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História Plano B - Drive-Thru


Escrita por: kroth

Notas do Autor


Oi pessoal, boa noite~
Primeiramente me perdoem por ter dito que postaria no domingo e brotar apenas agora, aconteceram muitas coisas esses dias, minha rotina tem sido terrível, passei muito tempo pra lá e pra cá, e eu tenho hipoglicemia reativa, então ficar fora de casa por tanto tempo deu muitos problemas além daquela típica pressão própria minha de odiar tudo. Me perdoem por dar desculpas aqui, mas eu realmente não gosto de dizer algo e ir contra depois, entretanto esta será a última vez em que comento sobre mim abertamente, tudo bem?

Vamos falar um pouquinho sobre o candidato a maior capítulo de Plano B? VAMO LER? EU TE AMO VOCÊS!

Tempo: uma semana depois do episódio passado.

Boa leitura!

Capítulo 14 - Drive-Thru


Eu não quero sair da cama nunca mais. Nunca, nunquinha. Nunca mesmo. Morri.

 

— Eu sei que está aí dentro, seu idiota. Não adianta usar o truque do morto na cama porque fui eu quem te ensinou.

E novamente, a voz do demônio soou ameaçadora do outro lado da porta. Com baques que tenho certeza serem chutes, ele não me permitia fingir que estava em uma dimensão aleatória e diferente da em que ele sabia o meu endereço.

Quando sair daqui, se sair, vou matar Park Chanyeol. Como diabos ele pode deixar Minseok entrar nessa maldita casa?

Levantei, vesti uma camisa, me olhei no espelho e abri a porta, vendo Seok entrar como um furacão e se jogar na minha cama, totalmente folgado. Ao menos ele estava descalço, odeio quando entram de sapatos no meu quarto. Ele gemeu em conforto, se espreguiçando sobre a minha cama, e ao lembrar que eu ainda estava ali, me olhou sorrindo como se EU fosse a visita.

— Ah, eu sabia!

— Sabia o quê? — O empurrei, sentando na cama.

Ele deu de ombros, pouco afetado.

— Que você daria uma surra nele.

— Nele quem?

— No bonitão, duh, óbvio. — Minseok revirou os olhos, cheio de razão de si e se enrolando nos meus lençóis antes de abraçar minha cintura apertado. — Ele estava bonzinho demais hoje, nem me olhou direito quando entrei...

— Ele falou algo quando você subiu?

— Ele me deu bom dia e passou direto pela porta. — Minseok enfiou as mãos frias por baixo da minha camisa, as esquentando na minha pele como costumava fazer. E eu apenas congelei por alguns instantes. Chanyeol não está mais em casa?

Lembro de tê-lo visto mais cedo, antes do meu amigo chegar, e ele não aparentava pretender ir trabalhar hoje. Na verdade, há sete dias ele estava bem na dele, até adiamos nosso jantar por causa dos meus ensaios presenciais até tarde. Eu até mesmo deixei a mesa servida para que ele tomasse café antes de mim...

— E para onde ele foi? — Perguntei quando voltei ao meu corpo. Minseok abriu os olhos, fazendo uma careta desgostosa.

— E por que eu saberia disso? O marido é você. Aliás, — Ele deu uma risada anasalada. —  Ah, Baekhyun... que mico você passou naquele dia.

Dei um tapa em sua bunda, fazendo um estalo ecoar alto pelo quarto junto com a voz de Minseok, choramingando.

— Você veio aqui para falar disso? — Levantei e abri a porta enquanto ele se massageava, fazendo drama em cima da cama. Como se eu nunca tivesse feito isso antes...

— Vim para trazer suas coisas, seu ingrato. Ai… — Gemeu de dor, tirando meu celular do bolso, ao que revirei os olhos para si e tomei-o de volta, feliz. — Só te perdoo porque Minkyung viajou hoje e vou levar Seohyun para casa mais tarde. Rá!

— Faça bom proveito. — Comentei, conferindo minhas mensagens e ligações perdidas. Até sentir suas mãos me apalpando por trás.

— Pode apostar.

— Ah, a dor já passou? — Ergui a mão para ele, que se afastou, voltando a se enrolar nos lençóis. —  Espera, mas… a sua futura namorada não era a Sohee? — Franzi o cenho lembrando da flautista. Minseok comentara uma ou duas vezes por hora no último ensaio sobre o quão encantado estava pela flautista da nossa filarmônica. Até comentou que pretendia ser diferente com aquele relacionamento (coisa que eu realmente não acreditei por nada).

— Sohee? Nunca, ela não fazia o meu tipo. Não depois da primeira vez que vi Seohyun.

E como se não bastasse ter negado, ele ainda disse aquilo com um sorriso no rosto.

— Você é um porco, Minseok. — Joguei uma camisa suja nele, que, em troca, jogou um travesseiro em mim. — Ainda vou ver você sofrer por alguém que não te queira, só pra pagar toda a galinhagem que fez na sua vida. — Atirei.

Minseok apenas riu alto, e ao ver que eu estava saindo do quarto, veio atrás. Embora odiasse descer sozinho, por sempre me sentir vigiado, eu estava ansioso demais para pegar minhas coisas rapidamente. Logo ao pé da escada eu avistei meu violino na capa e minha pasta, que ao pegar em mãos, encontrei completamente organizada.

Esse é o único ponto bom em Minseok, ele arruma minhas coisas como ninguém.

