História Perdão filho. - Reencontros: Parte 1.

Se vendo sozinho naquele quarto, Naruto deitou na cama e encarou o teto tentando processar tudo que escutara da mãe. Várias vezes a conversa que tivera com Mebuki voltava em sua mente, várias vezes ele tentava, em vão, se lembrar da sua vida antes do acidente, várias vezes ele sentia aterrorizado pelas incertezas do futuro.    

Fechando os olhos ele se perguntou como aquele dia podia ter mudado tanto. Quando ele tinha acordado pela manhã, só existia animação por chegar ao fim de um longo tratamento, ele pensava até em como comemorar com a família. Agora, à noite, ele só se sentia sufocado por aquela angustia de se sentir perdido. “Eu não aguento mais ficar aqui. Eu preciso respirar.” Ele pensou se levantando. 

Abrindo a porta do quarto, ele foi cuidadosamente em direção a saída da casa. Chegando na sala, o dono dos olhos cor do mar por um momento achou que a avó havia o visto, mas com alívio ele constatou que a idosa estava dormindo sentada na poltrona. “A vovó parece bem cansada.” Ele pensa olhando com carinho para a velhinha.  

Dando uma última olhada na casa antes de ir à porta, Naruto não consegue evitar o sorriso ao ver um cachorrinho esperto correndo em sua direção. Por mais triste que ele estivesse, era impossível não rir da empolgação do beagle. 

-Oi amigão. - Ele sussurrou segurando o filhotinho no colo. - Vamos sair um pouco. - Ele completa fazendo carinho na cabeça de Gamakichi. 

Saindo da casa, ele respirou fundo e deixou aquele ar gelado daquela noite preencher os seus pulmões. “Eu só queria ter algo que me ajudasse a organizar a minha mente.” Ele pensa triste abraçando Gamakichi. 

-Foi mal amigão, mas eu não posso te soltar. - O loirinho fala ao ver que o amigo queria andar. - Você está sem coleira. - Ela falou fazendo carinho no fiel escudeiro e sentindo que era perigoso deixar Gamakichi solto andando ao seu lado. 

Assim, Naruto andou um pouco na região até encontrar uma praça a poucos quarteirões da casa de Mebuki. Se sentando em um banco ele fez carinho na barriga do beagle que estava deitado no seu colo. 

-Você é bem manhoso, não é? - Ele falou olhando para o bichinho e depois olhando para o nada. - Está com medo Gama? Está com medo do futuro? - Ele perguntou e olhou para o cachorrinho que apreciava o carinho. - Você nem sabe o que está acontecendo, não é? - Naruto fala e sorri. - Pode deixar. Não importa o que aconteça eu cuido de você. - “Espero que o papai aceite cachorro em casa. Pelo jeito eu vou me mudar para lá, mas não tem a menor chance de eu deixar você, Gamakichi. Fora que eu prometi a mamãe que cuidaria de você.” Ele pensa e suspira. “Eu nem sei se devo chamar a Mebuki mais assim.” O mar pensa se sentindo perdido olhando para o nada. 

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Enquanto isso, em casa, depois de uma longa conversa Mebuki e Hinata vão ao quarto em que o loiro estava. A ruiva estava apreensiva e a menina desconfiada quando, para a surpresa de ambas, notaram que Naruto não estava mais no local. 

-Mebuki, onde está o Naruto-kun? - Hinata perguntou num tom acusador. “Ela está tentando me enganar?”  

-Eu o deixei aqui. - Ela respondeu saindo do quarto. “Ele não pode ter saído sozinho.” 

Já na sala, Mubuki foi rapidamente ao encontro da mãe que dormia na poltrona. 

-Mamãe, a senhora viu o meu filho? - Ela fala sentindo o desespero surgir. 

-Ele não está no quarto? - A idosa perguntou confusa. 

-Não está. - Mebuki falou indo à cozinha. - O Gamakichi também sumiu. - Ela constatou assustada. “Ele só pode ter fugido. Meu Deus. Andar a noite por uma cidade que ele não conhece é perigoso.” 

-O que você está aprontando, Mebuki? - A dona dos olhos cor do luar fala olhando para a mulher que não confiava. “Ela deve ter escondido ele em algum lugar e quer me enganar com essa história que não sabe onde ele está. Eu não vou cair nessa.” 

-Eu não fiz nada dessa vez, menina. Eu já falei para você que eu não vou machucar o Naruto. - A dona dos olhos verdes falou pegando as chaves. 

-Para onde você vai? - A morena pergunta olhando para a mulher e a idosa. 

-Eu vou procurar meu filho. Mamãe, a senhora fica aqui e me avisa se ele voltar. 

-Tudo bem. - Chiyo assentiu. 

