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História Perfumes da Memória - Aromas


Escrita por: DarkMoonToday

Capítulo 6 - Aromas


 - Nada, mas então você também vai trabalhar conosco, Piny!? - mudou de assunto Grazi.

- Pois é. Vamos ter que nos aguentar. - brincou.

Enquanto Piny e Grazi dialogavam, Carol achegou-se até a cunhada, falando discretamente.

- Que loucura, Tai.

- Nem me fale… - respondeu bebendo um gole de espumante e direcionando um sutil olhar para a morena. - Põe loucura nisso...

O tempo passava e o jantar tornou-se um momento de degustação de bebidas caras e canapés requintados. Indicada por Carolina, Giovanna seguira por um corredor, à procura da toalete para retocar sua maquiagem, dando de cara com Tainá que voltava para a sala. Se olharam rapidamente, abaixando a cabeça cruzaram-se no corredor, tocando suavemente suas mãos, no instante que passaram.

- Tainá… - parou, chamando-a.

A morena virou-se, em silêncio, apenas fitando-a.

- Eu não sabia que era a empresa da sua família. - completou a morena.

- Eu imagino que não. - falava com seriedade.

- Depois das coisas que disse, eu jamais tentaria te procurar.

Tainá sorriu sarcástica, dando um passo à frente.

- E por que procuraria… Você já havia vencido a aposta! - voltou-se, dando lhe as costas.

- Espera! - gritou a morena. - Você acha mesmo que eu levei aquilo a sério?

Tainá sequer virou, apenas acenou negativamente com a cabeça seguindo para a sala. Porém, sendo impedida por Gio, que a pegou pelo braço, empurrando-a para dentro do banheiro.

- Me solta! Sua grossa!

- É… Eu sou grossa mesmo e tudo mais que você escreveu naquela droga de bilhete! - falava Giovanna, colocando-se à frente da porta, impedindo a saída da loira.

- Me deixe sair, sua louca!

- Então, você acha mesmo que uma porra de aposta me faria estar com você como eu fiquei?

- Uau. Perdeu a pose, Giovanna Antonelli?

- É! Perdi, Tainá Müller! Você tem o dom de trazer à tona o que existe de pior em mim. - pausando, firmou seu olhar - Para você eu fui a deselegante que não passou de um brinquedinho de férias, não é?

- É… Exatamente isso! - respondeu a loira com fúria.

- Filhadaputa fresca.

- Falou a Rainha dos palavrões.

- Cala a sua boca!

- Vá à merda, Giovanna! E saia da minha frente.

Tainá empurrou-a irada, tendo da morena uma reação completamente raivosa. Giovanna a prendeu na parede, segurando seus braços com tamanha força, que a morena gemeu de dor. E já não havia tempo para palavras, a outra morena calou-a com um beijo que mais parecia uma punição, onde mediam suas forças, mas principalmente, seus domínios. A Müller resistia, tentava esquivar-se, mas o cheiro daquela pele, o sabor daquela boca lhe eram tão irresistíveis, que por um mínimo momento esqueceu-se das dores que as trouxeram até aquele ponto e abriu os lábios permitindo a invasão daquela língua úmida e quente, que tentava dominar todos seus gestos. Não conseguiam se acalmarem para sentirem o quão delicioso poderia ser aquele beijo, existia a necessidade do comando, ao invés da entrega. Porém, sentindo o sugar de sua língua, Antonelli finalmente percebeu que Tainá começava a baixar a guarda e viu a chance de devolver lhe um pouco da sua dor, sem perceber que ela também causara isso anos atrás.

Assim… Interrompeu o beijo! Cínica, sorriu olhando nos olhos castanhos.

- Como você mesmo disse: “Nossos mundos são de uma diferença gritante, como eu te traria para o meu mundo? Seria hilário!”

- Por que está repetindo isso?

- Para você entender o quanto… O quanto, valeu a pena ganhar aquela aposta! - mais uma vez a troca de olhares falou por si só.

Antonelli saiu apressada, Tainá não conseguiu nem mesmo se mexeu. Sentia-se confusa… Ao mesmo tempo que a morena, depois de quatro anos, ainda sabia cada palavra daquele bilhete, teve a empáfia de confirmar que tudo não passou de uma aposta. Um misto de raiva, decepção e incerteza, tomou conta de seus pensamentos.

