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História Pinocchio - Capítulo Único


Escrita por: souhamucek

Notas do Autor


Já diziam os sábios: Antes tarde do que nunca.
Demorei muito para postar esta história pois o final nunca me satisfazia. Confesso que ainda não estou 100% confiante neste, mas achei bem coerente ao casal.
► A oneshot ficou com uma grande quantidade de palavras, contudo está bem leve e dá para lê-la rapidamente;
► Há bastante ambiguidade nos diálogos e linguagem imprópria;
► As personagens são adultas, sendo assim, em nenhum momento há apologia ao álcool;
► Harry Styles é Harry Styles, obviamente, e Emma Watson é Julie White;
► Todas as personagens, inclusive as com nome conhecidos, terão vidas e personalidades distintas.
Esta é a minha primeira estória postada com o Harry, espero de verdade que eu faça jus ao artista incrível que ele é. Quero agradecer publicamente à Raquel (~Rachel_Wilde) por me incentivar a insistir nesta história e pelas capas. Gratidão também à Anna (~annabelIa) pelo trailer deuso, o qual está linkado nas notas finais.
Sem mais avisos. Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Pinocchio - Capítulo Único

1989

Londres, Inglaterra.

 

Nasce o pequeno Harry, com os olhos ainda fechados, ele sorria amplamente. Por mais que seu interior clamasse por um choro, o bebê não o fez. Deixou o silêncio no ar e a preocupação nos olhos da mãe. Aquela choramingada oculta pode ser considerada a sua primeira mentira. 
 

1996

 

A sra. Styles abre a porta do quarto, avista o pequeno já deitado e sorriu. Os olhos verdes brilhantes de seu filho piscam lentamente, deixando nítido o sono depois de um longo dia assistindo à televisão.

— Harry, meu filho, escovou os dentes antes de se deitar? — A morena ergue uma das sobrancelhas enquanto segura a maçaneta. 

— Sim, mamãe — mente, como de praxe.

 

2001

Estocolmo, Suécia.

 

— O Harry é o único que nunca beijou aqui no nosso prédio — debocha prontamente Liam, o vizinho dois anos mais velho. 

— Seu mentiroso! — Defende-se o cabeludo, franzindo o cenho. — Eu já beijei várias meninas da minha escola. 
 

2006
 

O sorridente rapaz dos cabelos compridos investe fortemente na loira deitada sobre a cama. Embora as unhas fincassem nas suas costas e o prazer lhe percorresse, sua mente vaga pelos corredores da casa de Jaime, onde Olivia dançava com Nicolas. 

— Harry, você está distraído? Sinto como se não estivesse totalmente comigo nesse momento. — Hanna suspira. — Você sabe que eu estou nervosa, esta é a minha primeira vez. 

— Não se preocupe, amor, esta será a noite mais especial da sua vida. Para mim, só existe você — ilude-a sem piedade, selando os lábios nos dela. 
 

2014

 

Repuxando fortemente os fios ruivos da desconhecida, ele urra ao alcançar seu ápice. A mulher de joelhos enxuga o canto dos lábios em que o líquido viscoso escapulia e os olhos azuis penetrantes o encaravam. 

— Esse foi o melhor boquete de toda a minha vida! — Exclama em total invenção.

2016 

 

A dose de tequila lhe atravessa toda a traqueia e, quando chega ao estomago, Harry sente o fervor tomar conta de suas artérias. Coloca o pequeno copo sobre o balcão, erguendo o rosto ao urrar com os meninos. Risadas abandonam seus lábios, enquanto ele envolve o braço sobre os ombros de Niall. Os rapazes se divertem como há anos não curtiam.

Parecem cinco adolescentes num bar pela primeira vez. Gritos, abraços, dezenas de rodadas de cerveja e sorrisos. Ah, o quinteto unido desde o colegial não poupa risadas. 

O terceiro amigo de infância estava prestes a se casar. O loiro, quem sempre fora zombado por usar aparelho ortodôntico já na fase adulta, casaria pela manhã. Horan formará oficialmente uma família com sua linda esposa, Olivia. 
— Vocês lembram que o Harry era apaixonado na Olivia no Ensino Fundamental? — Debocha Liam ao se recordar de uma tola aposta em que o cabeludo deveria conquistar a morena. — Quem diria que anos depois o Niall, quem não pegava ninguém, casar-se-ia com a mais bonita da classe. 
— Preciso rememorá-los que eu e Olivia chegamos a namorar por um tempo enquanto eu ainda estava com a Hanna e Trice — gaba-se o de olhos verdes. 
— Por isso que você ainda é o único sem uma esposa. — Revida o loiro, sem pestanejar. 
A risada ácida rodeou os homens encostados no balcão, no momento em que o barman batia um drink para a moça debruçada d’outro lado. 

