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História Pintor Privado - Painter of the Night - Terno


Escrita por: F_kk

Notas do Autor


Oi, meus amores!

Preparados para esse capítulo?

Já preparem o chá calmante, por que vocês irão precisar!

Bora!?

Capítulo 17 - Terno


Fanfic / Fanfiction Pintor Privado - Painter of the Night - Terno

Silêncio. 

 

Apenas silêncio e os raios de sol do entardecer em Seul entrando pelos enormes vidros da sala do Presidente da Publicidade Seo. 

 

Min Jae piscou lentamente. Seus olhos cansados vislumbrando a luminosidade de uma tarde de verão. Foi quando se deu conta do que havia acontecido. 

 

Bruscamente se levantou, sentando-se no estofado, deixando cair o paletó que estava o protegendo do vento gelado do ar condicionado a 17ºC. 

 

— Min Jae!? — Seo Seung viu o estagiário acordando assustado, ainda nu e coberto apenas com o seu paletó.

 

O jovem sentiu seu rosto todo aquecer, ruborizando enquanto seus olhos encontraram os de seu chefe, sentado na outra extremidade do sofá, cabelo levemente bagunçado e um tablet em suas mãos. 

 

— Que… que horas são? — perguntou, percebendo que havia caído no sono logo depois de ato tão irracional. 

 

— Dezesseis e vinte… — Seo Seung respondeu, vendo o horário em seu relógio de pulso. 

 

— Eu… eu deveria estar no Departamento de Criação… — Min Jae falou baixo, cerrando seus punhos, se autoculpando por ter vindo até a sala de seu chefe. 

 

— É melhor você ir para casa, tomar um banho e descansar… — o CEO sugeriu, olhando aquele jovem completamente desconcertado a sua frente.

 

— Eu… eu… — Min Jae queria argumentar. Queria dizer que tinha muito trabalho a fazer antes de sair, mas como faria isso? Ele estava uma bagunça! Precisava se vestir, mas suas roupas estavam completamente amassadas, além de estar coberto de suor, precisando imediatamente de um banho.

 

— Não se preocupe com o Diretor Park. Eu falarei com ele e explicarei…

 

— Não! — Min Jae o interrompeu, arregalando os olhos ao imaginar o que seu chefe poderia falar a seu diretor. 

 

— Tudo bem… — Seo Seung deu um leve sorriso ao ver a expressão de espanto de seu amado pintor. Deixou seu tablet sobre o braço do sofá e foi até a frente do estagiário, abaixando-se de modo que ficou face a face com ele. — Vista-se. Eu pedirei ao Senhor Song para pegar sua bolsa no Departamento de Criação e te esperar no estacionamento… — falou calmamente, sorrindo ao encarar os olhos do estagiário. 

 

Mas ele não conseguia resistir, ainda mais com seu amado a sua frente, completamente nu e apenas com uma peça de roupa cobrindo seu íntimo. Seus olhos deslizaram para os lábios do estagiário e sua mão direita foi até a nuca dele, puxando-o delicadamente para um beijo. 

 

Min Jae deixou-se envolver mais uma vez, mas logo recordou-se de onde estava e de que situação embaraçosa fazia parte. 

 

Desviou seus lábios dos de seu chefe e baixou o olhar, sentindo-se novamente enrubescer, mas algo ainda lhe incomodava. 

 

— Ninguém… ninguém entrou aqui enquanto…!? — Não teve coragem de encarar os olhos de seu chefe novamente. 

 

— Não. Apenas eu fiquei aqui o admirando enquanto dormia… — Seo Seung respondeu com um pequeno sorriso nos lábios. 

 

Como Min Jae era gracioso quando estava assim todo envergonhado! 

 

— Vista-se. Eu vou ligar para o Senhor Song! — levantou-se, virando-se de costas e ligando para o motorista. 

 

Min Jae sentiu-se derrotado. Nada do que ele planejava, saia como o esperado. Por que ele não conseguia ficar na presença do seu chefe sem entregar-se completamente em suas mãos? Por que ele não resistia? Por que ele era tão irracional quando se tratava de Seo Seung? Que poder ele tinha sobre si? 