-Eu vou com você. - A lua falou olhando nos olhos de Mebuki. “Se ela está falando a verdade eu também quero ajudar a encontrar ele.” 

-Então vamos. - A ruiva falou e abriu a porta. “O Naruto deve estar morrendo de frio.” 

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Assim elas andaram pela cidade a busca do loirinho. Naquele carro em que o silêncio reinava, elas observaram cada pessoa que passava, mas nada de Naruto. Após quase uma hora de busca, após percorrer aquela pequena cidade, Mebuki e Hinata passaram em frente uma praça aparentemente vazia.  

Por um momento ela não deram muita atenção ao local até que os olhos delas pausam em um menino loiro que tinha o olhar distante. 

-Encontramos ele. - Hinata falou feliz. 

-Vai falar com ele. - Mebuki fala triste ao ver como o mar estava. - Tenta levar ele para casa. O Naruto deve estar morrendo de frio. - “Ele deve estar com muita raiva de mim para aceitar ficar na rua a essa hora. Ele não suporta o frio da primavera imagina no inverno.” A mulher pensa com pesar. 

-Ok. - A morena fala com pena da mãe da amiga. “Será que ela se arrependeu mesmo? Agora ela parece se importar com ele.”  

-Espero vocês lá. Depois iremos resolver toda essa situação. - Mebuki completou vendo que elas estavam a poucos metros da residência. - Toma o meu celular. Caso vocês precisem que eu busque vocês. - “Eu já vou a polícia mesmo. Se ela me denunciar não faz muita diferença.” 

-Certo. - Hinata assentiu confusa. “Pelo jeito ela vai se entregar mesmo.” 

Indo ao encontro do menino que amava, Hinata mais uma vez sentiu o coração acelerar. Quantas vezes ela não tinha imaginado o encontrar, quantas vezes ela tinha imaginado a conversa que eles teriam, quantas vezes ela teria imaginado os beijos que eles trocariam. E assim, vendo que tudo que imaginou estava cada vez mais próximo da realidade ela abriu um largo sorriso. 

-Naruto-kun. - A morena falou tocando nos ombros dele. 

Hinata podia ter esperado todas as reações dele, esperava que ele corresse para abraçá-la, esperava que ele chorasse assustado após ser salvo, esperava que ele a beijasse. Contudo o que recebeu foi o olhar confuso do mar que nada falava e apenas mordia o lábio inferior. 

-Você está bem, amor? - Ela perguntou se sentando ao lado dele e o viu engolir o seco. - O que foi? - Ela insistiu. 

-Eu... - Ele começou sem jeito.  

Naruto não entendia o que sentia, não sabia o que pensar, não sabia como falar com a menina do sinal. Ele apenas sentia o seu coração acelerar, ele apenas sentia que podia se perder nos olhos dela e gostar. “Por que eu fico tão nervoso perto de você?” 

-Fala comigo. - Hinata praticamente implorou vendo o menino que amava tão perdido. - Eu esperei tanto te encontrar... - Ela falou com lágrimas nos olhos. 

-Me desculpa. - Ele falou tocando as mãos dela. “Por que ela está chorando?” - Eu... - O loiro começou a falar respirando fundo ficando emocionado “Por que eu quero chorar?” - Eu não lembro de você. - Ele completa com medo. 

Processando as palavras que ele disse a lua apenas olhou para o mar que parecia mais triste do que nunca. 

-Tudo bem. - Ela fala apertando a mão dele e ele sorri levemente se sentindo aliviado.  "A Mebuki me avisou da amnésia." - Vamos começar do início. - A morena falou e o loiro assentiu. - Eu me chamo Hinata. Hinata Hyuga. 

-Oi Hinata. - Ele falou num tom agradecido. - Até hoje mais cedo, eu achava que me chamava Menma, mas como você aparentemente sabe, meu nome não é esse. 

-Ah Naruto-kun. - Ela lamentou. - Você não lembra de nada mesmo? 

-Não. Sofri um acidente de carro ano passado. - Ele falou e ela assentiu. 

Ali sentados naquele banco da praça, o loiro voltou o olhar para o nada e a menina analisou o namorado. “Eu vou ajudar você, meu amor.” 

-Quem é esse? - Hinata falou olhando para um beagle que dormia no colo do loiro. 

-Gamakichi. - Ele fala olhando com ternura para o companheirinho. 

 -Ele tem cara de Gamakichi. - A menina falou sorrindo se lembrando do dia em que Naruto a apresentou Kurama. 

-Sim. - Naruto retribuiu o sorriso sem nem perceber. - Nós já nos conhecíamos antes, não é? - “Está com você faz eu me sentir bem.” 

-Sim. - A menina responde olhando nos olhos dele. 

