História Playing Pretend - Apaixonada

 

*Lucille*

 

— Você vai na piscina hoje, não é, Lucy? — Whaliyha pergunta assim que entrei em seu quarto e de Doniya, amarrando os lacinhos laterais da parte de baixo de seu biquíni verde. 

 

— Hum, acho que não. — Fiz uma careta, já sabendo que iria escutar muito. 

 

— Por que não? O sol está perfeito e a piscina é uma delícia! — Doniya exclama, indignada. 

 

— Eu sei, não tenho dúvidas sobre isso. É só que... — Tentei me explicar. 

 

— Meninas, alguma de vocês tem bronzeador? O meu acabou. — Sharon entrou no quarto e nunca pensei que agradeceria por ela aparecer. Doniya foi procurar o dela e eu aproveitei para me sentar em uma cadeira que havia perto da escrivaninha e me camuflar ali. Mas Sharon sempre quer dar um jeito de me diminuir, e então ajeitou o seu chapéu branco e grande em sua cabeça, exibindo seu corpo bronzeado e perfeito. — Vai na piscina, Lucille? — Dei de ombros. — Isso tudo é timidez? Deveria parar, sabia? Você é bonita, mas os homens geralmente não gostam de mulheres tão tímidas assim. 

 

— Tenho certeza que o meu homem não liga e é isso que importa. — Eu sorri para ela, devolvendo a sua alfinetada. 

 

— Não acho que você seja tímida. — Whaliyha disse. — Não depois da história da sua camisa com os botões arrebentados. 

 

— Ai, meu Deus! Eu juro que foi só uns amassos no carro!

 

— E desde quando precisa tirar a camisa pra se beijar, Lucille? Pra mim isso tem outro nome. — Doniya surgiu, entregando seu bronzeador para Sharon. — Se chama rapidinha. 

 

— Vocês são impossíveis. 

 

— Não somos impossíveis, apenas perceptivas. Toda vez que vocês somem juntos para qualquer lugar, voltam vermelhos, de mãos dadas e com sorrisos idiotas no rosto, quando não estão dando risada, é claro. É bem óbvio que vocês curtem um rala-e-rola e...

 

— Eu entendi! — Eu continuei rindo enquanto via Sharon claramente se irritando com o assunto. Aquilo me dava vontade de a provocar ainda mais. 

 

É impressionante como ela ainda achava que Zayn era dela. 

 

— Qual é, não podemos evitar. — Me levantei, caminhando até a porta do quarto enquanto ainda ria. 

 

— Sua safada! — Doniya exclamou. 

 

— Nos vemos na piscina? — Whaliyha perguntou, com um sorriso dócil. 

 

— É, vou pensar. — Sorri de leve, dando de ombros. 

 

Quando saí do quarto delas, andei pelo corredor e fui direto para o meu e de Zayn, onde eu entrei discretamente e fechei a porta, pensando seriamente em me esconder ali para que ninguém fosse me convidar para ir até a piscina. Porém, quando me virei, dei de cara com Zayn apoiado no sofá, e coloquei a mão no peito pelo susto. 

 

— Pensando em se esconder? — Ele sorriu, abusado, cruzando os braços tatuados na frente do corpo e se aproximando de mim. E droga, ele estava sem camisa. Estava até com medo de desmaiar ali mesmo. 

 

Como pode ele ser tão bonito?!

 

— Não, eu só... — Gaguejei, tentando tirar meus olhos de seu peitoral tatuado. Acabei desistindo de falar. 

 

— Foi o que eu pensei. — Zayn sorriu de lado, mas então voltou a ficar sério, olhando dentro dos meus olhos. — Por que, Lucille? Por que não quer ir à piscina? 

 

— Eu quero ir, mas...tem algumas coisas que me impedem. Você não entenderia, Zayn. 