Permaneceu um tempo ali, tentando se recompor. Enquanto na sala, Giovanna era aguardada.

- Aí está ela, vou buscar um presentinho especial para vocês. - disse Tuti, logo que Giovanna voltou.

- Onde você estava, criatura? - cochichou Piny com a amiga.

- No banheiro.

- E volta com essa cara? Ainda bem que esse batom é claro.

- O que? - levou a mão à boca.

- Relaxa, esse não sai. Era só para confirmar minhas suspeitas.

- Idiota!

- Eu né… - finalizou Piny.

 

- Esse é exclusivo para vocês! - dizia Tuti voltando com alguns pequenos frascos, distribuindo aos seus convidados e por último Antonelli

- Já que você irá representá-lo, acho que deve se familiarizar com a fragrância.

A morena sorriu recebendo o frasco, contemplando-o.

- Posso? - segurando a tampa, perguntou.

- Por favor… - assentiu Tuti - Nos dê sua opinião.

Antonelli sentindo aquela fragrância fechou os olhos por alguns segundos, procurando conhecer a essência daquele cheiro, sendo observada por todos, principalmente pela criadora, que voltara à sala.

- Meu Deus, me parece tão diferente e tão conhecido, ao mesmo tempo! - exclamou extasiada, fechando novamente os olhos, viajou naquela mistura de cheiros e aromas. Não entendia o porquê, mas vieram à memória, os passeios nos roseirais, os cheiros que Tainá tanto falava. Um delicado sorriso surgiu em seus lábios - Há uma harmonia de aromas… E, traz um pouco da…. Maresia? - disse como em questionamento, surpresa por sentir isso na fragrância.

- Bingo! - disse Tuti sorrindo satisfeito. Procurou a irmã, direcionando-se a ela - Eu disse! Você conseguiu criar uma tradução de sentimentos e dos cheiros da sua viagem.

Tainá, tão somente, sorriu para a irmã

- Você que criou? - a morena, de fato, surpreendeu-se.

- Sim, eu que criei…

A troca de olhares dessa vez foi de uma intensidade palpável.

Juntando o que sentiu à forma que Tuti explicou sobre a criação da fragrância, Gio entendera que ele, provavelmente, se referia à viagem de Tai ao México e por isso aquele cheiro lhe parecia inexplicavelmente familiar.

- É simplesmente, maravilhoso. - elogiou Alex, com honestidade. - Tem também um contraste entre a sutileza e… - a morena buscava uma palavra para se expressar.

- E algo rústico? - falou a advogada, que também recebera o perfume, fazendo a morena fitá-la como se assustasse com o comentário.

- Acho que… é, é exatamente isso. - Gio lembrara que ela mesma se auto denominava rústica para a morena.

Naquele momento, nem mesmo conseguiu voltar seu olhar para Tainá, sentiu o peito apertar, alguma coisa a sufocava, talvez por sentir em cada aroma daquele perfume, uma sensação de lembranças, como se tudo naquele frasco, tão pequeno frasco, conseguisse resumir as sensações de suas memórias trazidas daqueles dias. Uma lágrima solitária rolou por sua face, coisa que não acontecia há quatro anos, quando se trancou dentro de suas próprias dores.

Limpou-a, sendo quase imperceptível a todos, menos à Piny e a Giane que notaram a emoção da modelo.

Tuti falava do produto, tendo toda atenção dos presentes. Antonelli aproveitou para falar com o Giane.

- Por favor, dê um jeito de me tirar daqui.

- O que aconteceu, mi amor?

- Te explico no caminho, dê a desculpa que quiser, mas vamos embora.

- Deixe comigo, mas quero saber direitinho o que está havendo.

Giane inventou uma desculpa, era sua especialidade. Confirmando a assinatura de contrato na Empresa no dia seguinte. Conseguindo assim, tirar dali sua amiga e cliente. Partiram, sem qualquer suspeita por parte dos presentes, exceto os mais próximos.

 

- Você está bem? Vocês brigaram? - perguntava Grazi à Tainá.

- Não brigamos… - afirmava a perfumista.

- Ufa, menos mal.

- Ela me beijou.

- O que? - falaram Carolina e Grazi no mesmo instante.

- Vocês ouviram, não vou repetir.

- Onde vocês estavam? - questionou Grazi.

- No banheiro.

