1. Spirit Fanfics >
  2. Pequenos Infinitos >
  3. Novo lar

História Pequenos Infinitos - Novo lar


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Espero que estejam gostando. Não deixem de comentar, sua opinião é muito importante para mim. <3

Capítulo 2 - Novo lar


Fanfic / Fanfiction Pequenos Infinitos - Novo lar

Foram quase seis horas de viagem e duas paradas para comer, mas eu não fiz questão de descer do carro e durante todo o trajeto não trocamos nenhuma palavra.

Quando estávamos entrando na fronteira da cidade, porém, meu pai abriu um sorriso, jogou os cabelos grisalhos para trás e então sorriu enquanto me olhava pelo retrovisor.

- Bem-vindo à Orégano, a cidadezinha com nome de tempero com as mais belas praias que você verá em toda a vida!

- Grandes coisas. – falei virando a cara e finalmente vendo a imensidão do mar. Era lindo e tão azul.

Era a primeira vez que eu estava naquela cidade e também a primeira vez que eu via o mar tão de perto. Eu nunca fiz muita questão de vir visitar meu pai, sem contar que até aquele momento, eu pensava que ele morasse na capital e não numa cidadezinha qualquer.

- A propósito, semana passada tivemos um princípio de incêndio lá em casa. Foi uma loucura. – ele fez uma pausa para ver a minha reação, que não era das melhores – Aluguei um apartamento não muito distante da orla, é aconchegante e vai ser o suficiente pra nós dois por algum tempo.

- E você esperou até o último instante pra me contar isso?

Ele não disse nada, apenas suspirou como quem tentava controlar o temperamento.

Seguimos por mais algumas ruas até finalmente estacionarmos em um prédio modesto de quatro andares que parecia tirado daqueles filmes americanos.

- É aqui. – disse ele já saindo do carro e levando a minha mala. Seu tom de voz demonstrava uma mistura de nervosismos com ansiedade.

Enquanto descia do carro, percebi que alguém me observava por uma janela.

Era um garoto que logo se escondeu quando nossos olhares se cruzaram.

Durante aquelas frações de segundos, percebi que ele tinha os cabelos grandes o suficiente para cobrir as orelhas e eram tão escuros quanto a noite. Sua pele era clara e pelo seu breve olhar provavelmente devia me achar um idiota.

Respirei fundo enquanto meu pai acenava para eu entrar.

- Acho que você vai gostar daqui. – disse meu pai passando o braço pelo meu ombro como se fossemos melhores amigos, eu logo me afastei dele. Detestava farsas. – Você precisa melhorar seu humor, não faz bem pro coração, além do mais, vai ter que me aturar por muito tempo. Já comeu caranguejo?

- Não. Credo! – falei fazendo careta.

- Vai se acostumando porque é uma iguaria na região. Aposto que vai adorar. Vem, nosso apartamento fica do penúltimo andar.

Papai pegou a minha mala, que nem pesava tanto por não ter quase nada dentro e caminhou até as escadas.

- Porque não vamos de elevador? – perguntei.

- Não tem elevador aqui. Vem logo.

Subi as escadas com todo o esforço do mundo e quando já estávamos quase no nosso andar, alguém se esbarrou no meu pai.

- Cuidado mocinha! – disse papai a segurando pelos ombros.

- Desculpa seu Ricardo, é que eu tô com pressa.

- Deu pra perceber. Esqueceu até de vestir uma roupa decente. – disse papai reprovando as roupas que a garota vestia. Basicamente uma blusa mostrando a barriga e uma saia tão curta que mais parecia um cinto.

- É que eu tenho um encontro. Tchau.

- Tchau Amanda. E juízo!

Fiquei meio perdido com o que aconteceu. A garota saiu dali correndo, toda louca, passando por mim como se eu fosse invisível.

Quando virei meu rosto, procurando recuperar minha atenção pro lugar onde havia perdido, dei de cara com um garoto. O mesmo que estava na janela me observando alguns minutos atrás. Ele estava sério.

Por um momento pude notar a expressão dele mudar e sua respiração ficar aparentemente mais forte dado o movimento que a musculatura acessória do peitoral dele fazia. Aquele olhar parecia triste e misterioso ao mesmo tempo, como se quisesse me dizer algo. Os cantos dos seus olhos pareciam querer encher de lágrimas enquanto me olhava, agora respirando pela boca.

- Oi seu Ricardo. Vi que o senhor chegou e vim ver se precisa de alguma ajuda. – disse o garoto com uma voz firme.

- Oh, não, mas obrigado assim mesmo. Mais tarde a gente se fala. – disse meu pai na maior intimidade com o garoto, que deu meia volta e desapareceu sem que eu percebesse.

- Quem era ele? – perguntei ainda extasiado.

- Era o… o… droga, esqueci o nome dele, mas ele mora na república ao final do corredor.

- República?

- É. Tem vários jovens da sua idade. Você deveria fazer amizade com eles. – papai disse isso e então abriu a porta do apartamento.

Era bem pequeno, mas aconchegante. Estava tudo bem limpinho, arrumado, tinha algumas maquetes em cima de uma mesa de desenhos, a sala tinha uma sacada bem pequena que dava de vista pra um jardim bem florido. Tinha também um corredor da sala pro banheiro e com portas para os dois quartos. A cozinha ficava dividida por um balcão.

- Aqui é seu quarto, sei que é pequeno, mas procurei arrumar de uma forma que você gostasse. – disse ele abrindo a porta. Tinha uma prateleira cheia de brinquedos com personagens de desenhos animados, uma cama de solteiro, uma mesinha de computador (mas sem computador), uma luminária em forma de peixe e o guarda-roupas.

- Tanto faz. – peguei minha mala das mãos dele e sentei na cama.

- Você parece ter gostado. Quer ajuda pra arrumar suas coisas? – disse meu pai sorrindo.

Me levantei da cama, fui até a porta e disse:

- NÃO! SÓ ME DEIXA EM PAZ TÁ BOM?

- Porque você tá gritando?

- PORQUE EU QUERO! AGORA FAÇA O FAVOR DE CALAR ESSA BOCA! TÁ SATISFEITO AGORA? MINHA VIDA É UMA DROGA! – fechei a porta e sentei na cama meio arrependido por ter surtado sem motivos. Às vezes nem eu me conhecia.

Ele deu um chute na porta, fez um barulho muito alto, me assustei, fiquei com medo dele entrar e me bater, mas não. Ele apenas respirou bem fundo e saiu.

Deitei de barriga pra baixo na cama e fiquei pensando na vida. Chorei bastante e acabei dormindo.

Tive um pesadelo, nem me lembro direito o que era, mas acordei todo suado e assustado. Estranhei o lugar em que eu estava, mas logo caí em mim.

Abri a janela. Percebi que estava começando a entardecer. Saí do quarto e vi que meu pai estava na cozinha. Passei direto e fui pra sala.

Liguei a TV e sentei no sofá.

- Gosta de alho? – perguntou meu pai. Ignorei. Gosta de pão de alho filho? – continuei ignorando – Gosta de pão de alho? – agora ele já colocava o prato no meu colo.

Sem falar nada, coloquei o prato no braço do sofá, me levantei e respirando fundo, saí do apartamento batendo a porta com força.

Tudo o que escutei em seguida foi o prato sendo arremessado contra a parede.

 


Notas Finais


Siga o autor nas redes sociais:

Instagram: @wiloautor
Twitter: @wil_oautor


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...