 

— Eu entenderia! Eu estou bem aqui, Lucille, pronto pra te entender a todo o momento, mas você não consegue abaixar a sua guarda! — Ele se afastou, e forma frustrada com que disse tudo me causou um certo incômodo. Zayn passou as mãos pelo rosto e então respirou fundo. — Me mostre o que há de errado e eu prometo te ajudar. 

 

Eu pensei por um momento e lembrei de hoje mais cedo, sobre a confiança que senti quando ele disse que queria me conhecer, que queria se aproximar. Ele está certo, eu posso confiar nele. Não há nada de errado, Lucille, até porque Zayn não é Brandon. 

 

Zayn não é como ele.

 

Eu respirei fundo, de olhos fechados, e então assenti. Agarrei a barra da minha blusa preta e a puxei para cima, a tirando, e logo depois o meu shorts, ficando apenas de calcinha e sutiã, tentando ignorar o olhar de Zayn para cima de mim. 

 

— O que você está fazendo? 

 

— Estou te mostrando o problema. Está vendo isso, Zayn? — Eu me aproximei dele, ficando de lado para lhe mostrar as cicatrizes que passavam pela lateral esquerda da minha cintura até chegar no começo da minha coxa. — Essas cicatrizes não me deixam esquecer aquele maldito acidente. Isso vai estar sempre marcado na minha pele, e eu acho que não suportaria o olhar das pessoas para cima delas, me perguntando o que aconteceu. Eu já tentei passar por isso, Zayn, mas elas me lembram que a culpa é minha. Que vai ser sempre minha. 

 

Eu tentei segurar algumas lágrimas, mas foi impossível. Zayn estava com a boca entreaberta, olhando para as minhas cicatrizes, e por um momento eu fiquei com medo do que ele poderia dizer. Porque eu estava tão...tão encantada por ele que seria muito fácil para ele me destruir agora mesmo. Era só ele dizer algo que Brandon diria e eu desabaria facilmente. 

 

— E eu sei que não é algo bonito de se ter no corpo. Por que acha que eu não quero descer lá? Para ver Sharon exibir aquele corpo perfeito e sem marcas, ou aquele bronzeado perfeito, enquanto eu... — Eu ri sem humor algum. — ...enquanto eu...

 

Zayn não deixou eu terminar a minha frase e segurou o meu rosto com as duas mãos e olhou em meus olhos a intensidade que só aquele tom avelã poderia ter. 

 

— Você deveria ter orgulho disso! Você sobreviveu, e elas fazem parte de você. Constroem você. — Ele parecia um pouco indignado, quase bravo, o que me deixava presa nele. — Elas não deixam você menos bonita. Por Deus, nada pode deixar você menos linda do que você é, Lucille! Por favor, escuta o que eu estou dizendo! — Seu dedo limpou delicadamente uma lágrima que escorreu pela minha bochecha, e então olhou para baixo e tocou a pele da minha cintura, na região onde as marcas estavam. — Eu sei que você se culpa por esse maldito acidente e pelas consequências que isso trouxe à você e Louis, apesar de você não me contar muita coisa. Mas olha isso aqui... — Zayn delineou com a ponta de seu dedo uma das minhas cicatrizes, me causando um arrepio pelo contato. — ...você não saiu ilesa, hum? 

 

Quando ele ergueu aquele olhar doce para cima de mim, com os lábios rosados e entreabertos e uma sobrancelha arqueada, eu respirei fundo, tentando acalmar o meu coração. Seu dedo ainda acariciava a pele da minha cintura e aquela área pareceu queimar ao seu toque, mas de um jeito bom. 

 

— Não. Eu não saí ilesa. — Desviei o olhar, lembrando do meu estado quando cheguei no hospital.  

 

— Eu quero te ajudar mais, Lucille, mas não consigo com o pouco que tenho. Não quero que pense que estou te obrigando a me contar, porque não estou. Se fiz você entender da forma errada hoje mais cedo, peço que me perdoe. — Pude ver a sinceridade brilhar em seus olhos, por mais que ele não estivesse olhando para mim agora. — Eu só quero te fazer ver o que eu vejo quando olho para você. Quero fazer você se sentir melhor. Quero fazer com que você ame você mesma.