— Isso nunca vai acontecer, amorzinho. — E um dos lados ruins é esse, o hábito de usar diminutivos. — Estou com fome, quero comer. — Peguei um pacote de salgadinhos do armário de Chanyeol e joguei nele. — Baekkie...

— O quê? — Me afastei.

— Você tá tão bonito hoje.

Revirei os olhos e tirei minha garrafinha de água da geladeira. Tomei um gole e logo me sentei ao lado dele, em uma das banquetas.

— Você disse uma vez que eu lembro a sua avó.

— E eu amava ela.

— O que você quer? — Fui ao ponto, inflexível. Elogios nunca vinham de graça da parte do Kim. E quando vinham, ou eram por efeito de muito soju (bebido durante, pelo menos, dois dias seguidos) ou como forma de pagamento para algo muito urgente que ele precisava de mim.

E, bem, eu e Minseok não saíamos para beber desde o meu aniversário.

— Me cobre no ensaio de hoje, por favor, faço o que você quiser depois. — E ele sorriu maior do que conseguia, juntando as mãos para mim, que o olhei sem reação temporariamente. Meu amigo podia ser uma pessoa doida, estranha, extremamente ácido e galinha, mas se tinha algo na vida que ele amava, isso era fazer música, apesar dos ensaios de quinta estarem mais pesados nos últimos dias.

Demorei um pouco a entender e associar as coisas melhor. Minkyung de volta a Seul significava casa vazia em Paris. Casa vazia e Minseok significava que ele chamaria alguém para dormir lá. Seohyun e Minseok juntos em casa significava que ele faria sua segunda coisa favorita a noite inteira, óbvio.

O olhei de cima abaixo, um pouco envergonhado por entender, e neguei.

— O maestro me odeia, ele não vai acreditar em mim. — Fui sincero, até outro flash de memória me atingir, ao notar a aliança do meu marido largada sobre a bancada. — Além do que... eu tenho um compromisso que não posso adiar. — Não mais, pensei, olhando a aliança. A cobri com a mão e puxei disfarçadamente. — Um encontro... com o meu marido.

Minseok engasgou com o salgadinho.

— Um encontro? Quando? Onde?

— Le Guérison. — Enfiei a mão no bolso e levantei. — N-Não é nada demais, só vamos jantar juntos...

— Nossa, que chique. Então você realmente deu uma surra nele… Vocês curtem Daddy kink? Essa é a diversão dos podres de ricos. — Voltei o olhar para Minseok, que me olhava batendo em suas coxas, maliciosamente. Fiz cara de nojo e o puxei pela camisa.

— Sai da minha casa, fica longe de mim!

— Então é verdade? BAEKHYUN, GRITO! — Ele realmente gritou enquanto eu abria a porta, gritou coisas vergonhosas, derrubando salgadinhos no chão. E eu estava a ponto de deixá-lo do lado de fora e ir me deitar quando ouvi algo caindo.

Não algo do tipo, que escorregou por estar mal apoiado na prateleira. Mas algo que foi empurrado, ou que foi ao chão após alguma coisa ter esbarrado ali.

E isso, junto a minha paranóia, acabou me fazendo sentir desconfortável como nos primeiros dias em casa novamente.

— Minseok! Entra! — O puxei de volta. Ele ria da minha cara igual a um idiota. — Você tá... sentindo isso também?

— Isso o quê?

— Essa sensação — Sussurrei. — De estar, sei lá, sendo observado.

Minseok parou de rir, ficou dois minutos em silêncio e deu um tapa na minha bunda.

— A única coisa que eu sinto é fome, meu caro. — E então ele me empurrou, caminhando livremente até o sofá. Olhei em volta e procurei, como de costume, alguma coisa estranha, mas me desconcentrei totalmente ao vê-lo espirrar cobrindo o rosto com as mãos. —  Atchim!

— Saúde.

— Atchim!

—  Saúde. — Ele espirrou mais duas vezes, levantando no exato momento em que novamente ouvimos algo cair no chão. — O que foi isso?

— Eu sei lá. —  Ele resmungou. — Você tem lenços de papel? Minha alergia está atacando.

— Qual delas? — Alfinetei.

— Você tem ou não? —  Minseok falou impaciente.

— Eu não tenho nenhum, mas Chanyeol deve ter. — Comentei, fechando a porta. Era a oportunidade perfeita para revirar as coisas. — Eu olho na dispensa e você… você pode olhar ali no escritório dele. —  Apontei a sala ao canto, onde raramente Chanyeol entrava. Na verdade, lembro vagamente de vê-lo ir ali uma vez, quando sua mãe pediu alguns documentos na última visita, algo assim. Meu amigo fechou a cara e coçou o nariz como quem diria “eu não vou fazer isso”, mas apenas virei de costas para ele e corri até a cozinha, fingindo não me importar. Eu precisava ao menos encontrar algo jogado no chão para deixar aquela sensação horrível de lado.

Não havia nada de anormal ali, mas eu estava curioso demais para negar a oportunidade de procurar a fonte daqueles sons sem estar sozinho em casa. Minseok ficou quieto por alguns instantes, e logo ao ouvir o som da porta rangendo, pensei que ele finalmente havia vencido sua preguiça e ido atrás de se ajudar também, mas em menos de cinco minutos ele deu um grito longo e agudo que acho que o prédio inteiro pôde ouvir, e que quase me fez parar no teto de tanto susto.

