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História Perdoe-me, Jaskier! - Capítulo Único


Escrita por: taina_twd

Notas do Autor


Oi gente, como vão vocês?!
Espero que vcs gostem dessa fic, quando assisti a série fiquei muito triste com o jeito que Geralt tratou Jaskier então resolvi escrever sobre isso já que o Jaskier se quer apareceu nos outros episódios.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

 

Rodeado por poucos moradores em um pequeno vilarejo esquecido pelos Deuses, Jaskier cantava alegremente uma entre tantas baladas de sua autoria enquanto tentava ignorar a presença de um certo bruxo sentado sozinho na mesa mais afastada que tinha naquele salão.

Havia se surpreendido quando o viu entrar e por isso quase se perdeu na letra da música, conseguindo disfarçar bem graça a suas habilidades.

Fazia alguns meses dês da última vez que se viram e que brigaram, ou melhor, que Geralt brigou com ele. No começo se sentiu triste, mas logo aquela tristeza se transformou em raiva, tudo aquilo que Geralt havia dito fora uma tremenda injustiça.

“Por que sempre que me encontro em uma enrascada a culpa é sua? ... A criança surpresa”

Como ele poderia ser culpado por isso? ... Sim, tinha pedido para que ele o serviço de guarda por uma noite, mas não provocou toda aquela confusão, não o obrigou a sair em defesa de Duny e muito menos deu a ele a ideia de usar a lei da surpresa como forma de pagamento ou melhor ainda, não trepou com a princesa Pavetta para que ela engravidasse.

“O djinn”

Aquela cena toda na beira do lago não teria acontecido se o bruxo não tivesse primeiramente o insultado falando mal de seu canto...

Olhando para o chapéu ao seu lado ficou contente ao ver que faltava pouco para conseguir pagar sua estadia, estava ansioso para dormir em uma cama ao invés do chão duro em uma clareira qualquer, mas quando o badalar do sino de uma pequena capela que tinha ali perto da taverna soou, Jaskier se surpreendeu ao ver todos os moradores saírem praticamente correndo do estabelecimento.

Sem entender nada o bardo recolhe o dinheiro, colocando seu chapeuzinho e ajeitando o alaúde em suas costas e então se aproxima da taberneira que começará a limpar o salão que agora se encontra vazio a não ser por uma dupla de viajantes e Geralt.

“É impressão minha ou todos foram embora com o badalar das onze horas?” perguntou ao chegar por trás da mulher baixinha de avental. “... Estava conseguindo um dinheiro bom até” diz colocando as mãos na cintura.

“Depois que pessoas começaram a desaparecer a meia noite e serem encontradas mortas no dia seguinte, os moradores não se atreve a ficar fora de casa depois do badalar da meia noite” responde sem parar de fazer seu serviço, havia muita coisa para limpar e a taberneira parecia querer terminar o quanto antes.

“Isso está acabando com o meu negócio... Depois que essa história se espalhou, cada vez mais os viajantes evitam passar aqui no vilarejo” resmunga juntando uma pilha de pratos e indo para a cozinha.

Jaskier para de andar e olha para Geralt que estava do outro lado do salão terminando de tomar sua cerveja, nem parecia ter notado o modo que as pessoas foram embora, agora tinha certeza que o bruxo estava ali a trabalho e não apenas de passagem.

Naquele momento teve que reprimir a curiosidade em ir falar com ele, ainda estava muito magoado pela forma que havia sido tratado, pois considerava Geralt seu melhor amigo.

Nisso a taberneira voltou para o salão com uma vassoura e continuou a limpeza.

“Vai ficar com um quarto, bardo?” perguntou sem lhe dirigir o olhar.

Jaskier coloca a mão no bolso e tira as moedas que havia ganhado.

“Quanto a isso... Aceitaria receber metade hoje e a outra metade amanhã?” vendo que a mulher fez uma careta, o bardo se aproxima antes mesmo que ela tivesse tempo de negar. “A senhorita me ouviu cantar e sabe que tenho capacidade de ganhar o restante do dinheiro... Teria conseguido hoje se não fosse por essa situação inoportuna”.

“Eu não sei se você é capaz ou não” responde passando por ele e começando a varrer o chão. “Como eu disse, o movimento está fraco por causa dos assassinatos e tenho contas que não serão pagas com promessas”.