 

Eu não consegui segurar e sorri um pouco, tocando o rosto dele com uma mão só. Então, fiquei na ponta dos pés e deixei um beijo demorado em sua bochecha, logo depois aproximando a minha boca de seu ouvido. 

 

— Está conseguindo. 

 

Me afastei dele e o vi esboçar um sorriso enquanto eu entrava no banheiro, tentando obrigar os meus pulmões à funcionarem melhor e me deixarem respirar direito, e o meu coração à bater mais devagar para que eu pudesse acompanhar aquele ritmo descompassado. Estava à beira de ter um treco, e parecia que a cada dia ficava cada vez pior. Pior no sentido de que não sei mais como separar meus sentimentos. Todas as vezes em que eu abraço ou beijo Zayn, faço isso simplesmente porque estou com vontade, e não porque estamos em um acordo. E é isso que me assusta, mas me atrai ao mesmo tempo. Já não sei mais o que fazer para controlar, mas não quero e nem consigo parar de querer ter ele por perto. 

 

Merda!

 

Eu estou apaixonada pelo meu chefe!

 

[...]

 

— Quer? — Zayn perguntou, chegando de dentro de casa com um pote de vidro com alguns morangos frescos ali. Ele nem me deixou responder e já levou um na direção da minha boca. Eu ri, comendo a fruta, e então ele sorriu, quase fechando os seus olhos e deixando um selinho em meus lábios. — Vem cá. 

 

Ele puxou a minha mão para que eu me sentasse em sua perna, na espreguiçadeira perto da piscina onde seus primos jogavam vôlei, mas em um surto de coragem, soltei a sua mão e segurei a barra da minha saída de banho branca, logo a tirando do meu corpo, mordendo os lábios pelo nervosismo de fazer isso na frente de tantas pessoas. Era a primeira vez que eu usava biquíni na frente das pessoas após o acidente, e pensar naquilo estava quase me matando. 

 

E acho que morri de vergonha quando um dos primos de Zayn assobiou para mim lá da piscina, arrancando uma risada de todos. Senti o meu rosto pegar fogo e sorri de maneira tímida, correndo até Zayn para que ele me socorresse. 

 

— Duvido que consiga assobiar para a minha mulher com os dentes quebrados, Joshua. — Zayn disse, pegando a bola que saiu para fora da piscina e jogando em seu primo, que conseguiu desviar, por mais que estivesse gargalhando. 

 

Uau. 

 

Ele me chamou de “minha mulher” pela primeira vez. 

 

E por mais que soubesse que era encenação, meus ouvidos imploraram para ouvir ele me chamar daquele jeito de novo. 

 

Não faço ideia do que está acontecendo comigo. 

 

— Vem cá. 

 

Zayn me puxou pela mão novamente e então eu sentei em seu colo, e acho que quase tive um treco por sentir seus braços quentes, assim como o seu peitoral tatuado contra a minha pele nua pela primeira vez. Ele me puxou com ainda mais força e pousou a mão grande e pesada sobre a minha coxa, de vez enquanto fazendo alguns desenhos imaginários com a ponta do dedo por ali. Eu estava suspirando e arfando tanto que é óbvio que ele percebeu, jogando um de seus sorrisos molha-calcinha pra cima de mim. Mas a sensação era tão boa, tão confortável e parecia tão certa que quis apenas me aninhar ali. E foi o que eu fiz. 

 

Deitei a minha cabeça em seu ombro e escondi o meu rosto em seu pescoço, sentindo o seu cheiro melhor naquela área. Era tão bom que até aproximei mais o meu nariz dali e funguei, não sendo nada discreta, e até sorri ao perceber que ele ficou todo arrepiado. 