 

Min Jae percebeu uma coisa. Enquanto estivesse à mercê dos desejos desse homem poderoso e sedutor, não conseguiria agir racionalmente. Ele precisava se libertar dessas amarras que o faziam ficar a cada dia mais vulnerável e envolvido. 

 

Vestiu-se sem ao menos voltar seus olhos para seu chefe, terminando de colocar sua roupa amassada e indo imediatamente para a porta, quando ouviu a voz que o fazia estremecer completamente. 

 

— Min Jae… — Seo havia percebido a exaustão física e emocional que se abateu sobre o jovem e não deixou de se culpar. — Descanse. Não se force demais… — aconselhou.

 

Min Jae apenas assentiu e voltou-se a porta, girando a maçaneta, mas não conseguindo abri-la. 

 

Um suspiro de derrota escapou, mas em instantes, a porta se abriu. 

 

Durante a tarde toda, o Secretário Kim permaneceu em alerta do lado de fora e quando finalmente viu um movimento na maçaneta, apressou-se. 

 

— Obrigado, Senhor Kim… — Min Jae falou, sem coragem de levantar os olhos para o Secretário de seu chefe e seguiu, a passos lentos, para o elevador, torcendo para não encontrar com ninguém por esses andares de descida. 

 

Ao chegar no estacionamento, foi direto para o carro que o motorista dirigia, mas ele ainda não estava lá. Esperou por alguns minutos, quando ouviu uma voz o chamando. 

 

— Min Jae, está tudo bem? — o motorista se preocupou com o aviso em meio ao expediente de que deveria levar o estagiário para a cobertura.

 

— Sim! Vamos! — apenas respondeu, pegando a bolsa que o motorista lhe trouxe e abrindo a porta de trás do carro. 

 

Depois que entrou, ainda tomou coragem de perguntar uma única coisa. 

 

— Senhor Song, você falou com o Diretor Park?  — olhava pelo retrovisor para o reflexo do motorista.

 

— Oh, sim! Ele me perguntou por que eu estava levando suas coisas e eu tive que dizer que o Presidente Seo o mandou para casa mais cedo… — o motorista respondeu, observando atentamente o estagiário no banco de trás. 

 

Min Jae pareceu resignado, baixando o olhar e encostando a cabeça na porta ao seu lado. Como explicar o que havia acontecido ao seu diretor na segunda-feira seguinte? O que estariam pensando dele agora? O que? 

 

Um peso enorme estava sobre seus ombros. Essa relação era extremamente sufocante e o torturava dia após dia. O pior era que nem ao menos ele tinha a esperança de que seu chefe tinha alguma atração por aí, era apenas um fantoche nas mãos de um homem poderoso e que queria realizar suas fantasias com o pintor. 

 

O restante da viagem, Min Jae permaneceu em silêncio, pensativo e claramente desanimado. 

 

Ao chegarem à cobertura, a Senhora Song veio recebê-los e apesar de parecer amistosa, por dentro ela estava extremamente preocupada com a ligação que recebeu a pouco de seu chefe. 

 

— Min Jae, eu acabei de preparar um banho de espuma na banheira do Presidente Seo! Ele pediu para que eu deixasse tudo pronto para quando você chegasse! — ela foi até o jovem. 

 

Min Jae levantou seus olhos tristes para aquela mulher sempre tão carinhosa e atenciosa que lembrava sua noona. 

 

— Obrigado, Senhora Song, mas eu prefiro tomar um banho no meu quarto… — Min Jae respondeu com um tom de pesar. 

 

— Oh, tudo bem! Então, eu irei preparar um lanche para você agora! — ela tentou anima-lo. 

 

— Não se incomode… Eu estou sem fome… Com licença… — respondeu no mesmo tom e deixou o casal sozinho, indo a passos lentos para o seu quarto. 

 

Quando o pintor já não podia mais ser visto pelos dois, a empregada não se conteve mais. 

 

— O que aconteceu dessa vez? — indagou ao marido. 

 

— Eu não sei! Tudo o que soube é que o pai do Presidente Seo foi lá no escritório e eles discutiram, depois, Min Jae foi para a sala do Presidente Seo e eles ficaram trancados lá até a hora que Min Jae desceu para o carro! — o motorista explicou. 