“Qual é, eu lhe dou minha palavra de honra que irei pagar” não desiste indo atrás dela, afinal, ele não queria dormir ao ar livre enquanto havia um monstro a espreita, mas para sua infelicidade se ele ficar sem um quarto seria um dos últimos problemas para a taberneira. “Por favor” pede entrando mais uma vez na frente da mulher de estatura pequena. “... Já te disseram o quanto és uma donzela belíssima?” Jaskier lhe lança o melhor de seu sorriso. “E não deveria cansar sua beleza com todos esses afazeres, eu te ajudo” diz já pegando algumas canecas que estava sobre a mesa ao seu lado.

A taberneira para de varrer e o olha nos olhos, ao achar que estava conseguindo ganhar a simpatia da mulher, ela se aproxima dele pegando as canecas de suas mãos, fazendo o sorriso do bardo murchar.

“A menos que tenha todo o dinheiro para pagar a estadia, sugiro que saia logo, você ainda tem um tempo antes da meia noite para encontrar um abrigo” e como se a segurança do bardo não importa-se para ela, a mulher novamente vai em direção da cozinha.

Nisso Geralt se levanta e aproxima de Jaskier.

“Eu pago a estadia dele” diz fazendo a taberneira parar no meio do caminho, o lobo branco já estava levando a mão até o saquinho de moedas preso ao cinto quando o bardo o interrompeu.

“Não pedi seu dinheiro, Geralt!” exclama com um olhar enraivecido, a última coisa que queria era a ajuda dele.

“Com todos os diabos, Jaskier, você não pode dormir ao relento quando tem um monstro que pode te atacar” rebate mantendo sua voz serena, sabia que o bardo estava com raiva, mas não podia deixar o amigo arriscar a própria vida por causa do orgulho.

“E dês de quando se importa com isso?” pergunta com a voz alterada, ao contrário do bruxo.

“Jaskier...”

“Nem adianta falar com esse seu jeito imponente que não funciona comigo” o interrompe. “Sou perfeitamente capaz de cuidar mim mesmo!”

Fazendo sua melhor cara de tédio, a taberneira apoia o corpo em apenas um pé e resolve interromper a discussão daqueles dois que só estava atrasando seu serviço.

“Vão ficar com o quarto ou não?” perguntou sobrepondo sua voz, fazendo com que os dois a olhassem.

“Sim!”

“Não!”

Responderam em uníssono.

“Jaskier!”

“Jaskier, Jaskier” o bardo imita o jeito do bruxo da forma mais caricata que conseguiria. “Vai atrás daquela feiticeira desprezível e me deixa em paz” e então segue a passos firmes em direção da saída da taverna.

 

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Ao fechar a porta atrás de si e olhar para o vilarejo a sua frente um arrepio lhe sobe a espinha, a rua era estreita e pouca luz lunar adentrava ali, não havia barulho algum a não ser do vento gelado, a rua de pedra estava em um completo deserto.

Queria ter voltado em cima do rastro, mas não iria dar esse gostinho ao bruxo ingrato. Abraçando os próprios braços o bardo olha para as duas direções que a rua levava, para a esquerda dava em um beco sem saída e para a direita, onde o caminho era mais inclinado, dava na capela que havia badalado a poucos minutos.

Uma das coisas que havia aprendido nos anos em que acompanhou Geralt era que a maioria dos monstros não pisavam em solo sagrado, então se pôs a andar na direção da capela.

Quando chegou tentou abrir a pesada porta de madeira, mas para o seu azar, a porta estava trancada.

“Merda” esbraveja batendo fortemente o punho contra a madeira, pensou em gritar pra quem quer que estivesse lá dentro abrisse a porta, mas tinha lá suas dúvidas se seria atendido, faltava pouco para meia noite e não iria querer estar na rua gritando com algum padre quando chegasse essa hora.

Se afastando da igreja, olhou para todas as direções possíveis que poderia seguir e com isso se lembrou dum celeiro que tinha visto não muito longe dali quando entrou no vilarejo mais cedo, sabia que se corresse poderia chegar a tempo.

Não se dando mais tempo para pensar, começou a andar rapidamente, pegando uma ruazinha não muito mais iluminada do que a que ele tinha passado.

Mesmo não admitindo, lá no fundo queria que Geralt tivesse o seguido, sabia que não tinha ninguém melhor para lidar com essas coisas do que aquele bruxo e a cada barulho estranho que escutava, seu coração se acelerava e ele apressava ainda mais os passos.