 

— O que foi? — Ele perguntou, um pouco afetado, virando o seu rosto para mim. 

 

— Gosto do seu cheiro. — Ergui a minha cabeça de seu ombro e abracei seu pescoço, mergulhando meus dedos em seus fios de cabelo castanhos escuros, observando ele fechar os olhos. — É bom. 

 

— E eu gosto quando você faz isso. — Zayn sussurrou, abrindo os olhos lentamente depois de alguns segundos. — É bom pra caralho. 

 

Eu ri e ele fez o mesmo, mas percebi quando seu olhar caiu até os meus lábios e ele ficou sério, tirando a franja loira do meu olho e então, voltou a me olhar nos olhos. 

 

— Um beijo pelo que está pensando. — Disse, recebendo um sorriso divertido como resposta. 

 

— Só estava pensando que... — Zayn deu um pausa, sem deixar de me olhar. — ...você é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida. 

 

— É sério que está dizendo isso quando a Sharon está há três metros de distância, fazendo de tudo por um pouquinho da sua atenção que seja? 

 

— Sim. — Respondeu, e parecia bem certo daquilo. — Eu já disse que já não sinto mais nada por ela, Lucille. 

 

— Eu sei, mas isso não quer dizer que ainda não acha ela linda pra caramba. — Zayn desviou o seu olhar de mim e olhou para a morena na espreguiçadeira em uma pose bem estratégica. Até quis me encolher ali quando constatei novamente o quanto ela é bonita. — Não é? 

 

O moreno pensou por um momento, e então me olhou de volta com um sorriso pequeno no rosto e negou com a cabeça. 

 

— Não consigo achar ninguém mais bonita que você quando você está no meu colo usando esse biquíni preto. Devo dizer que estou me segurando pra caralho para não te levar lá encima e te mostrar de uma vez por todas que só estou pensando em você? — Um suspiro escapou de meus lábios e por alguns segundos as borboletas em meu estômago declararam desistência e levantaram uma bandeira branca. Mas logo voltaram ao trabalho de sair voando novamente e me causar um quase desmaio. — Deveria esquecer a Sharon, Lucille, porque eu já esqueci que um dia fui apaixonado por ela. 

 

Eu tentei não me mostrar afetada pelo que ele disse, mas meu coração estava pulando sem parar dentro de meu peito. 

 

Nunca havia ouvido isso de alguém, com base na minha “grande” lista amorosa de duas pessoas. 

 

Isso se Zayn conta como um integrante. 

 

Tentei segurar um sorriso grande mas não consegui, e Malik me acompanhou. Ele tocou o meu rosto de forma delicada, acariciando a minha bochecha delicadamente enquanto eu pousava o meu rosto em sua mão. Zayn se aproximou, e quando eu fechei os meus olhos e senti seus lábios tocarem os meus, fomos interrompidos. 

 

— E aí, casal! — Ouvimos a voz cheia de provocações de Styles e nos separamos na hora, por mais que soubéssemos que já não havia como disfarçar. Eu até imagino o escândalo que ele faria quando voltássemos para Seattle. Acho que Harry contará tudo para o escritório inteiro e aí sim eu estaria ferrada. 

 

— É impressionante como cada vez que vejo vocês, vocês estão se beijando!

 

— Deixa eles, Styles! — Maya exclamou da piscina. 

 

— Tá bom, vocês que mandam. — Harry continuou sorrindo de forma provocativa. — Mas saibam que eu sei o que tá rolando.

 

— O que tá rolando? — Perguntei, admito que me fazendo de sonsa. 

 

— Vocês sabem bem do que eu estou falando. Eu achei que existiria um eu e você no futuro, loirinha. Poxa.

 

— Falou certo, Styles, você só achou. — Zayn disse, já com aquela carranca sexy em formação. Eu já estava tentando segurar a minha risada. — E não chama ela de loirinha, porra. 