 

— Você acha que o Presidente Seo…!? — a empregada levantou a hipótese, mas não teve coragem de completar sua frase. 

 

— Eu não sei, mas tenho medo que Min Jae não esteja bem fisicamente… — ele vacilou.

 

A Senhora Song estava cada dia mais preocupada, mas o que ela poderia fazer? Ela não deveria, em hipótese alguma, interferir nos assuntos pessoais de seu patrão, mas então, como proteger o jovem pintor? 

 

Quando o barulho do chuveiro silenciou, a empregada esperou por mais alguns minutos e então bateu a porta. 

 

— Min Jae, posso entrar? — perguntou, segurando uma xícara do chá favorito do pintor. 

 

— Sim… — ele respondeu, enxugando o seu cabelo e vestindo o roupão tamanho P que a senhora Song havia escolhido para ele antes mesmo dele estar morando nesse apartamento. 

 

— Eu trouxe esse chá para você… — ela colocou a xícara sobre a pequena mesa ao lado da cama. 

 

— Obrigado! — ele respondeu imediatamente, mas não tinha forças para tentar demonstrar algum sinal de sorriso. 

 

— Min Jae, eu estou preocupada com você e com o Presidente Seo. Eu sei que não deveria, mas você tem estado tão triste esses últimos dias… — ela comentou. 

 

— Eu… Eu só estou com muitas coisas na cabeça… — Min Jae encontrou uma desculpa qualquer. — Isso não é culpa do Presidente Seo. Ele é muito atencioso comigo, mas tem coisas que não dependem dele, apenas de mim… 

 

— Entendo… — A empregada resolveu não pressionar mais o jovem. — Eu deixei um lanche preparado para você na cozinha, mas se você precisar de qualquer outra coisa, me ligue! Eu virei imediatamente! 

 

— Obrigado… — ele respondeu com a voz ainda baixa e sem coragem de encontrar com os olhos da empregada. 

 

O casal Song se retirou da cobertura e tudo que podiam fazer era aguardar as próximas orientações de seu patrão, mas por aquela noite, não souberam de nada. 

 

Min Jae estava se sentindo exausto, apesar de ter dormido quase a tarde toda no escritório de seu chefe. Seu corpo doía, doía muito, talvez pela tensão, talvez pelo estresse que ele vinha experimentando recentemente, talvez pelo álcool do whisky da noite anterior ou simplesmente por que seu corpo havia sido forçado ao extremo duas vezes em menos de 24 horas. O fato é que mesmo que Min Jae tentasse, não conseguiria dormir, então foi se dedicar aquilo que tanto amava fazer: pintar. 

 

A tela em que estava trabalhando estava quase pronta, embora se sentisse realizado a pintando, uma sensação estranha o tomara ao encara-la em sua totalidade. 

 

As lembranças daquela noite no banheiro da suíte da cobertura ainda estavam frescas em sua memória. O vídeo em seu celular mostrava a insensatez e a luxúria que ambos se entregaram sem hesitar, o prazer emanando nos sons do sexo lascivo e a excitação latente cada vez que Min Jae era tentado a assistir a gravação. 

 

Ele precisava terminá-la. Precisava encerrar esse ciclo vicioso e abrir espaço para reconquistar sua liberdade. 

 

Naquela tarde, ele perdeu completamente a noção de tempo e trabalhou aos limites de suas forças, mas não estava em seus planos parar até que ela estivesse pronta. Contudo, a noite já havia chego quando a porta do escritório/ateliê se abriu, chamando a atenção do pintor. 

 

— Min Jae… — Seo Seung havia trabalhado até tarde também, já que tinha vários assuntos sobre a inauguração que ocorreria no dia seguinte para serem tratados. 

 

Ao chegar, foi procurar o estagiário em seu quarto e não o encontrando lá, a opção seguinte seria o ateliê. 

 

Min Jae encarou seu chefe chamando com a expressão levemente cansada e preocupada. 

 

— Eu sabia que você não iria resistir e estaria aqui… — a voz do empresário saiu com uma certa desilusão. Seu pintor nunca o obedecia quando se tratava de descansar e aproveitar os confortos que ele poderia usufruir.  