Quando avistou o celeiro no final da rua – que era bem mais aberta do que as outras e com as casas mais espaçada – sorri aliviado, quem é que precisa do Geralt mesmo?

Correu em direção do celeiro, porém parou quando escutou o badalar da meia noite, não sabia se era coisa de sua cabeça, mas jurou que naquele instante havia escutado um uivo animalesco não muito longe dali.

Não iria esperar para ver se realmente era o monstro e assim volta a correr enquanto pedia aos Deuses para que o celeiro estivesse aberto, quando chega lá, nem testa a porta, apenas chuta a fechadura e quando entra a fecha encostando as costas nela.

Levando a mão até o peito, sentiu que seu coração estava tão acelerado que parecia que iria sair pela boca, quase não conseguia respirar direito.

“... Eu vou ficar bem” murmura para si mesmo, depois que seu coração se acalma um pouco, Jaskier olha em volta, conseguia ouvir alguns animais agitados pelo jeito que ele havia entrado no celeiro, mas quase não os enxergava.

Chegando até o fim do celeiro – que não era muito grande –, para sua felicidade, havia encontrado um banco de madeira que serviria de cama, não era uma de verdade como ele queria, mas pelo menos iria ter um teto sobre a cabeça.

Deitando de barriga para cima, fechou os olhos e tentou dormir, mas depois de um tempo viu que não iria conseguir nem tão cedo, não sabia se era pelo cheiro de estrume misturado com mijo de animal ou se era pelo medo do monstro que estava lá fora.

 

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A possível luta foi denunciada primeiramente pelos rugidos animalescos carregados por uma fúria impar que cada vez mais aumentava de intensidade, seguidos por um barulho de coisas sendo destruídas e por uma sequência de baques secos.

Arregalando os olhos, Jaskier para de respirar por um instante, o barulho da luta parecia estar vindo do outro lado da rua, fazendo os animais se agitarem tão assustados quanto o bardo que lhes fazia companhia.

Ainda paralisado pelo medo, Jaskier tenta pensar no que poderia fazer, talvez ficar escondido e rezar aos Deuses para que a luta fosse para bem longe resolveria, mas tinha medo que o barulho dos animais agitados atraíssem atenção.

Quando recupera o comando das pernas, se levanta e atravessa o celeiro, parando na porta trancada apenas com um pedaço de ferro atravessado entre dois puxadores.

Pela fresta que tinha entre as duas portas o bardo consegue ver o lado de fora e naquele momento prendeu a respiração novamente ao tomar prova do que já imaginava que estava acontecendo.

Geralt lutava contra um ser o qual nunca tinha visto antes e que não sabia dizer o que era, só sabia que era enorme, peludo na parte das costas e possuía grandes chifres retorcidos, enquanto utiliza sua espada de prata para atacar, a besta se defendia com suas garras tão ameaçadoras quanto sua aparência.

Mesmo sabendo que o bruxo era perfeitamente capaz de se defender e mesmo estando brigado com ele, temeu por sua vida.

E como em respostas aos seus temores, Geralt acerta o monstro com um golpe limpo e reto bem na lateral de seu corpo e da onde Jaskier está foi possível escutar o som da pele sendo queimada pelo contato da prata, sendo seguido por um uivo tão alto que o bardo teve que levantar as mãos para cobrir os ouvidos.

Os animais se agitaram ainda mais e Jaskier sente o coração gelar quando a besta virou a cabeça na direção do celeiro, foi como se tivesse olhado dentro de seus olhos e o consumisse de dentro para fora, e como se não tivesse acabado ser ferida, a mesma se levanta e parte em sua direção.

Podia jurar que ouviu Geralt gritar seu nome, mas não tinha como ter certeza naquele momento.

Sem saber o que fazer, o bardo anda de costas na direção do seu banco/cama, segurando um rastelo de metal nas mãos que havia encontrado pelo caminho, suas mãos tremem tanto que mal consegue segurar a arma improvisada.

O estrondo alto que sucedeu junto a pedaços de madeira voando por todo celeiro, proporciona a Jaskier uma visão dos infernos, o bardo pode enfim ver de perto aquele monstro.

A besta tinha o dobro do seu tamanho, sua pele parecia um couro negro que reluzia a luz da lua, suas presas ao ver de perto se mostravam ser ainda maiores e aqueles olhos vermelhos vibrantes penetrava na alma.

