudo de novo, por mais difícil que eu tenha sido e com o risco de tudo se repetir, eu gostaria que você tentasse mais uma vez, até me reconquistar.

 

Katsuya não soube dizer se sua ligação foi atendida, mas a mãe e sua preocupação teriam que esperar. Ele estava digerindo aquelas palavras, a pele se arrepiando com o toque do loiro, os lábios dele brincando próximo à sua nuca. Suspirou fundo, trêmulo, virando o rosto para encará-lo melhor, mas Mikaru permanecia colado às suas costas. Puxou-o gentilmente pelo braço até seu colo, observando enquanto Mikaru se acomodava, acariciando-lhe a face em admiração.

 

– Repete… – pediu baixinho, encarando-o em expectativa.

 

– O que? – Mikaru apoiou o rosto em sua mão, devolvendo o olhar, embora o seu demonstrasse não entender o pedido.

 

– Por favor…

 

– Não sei do que está falando, Katsuya.

 

– Não seja cruel… você sabe sim.

 

– É a segunda vez que me chama de cruel essa noite. – apontou o loiro, um sorriso de canto surgindo em seus lábios. Talvez ele realmente fosse e se divertisse com aquilo, vendo o garoto praticamente implorar para que dissesse algo romântico.

 

– Eu sei que escutei direito, só queria confirmar. – mas seus ombros caídos mostravam o quanto ele estava desapontado. Por que Mikaru só dizia aquelas coisas quando não estava vendo? Não era possível que ainda tivesse vergonha ou medo de se expor. Aquilo não era um sinal de fraqueza!

 

Encarou novamente o celular, discando para a mãe, mas pensando por um segundo em desistir de dormir ali. Talvez estivesse mesmo atrapalhando…

 

Não conseguiu evitar um suspiro frustrado, iniciando a conversa pelo telefone e observando apenas com parte da atenção enquanto Mikaru pousava a cabeça em seu tórax, os dedos dele se entrelaçando aos seus. Só por aquele gesto havia desistido de ir embora.

 

Mikaru podia ter seus defeitos e Katsuya sabia que ele tinha muitos, mas também sabia que o namorado nutria sentimentos por si. Ele podia não dizer diretamente o que sentia, preferindo soltar frases aleatórias quando menos esperava, mas ele demonstrava, do jeito dele. Aos poucos, em situações que poderiam passar despercebidas, mas os gestos, os pequenos toques e alguns olhares sempre estavam ali, se soubesse reconhecer.


Notas Finais


Continua... numa outra cena, num outro dia e num outro momento, desse casal ou outro... XD~
Espero que tenham gostado!


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