 

— Eu só quis trabalhar na tela. Eu já devia ter a concluído… — falou friamente. Ele estava realmente frustrado por não ter cumprido aqueles prazos que impunha a si mesmo. 

 

— Você não precisa ter pressa em concluí-la, eu já te disse isso… — Se aproximou, posicionando-se atrás do pintor e vislumbrando toda a composição visual. Apenas o rosto de Min Jae estava incompleto. — Você já jantou? — perguntou, abraçando o pintor pela cintura às suas costas. 

 

— Ainda não. Estou sem fome… — respondeu com sinceridade. 

 

— Então, me acompanhe! Eu trouxe o jantar! — o chamou, encostando seu rosto ao lado do pintor, num suave carinho. 

 

Antes de sair do seu escritório, o Secretário Kim já havia providenciado o jantar para seu chefe e para o estagiário, passando no restaurante no caminho de volta. 

 

Min Jae estava resignado com uma série de coisas e situações, aceitando apenas com um aceno de cabeça. 

 

Ele deixou sua tela, mais uma vez não tendo conseguido concluí-la, soltando-se dos braços do empresário e a cobrindo lentamente, tomando cuidado para o tecido não tocar na tinta fresca e depois o acompanhou em silêncio.  

 

Enquanto lavava as mãos para tirar as manchas de sua pele, Seo Seung preparou a mesa, colocando as louças e talheres juntamente com os pratos ainda quentes. 

 

Ele tinha consciência de que Min Jae estava chateado com a situação, afinal, o estagiário já havia demarcado que não queria contato íntimo dentro do local de trabalho no escritório de publicidade, mas Seo Seung insistiu a ponto de convencê-lo. 

 

O empresário sabia que havia ultrapassado qualquer limite, mas como ele iria reparar esse capítulo da relação deles? Ele jamais teve que se preocupar se deixava alguém magoado ou chateado. Jamais teve que pedir desculpas ou implorar por perdão. Jamais imaginou estar nas mãos de uma pessoa que ele realmente se preocupasse com os sentimentos. 

 

Durante toda sua vida, ele apenas agiu pensando em si mesmo, sem preocupar-se com o futuro, tão pouco com a conquista ou perca de pessoas queridas, sempre foi desprendido disso. A única pessoa que ele perdeu e que era irreversível fora a sua mãe e ele jamais poderia abraçá-la novamente. Seu irmão mais novo nunca guardara magoa sua, encarando com bom humor e leveza as palavras duras e desinteressadas de seu hyung. Seu pai e seu irmão do meio, fodam-se eles. Seo Seung certamente não importava-se nem um pouco com esses dois, então, o que fazer agora? A única coisa que ele podia pensar era em agradar ao máximo seu pintor amado e dar carinho e conforto de forma que ele esquecesse essa situação em meio ao contentamento que Seo Seung pretendia provocar nele. 

 

Min Jae chegou finalmente a mesa de jantar, perfeitamente posta para os dois, mesmo sem sentir um fio de fome. Seo Seung sentiu seu coração apertado com a expressão desanimada do pintor. Ter a sua companhia em um jantar deveria ser um momento de carinho e atenção, mas parecia mais uma obrigação para o pintor. 

 

— Venha! Sente-se! — o empresário puxou a cadeira e viu o pintor obedecê-lo. — Eu pedi essa massa com frutos do mar… — ele indicou, servindo uma porção ao pintor. 

 

— Obrigado pela refeição! — as palavras doces e educadas de Min Jae escondiam uma dor a mais que o empresário notou. 

 

A mágoa estava ainda muito recente e deveria ser tratada em doses suaves até cicatrizar completamente. 

 

Min Jae comeu forçosamente, afinal, nenhum sinal de apetite era sentido e ele apenas foi educado, comendo nada mais do que o necessário. 

 

Seo Seung observava a face inexpressiva do pintor. Ele comeu em silêncio e não repetiu, mesmo o chefe sabendo que esse prato era o favorito do jovem. 

 

Depois de terminar sua porção, Min Jae permaneceu com o olhar baixo e perdido em um ponto qualquer da mesa, mãos sobre os joelhos e mente turbulenta, carregada de pensamentos negativos, mas ele esforçou-se para não demonstra-los. 