Sem poder terminar de verificar a dispensa direito e deixando a cozinha intacta para trás, atravessei a sala como um furacão, achando que havia acontecido alguma coisa, e logo ao abrir a porta do escritório do meu marido senti meu fôlego voltar ao normal, assim que avistei apenas os mesmos papéis bagunçados de sempre e Minseok voou em minha direção, pulando e ficando agarrado no meu colo, no estilo noiva.

— Baek! Tem um gato ali! — E como se não bastasse ter que ter reflexo bom e força para não deixá-lo cair no chão, Minseok ainda se achava no direito de gritar no meu ouvido. — Tira esse demônio daqui! Olha lá, joga ele! Atchim! — E começou outra crise de espirros.

Olhei em volta e não havia nada fora do comum, até focar no canto da parede, atrás das duas caixas de papelão empilhadas precariamente. E ali estava ele, fofinho e com o longo pêlo branco, nos encarando com um olhar verde e assustado. Totalmente mordível.

— Que lindo! — Gritei, jogando Minseok no chão e passando por cima, na direção do gato. — Awn, coitadinho. — O peguei no colo, vendo-o se encolher. — Minseok, ele é manso. De quem será?

— Atchim! Devia ser de Chanyeol, mas deve ter fugido quando viu a megera que ele é. Atchim! Tira esse bicho daqui. — Resmungou, saindo do escritório. Sorri maquiavélico e o acompanhei com o gato no colo, fazendo com que corresse até a porta. — Ok, Ok, eu já tô saindo.

— Adeus. — Falei, vendo-o abrir a porta e me olhar uma última vez antes de sair correndo.

—  Seu nojento, vê se me cobre no ensaio! —  E fechou a porta, fugindo como o diabo foge da cruz.

Olhei o gato no meu colo e sorri, indo atrás de água para ele e alguma comida. Minseok não tinha alergia a cães, mas quase morre com gatos desde criança e é uma boa técnica para expulsá-lo. Como eu não pensei nisso antes?

— Gostei de você, bichinho.

-X-

 

Ao fim do almoço, logo após comprar uma caixa de leite e roubar um dos pratos de Chanyeol a fim de transformá-lo em prato do gato, pensei comigo mesmo, enquanto o via ronronar em cima do lençol que joguei no chão:

E se assim como Minseok, meu marido também for alérgico a gatos, ou pior: alérgico a pêlos no geral?

Ele provavelmente vai surtar quando ver o coitadinho, vai ficar nervoso e chato e vai mandar jogá-lo fora de qualquer jeito. Eu sei que não tinha muito tempo para cuidar de animais — e nem de mim mesmo — mas ver a bolinha de pelos tão tranquila me deixava completamente em paz, mesmo que estivesse consigo a apenas algumas horas. Apenas de olhá-lo eu sabia que não conseguiria me livrar dele, caso meu marido dissesse isso. Então, sábio como sempre, tomei a decisão que me pareceu mais certa assim que terminei de me vestir após o banho.

— Eu vou sair agora e você fica quieto até eu voltar. Chanyeol não precisa saber que somos amigos, não é mesmo? — Falei em sussurros, cobrindo o gato com uma toalha que eu não usava. — Não suje nada, eu volto logo.

E assim eu saí do quarto naquela tarde, com a capa do meu violino na mão e a chave do quarto no bolso, enquanto torcia mentalmente para aquilo dar certo. Sei que não deveria fazer esse tipo de coisa — esconder algo — novamente de Chanyeol, mas eu não queria ter que abrir mão de mais nada na vida. Além do que, era só um gato. Eu podia cuidar dele quando voltasse para casa, óbvio, sem problemas. Peguei o elevador e cumprimentei uma mulher que entrou no pavimento seguinte e segui em silêncio até o térreo.

Nota mental: Comprar uma caixa de transporte e ração para gatos. Comprar e levar enquanto a máquina estiver no trabalho, assim a vida segue na mesma.

Respirei fundo ao passar sozinho próximo aos meus vizinhos. Eu não conhecia praticamente ninguém, apenas duas pessoas que encontrei no elevador quando estava indo para o teatro, e eu nem lembrava direito do rosto deles.

E tenho certeza que meu marido não é diferente, visto que adora a garagem no subsolo e se precisar ir na esquina, ele vai sempre de carro.

Caminhei rapidamente e logo avistei o táxi que havia chamado para mim. Normalmente Minseok me levaria, mas após o episódio com o felino mais cedo ele decidiu me ignorar e eu não sei insistir nas pessoas. Entrei no carro e informei meu destino, e logo saímos em direção ao teatro.

E foi apenas naquele momento que percebi que eu estava sentindo minhas mãos suarem frio não apenas por causa da temperatura naquele dia, mas também porque estava com muito medo de suar. Eu havia me arrumado bastante para que, ao fim do ensaio, fosse enfim jantar com Chanyeol sem precisar voltar em casa, e, para minha desgraça, meu medo de suar estava me deixando suado. Ironicamente. Algo que apenas se agravou ao juntar-se com a situação do gato secreto. Péssimo momento para ser Byun Baekhyun. Respirei fundo e conferi as horas no meu celular.

O plano era: ensaiar com cautela para não deixar meus dedos destruídos pelo menos por uma noite, não suar, prestar atenção no violinista desastrado que sentava ao meu lado para que não jogasse café em mim como de costume e fazer com que Chanyeol não desmarcasse o encontro de novo.

