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História Persona: A Maldição do Uchiha - Capítulo Seis


Escrita por: Outonno

Notas do Autor


Amados, peço desculpas pelo atraso, eu tive um problema no meu notebook, mas graças a Deus foi resolvido.
Obrigada pelo carinho de vocês, boa leitura.

Capítulo 7 - Capítulo Seis


   

"É impossível armazenar sentimentos, eles sempre vazam"

 

Entrei no corredor pessoal do arquiduque com o coração batendo alterado. Existe alguma coisa nele que me causa um medo arrebatador, um instinto primitivo que parece gritar para que eu mantenha distância. E o comportamento inconstante de seus servos apenas serve para confirmar o quão atípico o arquiduque é. 

    Parei na metade do corredor quando o som de vozes preencheu todo o caminho estreito que levava para o escritório do Uchiha. O homem que falava tinha a voz esganiçada, que ficava mais aguda e rápida conforme ele se alterava. Me aproximei a passos curtos e silenciosos tentando dar sentido às palavras que eram jogadas como jatos de água de uma cachoeira. 

    —...você precisa reagir Sasuke! — disse o homem desconhecido — Nós não podemos continuar vivendo desse jeito. 

    — Naruto, o que espera que eu faça? — reconheci a voz do arquiduque, impassível como de costume. 

    Instintivamente caminhei até a porta e encostei meu ouvido na madeira, na tentativa de ouvir com mais clareza. 

    — Espero que tome uma atitude e logo — o homem chamado Naruto falou —, o tempo está acabando e você me prometeu que... — sua voz foi substituída por passos rápidos em minha direção, antes que eu pudesse tomar alguma atitude, ele abriu a porta abruptamente me fazendo cair para dentro do escritório. 

    — O que é isso? — Naruto falou me olhando estatelada no chão. 

    — Isso, é a serva pessoal da Senhorita Ino — respondeu o arquiduque enquanto Naruto me ajudava a ficar em pé —, que parece ter uma tendência a não seguir conselhos. O que faz aqui, Sakura? 

    — Eu gostaria de ter uma audiência com vossa excelência, mas posso voltar em outro momento — disse olhando para Naruto que tinha uma expressão estranha no rosto. 

    Ele era um homem alto, poucos centímetros mais baixo que o arquiduque com a cor da pele visivelmente bronzeada pelo sol e cabelos loiros como espigas de milho. Ele tinha marcas de riso no canto da boca, evidenciando ser uma pessoa de sorriso fácil mesmo que agora ele me olhasse com uma expressão séria e fechada. 

    — Pode ficar, senhorita — ele pronunciou mecanicamente —, já terminei minha audiência com Sasuke. 

    — Sasuke? — repeti confusa. 

    — Esse é o nome dele — Naruto apontou para o arquiduque com o dedo. 

    Não pude deixar de me perguntar quem ele era para tratar o arquiduque de maneira tão informal. 

    — Compreendo — disse sem saber muito bem em como agir. 

    — Pois bem, irei deixá-los para que conversem — Naruto deu um olhar cheio de significados para o arquiduque que devolveu o gesto. — Foi um prazer conhecê-la, senhorita Sakura — ele pegou minha mão gentilmente e depositou um beijo cálido no dorso, porém não me passou despercebido a frieza dos seus lábios e suas mãos trêmulas. 

    — O que deseja, Sakura? — Sasuke perguntou assim que Naruto deixou a sala. 

    Quando minha atenção voltou exclusivamente para ele pude notar a palidez da sua pele, sua boca geralmente rosada estava em um tom esbranquiçado e uma sombra arroxeada pairava abaixo dos seus olhos. Ele parecia exausto. 

    — Eu vim solicitar a ajuda de vossa excelência — falei e suas sobrancelhas automaticamente se ergueram. 

    — Com o que? — perguntou sem parecer surpreso. 

    — Rogo que o Senhor interceda em meu favor — introduzi enquanto me curvava respeitosamente. 

    — Sakura, creio não estar compreendendo o que a senhorita quer dizer. 

    Ainda curvada em uma profunda e bem-feita reverência, narrei os acontecimentos com o máximo de discrição que eu pude. Evitei citar pessoas em específicos — principalmente porque não conheço o nome da maioria dos criados —, não sei até onde costuma estender os castigos do duque e se forem como dizem os rumores, não quero ser responsável pela morte de ninguém. 

    Continuei com minha cabeça voltada em direção ao chão mesmo após finalizar o relato. Me faltava coragem para encarar o arquiduque, em parte porque sua presença me causava a sensação de perigo, mas principalmente porque assim como foi com Ino, eu me senti extremamente acabrunhada com a revelação das minhas fraquezas. Não quero que ninguém saiba o quanto ser acossada me afeta. 