-Eu estou me sentindo tão perdido. - Ele fala sendo sincero. - Eu não conheço ninguém, Hina. Tudo que eu achava que era verdade era uma mentira. - Ele completou triste. “Eu me sinto tão sozinho.” 

-Calma, eu vou te ajudar. Confia em mim. - Ela fala pegando o celular. - Já sei como começar. 

Assim, entrando no perfil de Sakura na rede social, a morena apresentou ao menino que tanto amava a família dele. Naruto prestou atenção em todos os que via. Após ouvi a dona dos cor do luar ele pegou o celular e olhou para a foto do pai. “Ele parece comigo.” Ele pensa tocando na imagem do loiro mais velho. 

-Que luvas diferentes. - Ela falou percebendo pela primeira vez o que o loirinho usava. 

-São luvas de compressão. Eu queimei minhas mãos na época do acidente. - Ele responde sem desviar o olhar do celular. “Como será quando nós reencontrarmos papai?” Ele pensa apreensivo. 

-Nós tentamos te salvar quando a Mebuki te sequestrou, Naruto-kun. - Ela falou se lembrando do dia que tinha visto o namorado pela última vez.  

-Tá tudo bem, Hina. - Ele fala vendo que a menina ficou triste. - Todos estamos bem no final, não é? - Naruto falou e os olhos dela se encheram de lágrima. - Não chora. - Ele completa abraçando-a. 

-Eu senti tantas saudades. Eu falei que você estava vivo, mas ninguém acreditava em mim. - Ela falou o apertando e ele fechou os olhos não se sentindo mais tão sozinho. 

-Eu não sei como, mas eu também senti falta de você. - Ele falou reconhecendo de alguma forma aquele abraço. 

Se desvencilhando daquele abraço aconchegante o mar olhou a lua e não conseguiu desviar dela. Olhando aqueles olhos que pareciam conhecer ele melhor do que ele mesmo, Naruto se afastou da morena, ele tinha medo de ultrapassar limites e já estava confuso de mais com tudo que estava acontecendo. 

-Está tudo bem? - Ele pergunta preocupado para a menina que parecia feliz e triste. 

-Sim. - Ela respondeu voltando o olhar para o celular. “Eu queria que ele se lembrasse de mim.” 

-Eu gosto de conversar com você, Hina. - Ele fala e sorri para a menina. - Nós conversávamos muito antes? 

-Uhum. - Ela falou decidia a contar que eles namoravam. -Nós éramos... 

A morena estava no meio da frase quando o celular de Mebuki toca e os dois olham para o aparelho. 

-Alô. - Hinata fala olhando para o mar. - Oi Mebuki. Eu ainda estou conversando com ele na praça. - Ela falou e Naruto mordeu o lábio inferior. - Em breve nós vamos para aí. - A menina completou vendo o mar distante novamente. 

Quando ela desligou a ligação, ela apenas olhou para ele. 

-Está na hora de irmos. - Ele falou com um sorriso triste. "Elas devem está preocupadas. Eu saí sem avisar."

-Naruto-kun, acho que nós devemos ligar pros nossos pais. Eu não confio na Mebuki. 

-Ela não vai fazer nada. - Ele falou olhando para Gamakichi. 

-Como você sabe? Ela já fez tanta coisa. 

-Eu sei, mas eu acho que ela se arrependeu. 

-Ela não te maltratou nesse período que você passou com ela? 

-Não. - Ele falou e se lembrou da fazenda. - Pode me chamar de otimista, mas apesar dos pesares foi um bom ano. - Ele falou sorrindo e ela sorriu também. 

-Um ano bom? 

-Sim, era legal acompanhar a vovó na fazenda, andar a cavalo... 

-Você andou a cavalo? - Ela o interrompeu interessada na vida do namorado e ele sorriu. 

-Sim. Foi muito divertido. No começo a mamãe...- Ele falou e o sorriso diminuiu. - Quer dizer a Mebuki, não gostava muito, depois ela me ensinou. - Ele fala e suspira e ela toca na mão dele novamente. - Eu não sei como devo chamar ela agora. 

-Não se cobra muito. Já me parece que você tem informação nova até demais. - Hinata fala e ele sorri. 

-Fico feliz que você esteja aqui comigo. Eu estava me sentindo tão perdido. 

-Não se preocupa, eu te ajudo. - Ela falou e deu um beijo na bochecha dele. - Vamos então? - Ela completou se levantando. “Ele já tem muita informação, melhor não falar agora que nós éramos namorados. Eu não quero que ele se sinta pressionado a se lembrar de mais uma coisa.” 

-Hum. - Ele respondeu sem reação quando a felicidade parecia que ia voltar e tomar o lugar do medo. “Eu amava ela?” Ele se perguntou carregando Gamakichi. - Vamos. - Ele completou quando o mar encontrou a lua. 

Assim, eles foram para a casa de Mebuki.