 

— Quer que eu chame como? Pode ser “gatinha”? — Harry o provocou ainda mais, e soube que Zayn teria um chilique quando senti seus músculos rígidos por baixo de mim. 

 

— Merda, Styles! — O moreno exclamou, me tirando do seu colo com cuidado e me deixando sentada na espreguiçadeira, logo depois saiu correndo atrás de Harry, que já tentava fugir dele. 

 

E chegou à um ponto que eu já estava sem ar de tanto gargalhar, assim como os primos e primas de Zayn que estavam ali, presenciando a cena dos dois patetas correndo pelo gramado. 

 

No fim, Zayn conseguiu alcançar o de olhos verdes e então o empurrou na piscina enorme, arrancando mais risadas minhas. 

 

Só parei de rir quando percebi que agora ele estava me olhando como se tivesse acabado de ter uma ótima ideia, juntamente com aquele sorriso abusado no rosto. Quando percebi o que iria acontecer, tratei de ficar de pé. 

 

— Não, nem tente, Zayn Malik! Eu vou correr! — Eu disse, com as mãos para a frente, como se pudesse o afastar enquanto andava para trás. 

 

— Bom, você pode tentar, loirinha. 

 

E então ele saiu correndo em disparada atrás de mim, enquanto eu tentava não cair e gargalhar ao mesmo tempo. 

 

Mas como as minhas táticas na corrida não eram tão boas quanto no ballet, por exemplo, não demorou dois minutos para que ele me alcançasse e me colocasse encima de seu ombro, voltando a andar na direção da piscina. 

 

— Zayn, para! Eu sei entrar sozinha! — Gritei, em meio à risadas, batendo em suas costas, mas nunca conseguiria sair de lá. — É sério que vai me jogar na piscina?! 

 

— Não. — Ele disse antes de deixar um tapinha em meu bumbum, mas eu nem tive tempo de reclamar. — Nós vamos. 

 

E quando eu menos esperava, ele pulou na piscina comigo, e a primeira coisa que fiz assim que emergi na superfície foi deixar alguns tapinhas em seu peitoral enquanto ele gargalhava, assim como seus primos. 

 

— Será que podem jogar menos água para fora da piscina?! — Sharon reclamou, limpando algumas gotas que pingaram nela. 

 

— Qual é, relaxa. Eu pulei junto com você. — Zayn a ignorou por completo (assim como todos ali) se recuperando das risadas e segurando meus pulsos com delicadeza, se aproximando de mim. 

 

— Eu percebi. 

 

— Que bom. — Seus olhos pareciam brilhar de onde ele estava, e até pensei que poderia ser o sol, mas aquele sorriso alegre dele me dizia que não era só aquilo. E vendo o seu sorriso, eu também acabei por sorrir. — Passou protetor solar, não é? 

 

— Passei, mas já faz um tempinho. Por que? Estou vermelha? — Eu toquei as minhas bochechas, sentindo que elas estavam quentes. Fiz uma careta por isso. 

 

— Um pouco. Está ardendo? — Neguei com a cabeça. — Mesmo assim, acho melhor repassar. Safaa? Pode me passar o protetor solar e uma toalha? — Zayn gritou para a irmã, que estava lendo um livro em uma espreguiçadeira ali perto e assentiu, jogando o frasco azul e uma toalha branca dali mesmo para ele. — Olhe para mim. 

 

Fiz o que ele disse e então Malik secou o meu rosto atentamente com a toalha, logo pegando um pouco do protetor solar branco e espalhando pelas minhas bochechas, concentrado pra caramba. Suas sobrancelhas estavam franzidas, seus lábios um pouco entreabertos e algumas gotas de água escorriam do seu cabelo molhado (que é claro que deu um charme a ele) para o seu rosto. 

 

— Que sério. — Tirei sarro dele, que deixou a carranca de lado e sorriu, terminando de fazer o que estava fazendo.

 

— Prontinha. — Zayn segurou meu rosto com as mãos e deixou um selinho em meus lábios, me deixando, é claro, toda boba e encantada por ele. 