 

Seo Seung serviu a sobremesa para o seu pintor amado. Um cheesecake com calda de morangos e o acompanhou, comendo lentamente, continuando a observá-lo. 

 

Quando o doce também havia sido consumido por completo, Seo Seung, que segurou suas palavras durante todo o jantar, finalmente conseguiu se expressar. 

 

— Min Jae, sei que o que aconteceu hoje não era algo que estava nos meus planos e muito menos nos seus… — começou a se justificar, mas foi interrompido pelo pintor, que volveu seu olhar para o chefe e falou firme. 

 

— Presidente Seo, não precisamos tocar nesse assunto. Eu não quero ouvir sobre isso. 

 

O coração de Seo Seung falhou uma batida. Por mais que eles não conversassem sobre esses momentos íntimos que desfrutavam juntos, ouvir o tom frio e doloroso de Min Jae o surpreendeu negativamente. Um nó se formou em sua garganta. Um pesar o tomou. 

 

— Certo! Não falaremos sobre isso! — Seo Seung o respondeu, vendo a face do pintor novamente desviar-se de seu olhar. — Você… você pode dormir comigo essa noite? — vacilou, temeroso que fosse rejeitado e essa sensação, ele realmente não conhecia, mas com o pintor, ele a temia como nunca antes. 

 

Min Jae apenas fez um sinal afirmativo com a cabeça, não sendo capaz de encara-lo. 

 

— Eu vou escovar os dentes e me trocar, depois irei para sua suíte, Presidente Seo! — ele respondeu, levantando-se, mas antes de conseguir se afastar, sentiu uma mão segurando em seu punho. 

 

— Seung… Me chame apenas de Seung… — o empresário pediu dolorosamente. Ele não queria que o seu amado o tratasse tão formalmente como se ainda estivessem no trabalho. 

 

— Me desculpe. Eu lembrarei disso futuramente. — Min Jae respondeu encarando aqueles olhos confusos de seu chefe, puxando seu braço e se soltando, indo para seu quarto em seguida. 

 

Seo Seung sentiu seu estômago revirar toda a refeição que havia acabado de comer. Min Jae estava o tratando como se ele fosse um tirano e ele não era… Ou era? 

 

Ele demorou um longo tempo, ainda sentado naquela mesa e olhando em direção ao quarto que o jovem estava instalado e tomou uma decisão. Após a inauguração da exposição e lançamento do livro, ele iria pedir para a Senhora Song mudar em definitivo o pintor para o seu quarto. Não havia mais necessidade dele continuar fingindo que era apenas um pintor contratado pelo empresário. Ele era mais que isso, muito mais e Seo Seung queria que pelo menos dentro de seu apartamento, Min Jae se sentisse confortável e sem medo de viver sua intimidade com ele.

 

O empresário respirou fundo e tomou coragem para seguir escada a cima, chegando a sua suíte e retirando sua roupa, finalmente indo para um banho relaxante. Deixou-se envolver pela água quente e pelo vapor denso, lavando seu corpo e seu espírito. 

 

Ao sair do banho, após se secar, colocou apenas um roupão e estava pronto para ir em busca de seu amado pintor, mas quando passou do banheiro para a suíte, viu o jovem sentado na lateral de sua cama, olhar perdido, cabisbaixo e mãos unidas sobre os joelhos. 

 

O empresário se aproximou, abaixando-se a frente do pintor silenciosamente, encontrando seus olhos com os dele. Olhar melancólico, triste, sem o brilho de costume. 

 

Seo Seung não queria ver seu pintor amado assim. Queria ver aqueles olhos tímidos, mas cheios de sonhos e curiosidade. Aquele rosto angelical que despertava tantos desejos agora estava envolto em um ar de descrença. 

 

— Min Jae… — Seo Seung o chamou, acariciando sua bochecha e aproximando seus lábios dos dele. 

 

O pintor não recuou, não recusou, não reagiu. Apenas deixou o empresário fazer o que desejava. 

 

Mas um beijo frio não era o que aquele homem poderoso e sedutor queria. 