Porque, sim, ele fez isso, na manhã seguinte ao termos marcado, e eu até que aceitei numa boa, no início. Mas veja bem: Na noite seguinte, ele chegou em casa mais cedo e se arrumou, mas quando estávamos prestes a sair de casa ele disse que havia esquecido que precisava assinar alguns papéis naquela noite e se trancou, não respondendo nem mesmo quando bati em sua porta e perguntei se ele queria que eu pedisse o jantar. Mas a mãe dele veio à noite, e felizmente ela trouxe comida (e o fez abrir a porta para ela). Depois disso nossa terceira tentativa veio inicialmente por parte minha, que decidi uma nova investida noturna e, mesmo sendo completamente zoado pelo meu eu interior, fui buscar Chanyeol na frente da empresa. Ele, envergonhado e nervoso, alegou estar com muita dor de cabeça, aí no outro dia estava sem fome, e assim se seguiram os dias, com nosso jantar indo mais e mais para escanteio com suas mentiras nada elaboradas — o que me deixou triste no início pois pensei que ele estava me evitando como nos primeiros dias e que voltaríamos a nos ignorar.

No início, era como se ele fugisse de se compromissar a mim, mas, no entanto, após uma análise em minhas atitudes para com meu marido feita durante o banho, percebi que isso nunca aconteceria, pois notei que a durante a semana que se passou — desde o dia em que tentamos jantar juntos da primeira vez —  eu criei muito mais atenção a ele e vice-versa. Eu gostava de viver no mesmo espaço que ele, apesar dos pesares, porque quando eu ensaiava em casa, ele sempre passava cinco minutos a mais na porta, fingindo que ainda não tinha chego, só para me ouvir tocar.

Ele não reclamava do meu barulho e eu adquiri paciência também. Grande exemplo disso é que eu servia a mesa de café para Chanyeol primeiro, todos os dias, e como eu não sabia fazer absolutamente nada de comida — tirando minha sopa de legumes totalmente secreta —  ele preparava o suficiente para ele e para mim, se alimentava e ia embora. Chanyeol tecnicamente me alimentava, então. E nós não tínhamos discussões matinais porque eu só descia e comia após vê-lo sair de casa, e Minseok, misteriosamente, havia se escondido de mim durante todos aqueles dias, evitando crises de ciúmes por parte do Park;

Na volta para casa ao fim do terceiro dia da semana, Chanyeol já não parecia tão esgotado quanto no primeiro mês. Ele passou a me dar boa noite, mesmo que de longe, e perguntava se eu já havia jantado antes de finalmente achar algo para reclamar.

Não, ele não mudou muito, continuava reclamando e tendo mudanças comportamentais infantis, diga-se de passagem. Mas eu, do meu lado do barquinho, apenas contornava suas discussões e me afastava, pois descobri ser uma ótima válvula de escape. Ele não me perseguia como eu fazia consigo, então cinco minutos depois de qualquer reclamação ele já estava normal de novo — e pronto para achar outro ponto de reclamação. E assim eu estava segurando meu casamento, de uma forma que arrisco dizer que rascunhando o estável.

Teoricamente falando, eu e Chanyeol não estávamos mais tão cobertos de desentendimentos quanto antes, e a grande responsável por isso, além da minha paciência, era a sensação boa que eu tinha quando ele estava livre depois do trabalho, descia após o banho, olhava tímido para a sala e sentava do meu lado em silêncio para jogar Battlegrounds.

E… eu acho que eu gosto disso. Da forma como via-o fica contente quanto ganhava e me via sorrir ao seu lado. Três noites de sete foram o suficiente para eu querer ver seu sorriso sempre e me viciar nisso. Talvez seja por isso que eu tenha deixado meu orgulho e reputação de lado essa semana e tenha deixado meu personagem morrer antes do dele tantas vezes.

Ou talvez isso tenha acontecido porque ontem, durante o jogo, ele me deixou desnorteado quando simplesmente veio e disse que estava pronto para jantar comigo fora, sem adiar novamente. E isso estava mexendo comigo como nunca, assim como o medo de ele, sei lá, desistir no fim das contas.

— Senhor? Está tudo bem? — Despertei de meus devaneios quando o taxista falou comigo, receoso. Sorri para ele e assenti, abrindo a carteira ao notar que havíamos chegado.

— Sim, tudo ótimo. Obrigado, pode ficar com o troco. — Entreguei a primeira nota que tinha na carteira e saí do carro, sem dá-lo chances de perguntar ou dizer mais nada. Segurei a pasta e minha bag com firmeza e tentei me acalmar, embora meu coração estivesse confuso e acelerado.

E, bem, a noite foi bastante agradável; Minseok não foi mesmo ao ensaio e o violinista desastrado faltou também. O maestro aceitou minha mentira sobre meu amigo estar doente e, milagrosamente, eu não me perdi uma vez sequer durante o ensaio. Estava tudo correndo bem naquela noite, ainda que eu não conseguisse parar de olhar para o relógio, ansioso para dar a hora de ir embora, cheio de uma sensação de ansiedade tão forte que me protegeu até mesmo contra as alfinetadas típicas do maestro.

O problema daquele dia só veio mesmo quando o ensaio acabou, porque foi apenas depois de guardar minhas coisas e praticamente sair correndo porta afora com o celular na mão foi que eu lembrei de um grande detalhe:

Eu não tenho o número dele. Eu, em uma semana de oportunidade, nem mesmo lembrei de comentar sobre disso.

Como vou falar com Chanyeol?

 

— Não, isso não está acontecendo, isso é um sonho. Ou melhor, um pesadelo. — Olhei a agenda outras duas vezes e suspirei fundo para não me irritar. Como eu pude esquecer esse detalhe? Era algo tão simples. Qual a dificuldade em pedir o número dele antes?