— Teoricamente, não. Já que o Zayn é casado com o Frank. 

— Eu estava só esperando a hora em que minha sexualidade cairia em pauta. — Confessa o paquistanês. — Mas, tudo bem, eu quem sou a esposa mesmo. Graças a Deus! Agora, gente, convenhamos aqui... O que é aquela mulher ali morta no guichê? 

— Harry, fique tranquilo porque tem alguém pior que você esta noite — goza Liam mais uma vez. 

— Eu não estou mal, fala sério. — Ri fraco, dando mais um gole. — Eu não me importo de ser o único solteiro. Para ser sincero, não tenho a mínima ambição em me casar. — Como de costume, ele mente. 

Louis, quem bebericava o mojito calmamente, encara a mulher de cabelos castanhos. Seus olhos azuis arregalam ao notar que os core de âmbar choram. Uma amiga ao seu lado tenta consolá-la, ao longe, aquela companhia não lhe ampara em nada. Franzindo o olhar ao máximo, ele começa a reconhecer as leves sardas salpicadas pelo rosto. 

Com o cotovelo, ele cutuca o mais velho e mais sacana dos amigos, Liam. O barbudo gargalha cobrindo parte da boca ao desvendar quem era a moça tristonha desolada no local. Julie White era ninguém menos que a verdadeira paixão adolescente de Harry, a única a qual nunca cedeu aos encantos e mentiras do farsante. 

— Pinóquio, olhe bem para a chorona ali, não a reconhece? — O de olhos verdes nega com a cabeça, em seguida dá outro vasto gole na garrafa gélida. — Julie. Julie White, a gostosa da turma de teatro. 

— Eu não me lembro das pessoas do colégio, admira-me você se lembrar de “uma gostosa” da escola. 

Louis suspira, com feição entediada. 

— Julie era especial.... Não se recorda que nós brigamos porque demos o primeiro beijo naquela brincadeira de sete minutos no paraíso e você gostava dela? — O semblante vitorioso de Harry se dissolveu. — É a Julie, cara! 

Assim que os flashbacks passam diante de seus olhos como uma espécie de filme, a feição do inglês muda por completo. Um sorriso nasce na lateral de seus lábios. Virando para encará-la, Harry sente as pernas tremerem. Por mais bobo que possa soar, é como se o maior mentiroso de Estocolmo tivesse voltado aos 17 anos.

Inseguro, ele observa os amigos se divertindo. Styles mira atentamente a morena sentada de frente para a batida rosada. Analisando cada centímetro de distância entre os dois, o primeiro passo é dado. Lenta e precisamente, o solteiro se aproxima. Como se o destino zombasse de Harry, a mulher dos cabelos castanhos nem se quer nota a tentativa. O inglês desvia o olhar novamente para os amigos e, de lá, os rapazes o incentivam a persistir.

Após uma forte suspirada, o mentiroso se sentou. Em seguida, ele gesticula para o barman que deseja o mesmo que a moça ao seu lado. Pigarreia. A antiga paixão adolescente o ignora. Ele pensa em desistir, porém já bastou o ensino médio impedi-lo de conquistá-la há anos atrás. Coça a garganta mais uma vez. 

— Desculpe me meter, mas está tudo bem com você? — Ele estende a mão, tocando-a em seu cotovelo. 

Julie esquiva com o cenho a franzir. Os olhos castanhos estão avermelhados e inchados, as bochechas úmidas brilhavam sob as luzes do bar e o semblante de poucos amigos prova que aquela atitude não lhe anima em nada.

— Quem é você? — Rosna entredentes, logo afundando o rosto no copo. — Cuide da sua vida. Estou ocupando a minha com muita vodca e sofrimento, obrigada.

— Por que você está assim?

— Não te interessa! — Rebate de maneira infantil.

Bruscamente, o rapaz bom de lábia se inclina em direção a ela. As mãos másculas invadem a pele macia de seu rosto, forçando-a a olhá-lo em seus olhos.

— Julie, escute-me. Eu não sei o que te aconteceu, mas eu quero ajudar.  — Com os pulsos, ela se desvencilha. — Abra-se comigo. 

— Ouse tocar em mim mais uma vez e eu te denuncio por assédio. — O tom rude de sua voz faz os olhos verdes do britânico se arregalarem, no momento em que recolheu os braços. — Como sabe o meu nome?

— Nós estudávamos juntos, eu sou Harry. Éramos da mesma turma de teatro. 

Os olhos castanhos percorrem cada detalhe do rosto à sua frente. Como White poderia se esquecer daqueles orbes verdes faiscantes? Os lábios borrados de batom se esticam num sorriso doce assim que as memórias do repugnante menino que lhe perturbara a adolescência se fez presente.