 

— Você está cansado demais. Vamos apenas dormir… — afastou seus lábios, encarando aqueles olhos inexpressivos, ainda cariciando sua bochecha. 

 

— Como quiser, Seung… — Min Jae respondeu com a voz fraca. 

 

A dor no peito do empresário, que havia desaparecido durante o banho quente, voltou a atacá-lo violentamente. Ele desejava de todo seu ser ver seu amado enrubescendo de vergonha, entregando-se ao desejo e à paixão, mas talvez o tempo pudesse fazer essas sensações voltarem. 

 

Seo Seung retirou seu roupão, ficando inteiramente nu e deitou-se na cama, envolvendo a cintura do jovem pintor, puxando-o para deitar inteiramente encaixado no corpo despido atrás de si. 

 

O calor da pele de Seo Seung trouxe uma sensação de conforto e segurança para Min Jae, mas ele sabia que eram apenas falsas esperanças que isso lhe proporcionaria. Para que se iludir? Já não havia mais volta… Seu coração estava destruído e nem mesmo sabia se os cacos poderiam ser colados algum dia. 

 

Seo Seung caiu num sono profundo, sentindo um pouco de paz sabendo que Min Jae estava em seus braços e por essa noite, mais essa noite, ele o teria para si. 

 

Mas o pintor demorou horas ainda, imóvel, olhos abertos e bochechas molhadas por lágrimas silenciosas. Seu mundo todo havia desmoronado. Ele não se reconhecia mais. 

 

Pela manhã, Seo Seung saiu delicadamente do leito para não acordar o jovem que passara a noite em seus braços. O dia seria longo e a noite mais extensa ainda.

 

Min Jae merecia dormir até a hora que despertasse naturalmente e quando isso aconteceu, ele percebeu que estava sozinho naquela enorme cama. 

 

Mais um dia. 

 

Ao levantar-se, desceu as escadas e encontrou o casal Song conversando animadamente. 

 

— Min Jae, que bom que você conseguiu dormir até mais tarde hoje! Espero que tenha descansado bastante, por que hoje, a noite promete! — a empregada falou efusivamente ao vê-lo.

 

— Hoje? — ele não entendeu. 

 

— Sim! Hoje! — ela o puxou para a banqueta a frente da ilha da cozinha, fazendo-o se sentar ao lado de seu marido. — Você esqueceu, hoje será a inauguração da exposição que o Presidente Seo vem trabalhando a anos! 

 

— É verdade, eu havia me esquecido… — seu olhar perdeu-se sobre a bancada da ilha e ele ficou pesaroso. 

 

— Min Jae, o que está acontecendo com você! Anime-se! — o motorista colocou a mão sobre o ombro do pintor, chamando sua atenção. — O Presidente Seo ordenou que estejamos pontualmente às 19 horas no Museu para a inauguração! 

 

— O-o que? — Min Jae sentiu-se perdido. 

 

— Isso mesmo! Eu, a Jo-Jo e você vamos juntos! — ele exclamou, referindo-se carinhosamente a sua esposa. 

 

— Deixe-me mostrar o seu terno! — A empregada foi até um armário na área de serviço e retirou de lá um terno de corte italiano, tecido preto mas com suaves nuances que refletiam a luz, camisa branca e gravata borboleta no mesmo tom do terno. — Ele chegou agora de manhã da lavanderia, junto com o terno do meu marido e meu vestido! — falava eufórica. 

 

— N-não… — Min Jae arregalou os olhos, negando com as mãos. 

 

— Min Jae, hoje é a inauguração! Não existe a possibilidade de você não ir! — a empregada o lembrou. 

 

— Mas eu… Eu… — Min Jae não encontrou palavras para negar, afinal, ele desejava de todo coração ver a exposição pronta, mas como o seu chefe nem mesmo havia entregue um convite a ele, pensou que não estaria nesse evento. 

 

— Min Jae, não tente fugir! Eu sei que você é tímido, mas nós estaremos lá com você! O Senhor Kim também estará lá! Vai dar tudo certo e esse terno e os sapatos, eu mesma escolhi! É um presente meu para você! — a empregada explicou, apenas omitindo o fato de que ela comprou juntamente com o Senhor Song, a pedido de Seo Seung e com o cartão que seu chefe deixava em sua posse para pagar todas as despesas cotidianas. 