“... Caralho!” é tudo que consegue pronunciar, olhando para o rastelo o deixa cair no chão, aquilo era ridículo, a besta usaria o cabo para palpitar seus dentes depois que tivesse o devorado, era uma pena ele ser um bardo e não um bruxo.

Sem ter nada com que se agarrar, apenas fecha os olhos e espera pela morte, agora Geralt não terá mais que se preocupar com ele o metendo em confusões.

Mas ao invés de sentir o baque, ouve Geralt berrar seu nome de uma distância bem mais curta, quando abre os olhos solta um grito e se afasta quase caindo no chão devido ao banco atrás de si.

O monstro estava a poucos centímetros dele com os braços levantados e a bocarra aberta pronta para devora-lo se não fosse por uma aura nebulosa que o envolvia, impedindo seus movimentos.

O sinal Axii não foi capaz de tomar controle do monstro, apenas paralisou por alguns instantes onde a besta já começará a se movimentar um pouco atordoada.

Dando volta no animal, Jaskier corre para longe dele, para trás do bruxo que se esforçava ao limite para manter o monstro preso.

“Geralt...”

“Foge daqui, Jaskier” sua mão tremia devido ao esforço enquanto segura com a outra a espada de prata e apenas esperou o amigo fugir para liberar o sinal e voltar a atacar.

Se sentindo um completo inútil, Jaskier fica do lado de fora olhando apreensivo qualquer movimento que vinha do lado de dentro do celeiro, tinha Geralt como um dos melhores bruxos do continente, mas isso não o deixava menos preocupado.

 

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Depois que o som da luta sessou e Geralt não havia saído do celeiro como o bardo aguardava ansiosamente, Jaskier saiu correndo gritando pelo nome do bruxo e ao vê-lo desacordado todo ensanguentado debaixo do monstro, entrou em desespero.

Tudo foi muito confuso a partir daquele momento, não sabia onde tinha reunido força para levar o bruxo para fora do celeiro e arrastá-lo pela rua enquanto gritava por ajuda, só conseguiu raciocinar direito quando finalmente viu o amigo deitado em uma cama e se recuperando.

Geralt havia ficado desacordado o tempo inteiro, apenas murmurando coisas desconexas enquanto uma senhora simpática ­— o qual tinha lhes dado abrigo — cuidava de seus ferimentos.

“Agora é só esperar, meu rapaz” dizia ela enquanto se dirigia para porta “Seu amigo ficará bem”. E nisso se viu sozinho, sentado em uma cadeira perto da cabeceira enquanto zelava o sono do outro.

Tendo tempo de sobra para se martirizar por tudo que aconteceu, não conseguia parar de pensar que aquela luta poderia ter custado sua vida, mesmo depois que a senhora havia lhe garantido que o bruxo ficaria bem.

Havia esbravejado que não precisava do amigo e realmente não queria depender disso, tinha o seu orgulho, mas em um pouco mais de uma hora, lá estava ele sendo salvo e o pior era que isso quase custou a vida do outro.

Jaskier tinha consciência que aquele monstro já atacava o vilarejo antes mesmo que pensasse em viajar para cá, que o bruxo certamente veio por causa do trabalho, mas o que não saia de sua mente era o momento que Geralt gritou por seu nome antes mesmo da besta atacar o celeiro.

Parecia que ele já sabia que o bardo estava lá, talvez o tivesse seguido quando recusou a estadia e bem lá no fundo se sentia culpado pelo estado do bruxo, talvez se não tivesse perdido tempo indo atrás dele teria se preparado melhor, talvez estudado bem o monstro antes de atacar como o bardo bem sabia que o bruxo gostava de fazer.

Não sabia se naquele momento estava sentindo raiva de si mesmo ou dele, Geralt havia jogado em sua cara que ele só lhe trazia coisas ruins, então por que diabos decidiu ir atrás dele depois que o mesmo recusou sua ajuda? ... O lobo branco não estava preso a nenhuma promessa com ele.

Suspirando, Jaskier olha por todo aquele pequeno quarto e resmunga um xingamento inaudito, só queria que Geralt acordasse logo para ver se ao menos o sentimento de culpa diminuísse um pouco...

Quando Geralt finalmente acordou o dia estava quase amanhecendo lá fora, ao abrir os olhos vagarosamente, sentia seu peito doer tanto quanto sua cabeça e mesmo com a visão turva a íris do bruxo procurou avidamente pelo bardo, sossegando apenas quando o viu ao seu lado.

