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História Persona: A Maldição do Uchiha - Capítulo Oito


Escrita por: Outonno

Notas do Autor


Desculpem o atraso!
BOA LEITURAS AMADOS

Capítulo 9 - Capítulo Oito


 

    Dois dias se passaram desde o ocorrido no escritório do arquiduque, nessa altura meu pé estava praticamente curado, mas  sigo aplicando a pomada para a cicatrização e usando uma faixa ao redor do pé. O Uchiha não voltou a me chamar, em lugar disso direcionou-me as instruções para prosseguir com o projeto dentro do meu quarto, todos os dias mandando que sua empregada pessoal, Hinata viesse buscar o que eu havia feito.

    Fiquei feliz em finalmente tomar conhecimento do seu nome, ela foi a única que manteve um relacionamento cordial comigo, mesmo que distante. Apesar de ter passado algumas semanas desde que a vira, ela continuava igual as minhas lembranças, com seus cabelos negros amarrados no centro da cabeça e os olhos azuis prateados compenetrados. E mesmo que ela não interaja comigo, eu tenho experiência o suficiente para saber que eu não a desagradava.

    — Talvez deva descansar mais, Sakura — Ino falou enquanto eu me dirigia à porta.

    — Bobagem, estou em perfeitas condições — disse batendo o pé no chão para dar ênfase. 

    — Mesmo assim, não tem porque exagerar — ela falou sentando-se na ponta da minha cama ao lado de Drystan, acariciando-o a cabeça dele enquanto dorme. 

    — Não se preocupe, não farei nada de mais — disse, e tirei um papelzinho dobrado do meu avental. Ino apenas ergueu as sobrancelhas em questionamento. — São para a  mamãe, a mistura de ervas que o médico da vila passou para deixá-la calma. Preciso pedir que uma nova infusão seja feita, a dela está quase no fim. 

    Ino olhou para o papel com o cenho franzido, pensativa. 

    — Queria mesmo falar com você sobre isso — disse. — Acredito que seja a hora de começarmos a diminuir as dosagens. 

    — Não entendi — perguntei confusa, instintivamente olhando em direção a porta do anexo de mamãe. — São esses medicamentos que a mantém estável. 

    — Na verdade eles a mantém dopada — disse delicadamente — Ela dorme o dia e a noite inteira e fica poucas horas acordada, mesmo quando quer.

    — Nunca me pareceu que ela quer ficar acordada — respondi.

    — Ela quer, só não consegue — Ino levantou-se e se aproximou — Veja, não estou dizendo para cortarmos a medicação de uma única vez.

    — E o que sugere? — perguntei na defensiva, somente o Drystan e eu sabemos as dificuldades que ter a mamãe em alerta trarão — Você viu como ela fica, está alucinando por uma criança que nunca existiu, fica agressiva e imprevisível. 

    — Entendo os seus receios Sakura, juro que entendo e sei que faz o melhor por sua família, mas possivelmente sua mãe passou por um trauma e a negação da realidade é a única forma que ela encontrou para lidar com isso. 

    — E mesmo assim você quer trazê-la de volta para essa realidade que ela nega? Como pretende fazer isso? 

    — Gradualmente, com muito cuidado e respeitando os limites dela. Em primeiro momento não tenho a intenção de negar as fantasias delas, pode ser estranho, mas garanto que será efetivo — ela respondeu seriamente, com firmeza e franqueza no olhar. — E não se preocupe, ela não irá ferir outra pessoa ou a si mesma. Vamos diminuindo a frequência da infusão e aos poucos trazendo-a de volta à realidade. 

    Olhei para a determinação nos olhos de Ino e quis acreditar nela, mas eu cansei de esperar mamãe voltar para nós.

    — Não fique decepcionada se não conseguir, a última vez que de fato conversei com ela foi no nascimento do Drystan. 

    — Não ficarei — ela sorriu e eu retribuí o gesto —, e obrigada Sakura.

    A encarei confusa, apenas eu tinha motivos para agradecê-la. 

    — Pelo que?

    — Por confiar em mim e ser minha amiga.

    — Não precisa agradecer por isso. 

    Sai do quarto e segui pelo caminho conhecido até a sala do mordomo Kakashi, encontrando-o estudando uma pilha de papéis em sua mesa que eu reconheci ser parte do projeto da biblioteca pública. Ao que parece, o arquiduque escalou todos os funcionários capacitados para o trabalho. 

    — Sakura, que bom que veio — ele indicou a cadeira em frente a escrivaninha, me surpreendendo —, estava pensando agora mesmo em contatá-la. Já se recuperou?