- Vocês estavam se pegando no meu banheiro? - a cunhada da morena se surpreendia.

- Não, Carol! Ela só… Só me beijou.

- Ah tá… Só beijou… - ironizou.

- Vocês ao menos conversaram? - Grazi estava ansiosa para que finalizassem suas mágoas.

- Não, ela me falou um monte de coisas, mas não houve diálogo algum.

- Vocês vão trabalhar juntas, tá sabendo, não é?

- Estou, Grazi.

- Tai, sua irmã vai surtar se perceber esse clima nada amistoso entre vocês. - afirmava Carol preocupada com o que viria.

- Ok gente, mas o que vocês querem que eu faça? Essa mulher me fez de idiota e isso não vai mudar. Mas, eu sou profissional e não faria nada para atrapalhar meu próprio projeto.

- Então, Tai. Conversem e decidam deixar isso no passado, já que no presente vocês irão conviver. E, a empresa é tua, o interesse é teu.

- Obrigada por simplificar, Grazi, muito gentil da sua parte. - ironizou Tainá.

- A sua irmãzinha invocou que quer a Giovanna nessa campanha e…

- E… Ninguém o faz mudar de ideia, eu sei. - constatou a morena.

- Pois é, isso é de família… - cutucou Grazi.

- Não entendo porque, no meio de tantas modelos ela a escolheu. - lastimava Tainá, pegando mais uma taça.

- Simples… Porque ela é um gênio e conseguiu entre tantas, escolher justamente a pessoa que foi, na verdade, a inspiração para a criação do perfume. - Carol pausou irônica - É, minha mulher é genial! - deu de ombros, piscando para a cunhada. - Ah só mais um comentário, Tai. Você não tinha bom gosto para homens, mas para mulheres… Cunhadinha, você arrasou! - saiu rindo da cara de Tainá, que em mímica, mandou ela se danar.

- Sou obrigada a concordar.

- Grazi! - repreendeu-a Tainá.

 

 

No mesmo instante, Piny, Giane e Giovanna voltavam para casa.

- Você está me dizendo que você e Tainá Müller tiveram um affair?

- É, Giane - afirmou olhando pela janela do carro.

- Eu nunca ouvi dizer que a Müller namorasse mulheres. Isso é novidade!

- Acho que ela não namorou outras. - comentou Piny.

- Que história! Se reencontrarem assim… - Giane animou-se com tudo que soube. - Mas, acabou mesmo? Gio vocês trabalharão juntas, de certa forma.

- Eu sei. E, sim… acabou… Aliás, nem começou.

- Sério, Gio? - Piny revirou os olhos, pelo desdenho da amiga.

- É só um trabalho, que logo acabará. Podemos parar com esse assunto?

- Podemos! Desde que você me garanta que não teremos problemas com isso. - disse Giane.

- Não teremos. - finalizou chegando à frente de seu apartamento, despedindo-se de Giane e entrando no elevador com Piny, que conhecia bem o jeito que Antonelli tentava dissimular seus sentimentos.

- Aquela lágrima que vi, também não foi nada, amiga?

- Chega, Piny...

Permaneceram em silêncio até chegarem ao apartamento.

- Piny, amanhã à tarde assinamos e acredito que segunda começamos os ensaios.

- Ok. - respondeu sisuda.

- Ei… Você está brava?

- Não, Gio… Só queria ver uma reação natural sua novamente.

- Do que está falando?

- Que eu não te vejo feliz há tanto tempo.

- Eu estou feliz, olha para a minha vida, Piny.

- Eu te admiro, Gio. Você conseguiu tudo que se propôs a conseguir. Eu só queria ver minha amiga voltar a sorrir com os olhos, não forçando os lábios.

Antonelli abaixou a cabeça, sem argumentar, coisa rara de acontecer.

- Eu sei que a Tai te feriu, porque eu mesma te carreguei nos seus intermináveis porres e eu achei incrível você conseguir que essa dor te impulsionasse a ser a profissional que você é hoje.

- Eu não entendo porque você não aceita toda minha mudança.

- Eu aceito, caralho! Mas, eu sei que você, esperava esse reencontro, em algum momento, para poder esfregar na cara da Tainá, que se tornou a mulher elegante que ela julgava “hilário”.

- Está insinuando que eu sabia onde encontrá-la?