— Harry Styles? — O homem assente, contente por ter sido reconhecido. — O que quer aqui? Aproveitará da minha vulnerabilidade para contar aos seus amigos que transou comigo sem nem ao menos ter me tocado? — O semblante vitorioso se desfaz. — Não preciso de mais uma mentira na minha vida, então, por favor, retire-se.

— Eu sei que a minha reputação não é das melhores e eu também não me esforço muito para melhorá-la — confessa —, no entanto eu vim na melhor intenção. Estou aqui para te ajudar, Julie. De verdade.

Dando-se por vencida, a sueca toma outro gole da bebida forte. As íris castanhas tornam a se esconderem atrás da maré de lágrima. Na tentativa de afastar certos pensamentos, ela cerra os olhos enquanto balança a cabeça.

— Eu não quero falar sobre mim. Conte-me com o que trabalha, o que fez desde deixou a escola, em qual curso se formou... distraia-me. — Pediu quase ao implorar.

— Eu sou engenheiro mecânico pela universidade de Cambridge. — Mente, citando as realizações de Simon, o dono da empresa de carro na qual faz entrega de peças. A mulher se surpreende. — E você? O que Julie White faz quando não está estrelando nos palcos?

— Sou advogada criminal. — O rapaz engole em seco. — Eu costumava trabalhar no escritório de meu noivo... ex noivo, todavia terei que mudar os planos. — Gagueja.

— Por que terminaram? É por isso que está assim? — Ele insiste.

Com os olhos fechados para prender o choro, ela acena positivamente com a cabeça. 

— Aquele filho da puta! — Berra, libertando toda dor que lhe preenche o interior. — Eu fui burra, ingênua. A verdade estava diante dos meus olhos e eu não queria enxergar. — Sem mais forças para protestar, as lágrimas começam a escorrer vagarosamente pelas bochechas pálidas. — Edward nunca me amou, eu podia ver em seus olhos. Ele só estava comigo pelo dinheiro.

— Não, Julie. Claro que não. Ele estava com você porque você é uma mulher maravilhosa.

— Besteira! Edward gostava de ter alguém para transar todas as noites, mesmo depois de longo dia de trabalho. — Antes que Harry pudesse se dar conta, suas bochechas coraram, deixando nítido o constrangimento de ouvir sobre a vida intimida de uma colega que acabou de reencontrar. — Enquanto eu me doava àqueles processos, esforçava-me para ganhar todos os casos, o homem quem dizia me amar fodia a minha melhor amiga na minha mesa de trabalho. Traíras! — Movida pela raiva, ela empurra o copo do balcão, ato que o despedaça por inteiro. — Desculpe.

— Tudo bem, não se preocupe. — A morena se levanta para catá-los. — Julie, relaxe. Não se permita abalar por estes infelizes. Você é uma mulher completa, não se estrague. Eles não merecem as suas lágrimas. — A pequena balança a cabeça em concordância e sorri. — Vamos. Pedirei um táxi para você.

Julie não ousa impedi-lo. Recosta-se sobre o balcão, com os olhos fechados. O inglês pensa em acariciá-la os cabelos, mas evita com medo de uma reprovação. Ao invés disso, o mentiroso observa a garota debruçada. Os fios acobreados caiam sobre os olhos cerrados. As unhas longas e finas estão pintadas com um tom claro. Julie sempre foi bem clássica, contudo só o emprego explicava tamanha elegância para ir a um pub. 

Harry estende o braço para a advogada se apoiar. Para a sua surpresa, ela se aninha no membro definido, apoiando a cabeça na curva do pescoço dele. À passos lentos, os dois caminham até a saída do local. O mentiroso chacoalha o braço para o farol ágil a sua frente. O carro estaciona em frente ao casal. Styles abre a porta do veículo para ela, quem se inclina brevemente, aproximando os rostos. 

— Obrigada pela companhia. — Os lábios já sem batom tocam a bochecha do rapaz, não tardando a arrepiá-lo. Rapidamente, a boca migra para a orelha, onde prossegue em sussurros. — Harry, você me fez muito mais feliz essa noite. Porém, faça um tolo de você mesmo, talvez assim você ouça a sua consciência*. — O rapaz gelou. — Eu sei que você trabalha como entregador e que nunca cursou faculdade, mas, mesmo assim, obrigada.

Antes de adentrar por completo, o solteiro a entrega um bilhete embrenhado. Styles assiste a advogada entrar e acena. Em questão de segundos, o taxi desaparece na escuridão. As mãos, agora vazias, do rapaz afundam em seus bolsos. Um suspiro profundo o abandona as narinas, enquanto ele ainda encara a rua vazia.