    — Levante o rosto, Sakura — solicitou, me fazendo automaticamente encarar seus olhos vermelhos. — Quando for pedir ajuda a alguém faça olhando nos olhos da pessoa. Não há vergonha alguma nisso — falou brando.

    — Eu peço que o Arquiduque proteja a mim e ao meu irmão — disse tentando parecer altiva com os olhos fixos no senhor Uchiha. 

    — Farei isso — respondeu me arrancando um suspiro de alívio —, mas vocês não sairão impunes. 

    — O que? — disse atônita. 

    — Eu disse que intercederei ao seu favor — ele se ergueu da cadeira e caminhou a passos lentos até parar à minha frente —, mas isso não impedirá que vocês sejam castigados. 

    — Por quê? Eu não entendo — balbuciei. — O senhor não acredita em minhas palavras? 

    — Eu acredito Sakura, e mesmo se de fato houvesse danificado meu livro não seria sequer considerado um delito — explicou. — Muitos servos já danificaram um exemplar ou outro.

    — Então, por quê? 

    — Porque esse comportamento é inadmissível — ele passou por mim e caminhou até o conjunto de sofás, se acomodou enquanto se servia de uma xícara de chá. — Meus servos, embaixo do meu teto se ocupando de intrigas mesquinhas e sem fundamentos ao invés de se ocuparem com suas funções. Esse comportamento deve ser extinto antes que se torne um hábito — concluiu indignado. 

    — Ainda não entendo por que tenho que ser castigada quando não fiz nada.

    — Você será castigada por ter caído nas provocações deles — simplificou. 

    — O senhor pode ser mais claro? — disse entredentes me sentindo injustiçada.

    — Primeiro, se fosse uma garota paciente teria esperado o julgamento, como você mesma disse eu seria incumbido de lhe oferecer um castigo e como eu lhe contei anteriormente, nenhum e eles sabem disso. Mas ao invés, se precipitou e desobedeceu a ordem de Kakashi ao entrar nesta ala do palácio quando ele mandou que ficasse em seu quarto, interrompeu meu trabalho, ouviu minha conversa privada por detrás da porta e trouxe intrigas irrelevantes para o seu senhor. Devo acrescentar mais algum item? — ele perguntou me encarando por trás da xícara que pousou em seus lábios.

    — Não senhor — disse com a cabeça baixa.  

    — Certo, espero vê-la acompanhada com seu irmão amanhã ao amanhecer. 

    — O meu irmão? — perguntei confusa com o coração novamente acelerado no peito. — Ele não fez nada! — disse exaltada, arrancando um longo suspiro do Arquiduque. 

    — Caso não tenha ficado claro, isso foi uma ordem — ele me lançou um olhar penetrante que gelou meus ossos. — Pode se retirar.  

    Saí da sala com os olhos ardendo com a força que eu fazia para que as lágrimas não escapassem, já que se apenas uma delas caísse eu não seria capaz de evitar o choro que se acumulou durante anos no fundo do meu peito. 

    Evitei o quarto de Ino, não queria ter que contar o que aconteceu quando estava tão instável. Drystan ainda era pequeno, mas era um erro pensar que ele não percebe as coisas, que não entende. Entrei no meu quarto, senão fosse pelo leve ronco da minha mãe no anexo eu acreditaria estar sozinha, e mais de uma vez eu acreditei estar largada no mundo, mesmo com ela dormindo ao meu lado. 

    Parecia besteira para mim que a situação com o arquiduque me causasse tantos sentimentos. A verdade é que eu acreditei finalmente estar livre das injustiças que sempre me cercaram, pensei que estava intocável que ninguém nunca mais poderia me menosprezar. Mas eu novamente estava mergulhada no costumeiro sentimento de impotência.

Entrei em seu quarto e observei ela dormindo em seu sono doente, ela ganhou um pouco de peso graças aos cuidados de Ino que a alimentava sempre que sua lucidez emergia do calabouço que era sua mente, quando suas fantasias se mesclavam com a realidade e ela parecia despertar para as coisas à sua volta. E eu sei que deveria ficar feliz com esse progresso, mas olhando-a agora eu só consigo sentir mágoa e rancor. 

— Era para a senhora cuidar de nós — o pensamento se transformou em palavras antes que me desse conta. — Nós estamos aqui! Drystan e eu estamos aqui, bem na sua frente e você nos abandonou! Me deixou sozinha para cuidar de todos! — ela continuou sem se mexer.

Minhas pernas finalmente cederam com o peso dos sentimentos que eu carrego por anos e eu caí de joelhos no chão acarpetado, eu não tinha forças para me erguer e até mesmo minha cabeça pendeu para frente sem que eu tivesse ímpeto para levantá-la. Senti quando uma lágrima escapou do meu olho direito, observei quase em transe enquanto o pequeno e insignificante líquido salgado fazia caminho acelerado até o chão, se esparramando e sendo absorvido instantaneamente e como se meus olhos fossem nuvens carregadas pingos semelhantes a uma chuva torrencial caíram uma atrás da outra, acompanhadas por meus soluços que ecoavam no quarto como trovões. 