- Eu não disse isso! Só estou dizendo que… Ok, vocês se reencontraram e ela viu quem você se tornou. Ponto final. É hora de deixar isso no passado. É momento de recomeçar, Gio.

- Como? Me diz…

- Você vai descobrir… - sorriu abrindo a porta do quarto - Nem que tenhamos que voltar a Del Carmen e tomar todas as tequilas do quiosque do Juan.

Giovanna sorriu abertamente, pela primeira vez em muito tempo.

- Vamos dormir, amanhã depois que assinarmos a porra desse contrato, vamos comemorar. Chega de jantares, vamos comemorar ao estilo Piny e sem chance de recusas!

- Que Deus me ajude! - brincou Giovanna - Ei, maluca…

Piny olhou segurando a porta.

- Obrigada… - agradeceu a morena.

- Que obrigada, garota. Deposita na minha conta depois!

Fechou a porta, deixando a amiga rindo no corredor, logo indo para um longo banho. Um tempo depois, saia de roupão, com cabelos em coque, deitando em sua cama. Olhou na mesinha, vendo o frasco do perfume criado por Müller. Pegou-o, passando perto das orelhas e nos pulsos.

Deitou-se... E, sentindo aquele cheiro, fechou os olhos, inevitavelmente, viajando em suas mais profundas, e boas, lembranças da viagem…

 

O dia amanheceu em NY agitado como sempre. No apartamento de Giovanna o assunto fora o novo projeto. No final do dia, Giovanna e Piny já haviam assinado o contrato, sem a presença de Tainá, que ainda trabalhava no restante dos ajustes de seu produto.

Naquela noite, Piny havia convidado metade de suas amigas de NY para irem festejar no bar de um amigo porto-riquenho. E, finalmente, conseguiu levar Giovanna, sem precisar arrastá-la até lá.

O bar era animado e bem frequentado, com músicas latinas para todos os gostos. Gio ria das piadas da amiga, logo sentando-se em uma poltrona conversando com uma das modelos, que trabalhara na Europa.

Instantes depois, percebeu Piny fazendo sinal para alguém. Olhando para o lado, pode ver Grazi e Tainá chegando. Ficou surpresa, tanto quanto a outra morena, pois Grazi lhe havia garantido que a morena não estaria presente. As duas entenderam que suas amigas fatalmente armaram aquele encontro, mas ambas decidiram não mais fugirem.

Em nome de uma possível boa convivência no trabalho… ou não! Tentariam, no mínimo, se suportarem. E, a noite estava apenas começando...

 

 Ay payita mía, guárdate la poesía

Guárdate la alegría pa'ti...

 

- Tai, não surta! A Piny me garantiu que…

Tainá fez a maior cara de tédio pela desacreditada explicação, fazendo Grazi interromper a frase.

- Quer saber? Foda-se! Eu sabia que ela estaria aqui e acho que já chega dessa guerra de nervos. É isso, pronto falei! - terminou aguardando uma bronca colossal de sua amiga.

- Ok. - foi a única palavra dita pela morena.

- Ok vai se foder Grazi? Ou Ok, você está certa, Grazi?

- Apenas Ok.

- Hey! Vocês vieram! - gritou Piny levantando os braços, indo onde estavam. - Sejam bem-vindas ao meu mundo latino! - falou Piny abraçando as duas ao mesmo tempo.

- Nem percebi! - zombou Grazi, ouvindo música latina e vendo a tequila na mão de Piny.

- Isso que se chama Comemoração animada! - disse Tainá, pegando o copo da mão de Piny e tomando de uma vez só, imediatamente surgindo uma careta. Tudo diante do olhar curioso e engraçado das amigas. - E aí, tem mais? - perguntou devolvendo o copo para a dona dele e, olhando para Grazi, soltaram ao mesmo tempo: 

- Arriba!!! - riram divertindo-se desde já.

- Vamos lá! - disse a anfitriã, abraçando as duas e seguindo para a mesa. Onde observando o que ocorria, Gio franziu a testa, murmurando: 

- Mas é umas bebum do caralho! - Gio resmungou, como sempre,  perdendo a compostura quando se trata de Tainá Müller.

- O que você disse? - perguntou Lisa, uma atriz e modelo morena, de descendência jordana, de belos olhos marcantes, que dialogava com Antonelli.

- O que? Eu disse? Ah, não é nada, é que já percebi que a Piny vai me dar trabalho hoje.