Sentada no carro em movimento, Julie abre o pequeno guardanapo amassado, o qual molha assim que os olhos castanhos leem o recado: "Sorria!".

Maio

De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças

Desde o dia em que conversaram, o entregador de peças conversa com Louis todas as manhãs para descobrir como está sua antiga paixão. Ele não sabe o que tanto o encanta na morena. Talvez seja o olhar, ou as sardas discretas polvilhadas nas bochechas. Styles nem se quer suspeita o motivo pelo qual seu coração acelere a cada lembrança, mas ele sabe que aquele reencontro mexeu com sua cabeça.

— Louis, conte de novo aquela história do ensaio em que eu puxei os cabelos da Julie e gritei olhando nos olhos dela. — Pede, gargalhando com a recordação.

— Outra vez? Harry, mude de assunto. — Bufa o amigo, com feição de tédio. — Todos os dias você pede para eu contar essa situação. — O de olhos verdes dá de ombros. — Ok, mas está é a última. Quando vocês se encararam, reproduzindo a cena, Julie corou e não conseguiu terminar o exercício porque ficou tímida.

— Eu causo isso nas mulheres — gaba-se, como de costume, ciente da meia verdade.

Tomlison revira os olhos. O empresário abre o armário sobre a pia da cozinha, pega dois copos e os coloca sobre a bancada de mármore. Ainda escutando a ladainha do amigo fajuto, ele pega o uísque na pequena adega. Com uma só mão, Louis abre a garrafa, servindo-se.

— Hein? — A insistência de Harry desperta o anfitrião do transe súbito. — Você acha que a Julie sairia comigo hoje em dia? Eu já amadureci. Não sou mais o idiota do ensino médio.

A risada fraca do amigo é suficiente para respondê-lo.

—  Louis, apoie-me.

— Precisamos ser realistas, Harry. — Confessa Tomlison, dando um gole na bebida. — Julie é bem-sucedida, inteligente, viajada... completa. Você é... Olhe-se no espelho. Você realmente acredita que mudou? — Os olhos verdes vibram ao rumarem o chão. — Você continua gastando seus únicos centavos com mulheres, aluguel de carros caros e sapatos de marca... Acorde, Styles, você é exatamente o estúpido de sempre.

O choque de realidade não o satisfaz. Ao contrário de qualquer atitude que Louis pudesse esperar, o entregador perde o controle. Usando toda a força de sua perna, ele chuta a pequena mesa ao lado do sofá. No impulso, o abajur sobre a madeira escorrega para trás. Os orbes verdes mudam para um tom de oliva em questão de segundos, completamente fervidos pela fúria.

 As mãos cerram em punho, assim como o olhar que se fecha no momento em que ele tenta acalmar a respiração. Louis assiste o pequeno surto em silêncio, porém preparado para se defender com a garrafa de uísque em caso de um ataque repentino.

— Eu não concordo — balbucia a mentira, recobrando a consciência. Harry ergue rosto até avistar o amigo na cozinha. — Eu mudei. Inclusive, estou juntando dinheiro para pagar uma faculdade. Cansei dessa sensação de descer sozinho de uma montanha russa. — Insiste em mentir.

Sem acreditar muito, Louis saca o celular do bolso. Os dedos se movimentam rapidamente pela tela acesa. Os olhos azuis espiam o de olhos verdes a sua frente, e ele sorri.

— Eu te enviei o número de Julie, faça o que achar melhor. O termino foi há um mês, acredito eu que isso não a impeça de sair contigo. — Harry abre um sorriso nos lábios quando o aparelho em seu bolso vibra. — Repense nos seus atos e nas suas palavras antes de ligar. Sempre deixe a sua consciência ser seu guia.*

Uma das mãos másculas desliza até o bolso da calça jeans, fisgando o iPhone com a notificação na tela. A imensidão verde vigia o texto. Harry lê e relê o número de telefone. Enquanto seu lado emocional clama por realizar a chamada, o seu racional implora para que espere.

Setembro


De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
 do medo que encadeia
todas as mudanças.

Harry precisava amadurecer. Ele sabia que a vida de entregador não era a que seus pais tanto sonharam, mas era exatamente o que lhe fazia feliz. O de olhos verdes não abriria mão de seu emprego para impressionar Julie. No entanto, abriu mão das noites em claro ao lado das mais belas prostitutas da cidade e do cigarro que bicava antes de dormir. Styles seria alguém melhor. Embora sua vida fosse rodeada de mentiras, ele mantinha sua essência. Pelo menos, esta foi a motivação que encontra para ligar todos os dias nos últimos seis meses. Nada o faria parar.