 

...

Acordei com a luz do sol embrenhando pela janela do pequeno cômodo, confusa percebi que adormeci no carpete do quarto da minha mãe depois de chorar até a exaustão. Senti minha garganta terrivelmente seca juntamente com meu corpo dolorido pelas horas dormidas desconfortavelmente, ameacei me levantar do chão, mas um resmungo ao meu lado me deteve. Drystan estava aninhado ao meu lado, enrolado em um cobertor felpudo branco com apenas a ponta da cabeça amostra, como geralmente costuma dormir, percebi tardiamente que eu também estava enrolada por uma manta semelhante à dele que não estava aqui anteriormente. 

— Bom dia, pequeno — disse, afastando o cobertor do seu rosto para que eu pudesse beijar a sua bochecha redonda. 

Suas bagas verdes me encararam confusas antes de um sorriso festeiro brotar em seus lábios pequenos. A visão da sua pureza causou uma onda sufocante de arrependimento em meu coração, horas antes eu estava sentindo raiva pelas responsabilidades impostas a mim, por ter que cuidar e assumir uma criança antes mesmo de deixar de ser uma. Mas no final, Drystan está no mesmo barco que eu e só resta a mim para ficar ao lado dele. 

— Bom dia, Sakura! — ele se espreguiçou sonolento. 

— O que está fazendo aqui no chão? — perguntei imitando seu gesto. 

— Eu tentei te acordar para dormimos juntos na cama, mas você não se levantou — ele falou com a boca formando um bico de reprovação. — Então vim dormir com a Sakura no chão! — explicou. 

— Entendo, foi Ino quem trouxe essas mantas? — perguntei envergonhada com a possibilidade de ela ter me visto nesse estado. 

— Nananinanão... — cantarolou empinando o queixo, orgulhoso de si mesmo — Eu que trouxe! Eu também sei cuidar da Sakura. 

— Vem cá — abri os braços chamando-o para meu colo, e ele prontamente o fez me permitindo abraçá-lo apertado. 

Ficamos abraçados em silêncio por um tempo, diferente das crianças da sua idade Drys é muito carinhoso e principalmente compreensivo, nunca reclama de nada e está sempre tentando se mostrar útil. Muitas vezes eu me preocupo com que tipo de feridas ele guarda em seu íntimo. 

— Escute, nós temos um compromisso nessa primeira hora da manhã — disse com pesar olhando para o contador de horas pendurado na parede. — Não vai dar tempo de tomar desjejum. 

— Para onde vamos, Sakura? — me olhou curioso. 

— O Senhor Uchiha solicitou uma audiência conosco. 

— Por quê? —  questionou com os olhos curiosos que logo foram substituídos pelo entendimento — Por causa do que aconteceu ontem? 

— Sim, me desculpe, eu não consegui resolver — eu sempre acreditei que ser sincera com Drystan é a coisa certa a se fazer, mesmo que às vezes fosse extremamente difícil. — Ele vai castigar a nós dois.

Drystan ficou em silêncio novamente, sua cabecinha trabalhando com as informações que passei. 

— Sakura, é errado dizer que eu tenho medo dele? 

— Para mim não, mas porque tem medo dele? — apesar de eu mesma me sentir amedrontada na presença do arquiduque, não faz sentido para mim que Drystan sinta o mesmo pois não teve nenhuma interação com ele. 

— Porque a Ino disse que ele era mau — confidenciou. 

— Sabe por que ela disse isso? — ele negou com a cabeça. — Está bem, não precisa se preocupar, eu vou estar com você. 

Novamente ele respondeu com um aceno. 

Drystan e eu paramos visivelmente nervosos em frente a porta do escritório. Durante o caminho tentei relaxá-lo mostrando as partes do palácio que ele ainda não havia visto, mas a tentativa de distraí-lo não obteve sucesso. Parecia que quanto mais adentramos corredores desconhecidos para ele, mais nervoso ficava em se aproximar de onde o senhor Uchiha estava. 

Estranhei seu comportamento pois ele não demonstrou medo quando conheceu o Arquiduque, nervosismo sim, medo não. Fiz uma nota mental para questionar Ino sobre o conteúdo da conversa que ela teve com ele. Algo parece estar errado, como se eu estivesse jogando um jogo que apenas eu não sei quais são as regras. 

Dei dois trêmulos toques na porta e a voz de barítono do Arquiduque Sasuke Uchiha atravessou o material de madeira. 

— Entre. 


 

   


 

   


 

   

   

   


 

   


 

   

 


Notas Finais


Não esqueçam de comentar as impressões de vocês. Novamente agradeço o carinho, boa semana e até a próxima!!!!!


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