- Como se fosse só hoje, né Antonelli. - riu a modelo - Garota, aquela com a Piny é a Tainá Müller?

- É sim, você a conhece?

- Claro! Já a vi algumas vezes com a irmã. Ela é linda!

- Ah, normalzinha. - disfarçou a morena.

- Fala sério, ela é a maior gata!

- Deixa sua esposa ouvir isso!

- A Sheetal iria concordar! Aliás, a Müller não é da Empresa que vocês vão fazer a campanha?

- Isso…

- Eu me lembro dela com o Sauer

- Quem é Sauer? - se interessou Giovanna.

- O namorado, noivo, ou ex sei lá.

Antes que a moça explicasse o que sabia de Tainá, as três mulheres chegaram à mesa e Piny as apresentou à todas, como também aos dois rapazes que as acompanhavam. Um deles de imediato interessou-se por Tai, que nada percebeu.

Todos se cumprimentaram, assim como Giovanna e Tainá, sem grandes dramas.

- Essa aqui é a criadora do produto que vai abalar o mercado. - festejou Piny, apontando Tainá.

- Ainda mais com a Antonelli representando e as mãos mágicas da Piny em ação - afirmou uma das meninas.

- Baby, você não tem noção do quanto são mágicas! - brincou Piny piscando para a moça, fazendo todos rirem.

O assunto manteve-se por um bom tempo, regado a margaritas e tequilas. Enquanto Antonelli e Müller ignoravam-se mutuamente.

 - E, bora dançar! - decretou Piny

- Não vai? - alguém questionou Gio.

- Daqui a pouco, estou em aquecimento ainda. - mostrou lhe o copo.

O pessoal levantou-se dançando ao som de Shakira.

No pido que todos los días sean de sol

No pido que todos los viernes sean de fiesta

Tampoco te pido que vuelvas rogando perdón

Si lloras con los ojos secos

Y hablando de ella

O grupo se esbaldava, dançando e cantando. Com certeza, eram os mais animados daquele local.

Um dos rapazes, ensinava alguns passos à Tainá, que rapidamente aprendera todo rebolado. Giovanna observava de sua mesa, na parte de cima do bar, conversava por ali, mas nem sabia o que Carina, uma outra garota, dizia. E, volta e meia olhava para a pista.

Algumas vezes balançava a cabeça incrédula, outras franzia a testa e em alguns momentos revirava os olhos em total desaprovação pela forma que Tainá dançava com dito rapaz. Mas, sempre voltando a dar atenção para Carina, que lhe fazia companhia.

- Disfarça… - disse Lisa chegando com a esposa que acabara de entrar no bar.

- O que? - não entendera.

- Disfarça porque está na cara que está vigiando a Müller.

- Pirou, Lisa?

- Ela não está? - perguntou a modelo à esposa, que assentiu imediatamente. - Falei! - voltou-se para Giovanna, que negava com a cabeça.

As amigas foram dançar... E, vários minutos se passaram...

Distraída Antonelli bebia margarita, virando-se para o lado viu o rapaz rebolando de forma sensual atrás de Tainá. Parou, fitando-os.

- Que porra é essa!? - exclamou irritada.

- O que, Antonelli? - questionou Carina, que não saia de perto.

- Você está vendo aquilo? - falava indignada.

- Aquilo? - olhava para a pista e não via nada demais - De quem está falando?

- Ah deixa…

- Eles estão se divertindo! - ria ainda não entendendo a que se referia Antonelli.

- Você tem razão! Vamos nos divertir também!

Pegou na mão da garota e saiu arrastando-a até onde estavam seus amigos.

- Aeeeee - gritaram vendo as duas chegarem dançando.

Visivelmente a companhia de Antonelli queria bem mais do que um bom papo naquela noite, assim como o rapaz que não se afastava de Tainá.

As duas mulheres estavam próximas, no entanto, permaneceram de costas uma para a outra. Rebolavam incansavelmente... A sensualidade era evidente em cada gesto. Seja no abaixar e subir de corpos…. Nas sutis mordidas nos lábios… Em mãos nos quadris ou ao alto. Os moveres pareciam calculados e sintonizados.

Ay amor me duele tanto

Me duele tanto

Que te fueras sin decir a donde

Ay amor, fue una tortura perderte

Ainda de costas, com ou sem intenção alguma, encostaram-se.