— Pare de me ligar! — O berro se faz presente em meio às chamadas que nunca foram rompidas.

— Julie, por favor, escute-me. — ele insiste. — Você me atendeu, então, pare de agir como um adolescente e dê-me uma chance.

— Você tem dez segundos, Styles — respondeu ríspida.

A respiração forte pode ser ouvida através da ligação.

— Hoje é dia de cuidar do filho de Zayn e Frank. — White concorda com a garganta. — Estarei com Rick no Royal Djurgården. Se você tiver interesse em ver o quanto eu mudei, passe lá. Estaremos próximo ao rio, assistindo a corrida de barquinhos de papel.

— Já parou de mentir? — Indaga, como se ignorasse tudo que ele dissera.

— Sim, nunca mais menti desde a noite em que nos vimos no bar — mente. Pigarreia. — Quero dizer, quase nunca mais menti. — conserta-se.

— Boa tarde, Styles.

Sem acreditar no sucesso de sua breve conversa com a advogada, Harry segue seu caminho até a casa do amigo. Depois de entregar as peças pela manhã de quinta-feira, ele adora se dedicar em ajudar Zayn com o filho. E o pequeno Rick adora o "Tio Henry". Não é por menos, ao contrário dos pais rigorosos, Styles troca o jantar por sorvete e permite que o pequeno assista os desenhos violentos que tanto gosta.

Os dois caminham conversando sobre a vida. Richard é bem maduro para uma criança de cinco anos. Inclusive, o rapazinho já tem uma namorada na escola, Sasha. A dona dos cachos mais perfeitos o ensinou a escrever o próprio nome e a amarrar os sapatos com só uma "orelhinha de coelho".

— Sasha é especial, viu Tio Henry? — Harry assente, completamente surpreso com cada palavra. — Por que você não tem uma namorada também? Você já tem idade para namorar.

O de olhos verdes gargalha coma pergunta doce.

— Porque quem eu quero namorar não me quer — responde de forma sincera.

— Ué, dê um desenho a ela! — Contra-argumenta com a melhor das soluções para o mundo infantil. — A Sasha adora os meus desenhos.

— Como eu não pensei nisso antes? — Entra na brincadeira e se mostra muito interessado na ideia.

Os barcos de papel atravessam a linha de chegada. Todos comemoram a vitória do barco vermelho, menos os dois que torciam pelo azul. As folhas amareladas começam a voar com o vento e tocar o chão. O outono está chegando da maneira mais típica e delicada em toda Europa. O baixinho se agacha e pega uma folha que toca o chão. Com um sorriso no rosto, ele entrega ao entregador de peças.

— Agora é só desenhar nesta folha e dar à sua namorada.

O sorriso no rosto de Harry é amplo e sincero. Rick consegue lhe surpreender todas as vezes. Um pigarro faz com que Styles gire em torno de si. Incrédulo, ele percorre os olhos verdes dos pés à cabeça. Julie White está diante de si. Sem jeito com o olhar, ela ajeita uma mecha do cabelo para trás da orelha.

— Vo-você veio — ela sorri sem mostrar os dentes ao ouvi-lo.

Na claridade do dia, Harry consegue perceber que as sardinhas salpicadas nas bochechas da infância ainda estão ali. Ele precisava ser sincero consigo mesmo, a advogada é ainda mais bonita sóbria.

Os três aproveitam o final da tarde para tomar um sorvete no parque. O vento carrega as folhas amareladas e balança os cabelos de Julie e Harry. ​Alguns sorrisos confidentes aqui. Uns olhares singelos ali.

A tarde se torna noite antes que pudessem notar. Hora de levar Rick de volta para casa. Surpreendendo o de olhos verdes, Julie não hesita em acompanha-lo. Os assuntos no caminho são breves. Ela conta como está se adaptando ao novo escritório e à vida só. Ele relata sobre o estresse no trabalho, mas revela o amor por andar de bicicleta pela cidade e conhecer todos os moradores. Apesar de não concordar, White se interessa pela força de vontade peculiar. Por sua vez, Richards diz sobre a experiência de escrever com "mãozinhas dadas".

— Muito obrigado por ficar comigo, Tio Henry — agradece o pequeno, assim chegam ao apartamento de Zayn. Ele puxa a folha amarelada do bolso. — Não se esqueça de dar o desenho a ela. — Entrega-o para melhor amigo de seus pais, quem está completamente corado.

— Ela quem? Eu? — Indaga a de olhos castanhos. O que faz com que as bochechas de Harry fervam em vergonha.

— Sim, eu fiz um desenho para o Tio Henry te dar numa folha que peguei no parque. — Rick vira o braço, concedendo-a a pequena folha com um rabisco abstrato. — São você e ele — explica-se. — E estão assim juntinhos porque estão apaixonados.

