Eu gravei uma fita para você — quase meia hora de poesia e clarinete.
É para você, mas ficará comigo por toda a eternidade, até mofar dentro do caixão, bem ao lado do meu cadáver.
É, Sara, prefiro que meus sentimentos sejam comidos pelos vermes da terra antes que caiam em suas mãos e se tornem alvo de piadas. Imagino você e o Jason Funderberker rindo das minhas rimas cafonas e do meu desafino ao tocar meu instrumento predileto, dizendo o quanto sou ridículo e tolo.
Pinto você como a menina mais doce que já existiu — a mais bonita, a mais encantadora, a mais gentil; então como posso imaginar qualquer coisa ruim vindo de sua tão espetacular pessoa?
Talvez eu não a ame verdadeiramente como penso amar. É mais provável que todo o meu sofrimento não passe de um punhado de ilusões e de esperanças vazias, pois a única visão que tenho sua é aquela que criei através dos meus olhos fantasiosos. Eu não sei o que você gosta de fazer no sábado à noite, não sei o nome dos seus pais, não sei se você tem irmãos e nem mesmo conheço sua banda preferida.
Você prefere sorvete de chocolate ou de morango?
Não tenho coragem de lhe fazer tais perguntas, tenho medo de ser inconveniente — logo, termino por não conhecê-la totalmente e se não a conheço totalmente como posso amá-la?
Mas até parece que um garoto de catorze anos vai querer descobrir que não sabe o que é o amor! Alguém como eu gosta, inconscientemente, de se iludir, de imaginar situações que provavelmente jamais irão acontecer — autotortura. Portanto continuarei a nutrir, em meu âmago, minha paixão por você, Sara, pois, platônica ou não, só queria tê-la ao meu lado.
E sei que não terei.
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