“Jaskier?” chamou com a voz saindo um pouco mais do que um sussurro rouco, fazendo o outro arregalar os olhos o qual estava preso em um ponto qualquer daquele cômodo, o bardo estava pedindo tanto para que Geralt acordasse que quando isso aconteceu, se assustou.

Soltando longamente a respiração, entrelaçou as mãos sobre as pernas enquanto tentava pensar uma melhor forma de perguntar aquilo que tanto serpenteava sua mente.

“.... V.você gritou meu nome antes daquele monstro atacar o celeiro, não é?” ouviu a voz do bardo, mas a mente do bruxo não consegue o acompanhar para entender o que o outro falava.

Fechou os olhos fortemente e quando os reabriu sua visão melhorou notavelmente graças a capacidade de recuperação rápida do bruxo.

Podendo assim olhar melhor para o amigo, viu que estava com roupas diferente e também que a camisa branca cobria um curativo em seu peito o qual era um pouco exposto pelo corte em V da gola, não sabia como ele havia ganhado aquele corte, mas a única coisa que importava naquele momento era que Jaskier estava bem.

“Me responde, Geralt” exigi finalmente voltando o corpo para ele, olhando-o com os olhos estreitos e a testa franzida no meio, aproximando a sobrancelha uma da outra numa expressão que Geralt dificilmente via no rosto sempre alegre do bardo “Você sabia que eu estava lá?”

Antes de responder o lobo branco se esforça um pouco para se sentar e encostar as costas na cabeceira da cama.

“Sim, claro que eu sabia” responde por fim. “... Você escolheu o pior lugar para se esconder” fala em um tom acusador que ele não queria ter usado, pois sabia que iria irritar ainda mais o outro. “Tentei afastar o Uivador de você”

A boca de Jaskier se abriu em formato de O, demonstrando sua total indignação. Se levantando, o bardo passa a mão pelo rosto antes de se virar e encarar o bruxo novamente.

“Então a culpa é de novo minha pelo o que aconteceu com você?” pergunta ofendido esquecendo por um instante da culpa que estava sentindo, ele tinha consciência que provavelmente estava sendo ingrato depois de tudo que aconteceu, mas não iria ouvir calado que nem da última vez. “Vai dizer que eu te obriguei a ir atrás de mim?” continua articulando os braços enquanto falava e tendo Geralt o olhando esperando que o mesmo se acalmasse, se arrependendo do jeito que começou a falar, mas não com o que queria dizer, Jaskier tinha que ser mais zeloso com a própria vida. “... Que tudo dê ruim que acontece em sua vida é por minha culpa?”

“Você é quem está colocando palavras em minha boca” retruca elevando a voz, não imaginava que o amigo estivesse tão magoado com ele, Jaskier sempre foi tão alegre e otimista, não acreditava que ele fosse capaz de guardar tanto rancor e isso fez o bruxo se sentir pior.

E ainda dizem que os bruxos são incapazes de sentir qualquer coisa.

Jaskier se cala e os dois ficaram por um tempo se encarando e quando o silêncio começou a ficar incômodo, Geralt volta a falar.

“... Me perdoe” se ouve mais um minuto de silêncio, Jaskier esperava que o outro continuasse com o sermão, não que pedisse desculpas. “Não queria ter falado daquela forma e não falei a verdade quando disse que seria uma benção se você sumisse de minha vida”.

Desviando o olhar do bardo, Geralt olha para frente se sentindo envergonhado, no início, quando se conheceram, lembrava que apenas queria se livrar daquele bardo irritante que não parava de tagarelar, mas com os anos que se passaram transformou Jaskier mais do que um amigo para ele, era como se fosse o irmão que nunca teve.

Mesmo não demonstrando muito, sempre quis o seu bem e o protegeria com sua própria vida se fosse possível, e ter o tratado daquela forma fugiu do que ele seria capaz de fazer em seu estado de espírito normal, se não tivesse com tanta raiva pela discussão que teve com Yennefer, ele nunca teria o mandado embora e por isso se sentia envergonhado.

“... Estava procurando informações sobre você e quando soube que estava aqui no vilarejo, vim para cá no mesmo dia”.

Se tivesse olhando, Geralt agora teria visto uma expressão de surpresa no olhar do bardo.

“Como soube que eu estava aqui? ... Pensei que veio por causa do trabalho” uma parte dentro de si tinha ficado satisfeito em saber que o bruxo havia vindo atrás dele, mas a outra parte não acreditava muito.

