FERNANDO
Olhava para os lados, tentando avistar meus amigos. Eu não estava tão bêbado a ponto de não reconhecê-los, afinal, eu só ia beber um copo naquela noite.
Olhei pros lados novamente e nada. Apesar disso eu confiava neles, afinal, eles é que me salvaram. Comecei a lembrar de quando cheguei aqui.
- Eu já sou adulto suficiente pra cuidar da minha vida! – esbravejei.
- Se fosse adulto não estaria aqui! – gritou meu pai.
- A culpa é de vocês se estou aqui! Acham que eu estou feliz por sair de lá?! – gritei do mesmo tom.
- Devia ter pensado melhor! – gritou meu pai novamente.
- Vou sair agora daqui! – gritei, pegando minhas malas.
- Ótimo pode ir!
- Ótimo.
- Ótimo.
Saí de casa pisando duro. Odiava ser tratado como criança, a culpa é deles por eu estar aqui.
Andei até meus pés não aguentarem mais, comecei a pensar que não foi uma boa ideia, até que três homens de terno vieram em minha direção.
- Olá! Não deixamos de perceber que está sozinho.
Os olhei de cima a baixo desconfiado.
- Olá. Sim, estou... Sozinho, na verdade acabei de sair de casa.
- Está sem dinheiro?
Os olhei desconfiado novamente.
- Estou com um pouco, mas acredito que acabará logo...
Eles me olharam, se olharam concordaram com a cabeça e me olharam de novo.
- Gostaria de ganhar bastante dinheiro?
- O que eu teria que fazer? – disse interessado.
- Só ser nosso amigo, entrar pra turma, me entende.
- Bom, em parte sim, mas... Teria que conhecê-los primeiro, nem sei o nome de vocês.
- Esse é o Miguel, o outro é o Kevin e eu sou o Romeu.
- Muito prazer, Fernando.
Apertei a mão de cada um desses homens.
- Bom... Agora que somos amigos, pode me falar como se ganha bastante dinheiro?
- Com o modo mais fácil: roubando.
O olhei incrédulo.
- Ah, esses ricos querem se colocar por cima cara, você não se cansa disso?
- Meus... Pais são ricos, foi por isso que saí de casa.
- Está vendo? Esses ricos ficam falando que fazer só por que tem dinheiro!
Pensei um pouco.
- É, tem razão.
- Então você topa?
Olhei para o olhar de súplica deles. Aquilo era perfeito para o que eu estava passando.
- Topo – disse, logo sendo cumprimentado pelos outros.
Dez daquele dia comecei a roubar, já virei um crack nisso, modéstia à parte. Os homens que conheci viraram grandes amigos meus, agora não sou tão pobre, nem tão rico, tudo graças a eles, sorri.
Meu sorriso logo diminuiu quando lembrei do motivo pelo qual briguei com meus pais naquela época. Eu ainda a amava, a amava muito.
Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz irritante que eu já sabia de quem era.
- Fer, o que acha de sairmos daqui? – disse ela passando a mão no meu braço, logo o tirei e revirei os olhos.
- Já te disse mil vezes que eu não gosto de você Carla!
- Eu sei! Você não gosta de mim, você me ama! – ela me abraçou e eu comecei a ficar com raiva.
- Eu não te... – minha frase foi interrompida por um alvoroço lá fora.
Fui correndo ver o que se passava e vi meus amigos dando pauladas em um homem, fiquei horrorizado com aquilo, nunca tinha visto eles fazendo isso.
Quando pararam, fui logo ver se o homem estava vivo. Morto. Olhei para as outras pessoas, os meus "amigos" já não estavam ali. Todos começaram a me acusar por ter assassinado o homem, foi aí que me toquei que ao pegá-lo poderia ser o maior suspeito de tê-lo matado, saí correndo. Maldito dia que conheci aqueles homens, maldito dia que me mudei, maldito dia que perdi o amor da minha vida.
Foi aí que vi que a minha única saída era fugir, fugir pra longe, já tinha em mente em quem iria me ajudar.
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