Harry tosse. Definitivamente, convidar Julie White para sair com eles não foi uma boa ideia. A advogada pega a folha nas mãos, com um sorriso no rosto e agradece. Os orbes castanhos vigiam o semblante do entregador se acalmar. Se Styles fosse um avestruz, estaria com o rosto sob o chão. Vitorioso, Richards se despede e adentra sua casa.

O baixinho se ajoelha sobre a cadeira ao lado da porta e espia brevemente os dois de pé ao lado de fora. A de olhos castanhos observa mais uma vez os traços inexplicáveis. Os lábios se retorcem num sorriso de imediato. Ela os molha com língua.

— Estamos apaixonados? — A sobrancelha se ergue.

— Pelo menos, eu estou — confessa.

— Harry, por favor... — ela nega com a cabeça, afastando-se ligeiramente do rapaz — não faça isso consigo mesmo. Não crie um laço impossível entre nós. Isso só te fará mal.

As palavras penetram Styles como facadas. Lentas e dolorosas punhaladas. Pela janela, Rick se desespera. Em sua cabeça, o plano deu errado e a culpa é dele. Harry hesita, mas, antes que possa se conter, a resposta lhe escapa a goela.

— Quer saber, Julie? — Ele suspira exausto, colocando ambas as mãos sobre o peitoral. — Pode desmerecer tudo o que eu faço por você. Reclame das mentiras, ignore minhas ligações... — os olhos verdes atravessaram os castanhos com certo pesar. — Eu sempre vou gostar de você. — Confidencia com a maior sinceridade já vista.

O tom de mel umedece enquanto os lábios rosados se repuxam num sorriso.

— Eu sempre gostei de você, Harry. — O rapaz gelou. — Como você sempre foi um grande farsante, eu nunca me permiti gostar de você. Quando me vi completamente mexida com a sua volta, precisei me afastar. Eu estava com medo de me magoar. Desprezei-te, sumi, ... — bufa, um tanto risonha. —, em vão. Depois de anos, eu continuo sorrindo abobalhada toda vez que você diz o meu nome.

Aquela foi a deixa para que os passos largos de Harry os aproximassem de volta. Os corpos se unem. Há milímetros entres eles. A distância mínima capaz de incomodá-los. Julie respira com a ar faltante nos pulmões. A advogada nem se quer se lembra da última vez em que ela se sentiu assim. É como se voltasse à adolescência e os hormônios estivessem à flor da pele de novo.

— Por que fez isso, Julie? — As mãos de Styles invadem os fios acastanhados. — Por que se privou da própria felicidade?

Ela suspira, arrumando forças para respondê-lo.

​— Sabe o que acontece? Todas as vezes em que eu me aproximo de alguém, todos começam a achar que “desta vez” dará certo. — A voz é trêmula — No entanto, para ser bem sincera, eu fico contando os segundos para que algo dê errado. Porque eu sei que, em algum momento, dará.

— Eu sei que suas experiências anteriores foram ruins, mas agora será diferente — o de olhos verdes garante, tocando-a carinhosamente no rosto.

Julie desvia o olhar marejado para o lado, focando em qualquer objeto ali. As mãos de Harry trazem-no de volta e, assim, os tons de verde e castanho se misturam.

— Eu realmente queria poder acreditar nisso.

Qualquer passo em falso poderia arruinar o momento. Com isto em mente, Harry fica na defensiva. A indecisão ao encarar seus lábios e olhos lhe mostra que ela não se afastará dele. Não desta vez. Após anos, o maior mentiroso de toda Estocolmo será homem o bastante para beijar a mulher que ama.

Os dedos másculos aqueceram as orelhas pequenas numa carícia lenta. Os olhos castanhos se fecham a fim de apreciar o toque doce. Uma suspiro escapa as narinas, como se, com este gesto, ela tomasse coragem para ataca-lo. E o fez. Observando tudo do outro lado da janela, o pequeno Rick comemora a conquista e vibra com as mãos erguidas em triunfo.

As mãos longas e ossudas seguram o maxilar demarcado. As frações de centímetros no meio dos dois se extinguem. Ambos os lábios se tocam afoitos, não tardando a se encaixar. No instante em que os beiços abrem passagem à língua calorosa de Harry, o sangue de todo o corpo da advogada ferve de vez. Em forma de resposta, uma das mãos tatuadas do rapaz segura com força a cintura estreita, colando ambos os troncos. Eles não sabem quando o toque romântico se tornou explosivo.

