Havia algo que Ace e Sabo achavam incompreensível em seu namorado: o fato de todo dia o rapaz de fios dourados ingerir pelo menos uma fatia de abacaxi. Parecia até mesmo uma simpatia ou um ritual.
Seja em natura, em conserva, em sobremesas ou em pratos salgados, o maior ingeria a fruta amarelada. Eles sempre viam Marco comer a fruta adocicada e ácida e aquilo para eles era uma incógnita.
Qual o motivo de tal fato? Isso eles não sabiam e queriam realmente entender. Por que o maior tinha tanta afeição por uma única fruta?
Por tal razão, os dois se empenharam enormemente em pesquisas extensas na internet, buscando quais os benefícios da fruta para a saúde. Afinal, sabiam que o maior tinha uma pequena fixação com a saúde e o bem-estar, tanto por sua profissão quanto por querer que seus namorados e a si próprio se alimentassem bem e tivessem um ritmo de vida saudável.
— Olha aqui, Sabo. Diz que melhora a digestão — comentou o moreno olhando em uma página da internet — será que é por isso?
— Pode ser... Ou esse aqui, protege a visão. O Marco usa óculos, faz sentido querer cuidar da visão — pontuou o loiro descendo pelo site.
— Também é bom para a imunidade e previne gripe. O Marco não gosta de ficar resfriado, também é um ótimo motivo.
O loiro assentiu com a sugestão, todos aqueles benefícios descritos pelo site faziam completo sentido para a quase paixão do maior pela fruta.
Os dois continuaram conversando e debatendo as possíveis possibilidades, passeando pelos diversos sites, assistindo vídeos e criando teorias sobre as motivações alheias. Estavam realmente empenhados e concentrados naquela missão de recolherem motivos plausíveis para aquele amor frutífero.
— Voltei da feira, Ace, Sabo — anunciou o maior abrindo a porta e indo para a sala onde os menores estavam sentados debatendo seriamente — aconteceu algo? Vocês dois estão muito concentrados, estão doentes?
— Estamos conversando sobre algo de suma importância — explicou Sabo voltando seu olhar para o maior, observando-o colocar as sacolas no chão, vasculhando seu conteúdo.
— Algo de suma importância? E o que seria? — questionou o maior pegando uma bandeja branca e um dos abacaxis que comprara — vou preparar peixe grelhado com molho de abacaxi para o almoço.
— Sobre... Qual o porquê de você gostar tanto de abacaxi. A gente pesquisou e tinham vários benefícios para a saúde.
Ace apoiou o queixo em suas mãos, enquanto ficava olhando do abacaxi para o namorado, voltando para o abacaxi. Seu cenho se franziu por alguns segundos enquanto ele pensava e refletia seriamente no que estava vendo.
De repente um som de espanto deixou os lábios do sardento, seus olhos se arregalaram e ele sacudiu o loiro mais novo ao seu lado.
— Meu Deus, Sabo, o Marco é um canibal — anunciou o sardento em um tom exasperado, como se aquela fosse a maior verdade que já havia falado em toda a sua vida — como você tem coragem de comer a sua própria espécie, Marco? Que maldade.
— O quê? De onde tirou isso?
— Não é óbvio? Sua cabeça é um abacaxi, então quando você come um abacaxi você está comendo algo da sua espécie, Marco.
— Caramba, é verdade. Isso é algum tipo de psicopatia? Ace, marca uma consulta pro Marco com aquele seu amigo psicólogo.
— Céus... Vocês dois são muito idiotas — comentou o maior dando uma risada enquanto balançava a cabeça para os lados — mas não como abacaxi por canibalismo ou pelos benefícios pra saúde.
— Não? — disseram os menores em uníssono.
— Não. Vocês sabiam que o açúcar natural do abacaxi reage com a frutose existente no sêmen?
— Como? E o que isso significa? — perguntou Ace franzindo o cenho em confusão, se repreendendo por não ter prestado tanta atenção nas aulas de química e biologia na época do colégio.
— Significa que adoça o sêmen, sabe? Melhora o gosto — explicou o maior dando uma risada mais alta ainda ao ver os menores arregalarem os olhos e corarem com tal informação — é brincadeira. Eu como abacaxi porque é a minha fruta favorita, nada demais.
— Você mentiu pra gente, então? Abacaxi não adoça o gozo? — rebateu o loiro menor em um tom envergonhado, as bochechas rubras e levemente aquecidas.
— Essa parte é verdade, mas não é esse o meu motivo para comê-la.
Um pequeno momento constrangedor e silencioso se seguiu, enquanto as mentes dos menores pareciam processar aquelas informações.
— Acho que também vou comer mais abacaxi — pontuou o sardento encostando sua mão fechada na palma da outra — quero testar se esse negócio é verdade.
Depois de tantas pesquisas, os dois menores iriam partir para o empirismo, ou seja, a ideia de que todo o conhecimento é provindo da experiência, captado pelos sentidos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.