    — Sim, agradeço por perguntar. Em que posso ajudá-lo?

    — Como bem sabe, estou cuidando da parte burocrática da biblioteca do povoado — ele estendeu um grande mapa na mesa, com todo o território de Uchiha e suas subjacentes vilas e povoados. Apontou para um ponto marcado em vermelho que reconhecia se tratar da praça Estrela de Neve no centro comercial do arquiducado — O que pensa desta localização?

    — É uma área movimentada, com fluxo constante de pessoas de todos os povoados e turistas, penso que é um local excelente — respondi após ponderar sobre o assunto. 

    A praça da Estrela de Neve ganhou esse nome graças ao evento anual que atrai um grupo de nobres e turistas de todo o império de Griffo. Graças a sua localização privilegiada, a praça que se tornou o principal centro de comércios proporciona um espetáculo anual durante as primeiras noites de inverno, quando ocorrem as chuvas de estrelas que caem sobre todo o arquiducado acompanhadas por delicados flocos de neve, ornamentados pela própria natureza. Esse evento só perde em fama para o próprio Uchiha. 

    — Que bom! — Encarei o mordomo de cabelos praticamente brancos enquanto ele fazia anotações, estava notavelmente mais relaxado do que as vezes anteriores que o vi e soava até simpático. Uma mudança bem drástica em apenas poucos dias. — Quero lhe perguntar mais uma coisa — eu assenti e ele prosseguiu —, separei alguns nomes de possíveis administradores para a biblioteca. Os conhece? 

    Peguei a lista de nomes que ele me entregou, passei os olhos rapidamente por todo o conteúdo encontrando nomes conhecidos. 

    — Sim, sei quem são. 

    — Sublinhei alguns que possuem uma certa experiência com a administração. Como sabe, alguns deles são responsáveis pela escola e pela paróquia. O que você pensa sobre essas pessoas? 

    Voltei a encarar os nomes da lista, alguns eram mais conhecidos que outros, mas sem dúvidas os nomes sublinhados tinham sua cota de lembranças bem específicas em minhas memórias. Aqueles eram os nomes das pessoas que impediram que meus irmão e eu tivéssemos acesso ao mínimo, foram elas as primeiras que julgaram e atacaram minha mãe jogando-a para fora da sua única fonte de renda, perpetuando a ela e a nós a um futuro de preconceitos, isolamento e miséria. 

    — Antes de eu dar a minha resposta — encarei a Kakashi que ergueu as sobrancelhas curioso —, qual é o propósito dessa biblioteca? 

    — O arquiduque deseja que todos tenham acesso à literatura — ele respondeu como se fosse óbvio —, ele mais do que ninguém acredita no poder das palavras. 

    — Então essas pessoas cujo os nomes estão sublinhadas não estão aptas para o cargo. 

    — Por que? 

    — Elas disseminam o ódio e a intolerância, usam da sua posição privilegiada para esbanjar seu preconceito e crenças infundadas. Se o que quer é que todos realmente tenham acesso, sugiro que repense essa lista. 

    Ele me encarou por alguns momentos em profundo silêncio, para passado seu tempo de reflexão juntar todas as folhas e jogá-las no lixo. 

    — Agradeço pelo seu franco conselho, senhorita Sakura — ele ajeitou os óculos de leitura no nariz e prosseguiu — Acredito que terei que fazer algumas mudanças além do previsto. 

    Assenti para ele, sentindo que um peso havia saído dos meus ombros. 

    — Certo, acredito que tenha vindo até mim por algum motivo, correto? 

    — Sim! — Peguei a lista do bolso do  avental e entreguei para ele — Pode solicitar que esse preparo de ervas seja feito conforme essa lista?

— Como desejar — ele pegou o papel. 

— Obrigada, se não precisar de mais nada eu me retiro — me levantei e abaixei levemente a cabeça. 

— É livre para ir. 

    Entrei na cozinha que estava mais vazia do que o habitual para um palácio tão grande que abriga tantos empregados, detalhe que percebi nas primeiras semanas em que vim para o Palácio Negro. Outra curiosidade era sobre o exército do arquiduque, todos ouviram falar ou viram uma vez ou outra o exército marchando pelos limites do povoado, mas eu apenas tive contato com poucos soldados até então. 

Peguei uma bandeja com o desjejum de Ino e Drystan e já estava saindo da cozinha quando fui abordada por uma senhora franzina.

    — Leve esse primeiro — ela colocou outra bandeja em cima da mesa de madeira. 

    — Perdão? — Olhei-a confusa — Para quem? 