 

Senti minha cabeça doer de tanto que afoguei a mim mesmo com muitas e muitas perguntas. Estava tudo acabado, era óbvio. Como eu avisaria a ele onde estava e como nos encontraríamos? Passavam das 22:15 e eu estava sem saber qual rumo tomar. Uma semana inteira de ansiedade para esse dia finalmente chegar, e quando chega, eu o estrago no último minuto. Encostei em uma parede e suspirei, totalmente perdido e me rendendo ao meu lado negativo após bater a cabeça na parede duas vezes.

Nunca fui uma pessoa positiva quanto a mim mesmo, então me convencer de que aquele era o fim não foi difícil. Difícil mesmo era pensar que, naquela noite, eu não teria nem mesmo como me desculpar pelo desencontro de nós dois.

— Bom, eu posso chamar um táxi. — Resmunguei de olhos fechados, ignorando o vento frio contra o meu rosto. — Não tem mais nada que eu possa fazer aqui. — Choraminguei, apertando meu celular e descendo as escadas. — Argh! Mas que droga, Baekhyun…

Não que as coisas se resolvam com isso, mas o que eu poderia fazer além de lamentar? Só de pensar que mais uma vez teríamos que adiar aquele jantar, e agora por minha causa, eu já me sentia completamente culpado. Eu queria muito vê-lo naquele momento. E Minseok nem está aqui para me fazer companhia ou dizer para eu me acalmar. Péssima hora para se ter apenas um amigo.

Bufei, me preparando psicologicamente para ir embora. O estacionamento já estava parcialmente vazio, apenas alguns carros permaneciam ali, mas nenhum deles pertencia a conhecidos meus, eu realmente precisaria chamar um táxi para ir embora.

— Se pensar por um lado, isso vale como uma espécie de castigo para ele. Veja, ele vai ficar plantado, esperando, para pagar todas as vezes em que reclamou de mim. — Falei sozinho, distraído com a tela do celular enquanto caminhava até a saída do estacionamento. — Bem feito, Chanyeol. Agora você vai passar o que eu passei esses dias.

— E o que você passou esses dias, Baekhyun?

Senti meu corpo congelar com aquela voz. E não apenas com ela, mas com a pessoa com a qual eu acabei me chocando de frente por estar distraído. Massageei minha testa e fiquei totalmente sem graça. Park Chanyeol, por outro lado, do alto de seus ombros largos e porte elegante, apenas deu dois passos para trás e continuou me encarando como se esperasse uma resposta.

— Você… — Apontei. — Qual o pacto que você fez para estar em todos os cantos? — Sacudi a cabeça, tentando manter a firmeza em minha voz, assim como forcei indiferença. — Digo… como sabia que eu estava aqui? — Mas eu estava me entregando de bandeja, praticamente o interrogando com meu tom ansioso.

Sim, eu estava feliz por ele ter brotado do asfalto, mas ele não precisava saber disso.

— Eu sempre venho aqui perto para almoçar, eu vi você chegando. — Chanyeol apontou nervoso para o outro lado da avenida, onde havia um restaurante chinês o qual eu já havia ido uma ou duas vezes com Minseok quando não tínhamos dinheiro. A dona tinha uma queda por ele e sempre nos deixava de barriga cheia sem cobrar (pelo menos, para mim). Assenti rapidamente, balançando a cabeça mais vezes do que o necessário, logo estalando a língua, tentando parecer normal.

Mas, no fundo, o que estava mais me afetando era ter Chanyeol ali.

Eu queria gritar e sorrir, estranhamente, e o meu estômago remexia em uma sensação boa. Eu nunca fui tão grato por existirem restaurantes de comida chinesa quanto naquele dia. Mas precisava me controlar, afinal, Chanyeol continuava sendo Chanyeol. E analisando bem seu rosto que quase nunca era expressivo, ele não pareceu muito confortável com meu excesso de felicidade, mas estava bem para mim. Ele, de sua forma, ainda parecia muito feliz por me ver também.

Meu marido estava vestido com um pouco menos de elegância do que na última tentativa, sapatos com um toque mais estiloso e seus cabelos acastanhados estavam bonitos naquele penteado que cobria sua testa, dando-o um ar mais infantil. Seus lábios, porém, pareciam um pouco ressecados, então não hesitei em tirar meu protetor labial do bolso e estender para ele.

Chanyeol olhou e não soube muito bem o que fazer. E foi assim que eu perdi meu primeiro protetor labial, já que ele se curvou em agradecimento e o guardou no bolso, e eu não tive coragem suficiente para pedir que ele me devolvesse.

— Gosto do seu casaco, ele parece quentinho, mas confortável. — Sorri minimamente para ele e dei um passo à frente, tentando parecer um pouco mais agradável. Chanyeol se auto-analisou por alguns segundos, e após parecer tirar sua conclusão, deu um sorriso nervoso.

— Gosto que goste. V-Você está ótimo também.

Ok, confesso que fiquei desconfortável. Pensei em me analisar também, mas lembrei o fiasco que isso transformou nosso último encontro e me controlei. Ok, Baekhyun, vamos lá. Não é nada de outro mundo, agora mostre a ele alguma iniciativa caso não queira criar raízes aqui. Meu subconsciente alertava em alto e bom tom, já que meu marido parecia completamente aéreo no próprio mundo, ainda que estivesse de pé na minha frente.