Ao contrário do que Grazi e Piny esperavam, que seria o óbvio afastamento, as duas permaneceram exatamente onde estavam, com imperceptíveis toques, seus corpos bailavam. Por trás, as mãos de Giovanna, suavemente pararam no quadril de Tainá, que mesmo dançando com o belo jovem,  pousou suas mãos sob as de Giovanna. Acompanhavam o ritmo eletrizante da canção, movimentando-se, como se fossem apenas uma… Espelhos de um mesmo reflexo.

Yo sé que no he sido un santo

Pero lo puedo arreglar amor

No solo de pan vive el hombre

Y no de excusas vivo yo

Solo de errores se aprende

Y hoy se que es tuyo mi corazón

Mejor te guardas todo eso

A otro perro con ese hueso

Y nos decimos adiós

Esto es otra vez esto es otra vez no

 Apertavam-se, com mãos espalmadas, que na verdade, aceleravam os batimentos e a respiração. Todos, exceto algumas amigas, estavam tão animados, que em momento algum percebiam o que acontecia entre aquelas duas. Ainda espalmadas, as mãos da morena desceram insinuantes pelas coxas da outra morena presente. Mas, com um passo adiante, afastou-se, finalizando aquele frenesi.

Yo, yo no voy

A llorar por ti

 

  Aproximando-se do rapaz e de Grazi que estavam à sua frente, Tainá pegou a bebida da amiga, virando-a até o final.

- O que foi aquilo? - fez um discreto sinal na direção de Antonelli.

- Não faço ideia! - rindo deu de ombros, sendo puxada pelo rapaz e voltando a dançar. Um pouco à frente, viu a tal moça se encaixando na morena. Agora de frente, olhando para Tainá, Giovanna sorriu cínica, permitindo àquela aproximação de Carina.

A perfumista parou observando-as, sem disfarçar, fixou seu olhar naquela cena. O que divertiu a morena.

Alguns metros dali, Piny conversava com Grazi.

- Quem vai bater primeiro?

- Está querendo fazer aposta, Piny? Isso já não deu certo!

- Toma mais essa margarita e tenha mais senso de humor, Grazi.

- Gracias! - pegou a bebida, já que a amiga havia bebido a sua - Mas, pela cara da Tai, ela vai descer o cacete na sua amiga.

- Olha o tamanho da Gio. Vai apanhar a Tai e o manezão que está com ela.

- Piny, por favor, me prometa uma coisa…

- Diga…

- Você e eu seremos amigas e nunca, JAMAIS, faremos uma cena dessa!

Olharam-se, cumprimentando-se com um high five, concordando que aquilo era proibido para as duas.

- E… Sem sumiços por quatro anos de novo. - completou Piny.

- Combinado! - voltaram ao cumprimento, como se selassem um acordo imaculado.

E, voltaram suas atenções às amigas.

- Isso não vai prestar… - constatou Piny.

Mas, para tranquilizar os ânimos, aquietaram, voltando à mesa.

Porém, dá-lhes mais bebidas!!!

- Quase fizemos uma aposta. - comentou Piny.

- Tenho trauma disso. - falou Tainá.

- Aposta? - questionou Gio, que estava próxima, ao lado de Grazi e de sua companhia constante da noite, mas que ficara em pé dançando ao lado da mesa.

- Melhor nem se aprofundar no assunto. - aconselhou Piny para a amiga.

- Por que não!? - brincou Antonelli, visivelmente sarcástica.

- É mesmo! Por que não!? - disse a perfumista com o dobro de sarcasmo.

- H i l á r i o ! - Giovanna arqueou as sobrancelhas com um sorriso cínico nos lábios, citando o maldito bilhete.

- Eu aposto que… - iniciou a frase Tainá.

- Dios! Era só o que me faltava mesmo! - clamou Piny.

- Fala… Que já dobro a aposta. - instigou-a Antonelli.

- Aposto que… Antes de amanhecer o dia, eu terei, no mínimo, trocado os melhores beijos da minha vida! - imitou-a arqueando as sobrancelhas, sutilmente olhando para o rapaz que estava próximo à ela.

Giovanna cerrou os olhos, apoiando-se com cotovelos na mesa, aproximou-se ainda mais da morena, falando pausadamente.

- I d e m… - sorriu, voltando a sentar-se, mantendo o sorriso nos lábios.



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