    — Oras, para o mestre menina — disse, impaciente tomou a bandeja que eu segurava e trocou pela outra. — Agora vá! — começou a me empurrar apressada para fora da cozinha.

    — Espere! — Travei meu corpo no lugar com dificuldade, ela era estranhamente forte para a sua idade — Eu não sou a criada do senhor Uchiha, eu atendo exclusivamente a senhorita Ino. 

    — E eu com isso? Apenas leve isso silenciosamente e depois venha buscar o da sua dama. 

    — Onde está Hinata? 

    — Por acaso você está vendo gente sobrando nessa cozinha? Hinata está ocupada cobrindo as tarefas dos outros — ela estalou a língua demonstrando mais a sua impaciência — Graças às suas picuinhas estou com menos gente, mas isso não faz diferença para o mestre que quer a comida no horário certo. 

    — O que quer dizer com isso? Onde estão todos? 

    Ela me olhou com a expressão fechada, com uma carranca mal humorada se formando no rosto envelhecido. 

    — Estão sendo disciplinados de acordo com os padrões do mestre — ela voltou a me enxotar para fora da cozinha. — E a não ser que deseje que nós nos unimos a eles, sugiro que leve essa bandeja antes que esfrie. 

    Sem me dar oportunidade de objeções ela se virou e retornou para o fundo da cozinha onde continuou a trabalhar sozinha. Sem mais o que fazer, segurei a bandeja com a comida andando cuidadosamente, com a lembrança do acidente anterior se repetindo diversas vezes. A semente da curiosidade se perpetuou como uma árvore de raízes grossas e profundas no solo da minha mente. Onde estavam todos os criados? Quais castigos haviam recebido? Não me parecia normal que uma punição fosse feita em massa em uma propriedade que tem muita demanda. E o mais importante era...

    O arquiduque havia sido brando comigo por eu ser a criada de sua noiva?

    Os pensamentos tumultuosos me acompanharam até a entrada da ala do arquiduque, onde automaticamente meus passos se tornaram mais cautelosos e minha respiração agitada. Era estranho como a presença dele causava uma sensação quase inata de medo. 

    O barulho de correntes mais à frente me fez olhar para um ponto ainda distante do corredor. Um homem de estatura mediana estava parado em frente a ela, entrelaçando as correntes de ferro nas portas duplas, alheio a minha presença. Continuei a me aproximar silenciosamente, observando enquanto ele se atrapalhava com o emaranhado de correntes, percebi que segurava o cadeado nos dedos trêmulos. Estava nervoso? 

    Não…

    Parei de súbito ao notar o estado de suas mãos, que estavam vermelhas e enrugadas no que parecia ser uma queimadura recente. Subi os olhos para a lateral do seu rosto exposto e o reconheci como um dos servos que levou o nosso almoço no escritório do arquiduque dois dias atrás. 

    — Ei! — o chamei — Você está...— Contive o grito de espanto quando o outro lado da sua face se virou para mim. 

    O rosto estava parcialmente enfaixado, mas a faixa branca não cobria todo o estrago que marcava sua pele, com partes dos cortes profundos marcando todo o lado esquerdo do seu rosto, partindo em aparentes quatros longos rasgos que iniciavam na lateral da testa e seguindo por toda a extensão até a boca deformada. O ângulo do corte era confuso e impreciso demais para ter sido feito por uma lâmina, o ferimento mais se parecia com as garras de uma besta. 

    O pensamento fez meus olhos virarem na direção das janelas de onde eu poderia ver a muralha negra rodeando todo o território nos protegendo das criaturas selvagens que habitam o outro lado. Ela nunca pareceu tão frágil como agora…

    Atrapalhado por mim e um pouco nervoso, o criado derrubou o cadeado que fez  barulho ao cair no chão. Desesperado, olhou para a porta do escritório do Arquiduque, que ficava ao lado do cômodo em que ele estava parado, acometido pelo medo ele recolheu o objeto do chão e voltou a lutar para trancar a sala, com o rosto contorcido de dor. 

    — Posso te ajudar? — ousei perguntar engolindo a aflição que também me acometia. 

    — Shh! — soltou um sussurro exasperado —, fique calada! 

    Quando o cadeado voltou a cair no chão dessa vez com mais impacto, ambos ficamos paralisados olhando para o objeto de cor dourada como se ele fosse ganhar vida e fugir. Com as lágrimas escorrendo pelo rosto de puro pavor, o jovem servo me encarou por um milésimo de segundo antes de se colocar a correr, me deixando para trás com o quarto destrancado. 

    


 

    

 

    

 


Notas Finais


E vamos com as teorias kkkkkk


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