Sei que ele tem coisas demais para se preocupar, mas tudo o que se passava na minha cabeça era que ele estava pensando em uma forma de desistir daquilo de última hora. Chanyeol era bonito e eu estava bem por vê-lo, mas beleza não aumentava minhas expectativas sobre as atitudes dele.

 

— Você quer... entrar agora, Chanyeol? — Perguntei hesitante, apontando para o veículo poucos passos atrás de nós que reconheci como o dele.

— Oh claro, claro. — Ele sorriu e concordou, meio atrapalhado entre começar a andar ou olhar para mim. — Eu — apontou. — dirijo?

— Acho que sim. — Por quê eu deveria saber disso? —  À vontade. — Apontei para o carro, ao que ele enfim entendeu e correu até ele, se atrapalhando ao abrir a porta do próprio veículo.

E por um momento, eu apenas fiquei o observando, do lado de fora do carro. Vendo-o colocar o cinto de segurança de uma forma engraçada e confusa a qual fez a fivela bater em seu rosto na primeira tentativa, e depois o vi analisar brevemente o próprio carro para poder notar que eu ainda não estava ali.

Chanyeol, ainda com a porta do motorista aberta, me lançou um olhar de “você não vem?”, e eu não consegui mais conter minha vontade de rir quando entrei e sentei ao seu lado, me sentindo à vontade o suficiente para colocar minhas coisas apoiadas nos bancos de trás.

— O que foi? — Ele perguntou quando eu provavelmente já estava vermelho de tanto rir (ainda que baixo). O olhei e apontei para si enquanto fechava a porta e saia do estacionamento.

— Você. É estranho.

— E isso é muito ruim? — Meu marido fez uma careta engraçada, ao que neguei, pegando meu celular para responder algumas mensagens.

— Às vezes sim, mas acho que me acostumei. Eu já tive vontade de fugir enquanto você dormia, mas agora, quando eu preparo a mesa para o café, não acho desconfortável porque sei que você colabora comigo. — Falei tranquilamente, ainda que meu estômago revirasse toda vez que eu falava demais. Mas era verdade, eu não poderia negar isso. Chanyeol em casa nos últimos dias era quase como um segundo suporte para mim (ficando atrás apenas da música). Olhei-o de soslaio e senti meu nervosismo todo escorrer do corpo, um sorriso bonito enfeitava o rosto dele, ainda que por sobre uma expressão quase ansiosa quando nos aproximamos do tão mal lembrado estacionamento do restaurante.

Ali, notei duas coisas, após ele estacionar e passar algum tempo encarando o nada em silêncio: Uma era que eu não estava preparado para entrar ali de novo, e outra era que meu nervosismo não chegava nem aos pés do dele, que não precisou desligar o climatizador para começar a suar outra vez.

Chanyeol estava muito, muito nervoso. Ansioso. Talvez até com medo do que aconteceria daquela vez. Algo dentro de mim então fez com que eu tomasse novamente as rédeas da situação.

Você… / Quer comer aqui?

Mas ele foi mais rápido ao perguntar aquilo ao mesmo tempo em que eu falaria.

— Se você quiser, por mim, tudo bem. — Falei após alguns instantes em silêncio, fazendo meu marido me olhar com uma expressão desaprovadora.

— Você não respondeu direito a minha pergunta. — Reclamou. — Se você quiser, vamos logo, Baekhyun. — Chanyeol passou as mãos nos cabelos e olhou para o lado oposto, parecendo bastante ansioso.

E foi aí que eu notei uma coisa interessante: Por que ele só ficava assim comigo? Por que não em público, e por quê ele atacava exclusivamente a mim nos momentos menos esperados?

Porque a forma ansiosa, afobada e até mesmo extremamente feliz, quando vindas dele, eram formas de ataque também. Tudo o que vinha dele me causava um impacto muito grande, me dava dúvidas, me deixava curioso; eu queria que as coisas fossem diferentes ao menos uma vez, mas como isso aconteceria se a cada dia eu sentia algo novo quando o via próximo a mim?

Observando silenciosamente ao meu marido no banco ao lado, eu não sabia mais se o que queria era exatamente matá-lo ou deixá-lo. Mas havia algo que eu sabia querer muito: vê-lo bem longe daquele lugar.

— Você gosta de comer em público? — Perguntei sem demonstrar muito interesse, ao que ele apenas desviou o olhar novamente para mim e negou, tão baixo que quase não escuto. — Vamos comprar algo em um Drive Thru. — Dei de ombros, sentindo que um peso enorme havia saído das costas dele.

Chanyeol arrumou sua postura instantaneamente, como se minha sugestão o tivesse despertado do estado nervoso.

— Você não se importa? — Ele perguntou em um tom suave, ao que neguei com um aceno e dei um soco fraco em seu braço.

— Eu estou com fome, e aposto que você tem pressa. — Sorri, vendo-o também animado por sair do lugar. — Só vamos comer logo e depois vamos para casa dormir.

Me acomodei melhor e voltei ao meu celular, procurando uma rota que levasse a rede de fast-food que eu mais gostava mais rápido. Chanyeol não tinha cara de quem costumava frequentar lugares onde se comia esse tipo de coisas, e realmente não o fazia, visto que me agradeceu quando lhe mostrei a rota e tentou, ainda que de uma forma engraçada, puxar algum assunto comigo pelo caminho.

