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História Play with Fate - Não foi de propósito


Escrita por: mLiang

Capítulo 16 - Não foi de propósito


  Na sala da general reinou um silêncio sepulcral, assim que terminei de contar toda a história para Jacqueline. Ela estava recostada na sua poltrona de couro, com as tranças caídas sobre seus ombros e ela segurava um copo de café, com o braço apoiado em sua mesa, onde havia uns dois livros empilhados e um copinho com algumas canetas. Olhava de um lado para o outro, como se estivesse procurando algo e fechava os olhos vagamente. Eu imaginei o choque que ela tinha levado, assim como os outros que eu contei. Esperava, naquele momento, qualquer coisa que ela poderia fazer, até sacar a arma e dar um tiro na minha testa. Depois do que vi acontecer com Bi-han, eu não estava duvidando de mais nada. 

— Alguém mais sabe dessa história, que eu conheça?

— Que diferença vai fazer? — respondi sem olha-la — Isso não vai mudar a burrada que eu fiz.

— Mas pelo menos — ela arqueou o seu corpo pra mim — eu poderia pensar numa solução e teríamos evitado até a morte de Tundra.

Olhei para ela e tentei imaginar o que tinha em mente. 

— O que você poderia fazer, Jacqui?

— Tentar encontrar essa menina lá na floresta morta ou até mesmo essa fenda. 

— Mas Jacqui, eu mudei tudo, acho que essa fenda nem existe.

— A gente tem que procurar essa fenda. É o único jeito pra essa guerra acabar. 

Eu ia falar quando ouvimos duas batidas na porta. Era Harumi e eu podia ouvir o que ela falava.

— Bi-han vai levar o corpo de seu irmão para o funeral que será preparado lá no clã, mas ele quer falar com Johnny Cage antes de partir.

— Fale para ele não perder o tempo dele falando comigo — interrompi Jacqui que ia falar — Se é minha culpa a morte de Tundra eu vou consertar esse erro. 

Levantei-me já nervoso pela situação empurrando a cadeira para debaixo da mesa. 

— Estou dispensado, general?

— Johnny — Jacqui disse pousando a mão em meu ombro — você pelo menos precisa ouvir o que ele tem a dizer.

— Ouvir mais acusações? Todo o santo dia a minha consciência fica me cobrando que eu não devia ter entrado naquela fenda. Você tem noção do que é ser acordado com a mesma acusação todas as manhãs? Sem trégua? 

— Sr Cage — falou Harumi com toda sua calma — apenas ouça o que ele tem a dizer. A dor que ele está passando é dilacerante. Tente pelo menos compreendê-lo. 

Eu pensei que Bi-han havia compreendido a minha história, os meus motivos e minhas intenções em voltar no tempo. Não tive irmãos e nunca vou saber o que é perder um, como Harumi mesmo disse, deve ser uma dor insuportável. Eu acho que nunca vou entender o comportamento que ele teve naqueles minutos atrás.

Respirei fundo e acompanhei Harumi até Bi-han. Ele estava do lado de fora, próximo da área de treino dos soldados. Lá batia um sol ardido, mas ele estava sentado na sombra em uma cadeira de plástico. 

— Sub-zero. — chamou Harumi.

Ele, ao me ver, passou a mão no rosto e esperou que Harumi saísse. 

— Pega uma cadeira 

— Vou ficar de pé — falei cruzando os braços — o que você tem a falar é rápido, suponho.

Um pouco relutante ele se levantou e disse olhando em meus olhos:

— Quero pedir perdão pelo que fiz…

— Bi-han, eu sinceramente nunca imaginei que você teria um comportamento desses. Você sabe de toda a verdade e de todas as condições em que eu estava para tomar a atitude em voltar no tempo. Acha mesmo que se eu soubesse que aconteceria todas essas tragédias, eu entraria na fenda mesmo assim?

— Eu fui tomado por tamanho desespero, Cage! Eu não tenho mais ninguém da minha família, estou sozinho nesse mundo…

— E eu também estou! Não sabe como sinto falta da minha filha que ficou na outra linha do tempo e… da minha esposa…

As lágrimas ameaçavam rolar pelo meu rosto, mas mesmo assim continuei:

— Vou conseguir arrumar essa bagunça. Você vai ver.

Virei meu rosto e saí da presença de Bi-han, limpando as lágrimas que caíram com as costas das mãos. Entrei no quartel e comecei a procurar a general com o olhar até que a encontrei conversando com Hanzo. Aproximei-me dos dois e cumprimentei-o:

— Quanto tempo não nos vemos, grão mestre.

— Ah sim, mas não queria te rever numa situação como essa. Está melhor? 

— Estou tentando. Quero ir pra casa. Foi muita coisa que aconteceu e preciso colocar minha cabeça no lugar.

— Vou te levar pra sala de teletransporte — disse Jacqui dando licença para Hanzo.

Eu me despedi dele apenas com uma vênia e acompanhei a general. Enquanto caminhávamos, ela permanecia em silêncio andando alguns passos a frente de mim. Entramos na sala e Jacqui abriu uma cápsula pra que eu entrasse. Assim que eu entrei, Jacqui segurou no meu braço e disse:

— Vou mandar homens para saber mais se existe uma fenda ou algo que indique isso. Vou te manter informado.

 

(...)

 

Depois de ter dormido a tarde toda em meu quarto, acordei meio aturdido e com um pouco de dor de cabeça. Levantei e joguei água no meu rosto. Em seguida, abri a janela e percebi que havia dormido pra caramba. Fui olhar no relógio, era quase 5 da tarde. Troquei a roupa, que estava toda suada e coloquei uma mais fresca e saí do quarto. Percebi que tinha alguém assistindo televisão e desci as escadas devagar para tentando identificar com o olhar quem era. Cheguei na sala e não me admirei em ver Jessie ali.

— Não foi pra casa? — perguntei a ela sentando ao seu lado.

— Fui, mas voltei — ela respondeu depois de ter tomado um gole de suco, que parecia ser de maracujá. — nunca pensei que minha casa estaria tão entediante como nesses dias.

Recostei-me no sofá e fiquei assistindo o noticiário. Estava mostrando a destruição que teve na cidade de Hong-Kong. Milhares de mortos em um ataque com uma arma, que até então estão tentando descobrir. Certeza que era um ataque vindo de Edenia.

Tudo o que eu havia passado naquela manhã: a conversa com Jade, o corpo de Kuai, a revolta de Bi-han… Eu ansiava para que Jacqui descobrisse alguma coisa, por isso deixava o meu celular comigo.

— E como foi lá hoje?

Suspirei e em seguida respondi:

— Foi… digamos, bem estressante.  

— Ah eu imagino, essa guerra maluca deixa todo mundo assim.

— E o seu pai?

— Ele ligou hoje de manhã,  fiquei tão feliz em ouvir a voz dele — ela disse num sorriso de criança — disse que está em treinamento junto com o exército.

De repente, um plantão de notícias de última hora fez um barulho que despertou nossa atenção. A repórter dizia:

— O outro lado de Hong-Kong está totalmente em ruínas e vocês conseguem ver como se fosse duas divindades lutando, cada uma com seu exército.

Eu conseguia distinguir quem eram: Sindel e Raiden. Senti um aperto no coração ao ver aquela situação. Parecia que eles estavam há dias lutando. 

Meu celular tocou e eu fui ver quem era: a general. Logo atendi.

— Oi Jacqui! Conseguiu alguma pista?

— Ah Briggs, nem sei como te falar.

— O que houve?

Pude a ouvir suspirando. Em seguida ela respondeu:

— Tudo isso tem a ver com Shang Tsung.



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