História Pesadelos e Sensações - Ruivinha

                  ‘oi Med, ta tudo bem?

                   Porque você não foi hoje?

                   De tarde eu e o Rick estamos indo ai’

         Eu sou uma tansa, tinha esquecido de avisar para os dois que eu não ia para aula.

         O cheiro delicioso da comida da minha mãe me atraía até a cozinha, e era para lá mesmo que eu estava indo. No meio do caminho meu celular vibra, fiquei surpresa, não pelo fato de que quando eu desbloqueei estava marcando 12:00h, e sim porque a mensagem que eu recebi era de Daniel:

                   ‘oi, aconteceu alguma coisa?

                   Olha se você estiver meio para baixo...

                   Saiba que meu convite ainda está valendo’

         Eu tinha me esquecido completamente do seu convite, foi muito bom ter recebido essa mensagem:

         - Já acordou?

         Nada melhor do que acordar com a ironia do meu pai no ar.

         Almoçamos normalmente, avisei da vinda de meus amigos, meu pai ia protestar mas a ficha caiu logo em seguida de que eles já tinham conhecimento. E não era só dessa vez.

         Por sorte minhas bochechas estavam apenas inchadas e latejando, nada de marcas vermelhas ou roxas. Escovei os dentes com o máximo de cuidado possível e logo já estava no sofá esperando o barulho da campainha.

         Ding dong

         Paro na frente da porta e respiro fundo, abro e vejo espanto no rosto dos dois e num piscar de olhos estou envolvida nem abraço reconfortante e apertado de Rick:

         - Nunca mais me dê um susto desse.

         - ok, ok! Rick, cuida, a minha bochecha.

         Logo se afasta e é a vez de Lia, outro abraço reconfortante que eu amava. Já sentados eles começaram seu famoso interrogatório:

         - Então, o que aconteceu?

         Falei da “maravilhosa” tarde de sono e como foi a reação dos meus pais ao saberem de tudo. Depois de uma longa contação de histórias, sou surpreendida com um comentário:

         - Hoje o Daniel perguntou por você.

         - O que vocês falaram?

         - Pensamos em contar as nossas suspeitas, mas falamos que não sabíamos.

          Nem tinha percebido, soltei todo o ar que estava prendendo devido ao medo de terem dito algo.

          Conversa vai conversa vem, a porta se abre e minha mãe aparece na sala:

         - Oi queridos!

         - Oi Gabi!

         - Oi dona Gabriela.

         - Por favor Rick, só Gabi, dona Gabriela não.

         - Desculpa.

         - Então, ficam para jantar?

         - Claro que eles ficam.

         Já respondi por eles, eu sabia que iam ficar recusando e no final iriam jantar junto com a gente.

.  .  .

         Na escola, conversando com meus amigos, vejo Daniel se aproximando. Isso foi bom e me fez lembrar de seu convite.

         Sou recebida com um abraço.

         Apesar de mal o conhecer, eu adorava seus abraços, eram reconfortantes, mas de uma maneira ligeiramente diferente:

         - ta tudo bem?

         - ta sim!

         Trocamos sorrisos por um minuto e logo lembrei:

         - Ah, o que acha de darmos uma volta amanhã as 15:00h?

         - Beleza, mas me passa seu endereço depois, eu faço questão de te buscar na sua casa, ruivinha.

         Enquanto ele se afastava, corei. Ninguém, nunca, me chamou assim:

         - Hummmmm, ruivinha!

         Odeio quando fazem isso comigo, principalmente em coro, fiquei vermelha novamente e mandei calarem a boca.