“Estava numa taverna em outro vilarejo quando ouvi duas camponesas conversarem sobre a apresentação do bardo mais famoso dos Reinos do Norte e de suas baladas” Jaskier sorri ao ver como ele estava sendo reconhecido. “Elas disseram que você tinha partido para cá no começo do dia”.

“Só fiquei sabendo do possível serviço quando alguns camponeses me abordaram na taberna”. Continuou “... Mas ainda bem que eu vim ou a besta teria acabado com você”.

“Ei!” exclama Jaskier colocando as mãos na cintura. “Tava tudo sendo muito tocante até aqui”. Reclama fazendo Geralt revirar os olhos.

“Pelo amor dos Deuses, Jaskier... Você tem que rever algumas de suas decisões... Escolheu o pior lugar para se esconder e olha no que deu”.

“Mas para minha defesa eu teria dado um jeito de ficar na taberna se você não tivesse atrapalhado” se defende. “E como eu falei, não pode me culpar por seus ferimentos, não pedi sua ajuda”

Mesmo tomando uma atitude bem filha da puta, esquecendo que o outro tinha pedido perdão pela forma que o tinha tratado, Jaskier de fato não queria ficar por baixo uma segunda vez.

“Não estou te culpando por meus ferimentos e sim falando que deveria ter um pouco mais de zelo com sua própria vida” sua voz se altera mais uma vez e pela segunda vez naquele dia consegue deixar o bardo calado. “Poderia ter morrido...”

Quando Jaskier continua em silêncio, demonstrando que não queria dar o braço a torcer, Geralt perde a paciência.

“Com todos os diabos!” pragueja se levantando para poder ficar mais próximo dele, mas o movimento rápido faz com que desse uma pontada de dor em seu peito, não foi nada de mais, mas a dor o pega de surpresa fazendo envergar o corpo para frente e lhe arrancando uma careta de dor.

Assustado, o bardo rapidamente socorre o amigo e faz com que se deitasse novamente na cama, se senta assim no colchão ao seu lado.

“Não estou jogando na sua cara... Será que não percebe que eu faço isso por que me preocupo com você, idiota?!...Pode até não pedir minha ajuda, mas eu sempre te protegerei, por que é o meu melhor amigo!”

A última frase do bruxo o pega de jeito, lhe comovendo ao ver como Geralt o considerava.

“... Tudo bem” diz se lembrando que o amigo estava machucado — e ele querendo ou não, tinha uma parcela de culpa — e que aquela discussão idiota não iria levar em lugar algum, no final Geralt estava certo no que se refere a ele ter mais cuidado, mas não era só por isso que tinha resolvido desculpar e sim por suas palavras que mesmo falando do jeito dele havia lhe tocado. “Eu te perdoo.” fala olhando para as próprias unhas, se sentindo um pouco encabulado.

Com isso fez Geralt sorrir da melhor forma que conseguia no momento.

“... E obrigado... Obrigado por não ter me deixado mesmo que pedi lá na taverna... Não sei fazer as coisas que você faz” mal consigo me manter fora de enrascadas “Mas saiba que eu sempre estarei aqui para você também”.

Colocando uma mão em seu ombro, Geralt aperta o local de leve e de repente para Jaskier suas unhas não eram mais interessantes e o bardo volta a encarar o amigo e naquele momento os dois sentiram a amizade que tinham se fortificar.

Não demorou muito e um barulho vindo do andar de baixo faz com que aquele momento especial se esvair.

“Hm... Ótimo” se levantando devagar dessa vez para não sentir dor novamente, Geralt olha para os lados para se situar um pouco. “Agora vou receber meu dinheiro e dar o fora desse lugar esquecido pelos Deuses” caminhando pelo quarto pequeno ele procura por suas coisas.

“E.e para onde você vai?” Jaskier pergunta se levantando também.

“Eu não sei” responde vestindo seu casaco tomando cuidado com o curativo que ainda doía bastante, pegando suas coisas sobre uma mesinha de canto e indo em direção da porta. “Você vem?” pergunta olhando para o bardo sobre os ombros.

“Mas é claro” sorrindo animado, Jaskier também pega seus pertences e sai atrás do amigo.

 

FIM.


Notas Finais


E então, o que acharam?!
Gostaram?!
Comentem, iria ficar muito feliz em saber a opinião de vcs :)
bjs


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