A proximidade é tamanha ao ponto de o volume na calça jeans tocá-la. O que faz o coração pulsar desesperadamente. A arritmia é unânime, bem como o ar faltando nos pulmões. A maneira eufórica como as línguas deslizam acarreta em certa quentura, a qual sobe pelas pernas dos dois. Os dedos de White embrenham nos cabelos castanhos e longos de Styles, puxando-os com uma força considerável.

O êxtase do momento evita que lhe cause dor, ao contrário, provoca-lhe a ponto de seu couro cabeludo clamar por mais. Ao romper o beijo voraz, o lábio inferior de Harry fica refém dos dentes de Julie, quem os solta com uma breve sucção.

— Em todos esses anos era isso que eu perdia? — A respiração ofegante revela tamanha aprovação da desenvoltura. — Peça um táxi, Styles. Eu preciso que você me foda.

— O quê? — Em questão de segundos, as bochechas avermelhadas do cabeludo ganham outro motivo para corar.

Pigarreia.

— Estou com preguiça de ir a pé — tenta disfarçar. Sem demorar, entrega-se ao constrangimento junto a ele. Os lábios rosados compartilham uma risada sem jeito.

Como Julie White poderia dizer aquilo a um homem? Ou, o que para ela era muito pior, para ninguém menos que Harry Styles?

A espera pelo táxi é dolorosa. As mãos bobas e curiosas percorrem ambos os corpos. Os seios de Julie não são tão volumosos, mas farta as mãos do entregador. As apertadas breves conferem o formato e tamanho. Ele está bem satisfeito com o que apalpa. Assim como a advogada, quem não tarda a checar a extensão e grossura do relevo sob os jeans. Descontando a espessura da calça, aquele membro parecia alcançar o fundo. Exatamente como ela gosta.

No momento em que chegam a casa de Harry, Julie analisa a bagunça no apartamento modesto e ocupa-se em se desfazer das vestimentas.

— O que está fazendo, White? — Ele diz que assim que a camisa branca com as mangas de renda toca o chão.

Os olhos verdes se arregalam com o tamanho angelical dos seios em formato de pera. Todo o volume na blusa era dela, porque o sutiã é feito apenas de renda azul marinho. A barriga reta é magra o bastante para não ser considerada cheinha, mas presente o suficiente para não se classificar dentre as saradas. Julie é perfeita.

— Ande logo, Harry — apressa-o, levando as mãos para as costas a fim de soltar o bustiê. — Nós não somos mais adolescentes, não precisamos de preliminares.

Styles apenas assente, assistindo os mamilos sob a renda se revelarem. Pequeninos e beges. Quase imperceptíveis na pele clara salpicada de mínimas sardas. As mãos descem para o botão grande da calça jeans. Os olhos castanhos reviram.

— Styles! — Repreende.

— Sim, sim — acena com a cabeça. De maneira veloz, ele retira a camiseta e abre o zíper da calça. Obviamente, sem desgrudar os olhares do físico impecável da advogada.

Trajando apenas a calcinha de renda em formato de short, ela caminha pelo flat. Os pés pequenos pulam as peças de roupa caídas no chão. Com as pernas esticadas, Julie se senta. Harry a segue. Abancando-se ao lado da morena, ele tenta matar a sede de seus lábios. No entanto, um pé estaciona no peitoral repleto de tatuagens.

— Faça por merecer — decreta ela.

Obedecendo o comando, Harry dedilha a perna despida enquanto roça os lábios até alcançar a intimidade vestida. O trajeto ligeiro já foi capaz de roubar suspiros e arrepios de Julie, porém a respiração quente contra a renda a faz estremecer. Ela escorrega o quadril um pouco para frente a fim de facilita-lo a tirar sua calcinha. O tecido delicado desliza por toda a perna pálida e, assim, revela a intimidade desenhada. As mãos claras invadem os cabelos longos, bem como os lábios se entreabrem à espera dele.

Os lábios do cabeludo não tardam a cobri-la. O deslize é lento, contudo preciso. Com as mãos, ela o auxilia na intensidade dos movimentos. A cada passeio da língua na região, um gemido alto abandona a advogada. Os movimentos circulares ao redor do clitoris lhe causam pequenos espasmos. Com os dedos presos aos fios, ela o afasta de sua intimidade a contrair. O empurrãozinho com o pé faz com que o rapaz agachado caia sentado e a advogada escorrega até cair sobre as pernas despidas dele.

O tecido fino da cueca preta é o que separa as intimidades urrando por contato. As unhas agarram as laterais da roupa íntima, empurram-nas para baixo até que o membro salte para fora. Uma das mãos segura a ereção, deslizando por todo comprimento. Harry alcança a caixinha na mesa de centro e retira um preservativo, entregando-o a ela.