 

Ele podia ter alguns defeitos, aliás, todos temos, mas naquele momento, tudo que se passava pela minha cabeça era que ele era tudo que eu queria para mim. 

 

[...]

 

— Bethany? Está me ouvindo? Preciso falar com você. — Eu disse pelo telefone, ouvindo ela resmungar. 

 

— Às vezes é bom lembrar do fuso horário, sabe, Lucille? — Reclamou, e acho que ouvi a voz do meu irmão pelo celular. 

 

— É sério que você está com o meu irmão?! 

 

— É, eu estou. Quando você me contou sobre o Malik, não me disse que tinha um irmão tão gato, então não pode me culpar. — Eu revirei os meus olhos, bufando e me sentando na cama. 

 

— É bem dele que quero falar. 

 

— Louis?

 

— Não, sobre o Zayn! — Fiz uma careta. — Meu irmão está ouvindo o que você está dizendo? 

 

— Não, a gente tava dormindo e ele voltou a capotar na cama. Diga logo, Lucille! — Ignorei ao máximo aquele detalhe sobre os dois na mesma cama. Eu teria que me acostumar. 

 

— Tá, é que...merda, eu estou ferrada! — Exclamei, frustrada. 

 

— Por que? — Ouve um silêncio na chamada. — Não me diga que está grávida! 

 

— Não, meu Deus, é claro que não, Bethany! 

 

— Ah, sei lá, né. Vai saber. 

 

— Não estou grávida. — Eu suspirei, fechando meus olhos com força por ter que admitir isso. — Mas acho que estou apaixonada por ele. 

 

— O que?! — Foi a vez dela exclamar. — Não é possível. Você é fria como uma pedra, Lucille, não é capaz de se apaixonar. 

 

— Poxa, valeu. 

 

— Não, não, falando sério, como isso aconteceu? — Eu suspirei de novo, me encolhendo e encarando o chão do quarto. 

 

— Eu não sei. Eu sei que só passamos cinco dias aqui, mas nesse tempo, foram raras as vezes que não estávamos juntos. Acho que nunca passei tanto tempo com alguém, e...aconteceu, Bethany. — Lutei para segurar as lágrimas. — Eu não estou fingindo mais. É como se...como se fosse ele que mantivesse a minha estabilidade emocional. E eu nunca me senti tão...bem. 

 

Admitir aquilo foi difícil, mas preciso, pois só assim senti o quanto aquelas palavras estavam entaladas em minha garganta. 

 

— Precisava contar isso para alguém senão iria enlouquecer. É isso. Aquele desgraçado fez com que eu me apaixonasse por ele. 

 

— Caramba, isso é louco. Mas você acha que ele sente algo por você também? 

 

— Eu não sei. Talvez? Quem sabe?! — Urrei em frustração. — E agora o que eu faço?!

 

Quando Bethany iria me responder, a porta do quarto se abre e Zayn aparece ali. Eu levei um susto tão grande que simplesmente joguei o celular no chão. 

 

— Ahm...tá tudo bem? — Ele trocou olhares entre o celular e eu. 

 

— Sim! É claro! — Me levantei rapidamente e peguei o celular do chão, que graças a Deus não quebrou por causa do tapete. — Falo com você depois, Bethany. Tchau! 

 

— Não precisava desligar. — Zayn sorriu de forma fofa. — Minha mãe só me mandou te buscar para o jantar. — Eu assenti, ainda com o coração batendo rapidamente dentro do meu peito, guardando o celular no bolso de trás do meu shorts, porém, ele começou a vibrar novamente. Quando li o nome de Gabriel na tela, meu coração pareceu parar na hora. 

 

Mas não do jeito bom da coisa. 

 

— É o Gabriel? — Zayn não estava sendo enxerido, na verdade, ele estava do meu lado, descendo as escadas, então seria inevitável ele não ler quem era. 