Chanyeol não entendia muito de música. Quase nada, para ser sincero. Mas ele me contou que sabia tocar alguns instrumentos desde a infância e que conhecia Moondog, o que praticamente alavancou nosso diálogo. Conversamos sobre mais álbuns do que eu estava acostumado a fazer com qualquer pessoa, e no meio de uma frase ou outra, notei que ele havia mudado nossa rota apenas para aumentar o tempo de conversa. E isso me deixou muito feliz.

Saber que não apenas estava falando sobre algo que gostava, mas que o fazia comigo e queria prolongar a duração fez meu coração se aquecer e reviver esperanças mortas de que Chanyeol era sim alguém com quem eu poderia lidar, ao menos temporariamente. Park Chanyeol era um cara legal, embora não durasse em tempo integral, mas eu gostava dele mesmo assim.

Eu gostava da sensação de ser amigo dele, ou quase isso. E depois que compramos mais do que achei que conseguiria comer, pedi para que ele voltasse para o teatro, para que ficássemos na pequena praça ali perto, onde escutamos perfeitamente os sinos da igreja do outro lado tocando ao chegar.

Não havia quase ninguém mais ali, então eu apenas sorri para si e o encorajei a dar uma volta enquanto comíamos. E, como o inesperado, Chanyeol sorriu para mim e me acompanhou em um curto trajeto pelo local enquanto vez ou outra, eu o escutava completamente satisfeito enquanto devorava o sanduíche, ainda que sem se sujar, ao contrário de mim, que já tinha os cantos da boca sujos a muito tempo. Mas os limpei disfarçadamente enquanto meu marido se distraiu com seu refrigerante grande.

Eu queria registrar cada pequeno momento daquela noite em muitas e muitas fotos na minha memória, então procurei falar pouco e não atiçá-lo como de costume. Mas nunca pensei que seria tão fácil apenas ficar a seu lado e perguntar coisas curtas vez ou outra, que terminavam em sim ou não por parte dele, sem parecer nem um pouco seco.

“Eu não sou uma pessoa ruim, você apenas não percebeu ainda porque prefere implicar a conviver comigo”

Nunca uma frase dele fez tanto sentido. Eu olhava meu marido de maneira tímida e via seus lábios rosados moverem-se poucas vezes, e o achava tão bonito assim que não me importava de apenas estar ao seu lado. Acho que ele também não se importava, nem com o silêncio e muito menos com a distância. Chanyeol parecia extremamente bem como nunca, nem mesmo com Tao ele estava tão bem. Voltamos ao carro em silêncio e ele se apoiou nele, olhando para o céu limpo daquela noite de verão vazia e ainda segurando o embrulho do hambúrguer que ainda não havia comido.

— Eu nunca comi isso antes. — Chanyeol falou de repente, logo após a primeira mordida. O olhei curioso e arqueei uma sobrancelha, desconfiado.

— Sério?

— Uhum. — E ele concordou, dando uma mordida um pouco maior e emitindo um pequeno som de aprovação enquanto eu bebia meu segundo refrigerante. — Esses lugares e comidas não são bons para mim, aliás. Porque meu pai não go-... — Ele pigarreou, sem graça. —  Digo, eu nunca comi.

O observei sem insistir, por mais que estivesse curioso. Ele não sabia medir as próprias palavras e parecia odiar isso quase sempre. Ele costumava me alfinetar sobre quase tudo quando nos conhecemos, mas ainda assim, era visível que segundos depois se arrependia — embora sempre se re-erguesse usando suas cordas tecidas de orgulho. Mas, em momentos como aquele, Chanyeol era completamente boca solta, de uma forma ingênua e muito infantil.

Fiquei pensando por algum tempo sobre o que ele deveria ter se submetido em toda sua vida para ser desse jeito. Chanyeol não era mal em público, e frequentemente vinha mudando também quando estávamos juntos e quietos. O problema então era eu ou ele? Ou talvez fosse a forma como havia sido criado pelos pais? Se privando de tantas coisas porque os outros não queriam ou gostavam. Ao menos, para mim, era isso o que ele havia dado a entender.

“Você quer?”, “Se você quiser nós vamos”. Eram coisas que ainda não me desciam bem na garganta, mas, mais uma vez, eu as engoli.

— Meu pai era diferente do seu.  — Hesitei, cortando o silêncio. —Ele quem me levava para comer besteira por aí. — Respirei fundo, ficando apoiado no carro ao lado de Chanyeol e focando no céu estrelado enquanto um cheiro doce de crepes de chocolate nos alcançava. Aquele cheiro me lembrava muitas coisas felizes, o que me fez sentir meus olhos arderem brevemente. —  Sabe, eu sinto falta de antes, de quando vivíamos todos juntos. Taeyeon estava com a mamãe em Seul e eu não precisava me meter em nenhum contrato de idiotas.

Tapei minha boca com ambas mãos, largando o refrigerante no chão. Que merda eu acabei de dizer? Senti meu rosto completamente quente apenas por pensar em como o rosto dele deveria ter mudado com aquilo.

— D-Digo, Chanyeol, eu não queria te ofender…

Mas, para a minha surpresa, meu marido apenas deu uma risada baixa e terminou de comer, logo colocando o embrulho no bolso enquanto olhava para mim.

— Eu sei que não. — Sorriu. —  E sua família parece totalmente boa.

— Boa como?

— O oposto da minha.

Senti um nó se formar no meu estômago quando ele me encarou ao dizer aquilo. Seus olhos não mentiam, a simples menção de família era algo que realmente tirava seu brilho e o deixava apagado, triste.

