Olhei para ele e pensei: “Amo Ruivos”.
O nome dele não em era estranho, apesar de, naquele momento, não significar muita coisa.
Estendi a mão e em inglês, como sempre, o cumprimentei.
Quando olhei direto para os olhos dele, não consegui saber se eram verdes ou azuis e aquele sorriso que ele tinha no canto da boca me fez sorrir também. Quando dei por mim, estava que nem uma idiota sacudindo a mão dele...
Ed se sentou ao lado de Stuart, que se sentou ao meu lado e do outro lado o Afonso.
- Júlia trouxe uma cópia do contrato que pode ser mudado, isso aqui é uma preliminar.
Stuart leu o contrato e não gostou da participação que o Espaço das Américas havia proposto nos produtos oficiais da marca com o nome de Ed.
- Mas os produtos são nossos. Não tem que haver participação de vocês nos nossos lucros.
- Mas o bar é nosso e vocês querem uma participação nos lucros dos copos que não ter o nome do seu artista. – Argumentei com Stuart.
- As cervejas tem um preço muito menor do que os nossos produtos. - Stuart fazia cara de mal, mas eu lembrei de todas as vezes que pessoas más e coitados tentaram me enganar no trabalho, precisava dar o meu melhor.
Olhei na tabela e um copo de cerveja custava R$ 20,00.
- Olha Sr. Camp, nós estamos em um país de terceiro mundo, onde ninguém compra mais que o necessário, e aqui com o preço de um copo de cerveja, nos mercados e coisas do tipo podemos comprar praticamente uma caixa fechada, se for só pelo liquido, com o custo de uma cerveja aqui dentro, as pessoas compram sete vezes mais fora da casa. Não sei qual é o público alvo de vocês, mas esse valor é um absurdo, provavelmente as pessoas só comprarão a cerveja por causa do copo e isso teve um custo pra casa, repassaremos aos Senhores apenas os lucros, sem as despesas de copos personalizados do seu artista, se os senhores não estão satisfeitos, venderemos a cerveja em copos comuns e os Senhores expõem nossos produtos fora das nossas dependências.
Stuart bateu na mesa e chamou Ed para fora da sala. Afonso olhou pra mim enfurecido.
- Menina você está maluca? Isso não vai dar certo, vamos perder o cliente... Meu Deus, quero seu pai agora.
- Calma Afonso, olha, aqui perto não tem como expor os produtos, eles vão concordar, vou oferecer para ele a mesma participação no lucro das bebidas, vai dar certo.
- Tomará! Ainda não depositei seus honorários.
-Se eu não fechar esse contrato, nem precisa.
Afonso sabia que eu precisava do dinheiro, do nome de "boa doutora", ele sabia que eu precisava fechar esse contrato, então sorriu.
- Combinado.
Stuart voltou com Ed e se sentou olhando pra mim muito mais enfurecido que Afonso, a situação não está nada boa pro meu lado.
- E como ficaria isso?
Eu apenas olhei para o Afonso e sorri.
- Muitos fãs já devem ter os seus produtos mas o copo é exclusivo de quem vem no show, nosso lucro ainda é dividido com o arrendante do bar, então proponho a mesma cota de participação em ambos os negócios.
- Mas nossos produtos tem o preço bem maior.
- Porém o copo vai ter mais saída, por ser um produto exclusivo. – Eu faço um gesto de mãos e penso: “Eu sou um gênio”.
Stuart olha pro Ed, que parece mais confuso do que com raiva. Ed na verdade parece estar se segurando para não rir.
- A garota te venceu Stu. Aceite.
Os dois começaram sem parar, desenfreados e Afonso não entende mais nada. Stuart olha pra mim:
- Negócio fechado!
- Boa escolha Sr. Camp. – Eu disse sorrindo para o Afonso.
Contrato assinado. Ed faria um show no dia 28 de abril. Afonso me prometeu um bônus pelo bom desempenho e Stuart se despedirá.
- Você é boa nisso garota, te desejo sorte.
Ed me deu um aceno rápido.
- Você o venceu, parabéns!
Afonso estava radiante.
- Você é um gênio... Vou falar pro seu pai só mandar você agora.
Sai de lá me sentindo a funcionária do mês, nunca imaginei ganhar tanto para fazer um contrato, que era uma coisa que eu não via muita dificuldade. Sai da sala de reuniões pensando em tudo que o ia fazer com Ana e Catarina quando recebesse a grana. Vamos poder aproveitar e muito. Fiquei pensando nos lugares que levarias elas e nem percebi quando passei pelo Ed.
- Hey Júlia?
Meu nome estava sempre pronunciado diferente, olhei por extinto mesmo porque parecei que estava falando “Djulia”, Ed se aproximou:
- Você sabe de um lugar para almoçar por aqui?
- Sim, tem dois shoppings aqui perto.
-Shopping? Eu não sei se devo ir a um shopping sem avisar, sozinho. Não tem um lugar mais tranquilo? Tipo um restaurante?
-Tem sim. Perto daqui. Eles servem feijoada, conhece?
- Não – Ele diz rindo.
- Devia ir até lá. - Eu me viro para ir embora mas ele me chama de novo.
-Pode me dar uma carona? – Ele parece mais tímido agora.
- E por que você não vai sozinho?
- Eu não tenho carro aqui e nem uma licença.
- Quando você diz licença, quer dizer licença pra dirigir? Carteira de motorista?
- Esperta – Ele diz piscando pra mim – Eu ia com Stu mas como você acabou com ele lá dentro, ele teve que resolver umas coisas e não vai dar tempo se eu esperar ele, então...
- Tudo bem, me rendo. Eu te levo. Acho até que te devo essa.
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