 

— É. — Fiz uma careta e cocei a minha nuca. — Devo atender?

 

— É você quem sabe, Lucille. — Zayn respondeu, sério, mas desviou o olhar. 

 

Gabriel com certeza iria me fazer tantas perguntas, até porque não é a primeira vez que ele me liga nesses cinco dias que estive aqui. E depois do dia cheio de hoje, eu realmente não queria pensar em assuntos tão intensos como os que ele com certeza traria à tona. 

 

— Não quero falar com ele agora, mas ele não vai parar de insistir. — Eu bufei, olhando para a tela do celular, apenas esperando que ele entrasse em combustão espontânea à qualquer momento e me deixasse em paz. 

 

— Quer que eu fale com ele? 

 

— Você vai ser grosso? 

 

— Não prometo nada. — Zayn deu de ombros e eu ri, lhe entregando o meu celular. 

 

— Por favor, só não assuste ele demais. — O moreno sorriu de forma malvada, mas eu sabia que ele não seria tão maldoso à ponto de ser rude com o garoto. Quero dizer, eu acho. 

 

— Oi. — Zayn o cumprimentou assim que atendeu a chamada, não tirando os olhos de mim e nem aquele sorriso divertido do rosto. — É o celular dela, sim. — Ele lambeu os lábios, logo depois mordendo o inferior, e até tentei me manter atenta na conversa e não em sua beleza exuberante. — Não, não posso. Ela está meio ocupada, não é, amor? — Zayn se aproximou de mim quando viu que eu arregalei os meus olhos, e então colocou a minha franja atrás da orelha e beijou a minha testa, deixando seus lábios por ali mesmo enquanto eu tinha um treco. — Pode deixar que faço isso por você, amigão. 

 

E então, ele desligou, sorrindo de orelha a orelha. 

 

— Ele é irritante pra caralho! 

 

— O que você quis dizer com “faço isso por você”? — Semicerrei meus olhos, desconfiada. 

 

— Ah, na verdade, foi isso que me irritou. Ele disse “ah, por favor, manda um beijo pra ela”. — O moreno fez uma voz fina que me fez gargalhar. — E como sou um homem de palavra...

 

Quase nem consegui controlar o meu sorriso quando ele me beijou, me encurralando contra o corrimão da escada enquanto uma das suas mãos acariciava a minha bochecha. 

 

Por Deus, a boca dele é simplesmente divina!

 

Me permiti esquecer de todos os problemas que rondavam a minha cabeça, principalmente por ter me dado conta de que estava gostando dele, e apenas fiquei na sensação aliviadora que era ser beijada por ele. 

 

— Javadd, a comida vai esfriar, panaca! — Um dos primos de Zayn grita, o que fez ele (infelizmente) partir o beijo e mostrar o dedo do meio para ele, que gargalhou. 

 

Zayn segurou a minha mão e então descemos os últimos lances de escada, indo até a sala de jantar onde já haviam algumas pessoas. 

 

— Ah, Zayn e Lucille, eu tenho uma grande notícia para vocês! — Trisha exclama, animada, com os olhos castanhos arregalados e um sorriso grande no rosto. — Por favor, sentem-se todos!

 

Todos fizeram como Trisha pediu, e então apenas ela, Yaser e vovó Malik ficaram em pé, sendo claramente os únicos que sabiam sobre a tal “grande notícia”. 

 

— Bem... — Trisha pigarreou, tão animada que mal conseguia se controlar. —  Nós três fizemos alguns planos e concordamos em adiantar um pouco as coisas sobre o casamento de Zayn e Lucille! — Eu arregalei os meus olhos, sentindo o meu corpo inteiro tenso. 

 

— Como assim, mãe?! — Zayn também não parecia estar tão calmo, e então a sua vó decidiu explicar melhor. 

 

— Zayn e Lucille, nós adiamos o casamento de vocês para daqui três dias!

 

— O QUE?!