Foi quando eu descobri que não gostava de ver Chanyeol triste.

— Gosto de como você come, é bonito. Você parece estar em um campeonato para ver quem se suja menos. — Falei baixinho, vendo-o um pouco desconcertado com o que eu havia dito.

Chanyeol pigarreou e manteve suas mãos dentro dos bolsos.

— Você come bem.

— Mas você come muito. Hoje de manhã tinham mais louças do que ontem para lavar. — Reclamei de forma teatral. —  Na próxima eu deixo tudo sujo pra você se virar. Falo sério, Park Chanyeol. — Tentei me manter firme, mas falhei miseravelmente.

Tudo porque ele riu baixinho e seu braço encostou no meu, fazendo um arrepio percorrer por meu corpo, ainda que nossas peles nem ao menos tivessem se encontrado.

— Você me deixa confortável. — Ele disse, me acertando como um soco no estômago. Eu sentia que nada poderia me deixar mais estranho do que aquilo, mas ele timidamente tocou minha mão.

E eu congelei por dentro, mas derreter aos poucos era muito, muito bom.

— Deixo?

— Agora deixa. — Ele fechou o aperto lentamente junto a mim. — Às vezes você me faz ficar... ansioso.

Senti sua mão fria contra a minha e tive vontade de rir. Chanyeol sua muito, não duvido nada de ter ajudado a deixá-lo tão ansioso. Virei de frente para si e sorri, completamente perdido em suas feições harmoniosas e nos fios esvoaçantes de seus cabelos de tom castanho conforme a brisa fria da noite os tocava em uma quase-carícia.

— Fico feliz de estar mudando nisso. — Toquei seus cabelos, arrumando os fios bagunçados.

Então ele tocou meu rosto, receoso. Sua mão era macia como seda e firme como cetim.

— Você é bonito. — Chanyeol falou baixo, cortando nosso silêncio de uma forma que encheu meu estômago de borboletas.

Aquele tipo de coisa era o que eu menos havia pensado em ouvir dele, talvez tenha sido essa falta de pensamentos e expectativas o que tornou o momento tão importante para mim — e tão difícil de acreditar que realmente acontecia.

Estávamos juntos e fora de casa, em uma noite linda com o céu repleto de estrelas. Não discutimos, não brigamos, eu não o fiz chorar e comemos sem problemas. Ele conversou comigo como se nos conhecêssemos a mil anos, e agora ele me tocava como se não fossemos quase inimigos a poucos dias atrás. Eu gostava disso, mas era complicado, seu toque gélido ao mesmo ponto em que era bom me fazia questionar minha mente se aquilo era real ou imaginário.

Mas eu estava tão feliz...

— É estranho ouvir isso de você. —  Olhei para o lado oposto e em seguida ri, vendo-o me olhar de cenho franzido.

— Estranho? Por quê? — Ele perguntou com sua voz quase infantil, me deixando cada vez mais preso em seus encantos que gradativamente se permitiam surgir para mim. Seu perfume suave me fazia não querer cortar a proximidade nunca mais, e graças a isso me permiti dar mais um passo em sua direção.

Toquei seu rosto com a ponta dos dedos, deixando-o vermelho e com os ombros caídos.

— Porque você também é bonito, Chanyeol. E eu realmente fico feliz em ouvir isso.  — Segredei em um quase sussurro, sentindo uma imensa vontade de fechar os olhos e seguir com o que meu corpo praticamente gritava para fazer. Algo que não estava tendo ajuda alguma para evitar, visto que ele se abaixou minimamente também.

E segurando em seus ombros, deixando o toque de suas mãos livres para virem de encontro ao meu rosto, eu beijei Park Chanyeol naquela noite, como nunca imaginei que faria e repetiria ao entrarmos no carro algum tempo depois.

 

Com vontade e sensações suficientes para deixar nosso silêncio... muito bom.


Notas Finais


BAEKHYUN FEZ TUDO MENOS MATAR O MARIDO (matar só de amores, o que esta acontecendo com essa fanfic çocor)

Antes que eu me esqueça, o Chanyeol é alguém que sempre precisa da aprovação alheia antes de tudo. Ele quer sair, quer fazer mais coisas, mas ele espera primeiro uma aprovação alheia ou um passo a frente do seu para poder ir, porque isso o deixa mais seguro ^^ estou chegando no recheio do bolo e estou com medo, porque é difícil explicar tudo isso (mas estou feliz por boa e grande parte de vocês estarem entendendo isso! Kyaaaa!)

Enfim, o que acharam do capítulo? Muito ruim? Non?
Não tiveram palavrinhas em francês educacional dessa vez, mas teve um gato, quem gosta de gatos? 0/
Mas não pensem igual ao baekhyun que achou que quem o observava era o gato cof cof


ps. Minseok nao gosta de gatos porque ele é um baita cachorro ( falando em cachorros, alguém lembra da Lottie, a mascote dele na fic? ela tem seis filhotinhos e eu não lembro se contei aqui ou ficou só no meu plot :') )

Estou triste porque não estou contente com a forma que escrevi o capitulo, me ajuda a superar isso Deusa-mãe

Eu ia falar mais algo mas esqueci ;( >>>>>. lembrei: BAEKHYUN É O MAIS LERDO DO SITE, ele podia ter pego um táxi até o restaurante e perguntado sobre a reserva, mas é tão pessimista que ia voltar para casa mesmo tendo noção do horario e do local onde eles iriam :')

Beijinhos e até a próxima!


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