 

— Certo, se vocês vão, eu poderei acompanhá-los! — abriu um sorriso tímido. — Obrigado pelo terno! Realmente é muito bonito… — admirou todo o conjunto, passando sua mão sobre o tecido do paletó, suave e delicado. 

 

Apesar do compromisso noturno, Min Jae passou o dia no ateliê, concluindo por fim a última tela encomendada pelo empresário. Seu rosto, em uma expressão tão vergonhosa, estava eternizado junto ao rosto do homem que fez seu mundo mudar de rumo e desmoronar tão rapidamente. 

 

Ao final da tarde, o pintor cobriu a tela e foi preparar-se para a inauguração. Tomou um banho demorado, tirando todo resquício de tinta de sua pele, vestiu o terno e o sapato que ganhou de presente da empregada, penteou seu cabelo em um penteado mais formal e finalizou com seu perfume tão suave e delicado quanto sua personalidade. 

 

— Min Jae, você está perfeito! — a empregada levou as mãos a boca, admirando-se com o jovem que havia acabado de sair do seu quarto. 

 

— Obrigado, Senhora Song! A senhora também está deslumbrante! Senhor Song e agraciado de tê-la como esposa! — elogiou educadamente, vendo a empregada em um vestido justo, pouco abaixo dos joelhos e de um azul turquesa que combinava perfeitamente com seu tom de pele e seu cabelo negro e liso, cortado na altura dos ombros.  

 

— Eu sei! Minha Jo-Jo é a mulher da minha vida! — ele admirou sua esposa, abraçando-a pela cintura e deslumbrado pela sua beleza, já aproximando-se da casa dos 40 anos, mais tão bela quanto em sua juventude. 

 

— Ora, eu que devo comemorar ao ir em um evento de luxo e ainda acompanhada de dois homens tão gentis e elegantes! Vamos logo! Vamos! 

 

— Vamos! Mas antes, os convites! — o motorista pegou os três envelopes nominais, que estavam em sua posse a dias.

 

Os três seguiram no carro que o motorista dirigia no dia a dia, parando na entrada do evento e entregando-o a um dos manobristas que recebia os convidados. 

 

Três convites entregues e nomes conferidos na lista de entrada, ele puderam  adentrar o museu completamente decorado com flores e luzes.

 

Logo na entrada, um enorme painel com a capa do livro que seria entregue autografado aos convidados da inauguração. Música ambiente e um movimento de fotógrafos e repórteres ao redor dos ilustres convidados selecionados a dedo entre intelectuais, celebridades e grandes empresários da Coréia do Sul. Um evento digno do sobrenome Seo. 

 

Min Jae estava tão constrangido em meio a tantas pessoas de renome e reconhecimento nacional e internacional, mas logo seus olhos encontraram o homem responsável por tudo isso. 

 

Seo Seung estava em meio a uma entrevista, quando suas orbes encontraram com as do pintor. Sua voz se calou imediatamente e sua face não conseguiu mais desviar da direção do dono daquele corpo frágil e pequeno vestido impecavelmente com o terno que ele havia recebido a foto durante a semana e autorizado a compra realizada pela empregada. 

 

— Vamos fazer uma pausa! Uma pessoa importante chegou. Eu volto em 5 minutos. — voltou-se para a repórter, com voz doce e gentil. 

 

— Claro! Iremos aguardá-lo. — A repórter respondeu, fazendo uma leve inclinação em direção ao empresário. 

 

Seo Seung pareceu esquecer-se completamente de tudo ao seu redor, andando em direção a única pessoa que não poderia faltar a esse evento, mãos nos bolsos da calça de seu terno azul marinho, sorriso discreto e olhar fixo.

 

— Min Jae, que bom que você chegou! — seu sorriso ganhou ainda mais visibilidade frente ao pintor. — Eu estava ansioso pela sua chegada…

 

 


Notas Finais


Postei e sai correndo 🏃🏼‍♀️ 🏃🏼‍♀️🏃🏼‍♀️🏃🏼‍♀️🏃🏼‍♀️
Mas quero muitos comentários, viu! ☺️


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