— Quantas mulheres você já comeu nesta sala? — Com medo da resposta, nega com a cabeça. — Deixe para lá.

O pacote de camisinha é aberto com os dentes. Julie parece bem experiente em vesti-la, pois, em questão de segundos, o membro está encapado. Ela insiste em masturba-lo de forma rápida, antes se deslizar para baixo, enfim os conectando. Ora com reboladas lentas, ora com cavalgues curtos. Julie dita o ritmo do impacto, entretanto Harry investe firme sob ela. Conforme os quiques aceleram, as unhas pintadas de verdes fincam nas costas começando a suar. As urradas de luxúria se misturam. É difícil dizer quem geme mais alto.

Cansados da mesmice, White cessa os movimentos. Sem a intenção de parar, ela deixa que Styles se esgote desta vez. O corpo posicionado em quatro apoios convoca o entregador para novas estocadas. As mãos másculas aquecem a cintura. Vista daquele ângulo, Harry não tem mais dúvidas: Julie White é mulher mais linda do mundo.

O membro retorna à entrada. De vez, ele desaparece dentro dela. Harry começa a se mover. Forte. Fundo. Como ela gosta. Os palavrões fugindo da morena o incentivam a agilizar. O deslize é frenético e exaustivo, mas nada o fará parar. O suor surge na testa, o qual é seco pelo antebraço sem interromper as estocadas. Em todos os sonhos quentes com a peste da turma de teatro, Julie nunca imaginou a frenesi real do contato entre eles. Percebendo a desaceleração do entregador, ela permite que ele se retire.

Virando-se de frente para o cabeludo, os olhos castanhos encontram os verdes. Os lábios voltam a se chocar, assim como o membro a preenche de maneira involuntária. As pernas magras abraçam a cintura de Styles, pressionando-o ainda mais contra si. As unhas desenham linhas na pele alva das costas dele. As barrigas suadas colam entre si. O beijo ávido se dificulta com as investidas rígidas.

As mãos de Harry agarram cada uma num seio e abandonando o lábio, a língua toma um mamilo enrijecido. Devido à proximidade dos rostos, os gemidos de Julie chegam aos ouvidos do entregador. A fim de contê-los, os dentes grudam no ombro tatuado. Eles tentam resistir, no entanto a exaustão os vence. Sem mais como adiá-la, o atrito do púbis contra seu clitoris obriga Julie a se entregar primeiro ao ápice. Com duas estocadas firmes a mais, Styles também chega ao clímax.

Os rostos estampam leseira. Eles estão extasiados. Todos os músculos de ambos os corpos estão relaxados. Os dois compartilham risadas confidentes. Os olhares tornam a se cruzar. O castanho no verde. O verde no castanho. A mistura de tons. A união de cores.

— Se eu soubesse que seria assim, não pensaria duas vezes antes de me casar contigo — confidencia.

— Sem casamento. — Adverte. — Depois que casa, a frequência de sexo diminui muito. Eu gosto de transar a ponto de não conseguir mais andar — avisa com um olhar fatal.

O gargalhar dos amantes é forte e ruidoso. Divertem-se com o alerta, cientes de que esse era um dos momentos em que caminhar está fora de cogitação. Ao menos neste instante.

— Harry, eu preciso dizer que este foi o melhor sexo de toda a minha vida — Julie fala em meio aos ruídos das respirações trôpegas.

— Verdade? — O sorriso vitorioso é nítido.

Ela gargalha, ainda sob o corpo úmido do cabeludo.

— Harry, é você quem não pode mentir.

— Como assim? — Desespera-se com o sarcasmo. — Julie, o que quer dizer com isso?

— Estou brincando, Styles.

As risadas debochadas findam com os toques castos dos lábios. Ele sabe que foi diferente. A relação há pouco foi faiscante, explosiva. Seus corpos ainda fracos almejam mais. Eles têm a vida inteira para fazer e refazer cada deslize viciante.

Mesmo depois de esgotados, Harry e Julie não se afastaram. Nem desgrudariam. Styles se tornou um homem de verdade. Como White sempre quis. De hoje em diante, as transas preencherão as tardes vagas e as gargalhadas serão a melhor companhia para os dois. Eles querem recuperar todo o tempo perdido nas mentiras. Desejam ficar juntos. Como deveria ser desde o início.

-

*A frase citada provém da obra original de Pinóquio.


Notas Finais


Espero do fundo do meu coração que tenham gostado.
Apesar da demora para escrever a história, eu amei escrevê-la. Torço para que o meu amor por Harry e Julie tenha transferido para as palavras.
Obrigada por ler até aqui! ♥
Com muito amor,
Lali

Trailer de Pinocchio: https://www.youtube.com/watch?v=jV3odvpcAGg


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